A mulher do outro lado da linha bufa por ter que ensinar Cleber a fazer o seu trabalho.
— Pegue a bolsa com os documentos dela, não deixe vestígio de quem se trata. A idiota foi parar longe, tão previsível. Aí ninguém conhece a senhora arrogante. Será enterrada como desconhecida.
— Ok, senhora. Mais alguma coisa?
— Não! O dinheiro foi transferido para sua conta. Já pode sumir do mapa. Se eu te ver, tenha certeza de que você será um homem morto. — Com essas palavras, a voz feminina do outro lado desliga o celular.
Quando Cleber ameaça ir embora, percebe que Alexia começa a se mexer. Ele pega o celular e liga para a mandante do crime.
— Senhora, ela ainda está viva. Nem o diabo quer essa mulher. O que eu faço?
— Não se fazem assassinos como antigamente. Termine o serviço, seu inútil! — A voz feminina, alterada, fala do outro lado da linha, desligando com raiva o celular.
Quando Cleber vai terminar o que começou, ele ouve barulho de carro se aproximando. Apavorado, ele acelera e se esconde, levando os documentos do carro e os de Alexia, deixando apenas o chaveiro que Laila havia lhe dado, enrolado em suas mãos.
Benício acorda tentando levantar a cabeça, mas consegue somente virar o rosto para olhá-la.
— Moça... — Com dificuldades, Benício estica o braço para tocá-la, mas tudo que consegue é fazer força para segurar sua mão. Gemendo de dor, ele entrelaça os dedos nos dela e desmaia logo em seguida. Alguns segundos se passam e ela sente uma dor intensa na barriga. Tomando fôlego, ela começa a balançar a cabeça de um lado para o outro. Alexia tenta se mexer e consegue ver que não está sozinha. Chama ele sem parar, mas uma forte dor na cabeça a faz também desmaiou.
Uns rapazes que passavam pela estrada veem o carro saindo fumaça. Os dois jovens correm para tirá-los de lá.
— Júlio, me ajuda, ela está sangrando muito. — Frederico pega ela no colo e, com a ajuda do seu irmão, coloca ela no carro. Logo vai ajudar a pegar Benício, que não tinha sinal de que estava vivo.
— Ahhh. — Alexia geme de dor. Eles tentam falar com ela, mas é inútil. A batida foi forte, ela não consegue se manter acordada. Nos poucos segundos em que ela fica lúcida, ela chama por seu pai. — Paiiii... por favor, não me deixe sozinha... Ahhh, meu filho. — Gritando por ajuda, ela volta a desmaiar.
— Fred, acelera. Essa mulher vai ter o filho aqui. O rapaz, acho que morreu...
No pequeno hospital, os médicos atendem Benício e Alexia. Horas e horas sem notícias. Júlio e Fred não saíram da recepção. Mesmo sem conhecer os dois, eles queriam ter a certeza de que eles irão ficar bem.
Com o fim da cirurgia, o médico vai dar a notícia que eles não esperavam ouvir.
— Doutor, como o rapaz está? Consegui entrar em contato com a família dele, mas a namorada dele, eu não encontrei nada. Somente esse chaveiro que ela deixou cair. — Ele entrega para o médico, que dá para a enfermeira colocar no quarto quando ela acordar.
— Bom, pelo menos sabemos que o nome dela é Alexia. O senhor Nicolai infelizmente entrou em coma, devido à forte batida na cabeça. Ele não responde aos nossos estímulos.
— Como assim o meu filho está em coma? — Vanusa Nicolai interrompe a explicação do médico, preocupada com o estado do filho. — Como pode isso? Ele ligou do aeroporto dizendo que estava bem, e agora está em coma?
— Sinto muito, senhora. Tentamos acordá-lo, mas nada faz com que ele responda. — O médico fala pausadamente, pois sabe que uma notícia dessas é complicada de se receber.
— E a namorada dele? — pergunta Fred preocupado. — E o bebê, conseguiram salvar?
— Bebê? Do que está falando, rapaz?
— Ela está sedada, aparentemente bem. Só saberemos ao certo depois que ela acordar.
— Tá! Mas conseguiram salvar a criança? — Júlio pergunta preocupado.
— Infelizmente... ele faleceu... ela perdeu muito sangue e não havia completado o tempo certo, que são os 9 meses de gestação. Sinto muito. — O médico fala de cabeça baixa, sem encarar os olhos deles.
Horas antes...
— Acabou de entrar uma moça grávida que sofreu um acidente. Quero saber como está o bebê e ela. — O homem com o rosto misterioso e frio fala ao encontrar o médico.
— O senhor é da família?
— Sou irmão dela. — Cleber mente para conseguir as informações.
— Ah, que bom. Ela está sedada. A batida na cabeça foi muito forte, mas por sorte ela está aparentemente bem. O menino se salvou, está fazendo os exames e terá que ficar na incubadora até completar os 9 meses. — Fala o médico aliviado por saber que conseguiu salvar a criança mesmo com as complicações do parto.
— Quanto quer para dar esse bastardo como morto? E entregar ele para mim, agora! — Cleber fala friamente, levantando um pouco a camisa preta, deixando à mostra sua arma. O médico dá um passo para trás, assustado com a situação. — Vamos lá, dê o seu preço. Todo mundo tem um preço. Você só tem que me entregar a criança, e ninguém sairá machucado. E ainda por cima, receberá uma bela grana para ficar um bom tempo da sua medíocre vida, sem trabalhar.— Segurando a arma e com um olhar ameaçador e intimidador, ele consegue convencer o médico.
— O que vai fazer com a criança?
— Isso não interessa a você. Estou sendo bonzinho, doutor Fagner. Não quero ter seu sangue nas minhas mãos.
— 5 milhões. — Cleber dá um sorriso vitorioso para o médico à sua frente. Ele liga para sua senhora e passa o valor. Em segundos, Fagner recebe uma notificação com o depósito de 10 milhões feito em sua conta. Ao ver o valor, os olhos de Fagner brilham. — Por aqui! — Caminhando com medo de ser descoberto, ele leva Cleber até o fundo, mostra a saída de emergência para ele. No caminho, a enfermeira entrega o bebê para Cleber, acreditando que realmente era o tio da criança, e sai, deixando somente com o médico. — Rápido, esse corredor não tem câmeras.
— Se você der uma pista de que esse bastardo nasceu vivo, eu venho aqui e tiro sua cabeça com as mãos. — Fagner treme dos pés à cabeça. Ele vê Cleber saindo com o pequeno Isaac nos braços.
Tempos atuais.
No corredor, estão todos da família de Benício. Eles estão preocupados, mas ao mesmo tempo curiosos para saber quem é a namorada dele. Vanusa está nervosa por saber que sua nora não acorda e que acabou de perder um neto.
— Ela acordou. — Diz a enfermeira, chamando a atenção da família de Benício.
— Que bom, vou entrar para conhecê-la. — Vanusa entra em silêncio, se depara com uma linda mulher. Seus olhos azuis arregalados a olhavam assustada. A mãe de Benício senta na cadeira ao lado da cama e segura sua mão. — Oi... — Ela fala com um leve sorriso. — Não nos conhecemos, eu sou Vanusa, mãe do Benício, seu namorado! — Alexia estreita os olhos sem entender de quem ela estava falando. — Alexia, né? De onde você é? Como se chamam seus pais? — Vanusa pergunta, tentando conhecê-la. — Você não fala? Está sentindo alguma dor, por isso não responde?
— Eu... eu acho que não sei quem sou.