— Namorada de Aluguel? - Repeti incrédula.
— Sim! Preciso de uma namorada para espartar a Lola e apareceu novos eventos, por esse motivo, vou ter que prolongar a minha estadia na cidade.
— Ta ficando cada vez mais insano isso. Não estou gostando. Isso me cheira a problemas.
— Como te disse antes, não tem mais como retroceder.
— Então, você vai querer fazer um contrato referente ao nosso acordo? - Falei em tom sarcástico saindo do carro. Dante baixou o vidro do carro e disse:
— Não acho relevante fazer um contrato. Mas amanhã virei aqui para acertarmos os detalhes. - Falando assim, Dante piscou para mim, ligou o carro e foi embora.
"Que ousadia! Agora serei obrigada a recebê-lo em casa, mesmo a contragosto". - Pensei.
Subi as escadas até o quinto andar, tirei a chave da bolsa, coloquei a chave na fechadura, tudo no automático, virei a maçaneta e entrei em meu apartamento. Fiquei olhando por um tempo o descascado na parede no hall de entrada me perguntando "como é que deixei a situação escapar do meu controle?". Nunca recebi ninguém no meu apartamento, quando digo "ninguém" é porque nem amigos sabem onde moro e agora terei de receber Dante. Se bem que ele me jogou contra a parede e caiu feito um patinho. Nunca alguém foi tão insistente quanto a ele. Eu estava tão absorto em pensamentos que nem ouvi meu celular tocar, só então, quando ele quase caiu de meus cadernos que percebeu que estava recebendo uma ligação.
— Alô. - Atendi sabendo que era Lucy.
— Kyra, como você não me contou que estava saindo com o lindão do Dante? - Lucy estava eufórica.
— Oi Lucy, tudo bem com você? Ahh está tudo bem, obrigada por perguntar. - Eu disse em tom sarcástico.
— Deixa isso, te vi de manhã. Quero saber tudo porque não vi vocês juntos antes. Ele te chamou para sair depois de eu ter sido arrastado pelo professor Louis?
— Mais ou menos isso. - Eu disse desanimada.
— E vocês vão sair novamente? Você sabe que vai ficar famosa né? Ele é um dos caras mais cobiçados da atualidade.
— Eu sei. - Quero me esconder no meu apartamento e nunca mais sair. Ainda bem que Lucy não percebe o desânimo na minha voz, a empolgação dela é tão grande, que mal consigo ouvir os meus sentimentos.
— Poderíamos nos encontrar para fofocar né, você nunca topa nada.
— Amanhã conversaremos sobre isso, pode ser?
— Sim, combinado.
— Perfeito, mando mensagem para combinarmos. Vou tomar um banho, acabei de chegar em casa. Chau Lucy.
— Mas, já? Ok, ok... Até amanhã.
Dei graças a Deus quando ela desligou a ligação, não estava muito animada para contar sobre o relacionamento concreto que eu tinha. Na verdade, acreditava no amor, mas não sabia se algum dia iria encontrá-lo. Por agora, só sei que o destino estava me pregando tantas peças que cada dia mais, eu perdia as esperanças. Agora com esse relacionamento fajuto, era mais um tapa na cara (se é que me entende) porque estava correndo risco de me apaixonar por um cara que não me via da mesma forma. Eu sabia que isso não teria um belo fim, mas, por algum motivo, não queria desfazer esse nó.
— Ok Kyra, vamos passar por isso como "gente grande". A maioria das pessoas tem relacionamentos fracassados, que mais tarde descobrem que outra pessoa não era a sua cara metade, que está sendo traída, que outra pessoa mentia sobre ter sentimentos e por assim vai... Não é tão diferente assim do meu , corro o risco de ser machucado da mesma forma. O problema é: Como não me envolve emocionalmente nisso? - Disse para eu mesma.
— Chega Kyra, bora tomar banho!
Sai do hall de entrada, passei pela pequena sala de TV onde havia um sofá aconchegante cinza e uma TV de 40 polegadas, fui para a cozinha que era conjugada pegar um copo de água. Eu não tinha muitos móveis, a cozinha tinha um fogão (preto), geladeira (cinza) pia e um balcão (marrom escuro) com um microondas branco. Sou simples, não possuo muito dinheiro ou interesse em móveis caros, mas de alguma forma, meu apartamento era aconchegante, me sentia em casa. Tomei minha água, fui em direção ao meu quarto onde havia uma cama box queen, um criado mudo com um abajur e tomada para carregar o meu celular e notebook. Peguei meu pijama e fui para o banheiro, tomei um banho e fui dormir porque o dia tinha sido bem intenso.
Acordei com o meu celular tocando, tateei a cama em busca, meio dormindo e acabei encontrando embaixo do meu travesseiro. Quem em sã consciência me ligaria no sábado 7 horas da manhã? Uma coisa que eu não contei, odeio que interrompe o meu sono em dias em que eu posso dormir até mais tarde. Conclusão: estava de péssimo humor.
— Alô? - Falei rispida.
— Bom dia para você também Kyra! - Disse uma voz irreconhecível (Dante) do outro lado da linha.
— Você está de sacanagem né? - Falei irritado.
— Você ainda estava dormindo? - Disse ele parecendo surpreso.
— Nãooooo, impressão sua! - Falei sarcástica.
— Já que você acordou, pode abrir a porta para mim?
— Como é que é? Ahhh, mas não vou abrir mesmo!
— Vamos tomar um café comigo, viajei até aqui porque quero discutir com você sobre o nosso acordo e também era o único horário que eu pude.
— Como assim? Se a sua explicação for convincente, posso abrir uma exceção.
— Vou viajar a negócios e preciso negociar tudo antes porque a partir de ontem, você é minha namorada.
— Cacetada! Aff, vou abrir a porta, mas que você ficou ciente, estava dormindo e vai ter de esperar até eu me arrumar.
— Sem problemas, você tem 20 minutos.
— Ahh vá, você vai esperar até eu acordar ou discutiremos isso aqui mesmo!
— Tá, você venceu! Eu me rendo... Só abre logo, por favor.
- OK. - desliguei o telefone, ainda estava irritado e precisei colocar os pensamentos em ordem. Não tem importância ele ficar esperando uns 5 minutos até eu ir abrir. Me espreguicei, levantei, fiquei procurando meu chinelo (que estava embaixo da cama), sério eu não sei quando eu o chutei para lá e fui abrir a porta sem lembrar que estava de pijama.
— Pijama bonitinho é o seu. - Disse ele rindo muito.
— Quer ficar plantado aí no corredor? - Eu o ameacei sorrir com o canto dos lábios e olhar horripilante.
— Nossa! Você parece uma psicopata.
— Bom que notou!
— Ok, prometo não ficar tirando sarro, mas é que não estou acostumada com pijamas assim.
— Ah, claro! Você está acostumado com pijamas, camisolas sexys eu presumo. Faz sentido para Lola.
— Ta bom, não precisa ofender né. Sim, estou habituado a ver as formas do corpo de uma mulher, mas esse seu aí, é bem difícil!
— Você não precisa ver nada... Até porque, não somos um relacionamento real.
— Como você é uma estraga-prazeres.
— Ah vá, meu pijama é curto, larguinho, cinza e com estampa de cachorrinho... O que mais eu iria querer?
— Um namorado? Agora entendo.
— Não tenho namorado porque não quero! Ter alguém só para título que não está sozinho, não é relacionamento.
— Sua opinião é bem forte para alguém de 22 anos.
— Como sabe a minha idade? - Falei surpresa.
— Fiz uma pesquisa sobre você, não queria me envolver com uma pessoa que não fosse sincera.
— Ok, não me importo... Não tenho nada a esconder. Se me der licença, vou trocar de roupa, fique a vontade.
Não esperei resposta, saí do hall de entrada e fui para o quarto fechando a porta.Como o dia estava fresquinho, decidi colocar uma camiseta larga cinza e um jeans azul claro rasgado. Me olhei no espelho e aprovei o olhar. Não escovei os dentes porque ainda não havia tomado café (iria fazer um café antes de pensar em qualquer coisa), mas escovei os cabelos. Pronto! Agora eu quero café hehe. Abri a porta do quarto e tinha um par de olhos castanhos me olhando de cima abaixo, isso me deu calafrios porque parecia que ele estava me funcionando.
— Você está me operando? - Falei sarcástica.
— Não posso?
— Não!
— Gostei do seu look, apesar de ser simples, mostra o quanto você é fofo e tem o próprio estilo.
— Obrigada, sempre me orgulhei disso! Roupas folgadas juntas a calças de cintura alta, são milagrosas. - Eu disse rindo.
— Não estou habituado com este tipo de mulher, no caso, o seu tipo. Você tem certeza de que é tudo o que estou vendendo?
— Sim, mas por que o espanto? Para mim sentindo uma agora alienígena.
— Não, não, isso é bom, não se sinta um estranho, mas você seja assim. Só me responda: como você ainda não tem namorado?
— Você está estranho. Volta com postura de orgulho e chato por favor.
— Ok, vamos?
— Deixa eu fazer o meu café primeiro ok? Assim iremos ao local onde você quer tomar um café.
— Você não toma café além do seu? - Ele me olhou espantado.
— Não é isso, mas amo o meu café... Então tomo aqui, escovo meus dentes e depois vamos para lá.
— Agora eu vou querer o seu café também, então faça duas xícaras, por gentileza.
— Eu já estava preparando uma garrafa térmica mesmo.
— Sei... - Disse ele sorrindo. - Você só não está dando o braço a torcer e dizer que pensou em mim, né?
— Se você não fosse mais velho, com toda essa experiência e fugindo de mulheres, eu realmente pensaria que estava dando em cima de mim. Isso aí parece um flerta.
— E se eu estiver? - Disse ele curioso.
— Eu te bateria. - Eu disse com olhar de psicopata.
— Uii, que mulher mais brutal. - Disse dando gargalhadas.
— Eu mereço! Há horas que acredito estar pagando todos os meus pecados, olha só o que eu tenho que aturar?
— Quem vê assim não está gostando né?
— E por que eu gostaria? - Eu disse espantada.
— Porque eu sou uma boa companhia.
— Uma companhia bem perigosa para as mulheres isso sim.
— Nunca me disse isso, mas aceito o seu elogio.
— Isso não foi um elogio. Foi tipo: quebrado de corações.
— Você acha que está em perigo comigo?
— Quem não está? Você não acha que está em perigo?
— Ah! Me transferiu a pergunta, mas responderei igualmente: Quem não está?
— Sei, você com o coração em perigo por minha causa? Não me faça rir.
Terminei o café, peguei duas xícaras grandes, coloquei em cima da mesa junto com o açúcar e o leite.
— Não sei como você toma o seu café, mas eu gosto de açúcar e leite. - Eu disse. - Fique a vontade para se servir.
— Ok, vou experimentar o café a sua forma, mas já aviso, eu gosto do café com leite só que sem açúcar.
— Imaginei. Você costuma usar adoçante ou só não coloca açúcar?
— Só não coloco açucar, o adolescente altera o gosto do café, fica pior do que açucar.
— Eu concordo, apesar de o açúcar também tirar um pouco o gosto do café, mas eu gosto da união dos três (leite, café e açucar).
Enchi minha xícara com 70% de leite e 30% de café, não me é necessário, mas sou assim desde pequena. Não gosto das coisas que bebo muito quentes porque queimo a boca com facilidade.
— Tem bastante café nesse teu leite. - Disse ele sorrindo.
— Eu gosto assim, mais branquinho.
— Porque não queima a boca né?
– Sim, exatamente.
Fiquei observando ele preparar o próprio café e fiquei surpreso, pois ele fez exatamente como o meu, inclusive colocou uma colher de chá de açucar. Dei um gole no meu café e percebi que havia esquecido de colocar açucar e fiz uma careta.
— Esqueceu o açúcar?
– Sim. - Eu disse pegando o açúcar e adorando meu café.
— Você é muito expressivo, entendo o que está pensando só pelas suas caretas.
— Sim, eu sei... Fazer o que? Eu gosto de ser assim, não consigo fingir bem.
— Isso nem sempre é bem visto pela sociedade, mas sim, por mim é. Você é uma fonte de aprendizado para mim.
— Ok, ok... Vamos logo tomar o café, para ir escovar os dentes.
— Perfeito!
O que está acontecendo com ele? Se ele mantiver essa postura, você me machucará com toda certeza. Nunca ninguém foi tão legal comigo quanto ele está sendo, salvo Lucy e minha família. Preferiria que ele fosse mais gélido ou que não me ficasse analisando como os rapazes da faculdade, onde eu era bem ignorante. Os rapazes, no geral, diziam que eu tinha o gênio muito forte e que deveria me vestir seguindo o exemplo de Lucy, alegando que eu não era tão bonita ou atraente. Isso nunca me incomodou porque não estou atrás de um namorado, no momento, minhas prioridades eram: me formar, ter um bom histórico escolar para conseguir um bom emprego e adquirir o apartamento que estou morando (ele está à venda). Terminei meus devaneios (digo escovar os dentes) e fui para a cozinha pegar minha carteira. Encontrei Dante olhando a pequena varanda que tinha na sala, estava com os pensamentos longos e eu queria, com toda a certeza, trazê-lo para a terra novamente.
— Não o que você está pensando? - Eu disse no ladinho do ombro dele.
— Cruzis, que susto! - Disse ele dando um pulo.
Eu realmente não consegui segurar o riso, juro que tentei, mas a forma como ele se assustou, era demais para mim.
— Isso, vai rindo, foi engraçado mesmo. - Disse ele fingindo que era bravo.
— Oh ficou bravinho foi? Deixa disso e vamos logo, tenho um seminário para terminar.
— Ok, vamos.