Chegamos ao *Winterfell* Café (que possui o mesmo nome da cidade Winterfell City) de que tanto Dante gostava. Era linda a arquitetura do lugar, na entrada havia um arco de trepadeira Primavera com folhas rosadas super convidativo a entrar. Um garçom veio na recepção, mostrar as mesas e o cardápio. Assoalho e paredes eram rústicos, o que tornava o ambiente ainda mais aconchegante. Escolhemos nossos pedidos e Dante descobrimos o quanto eu estava deslumbrado com o local.
— É lindo o local né? - Ele me perguntou.
— Sim, não conhecia este café ainda. - Falei admirando o local.
— Certo então! Agora, vamos provar os cafés. - Disse ele sorrindo.
— Sim, mas falta conversarmos sobre os Termos do nosso "Relacionamento Fajuto".
— Você é bem estraga prazeres! - Disse Dante fazendo careta.
— Ué, não foi por isso que viemos?
— Foi, mas podemos aproveitar este espaço maravilhoso, com um café da manhã magnífica de sábado. Vai dizer que estou errado?
Adoraria retrucar, dizer que ele não era encantador e que eu não corriia o risco de me apaixonar, porém, eu sabia que nada disso era verdade. Tudo era maravilhoso, coisas que nunca havia passado antes e que afetavam minha mente e meu coração. Não são sentimentos ruins, pelo contrário, dava aquele quentinho no coração, uma sensação maravilhosa. Então só o que tinha a fazer era concordar.
— Sim, você tem razão. - Eu disse conformada com a situação.
— Mais animação Kyra.
— Para tentar. - Eu disse sorrindo amarelo.
— Que horror, assim você está me assustando. - Disse Dante franzindo a testa e arregalando os olhos.
Eu não poderia perder a oportunidade e fiz careta ficando vesga e sorrindo feito doida. Sério, ficou hilário, só não esperava que ele iria cair na gargalhada. O homem era lindo sorrindo! Acabei ficando com as bochechas rosadas.
— Você é hilária!
— Eu sei, sou boa no que faço. - Me sinto orgulhosa da minha personalidade.
— Nunca conheci alguém com a sua personalidade, você realmente é uma montanha-russa.
— Eu sei e me orgulho disso. Mas, agora sem enrolação, bora para os termos. Você trouxe ou vamos definir por agora?
— Já os trouxemos, só falta você consultar.
— Ué, mas não iríamos nos definir juntos? - Falei sem gostar muito daquilo.
— Sei que você não aprova a forma como o fiz, mas pode ter certeza de que não será prejudicado em nada. Cuide de tudo nos mínimos detalhes.
— Ok, mas eu quero ler o contrato e ver se concordo.
— Sem problemas, está nessa pasta. - Disse ele tirando da sua pasta um envelope, onde encontrei-se o documento do qual eu deveria revisar.
- ok, vou lê-lo. - Peguei o envelope e retirei o documento onde continham as seguintes informações: Continue as nossas informações no cabeçalho e logo abaixo vinham as cláusulas.
***Contrato de Namoro***
Primeira cláusula: a contratada terá que fazer o que o contratante solicitar durante as aparições públicas, não qual terá que demonstrar afeto, dar as mãos, abraços e até mesmo beijo.
Segunda Cláusula: Fica expressamente proibida a relação sexual.
Terceira Cláusula: Ninguém poderá saber deste contrato, salvo as duas pessoas que estão presentes no mesmo (contratante e contratada).
Quarta Cláusula: A duração do contrato será de no máximo 6 meses, podendo ser prorrogado pelo contratado caso o mesmo permaneça mais algum tempo na cidade.
Quinta Cláusula: Caso a cláusula terceira seja descumprida, a contratada terá que pagar R$ 100 mil ao contratante e ainda será processada por calúnia e difamação pública. O mesmo se aplica ao contratante.
Sexta Clausula: Fica a estipulado do contratante pagar todos os custos em estabelecimentos, viagens, eventos, as mensalidades da faculdade e o ensino das matérias das quais a contratada precisa de ajuda, além dos honorários (R$ 100,00 por hora).
Sétima Cláusula: Caso o contratante faça quebra de contrato, o mesmo deverá pagar R$ 100 mil a contratada, além dos honorários, mensalidades da faculdade e taxas firmadas.
Comecei a ler o bendito contrato, quando cheguei na segunda cláusula estava bebendo meu café e cheguei a engasgar.
— Como é que é? - Eu falei incrédula.
— Você está bem, Kyra? - Disse Dante parecendo preocupado.
— Sim, mas que cláusula é esse senhor? Eu não achei que passaria do abraço, quem dirá isso?
— Calma docinho, isso é para te proteger, vai por mim.
— Como assim? Tipo, você fez essa cláusula para me proteger ou para "te proteger"?
— As duas coisas. Assim, não corremos o risco de nos apaixonar.
— Ah, sério? Então você acha que é pelo sexo que as pessoas se apaixonam?
— E não é?
Eu comecei a rir e depois eu que era a ingênua aqui.
— Por que você está rindo? Não estou entendendo.
— Você é mais ingênuo que eu! Não é possível que você acredite nisso, está tentando se enganar? Ah, já sei! Engajamento do cérebro para proteger o coração.
— E para quê? Tenho que tentar me cegar de alguma forma.
— Oras, você gosta da Lola e não tem como se apaixonar por mim, pode ficar tranquilo.
— Já gostei da Lola, hoje estou vacinado.
— Sei, você ainda fica tocado por ela quando a vê.
— Sim, mas tenho vontade de mandar ela para o inferno, porém tenho que ser integral.
— Quando você tem mágoa ou amargura pela pessoa, é porque ainda possui sentimentos pela mesma. A partir do momento que você não se importa mais com ela, é quando você se esqueceu de uma vez.
— Como sabe essas coisas se você não tem namorado?
— Isso não quer dizer que nunca me apaixonei. Ter namorado, não diz nada, mas decepção amorosa todos já conversamos por isso.
— Ok, mas você concorda com as cláusulas do contrato? Quer modificar algo?
— Deixa eu terminar de ler.
Voltei a ler o contrato e li o tempo do contrato.
— Você ficou 6 meses aqui na cidade?
— Sim, a princípio estão de acordo com a minha agenda, tenho várias palestras, algumas aulas que lecionarei na universidade onde você estuda e mais alguns eventos nas cidades vizinhas.
— Carambá! Você tem que fingir durante esse tempo todo?
— Sim, vai ter que ir nos eventos comigo, eventualmente viagens e tudo o que for relacionado às aparições públicas.
— Mas, eu não tenho roupas, sapatos e coisas afins para ir nos eventos.
— Rescisão de ler o contrato por favor.
— Ok, ok. - Voltei a ler novamente o contrato.
— R$ 100 mil! Você está ficando louco? Não vou apoiar isso, mal tenho dinheiro para me sustentar, como vou pagar isso?
— Kyra, é só por segurança. Eu também terei de pagar, caso haja alguma regra ou anulação do contrato. Quanto às roupas e demais acessórios, eu arcarei com os custos. Tudo isso está nas cláusulas 5 e 6.
— Na verdade, estou bem inseguro em revisar este acordo.
— Pense bem, vamos ambos nos beneficiários, você chegou a ler a última cláusula do contrato?
— Ainda não.
— Então leia. Acredito que será justo com você.
Li a última cláusula do contrato e fiquei em choque. Dante me olhou surpreso com a minha ocorrência.
— O que foi Kyra, não gostou das condições? Por que essa cara de horror?
— Nem tudo é dinheiro sabia?
— Eu sei, mas quero te ajudar e encare como se fosse um extra além do seu trabalho de meio período.
— Você tem pena de mim?
— Claro que não, mas gosto de remunerar bem quem trabalha comigo. Políticas minhas, sempre fui assim com a minha equipe de trabalho.
— Não faço parte da sua equipe. - Eu disse totalmente magoada com a situação.
— Mas eu quero que você faça, por favor, não me faça implorar.
— Não quero que implore, mas não tenho intenção de aceitar isso.
— Pense bem, se você não concordar, não poderá se defender caso algo saia de controle.
— Como assim? Eu defensor?
— Sim, porque todos já sabem que estamos saindo. Não adianta agora você querer pular fora, olhar pela janela do café.
Olhei na direção da janela e vi vários repórteres batendo fotos nossas e quando vimos que eu estava olhando, disfarçaram com seus celulares e máquinas digitais, fingindo ser turistas. Vendo aquilo, percebi que não tinha como escapar daquela situação da qual eu mesma me deixei levar e que Dante estava certo.
— Eu te odeio, você sabe disso né? - Eu falei querendo bater nele.
— Eu sei que é mentira, que no fundo me adora. - Sorrindo de forma encantadora.
— Você deve estar louco, só pode! Vou repassar essa porcaria porque não tenho como fugir. Que droga! - Resmunguei e assinei o contrato. Dante sorriu com ar de vitória, ambos ficaram com uma cópia assinada por ambas as partes.
— Satisfeito? - Eu disse brava.
— Claro que não, quero terminar meu café com bolo de morango que ainda não tive oportunidade de experimentar. O que você pediu?
— Leite com café e bolo de leite em pó. Eu também não experimentei o meu, tava tão focado no contrato que esqueci até desse manjar dos deuses.
— Quero um pedaço do seu bolo, nunca experimentei bolo de leite em pó.
— Óbvio que você vai comer sozinho, você não merece meu bolo.
— Ahh, mas agora você terá que me dar de acordo com as cláusulas do contrato. Na boca ainda por cima.
— Você está brincando né? - Eu disse incrédula.
— Óbvio que não! Bora, quero ver se o bolo é tão bom quanto falou.O que eu faço agora? Já assinei o contrato, não tem mais como voltar. Coloquei a mão na testa como forma de desaprovação e suspirei derrotada.
— Tudo bem, mas vai ser do meu jeito! - Cortei um pedaço do bolo e fui no estilo "aviãozinho" para colocar na boca dele. Quando chegou na boca e ele foi morder o bolo, eu retirei rapidamente o garfo, deixando-o no descartável. Ele ficou com cara de tacho e eu comecei a rir, ri tanto que chegou a lacrimejar os olhos.
— Ha, ha, não tive graça. Será que dá para fazer certo? - Disse Dante, com sorriso amarelo.
— Tudo bem. - Limpe minhas lágrimas e refiz o processo, só que desta vez, da forma correta. O povo que estava na janela foi uma loucura, vi flash até no bolo.
— Na verdade o bolo é muito bom. Agora é a sua vez de provar o meu.
— Por que Deus? Justo comigo? - Eu disse olhando para o céu fictício.
— E você, não é tão ruim assim.
— Tudo bem. - Eu disse esperando o "aviãozinho". Na verdade o sabor do bolo era maravilhoso. Não era tão doce, mas ao mesmo tempo, o morango não estava amarrando. Tudo ali era delicioso, inclusive os cafés.
— Gostou?
— Sim, tudo aqui é maravilhoso.
— Vou te contar, fazia tempo que não me divertia assim com alguém. Você realmente é uma caixinha de surpresas. - Dante disse isso olhando para o relógio, já eram 11h30 da manhã. - O papo está bom, mas infelizmente tenho que pegar a estrada. Nesse caso você não precisa ir, fique tranquilo que você vai deixar em casa.
— Não precisa, eu pego um táxi, pode ir sem problemas. - Eu disse piscando para ele.
— Você tem certeza? Na verdade eu me sentiria melhor se você deixasse em casa, em segurança.
— Eu sei, mas vou dar uma caminhada pelo centro.
— Ok, mas tome cuidado com os repórteres. Qualquer coisa diz que é muito feliz e que em breve, eles nos verão em um evento social, onde falaremos abertamente da nossa relação.
—Beleza.
Dante se declarou, foi até a minha cadeira e me deu um selinho. Fui pega de surpresa e ele notou a minha confusão, então sussurrou no meu ouvido: - Fica tranquilo, é só um beijo de despedida do namorado. Temos de ser convincentes. - Dito isso, ele pegou suas coisas e saiu do café.