Acordei com ressaca forte provocada pela garrafa de vinho que bebe inteira. - Ó céus! Por que bebê tanto? - Abri meus olhos com dificuldade e vi que não havia sol e sim uma chuva fina. - Era o que eu precisava para me animar, o dia é igual ao meu coração. - Pensei.
Acordei com uma certa confusão de onde eu estava, que dia era e tive que me esforçar para lembrar que era domingo. Olhai ao redor - Ufa! Estou no meu apartamento, isso é reconfortante. - Percebi que passavam do meio dia e olhei no calendário. - Aff, droga! Amanhã tenho prova! Tenho que estudar.
— Vou ter que curar a ressaca na marra! - Falei levantando da cama aos poucos e indo em direção ao banheiro. - Preciso de um banho e depois um bom café!
Vinte minutos depois já estava na cozinha preparando meu café com torradas e creme de ricota. - Ahh hoje estou tão "fitness" - Falei sorrindo.
Comi com o delicioso café com leite, peguei meus livros e fui estudar. Duas horas mais tarde, já havia treinado tudo o que eu precisava e decidi não pensar nas coisas que havia ocorrido no dia anterior, até porque ele nunca seria meu mesmo. O que acontecia na vida dele, não era problema meu. Resolvi ver um filme de comédia romântica, sim, eu preciso disso para animar minha alma.
Após o fim do filme, resolvi fazer algo salgado para comer porque não havia almoçado e sobrou macarrão da noite anterior, aperitivo para quem não estava afim de cozinhar.
Quando estava arrumando a mesinha da varanda para comer, ouvi batidas na porta, mas pensei que era algo da minha cabeça e ignorei. Fui no quarto, peguei a minha manta, arrumei a sacada e fui comer vendo o sol se pôr. Ouvi novamente a batida na porta e decidi ir verificar se havia alguém perdido no corredor. Fiquei chocada com quem encontrou no corredor.
— Olá, precisamos conversar! - Disse Dante passando por mim e entrando no apartamento como um furacão.
— Ah sim, precisamos rasgar o contrato. - Fechei a porta e fui para a sacada comer, ignorando totalmente a sua presença.
— Como assim? Por causa de ontem? Eu posso explicar.
— Não preciso de suas explicações, não sou sua namorada, na verdade não sou nada para você. Nesse caso, é só terminar e assumir de vez a Lola em sua vida, assim facilitaria para os dois lados.
— Mas não é isso que eu quero! - Disse Dante apreensivo.
— Qual é ehin? Por que você dificulta tudo? - Eu falei para ele com o cenho franzido. - Por que eu me envolvo em seus problemas?
— Você está envolvido? Você está me ajudando com a Lola.
- Eu vi. - Falei sarcástica.
— Qual é Kyra? Não vai nem me deixar explicar?
— Por qual motivo eu deveria? - Eu comecei a comer o macarrão, que por sinal estava muito bom.
Dante começou a andar de um lado para o outro na sala e derrepente parou e olhou para mim com um brilho estranho no olhar. Ele veio em minha direção com uma cadeira da mesa e se sentou de frente, para mim olhar nos olhos, seus joelhos encostando nos meus.
— Você vai me ouvir querendo ou não! - Disse determinado.
Cheguei a engasgar com o macarrão, depois de algumas tossidas e um copo de água, me recuperei.
— Você está bem? - Disse ele assustado.
— Sim, foi só o susto com a sua determinação de me fazer escutar o que não quero.
— Eu tive uma "REUNIÃO" na empresa com os sócios, para comunicar a missão de Lola, depois te liguei para enfatizar o nosso relacionamento na frente dela enquanto a mesma assinava os documentos. Saí para tomar um ar como você me orientou e acabei encontrando um dos sócios que me chamou para seu aniversário e eu não tive como dizer não. Eu não sabia que ela estaria presente na festa. Ele me disse que não a conhecia, mas mesmo assim, ela foi. No fim, ela pegou meu telefone quando você pediu justamente para causar confusão no nosso "relacionamento", o que realmente aconteceu.
— Mesmo que isso seja verdade, por que não ligou avisando que não viria? - Eu quis com nó na garganta, olhando para o céu cinza que estava tomando cor e escurecendo aos poucos.
— Kyra, você me espera? - Ele me olhou espantado.
— Infelizmente sim, quando marco algo, eu cumpro sabe.
— Me desculpe, eu realmente não pensei que você deixaria tão zangada.
— Tanto faz, só não quero continuar com isso.
— Eu realmente não sei o que fazer para te convencer a não desistir deste "idiota" aqui.
— Me dê tempo para colocar a cabeça no lugar, tenho uma semana agitada e preciso de paz, o que você não me dá nunca.
— Mas, se eu te deixar em paz, garanto que vai desistir.
— E se eu desistir? Não pretenda ficar entre duas pessoas que você gosta. Isso não faz a minha praia e parece que estou atrapalhando a relação de vocês.
— Que absurdo! Por incrível que pareça, quando estou com você, não sinto falta da Lola, nem mesmo penso nela.
— E quando não está?
Dante ficou em silêncio por um momento e eu deduzi que isso seria um "Sim" que ele pensava nela e que eu era só um refúgio para ele.
"Que droga!" - Pensei.
— Vou encarar seu silêncio como um sim.
— Mas não é bem isso. - Ele respondeu parecendo confuso.
— Como você disse, você não precisa se explicar. Só estou expondo como estou me sentindo nisso tudo.
— Você está com ciúmes da Lola?
Cheguei a deixar o garfo cair no chão. Me peguei de surpresa isso, nem eu havia pensado sobre.
— O quê? - Falei chocada. - De onde tirou isso? Por qual motivo eu teria ciúmes da Lola? Tudo bem que ela é linda, se veste bem, já é formada, tem influência no mundo corporativo e eu sou apenas uma garota simples, mas não seria para tanto. - Eu falei sarcástica.
— Não seria por esses motivos e sim porque você pode estar gostando de mim.- Disse ele com a covinha de um sorriso no canto esquerdo da boca.
— Você deve estar louco! Por que eu gostaria de um homem que não me enxerga, que gosta de outra mulher e que foge de relacionamento sério?.
—Bingo! - Você está escondendo algo e eu vou descobrir! Ah, nisso eu estou com fome, você pega um prato e talheres? Percebi que deixou o seu cair e vai ter que procurar outro. - Falou ele sorrindo.
— Aff, eu mereço! - Eu falei pegando o garfo e levantando para ir buscar os talheres e prato.
Quando passei por ele, ele me segurou pelo braço e me deixou para ficar com o rosto bem próximo do dele. Fiquei paralisado, sem saber o que fazer, com uma confusão de confusão, eu podia sentir a respiração dele no meu rosto e infelizmente o meu coração estava batendo tão rápido que parecia que a qualquer momento iria pular da minha boca. Ele falou e chegou perto do meu ouvido, encostando sua boca na minha orelha e sussurrou: - Adoro te deixar sem jeito! - Um arrepio forte passou por todo o meu ser, recobrei a consciência e empurrei ele.
— Você realmente gosta de brincar comigo né? Mas, não vai conseguir o que deseja! - Falei saindo da sacada e indo no armário da cozinha, mas ainda pude ouvir ele falar: Vamos ver.
Peguei o que preciso, servi um pouco de macarrão para ele, um pouco de água e retornei a mesa. Ignorei completamente o comentário anterior e suas ações nada cavalheirescas.
— Seu macarrão está muito bom! - Ele disse sorrindo para mim.
— Ontem foi melhor, hoje só tempeirei para voltar novamente.
— Era a nossa janta? - Ele falou com o cenho franzido.
— O que é? Por que esse expando tudo?
— Nunca ninguém cozinhou para mim antes.
— Nem sua mãe?
— Não, mamãe estava sempre fora e papai viajando. Digamos que eu e minha irmã fomos criados por nossa governanta na época, a qual faz mais conta de nós que meus pais.
— Nossa! - Eu falei de boca aberta, chocada com a situação.
— E você? Por que não mora com sua família?
— Então, concluímos que não conheci a minha mãe e meu pai se casou novamente. Passo meus natais aqui, é tão gostoso olhar pela sacada. - Eu disse sorrindo.
— Qual é? Meus pais não foram muito presentes, mas nós conhecemos os natais juntos.
— Acontece. O fato é o seguinte: venha e da o fora porque preciso estudar para a prova de amanhã.
— Nossa, quanta delicadeza! Qual é a matéria? - Perguntou ele um tanto interessado pela matéria. Pelo menos parecia.
— AFO (Administração Financeira e Orçamentária).
— Ops, entendo isso. Como você está nesse assunto?
— Hehehe, bem, conseguir tirar a mídia, mas tem coisa que realmente não entendo porque nunca fiz um equilíbrio de uma empresa.
— Me traga seu caderno, vou tentar te explicar de uma forma resumida.
—Beleza.
Uma hora depois, já sabia tudo, até mesmo como realizar os cálculos das despesas, receitas e como fazer um DRE. Fiquei super feliz com o resultado.
— Com você me explicando foi mais fácil de entender. Muito obrigada pela ajuda! - Eu falei sorrindo para ele pela primeira vez no dia.
— Bom, viu, agora você tem que pensar nos benefícios da nossa parceria.
— Eu sabia que você iria usar isso contra mim.
— Não é contra e sim a nossa parceria! E você, diga o que precisa de mim.
— Mas nem em 100 anos!
— Você realmente é orgulhoso, né? Mas, aceito o desafio. - Disse ele sorrindo.
Dante olhou no relógio e se assustou com a hora. Se clamou, pegou o casaco (eu nem vi que ele havia tirado o casaco) e estava se preparando para sair.
— Kyra, já é tarde e amanhã nós dois precisamos acordar cedo. Vou seguir o seu desejo e "dar o fora". - Disse ele indo em direção a porta.
— Na verdade é tarde, mas até que foi produtivo. Obrigado pela ajuda. - Eu disse acompanhando ele.
— Ah, esqueci de uma coisa. - Disse ele se aproximando de mim.
Eu fiquei com expressão confusa sem entender o que ele havia esquecido, então ele me deixou de encontro a ele e me beijou no rosto hesitante.
—Boa noite Kyra. - Ele sussurrou novamente no meu ouvido, mas por algum motivo, ainda não havia me solto.
- Boa noite! - Eu respondi impedindo-me de me afastar, mas ele me segurou.
— Você tem medo? - Ele perguntou confuso.
— De me machucar e sei que acontece isso se eu me deixar levar por você.
Dito isso, ele me soltou e saiu do apartamento sem falar uma palavra. Foi nessa hora que eu me encostei na porta e fui escorregando até me sentar sentindo aliviada de ele ter saído. - Parabéns Kyra, você conseguiu resistir ao homem lindo que estava na sua sala conjugada. - Falei para eu mesma.