Maxim Millus estava acordado e sentia seu corpo pesado, sem a mínima ideia de onde estava. Com as dores que sentia, seu corpo parecia ter estado preso e acorrentado por muito tempo, mas nem mesmo disso ele tinha certeza. Seus olhos ainda doíam pela intensa claridade que os atingia, então ele se levantou e procurou alguma referência para saber ou tentar descobrir onde estava. Passou a mão pelo corpo para avaliar se estava ferido e onde doía mais, descobrindo que todo o seu corpo estava dolorido.
Ao passar a mão pelo pescoço, sentiu que estava usando um colar, mas o que tinha no lugar de um pingente não era uma joia, e sim um cubo escuro do tamanho de um ovo.
— Mas o que é isso? — perguntou a si mesmo, analisando aquele estranho colar. Tirou-o do pescoço para manuseá-lo melhor e começou a prestar atenção nos detalhes. A cor do cubo era azulada escura, quase negra, e de tanto mexer, acabou derrubando-o no chão.
— Tenha mais cuidado com o seu destino.
Essa foi a frase que ouviu sem que houvesse alguém ao seu lado.
— Quem está aí? — perguntou ele, procurando ao redor pelo dono daquela voz.
— Bem aqui embaixo, pertinho de você.
Abaixando-se vagarosamente, descobriu que era o cubo azulado que se comunicava com ele.
— O que é você?
— Eu sou aquele que contém as respostas de todas as suas perguntas.
Pegando o cubo na mão, analisou novamente cada parte dele. Notou que parecia ser feito de uma liga de metal, mas, mesmo que fosse uma peça única, passava a impressão de que em alguns lugares havia também uma composição vítrea. Apesar de ser de metal e vidro, não havia emendas, riscos, cortes ou qualquer outra deficiência.
— Eu sou o cubo do conhecimento e dou o poder da escolha em suas mãos. Qual é o conhecimento que você deseja adquirir? Se escolher, posso ser sua ferramenta de instrução e você terá toda a informação ao seu redor descrita por mim.
— Isso parece bem interessante — resmungou Maxim.
— Posso lhe passar o conhecimento passo a passo de como você pode ficar mais forte.
— Isso seria mesmo possível? — pensou o jovem Maxim.
— Ou posso recuperar sua memória para que você saiba sobre sua história. Estas são as escolhas que lhe ofereço. Uma vez que você tenha escolhido, as outras opções desaparecerão.
Maxim olhou bem para o colar, analisando se aquilo poderia ser real ou fruto de sua imaginação, pois estava ferido e talvez seu cérebro não estivesse funcionando corretamente.
— Agradeço pela oferta, mas não preciso disso. Sei quem sou: um cara forte, bonitão e muito simpático. Apenas não sei o que estou fazendo aqui, mas vou descobrir à minha maneira. Para que eu vou querer o conhecimento de como ficar mais forte se já sou forte? Para que vou querer informações sobre o que estou vendo se posso descobrir de qualquer maneira? E para que vou querer recuperar minha memória se não a pedi? Estou perfeitamente ciente da minha identidade. A única coisa que falta saber é onde estou e por que estou aqui. Onde estão meus amigos? Onde está Tessala? E para onde fica o clube da Justiça? Se por acaso você me oferecesse uma dessas respostas, então eu arriscaria uma delas, mas as opções que você está me dando não me interessam.
— Se eu fosse um ser humano, teria apostado que você escolheria como ganhar mais poder e ficar tão poderoso que seria impossível alguém vencê-lo em combate. No entanto, você me surpreendeu. Por não querer nenhuma das opções, eu as darei do mesmo jeito, mas à minha maneira.
— Sabe o que vou fazer com você, seu quadrado falante? Vou jogá-lo longe para não ouvir sua voz nunca mais. Tenho certeza de que isso é um jogo de palavras da Robbota para me confundir. Este quadrado é de metal e deve fazer parte daquela Robbota criminosa. Por isso ele fala. Mas vamos ver o quanto você é eficiente quando eu te lançar bem longe.
Pegando o cubo metálico com a mão direita, ele recuou um pouco, juntou forças e o lançou à frente, para bem longe dele.
Ou foi o que ele pensou, porque quando olhou em sua mão, o cubo estava grudado nela.
— Mas que porcaria é essa grudada na minha mão? Caramba, eu não preciso de você!
Assustado e com muita força, usou a outra mão para descolar o cubo de sua mão direita e passou-o no chão, esforçando-se para sujá-lo de terra e assim, com certeza, não grudaria mais em sua mão. Jogou de novo com mais força, mas foi inútil; o cubo continuava grudado em sua mão. Com raiva, começou a espremer o cubo na tentativa de esmagá-lo e inutilizá-lo para sempre.
"O seu problema, Maxim, sempre foi a sua ignorância, mas não vou castigá-lo por isso. Não por muito tempo, é claro. Se você quer adquirir poder através da ignorância e da dor, posso facilmente conceder esse desejo a você."
Então o cubo começou a esquentar cada vez mais, transformando-se numa corda avermelhada e continuou esquentando a ponto de queimar as mãos que estavam grudadas nele. Maxim gritou como louco para que o soltasse, no entanto, seus gritos de nada adiantavam.
Max direcionou sua raiva e sua força contra o cubo e, num grito de raiva, disse:
— Eu vou acabar com você!
E o cubo explodiu de maneira que sua essência começou a ser absorvida pelo corpo de Maxim, que parecia estar em chamas, correndo sem direção e gritando. Foram cinco minutos agonizantes antes que ele tombasse, aparentemente sem vida alguma, diante de uma dezena de feras curiosas e famintas