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Chapter 27 - Lutier Tong no deserto Brasa Escalda Pele

Tong finalmente acordou e abriu os olhos vagarosamente para reconhecer o ambiente. Antes de se mexer, procurou ouvir atentamente, analisando se estava entre amigos ou inimigos.

Sentiu o ambiente e acreditou estar só, então levantou-se lentamente, olhando ao redor em busca de algo que pudesse oferecer perigo.

Sempre foi muito arredio e desconfiado, e não entendia como havia parado ali.

Sua última lembrança era estar na companhia de seus amigos em uma floresta, à procura de uma lenda local, ou pelo menos era isso que ele achava.

Agora, sem mais nem menos, encontrava-se em uma área vasta coberta de areia. Nunca havia ido para aquelas bandas, mas tinha as informações necessárias para saber que estava no deserto Brasa Escalda Pele.

Aquele não era um lugar que os habitantes da cidade Central Nickol costumavam frequentar. Na verdade, muitos deles nem mesmo sabiam da existência daquele deserto. As regras da cidade eram:

"Não ultrapasse o perímetro da cidade. Obedeça as regras e tenha uma longa vida. Siga em frente e será por sua própria conta e risco."

Mas Mestre Comando não era uma pessoa que se prendia a regras e, vez ou outra, fazia suas próprias incursões para fora dos limites da cidade. Por suas experiências anteriores, ele sabia que estava bem longe de Central Nickol.

O deserto Escalda Pele não era um lugar que poderia ser visitado de maneira descuidada. Era necessária toda uma preparação e, principalmente, um acompanhamento de pessoas experientes em combates de vida ou morte.

Apesar de não conhecer todos os animais que existiam naquele lugar, ele sabia da existência de alguns bem perigosos e que estavam além de sua capacidade de combate. Socos e chutes não fariam nada no casco dos terríveis escorpiões da areia, grandes como um bezerro e mais letais do que um leão.

Eram criaturas rápidas, com garras dianteiras que se fechavam extremamente rápidas sobre o corpo de quem ousasse adentrar os limites daquele deserto. Isso sem contar a cauda do escorpião, com uma pinça extremamente pontiaguda repleta de veneno.

Por isso, ele precisava se mover com a maior leveza possível; naquele temível deserto, tudo que ele não precisava era da atenção indesejada de seus habitantes.

Antes de dar o próximo passo, percebeu o estranho colar que estava portando. Era uma corrente pequena com um pingente em forma de cubo da cor negra. Rapidamente começou a analisar aquele objeto em seu pescoço e percebeu que não foi ele quem havia colocado.

Afinal, ele detestava qualquer coisa que impedisse sua livre movimentação, e um colar daquele tamanho só atrapalharia em uma luta ou fuga. Decididamente, aquilo não era útil para nada.

— Apesar de não estar falando sobre a minha existência, vou me apresentar. Eu sou o Cubo, transmissor do conhecimento.

Tong preferiu não interromper e ficou a ouvir o que aquele estranho objeto tinha a dizer.

— Tenho três escolhas a lhe oferecer, e qual você prefere? Conhecimento, força ou inteligência?

Tong pensou rapidamente e decidiu surpreender.

— Eu prefiro acreditar que meu conhecimento é suficiente para o que faço. Quanto à minha força, ela também não é pouca, e minha inteligência está acima da média. Logo, não preciso de nada disso que está me oferecendo. Posso sugerir algo no lugar dessas três opções? Se puder, tenha certeza de que irei gostar.

O Cubo manteve-se em silêncio por alguns minutos antes de responder.

— Minha avançada programação me permite ter curiosidade a ponto de aceitar sua sugestão, se ela for interessante.

— Antes da minha sugestão, quero lhe fazer uma pergunta, Cubo. Qual é o seu verdadeiro intento ao me conceder um desejo? — perguntou Lutier Tong.

O Cubo permaneceu em silêncio, dando a impressão de que não havia entendido a pergunta.

— Tudo bem se essa foi uma pergunta difícil para você. Então faço uma mais fácil de ser respondida. Qual é a moeda de troca? O que você deseja de mim para me conceder um pedido assim?

— Tenho apenas uma frase para você: "A oportunidade vem para muitos, mas poucos a querem receber."

Tong ficou a pensar naquela frase e acreditou que realmente poderia ser uma boa oportunidade para ele, desde que aquele Cubo aceitasse sua opção.

— Ok, tudo bem. Então vou fazer parte dos poucos que querem receber a oportunidade, mas minha opção é uma arma.

— Segundo meus dados, uma arma não é tão útil quanto conhecimento, força ou inteligência.

— Ok, Cubo, mas a arma que vou pedir é uma que precisa de conhecimento de quem vai utilizá-la. Em troca, ela vai compensar aumentando minha força de ataque e me defendendo conforme o uso que eu der para ela. O que vai requerer muita inteligência da minha parte.

— Conheço projetos de armas que sua imaginação não alcança. No entanto, está fora do meu conhecimento uma arma que possa ser utilizada dessa maneira — respondeu o Cubo prontamente.

Essa era a deixa que Tong estava esperando. Há muito tempo que ele tinha essa ideia, mas não havia meios de colocá-la em prática.

— Cubo, me indique um local seguro e eu lhe mostrarei exatamente como você deve fazer para me dar a mais perfeita das armas.

— Vou aceitar sua sugestão. Mas saiba que você estará de volta a esse lugar assim que tiver sua arma em mãos.

— Perfeito! — respondeu Tong. — Eu não poderia pedir algo melhor do que isso.

E, passo a passo, o Cubo foi indicando um caminho entre a areia que finalizava na entrada de uma caverna subterrânea.

— Suponho que haja mais de você e que muito provavelmente esteja oferecendo as três opções para cada um dos meus companheiros de equipe.

— Seu raciocínio é realmente admirável. Por que você não é o líder do Clube da Justiça? O que lhe falta? Certamente não é falta de capacidade — disse o Cubo enquanto indicava o local exato para Lutier Tong pisar na areia.

— Nunca quis ficar à frente de nada, Cubo, exceto nos combates aos vilões, quando dou ordens que visam à vitória de meus amigos. Sem contar que não conseguiria apoio nem mesmo de minha irmã. Logo, fico sossegado onde estou.

— E se sua irmã o apoiar? Afinal, ela teria alguma vantagem nisso também, não é mesmo?

Tong ficou a pensar e, de repente, disse:

— Só aceitaria brigar pela vaga de líder se ela me pedisse.

O Cubo silenciou-se por alguns minutos e, por fim, pronunciou:

— Providenciarei o necessário para isso. Apenas passe no teste e me surpreenda com o tipo de arma que vai querer.