Chereads / Herdeiros de Hartia -Versão Traduzida / Chapter 5 - ** Um novo Reinado**

Chapter 5 - ** Um novo Reinado**

    "A única maneira de vencer uma guerra é evitá-la." — George Marshall

Logo o sol estava alto no céu, e Sebastian já tinha preparado seus suprimentos e itens necessários para a jornada. Durante sua ida ao vilarejo durante o festival, ele comprou alguns fogos de artifício que liberavam fumaça, explicando ao exército aliado como funcionavam e dizendo que esse seria o sinal de ataque caso as negociações não dessem certo.

Todos aprovaram o uso do item, e em seguida começaram a dividir as equipes:

**Equipe de avanço 1:**

Os caçadores designaram seis homens e mulheres que se destacavam na caça para atrair os monstros para fora da floresta, onde armadilhas já montadas pelos soldados os esperavam para prendê-los.

**Equipe de avanço 2:**

Pessoas que estavam feridas devido às últimas batalhas se voluntariaram para seguir até Whitefield e encenar a chegada dos monstros. Em seguida, outros quatro soldados entrariam em ação e os tirariam da cena sem levantar suspeitas.

**Equipe de avanço 3:**

Ainda formada pelos caçadores, essa equipe soltaria os monstros em áreas mais vazias da cidade, mas ainda de fácil visualização, para que a população visse os monstros chegando e sendo caçados. Em seguida, deveriam sair furtivamente de cena e se juntar à Equipe 4.

**Equipe de avanço 4:**

Essa equipe de soldados montaria o cerco ao redor do reino de Whitefield. Yoseph garantiu que cercaria o porto de Whitefield com seus navios e homens.

**Equipe de avanço 5:**

Formada por Sebastian Von Ashrose, Kraig Von Bluestorm, Caleb Von Greenland e Leonor D. Alder. Caso os Whitefields não se rendessem, Leonor ativaria o sinal de fumaça e o exército marcharia para dentro dos muros do castelo.

Com cada um designado a suas tarefas, começaram os preparativos. Primeiro, todos aguardaram escondidos e apreensivos que os caçadores concluíssem sua manobra. O dia já estava se acabando quando finalmente ouviram um barulho vindo da floresta: eram os monstros, basiliscos, para ser exato. Eles vinham em grande velocidade e, um a um, foram caindo nas armadilhas.

Então Daren disse:

— Nossa, eu esperava monstros fortes, mas basiliscos! Acho que, sem suas cobras, Sebastian, nós teríamos morrido mesmo!

Sebastian, por sua vez, estava admirado com as feras e também um pouco preocupado por se tratarem de espécies de serpentes. Os soldados prenderam e prepararam as feras para locomoção. Em seguida, o exército partiu através do reino de Greenland em direção a Whitefield.

Durante a passagem pelo reino de Greenland, muitos aldeões decidiram se juntar ao exército aliado, impulsionados por diversos motivos. Alguns eram sobreviventes de vilarejos no reino de Whitefield que haviam sido devastados durante as batalhas contra os monstros, buscando vingança ou proteção. Outros eram aventureiros em busca de glória e experiência em batalha, atraídos pela oportunidade de participar de uma campanha tão significativa. Ao chegar no território de Whitefield, o exército havia aumentado significativamente, aproximadamente um quarto de seu tamanho inicial, demonstrando a solidariedade e o apoio das comunidades vizinhas.

Pequenos vilarejos destruídos no território do reino de Whitefield receberam calorosamente a passagem do exército, apesar da escassez de recursos e das condições precárias em que se encontravam. A chegada do exército trouxe não apenas proteção imediata, mas também uma sensação de esperança para aqueles que haviam sofrido com as consequências das batalhas anteriores.

Após cinco dias de jornada, com mais aliados se juntando ao longo do caminho, o exército finalmente alcançou as imponentes montanhas que antecediam a capital portuária real de Whitefield. Foi nesse ponto que o segundo avanço entrou em ação, com um grupo pré-definido encarregado de uma missão crucial. Com um jumento velho puxando uma carroça carregada com poucos mantimentos, e as pessoas feridas nessa caravana transmitindo uma aura de seriedade e urgência, o grupo se aproximou das muralhas da cidade.

Ao serem interpelados pelos guardas na entrada da cidade, os membros do grupo descreveram vividamente os horrores que haviam testemunhado, alegando terem mal escapado de uma horda de monstros que se aproximava rapidamente. O relato incluía detalhes sobre a destruição de vilarejos e cidades inteiras ao longo do caminho, o que deixou os soldados incrédulos, mas visivelmente abalados. Alguns abandonaram seus postos imediatamente em busca de suas famílias, enquanto outros tentaram alertar os súditos sobre a iminente ameaça, resultando em uma reação em cadeia de pânico e fuga por parte da população.

Com a cidade em estado de caos e confusão, a fase três do plano entrou em ação. Os basiliscos, criaturas aterrorizantes, foram estrategicamente soltos nas áreas já evacuadas da cidade baixa, enquanto os caçadores, munidos de armas e habilidades furtivas, intensificaram seus esforços para criar um clima de pânico e terror entre os moradores restantes. O resultado foi uma exibição assustadora de força e desespero, com muitos residentes fugindo às pressas sem olhar para trás, enquanto outros buscavam abrigo dentro das muralhas do castelo, buscando proteção junto à família real.

Passadas algumas horas, a capital portuária real parecia um cenário desolado e sombrio. Ruas vazias ecoavam o silêncio, interrompido apenas pelo som distante de portas sendo trancadas e janelas fechadas às pressas. A presença imponente do exército aliado, agora posicionado nas encostas das montanhas que cercavam a cidade, era uma lembrança constante do perigo iminente que pairava sobre Whitefield.

Conforme prometido, os navios da família real de Greenland chegaram ao porto, bloqueando todas as possíveis rotas de fuga pelo mar e consolidando o cerco ao redor da cidade. Essa operação, que se estendeu ao longo de três dias angustiantes, deixou os moradores remanescentes da cidade isolados e vulneráveis, sem esperança de ajuda externa. Foi somente nesse momento de desespero que a família real de Whitefield, privada de suprimentos e apoio, finalmente enviou um mensageiro até a entrada do castelo, buscando uma possível trégua e um acordo de paz com o exército invasor.

Concluída com eficiência a fase quatro, era momento de dar início ao avanço cinco. Os representantes nobres se prepararam para adentrar o castelo em uma missão diplomática de extrema importância. Sebastian, apesar de nervoso, percebeu que Leonor estava pálida e tremendo, então se aproximou dela e segurou sua mão em um gesto de apoio. Juntos, os quatro jovens seguiram até a sala do trono real, acompanhados por um guarda real de Whitefield.

Ao chegarem à imponente e alva sala do trono, os jovens se depararam com alguns nobres amontoados no canto da sala, com seus olhos repletos de uma mistura de ódio e medo. O rei e a rainha, sentados no trono, não demonstravam nenhum sentimento. Foi então que uma voz os anunciou:

— Sua alteza real Rei Sebastian Von Ashrose! Sua alteza real Príncipe Herdeiro Caleb Von Greenland! Vossa alteza real príncipe Kraig von Bluestorm e Lady Leonor D. Alder! — Ao fim das apresentações, o Rei Arthur Von Whitefield falou, friamente:

— Então, esse exército marchou de longe até aqui... Ashrose e Bluestorm, ambos do sul e norte de Hartia, respectivamente, se retiraram de seus territórios para vir até o nosso reino... A que devo a honra?

Então, antes que outros pudessem falar, Caleb tomou a frente e disse:

— Sou o príncipe herdeiro Caleb Von Greenland, e estamos aqui para... — antes que pudesse dar continuidade, a rainha estendeu a mão e o interrompeu, dizendo rispidamente:

— Não nos surpreende que as víboras do reino Greenland estejam aqui. Queremos saber sobre os reinos Ashrose e Bluestorm! — Ela desviou seu olhar de Caleb para Sebastian e Kraig.

Respeitosamente, Sebastian começou a falar:

— Chegaram ao sul os rumores do que estava ocorrendo nesse território. Das pessoas sendo massacradas na guerra que vocês iniciaram. É de conhecimento comum que as feras têm sua cadeia alimentar: os grandes se alimentam dos de tamanho médio, que se alimentam dos menores e assim por diante. Interromper esse ciclo e caçar em massa os monstros menores e de porte médio atrairia os monstros maiores diretamente até os vilarejos! Por conta da ordem de vocês, muitos inocentes morreram e muitos se tornaram órfãos — disse Sebastian, com frieza.

O rei, em tom de ironia, respondeu:

— Fiquei sabendo que você também é órfão! Ficou compadecido dos seus iguais em nosso reino e decidiu nos atacar? — disse, com os olhos fixos em Sebastian.

Apesar de se sentir enojado com as palavras do Rei, Sebastian não deixou transparecer e continuou:

— Não foram só boatos e rumores. Eu mesmo saí de minhas terras e secretamente visitei o reino de vocês e vi a destruição que causaram. Por isso dei início a essa revolta.

As palavras de Sebastian chocaram até seus amigos e aliados que estavam com ele na sala do trono. Os regentes o encaravam como se fosse uma escória. Então a rainha falou:

— Então, para proteger uns coitados, decidiu se erguer contra seus iguais? — disse a rainha, desfazendo-se de todos que não fossem da realeza.

Muitos que estavam presentes engoliram em seco as palavras da rainha, mas Sebastian se pronunciou, dizendo:

— Vocês não são meus iguais! Dentro da família Ashrose, nunca existiram parasitas que sugam de seus súditos e os deixam para morrer! — Ao dizer essas palavras, o Rei se levantou de seu trono e foi até Sebastian.

E então ele disse:

— Você, jovem Rei, se acha superior à nossa família? Somos a família real mais antiga do reino de Hartia!

Sebastian e o rei se encararam profundamente, quando finalmente Kraig decidiu se pronunciar:

— Se fosse só um problema entre duas famílias reais, nós não estaríamos aqui! As notícias de seus atos chegaram até os confins do Norte! Em nosso reino, abrigamos muitos que fugiram do seu território. Como sabem, sempre tivemos uma boa relação com os Ashrose. Foi quando meu pai e Sebastian trocaram correspondências e viram que havia uma causa em comum para intervir contra a realeza desse país. Podem se sentir confrontados, na verdade devem, pois se olharem lá fora através de suas janelas, verão o imenso exército que se formou contra a família Whitefield. Mas, em respeito à sua linhagem, viemos até aqui pedir que se rendam!

A rainha parecia à beira de atingir seu limite, e seus lábios tremiam de ódio. O rei então olhou para ela com um olhar sádico e disse:

— Então, parece que vamos nos render, minha rainha! — Disse ele, indo em direção à rainha e lhe dando um beijo na testa.

Então, um dos nobres que estava no canto da sala do trono disse:

— Agora que eles concordaram em se render, o que vocês vão fazer? — Disse, mas o rei lhe inferiu um olhar ameaçador que o fez se encolher.

Então, Caleb disse:

— Iremos avisar ao exército que se rendem e permitir sua entrada no castelo.

A rainha, parecendo abalada, disse:

— Já que vocês vão tomar nosso castelo, ao menos deixem-me ir até meus aposentos pegar as joias que eram de minha mãe! — Kraig assentiu com a cabeça.

E o rei fez uma reverência em agradecimento. Mas algo em seu olhar não deixava Sebastian relaxar. Antes que ele dissesse algo, Leonor interveio:

— Eu irei acompanhar a rainha até seus aposentos! O resto de vocês, esperem aqui!

Sebastian segurou a mão dela para tentar impedir que ela fosse, mas ela o lançou um olhar sério que o fez largar sua mão e então seguir pelos corredores do castelo com a rainha.

Leonor nunca havia adentrado um castelo antes, então seguiu a rainha, mantendo-se atenta aos arredores. Chegaram a um corredor sem saída com uma pintura do rei e da rainha. Ao lado da pintura, Leonor percebeu uma alavanca. Antes que pudesse reagir, a rainha a puxou, fazendo Leonor despencar dois andares até o chão de uma cela no calabouço. Gritou por Sebastian, mas as grossas paredes de pedra abafaram sua voz.

A rainha, tendo se livrado de Leonor, seguiu por outro caminho do castelo até uma porta gigante. Recuou um pouco, apreensiva, mas pensou consigo mesma: "Eu não posso deixar que minha família seja derrotada aqui. Eles vão lembrar nosso nome pela eternidade!"

Então, abriu as portas, puxando uma tranca enorme de ferro com dificuldade. Imensos olhos amarelos surgiram da escuridão. Ela murmurou:

— Eu disse ao rei que essa fera abominável nos seria útil um dia!

Puxou outra alavanca, soltando as correntes que prendiam a fera. O dragão negro, coberto de ferimentos infligidos pelos soldados de Whitefield como entretenimento para o rei, voou para fora de sua cela, cheio de ódio. Com uma única mordida, engoliu a rainha e então voou em direção ao sol, saindo dos fundos do castelo.

Os soldados de Greenland no porto foram os primeiros a avistar o dragão. Horrorizados, começaram a soltar os navios e recuar o mais rápido possível.

Enquanto isso, no castelo, Sebastian estava prestes a procurar Leonor quando ouviu, vindo do alto, um terrível rugido. O rei começou a rir sadicamente, enquanto os nobres na sala do trono corriam desesperados.

De repente, o teto da sala do trono foi arrancado por uma força brutal, voando para longe. Sebastian olhou para cima, paralisado de medo, e viu a imponente figura do dragão negro, com suas garras cravadas nas paredes do castelo e olhos cheios de ódio.

O rei, que parecia ter perdido a sanidade, continuava rindo, irritando ainda mais o dragão. A criatura começou a reunir o ar ao redor, preparando-se para incendiar toda a sala do trono. Sebastian estava imóvel, mas Kraig o puxou rapidamente pelas portas, fechando-as a tempo de evitar a grande onda de fogo que o dragão liberou, queimando tudo lá dentro.

Kraig percebeu que Sebastian estava em choque e lhe deu um tapa no rosto para despertá-lo. Sebastian então soltou as palavras que estavam presas em sua garganta:

— Leonor! Leonor! Tenho que achar ela! — Ele estava totalmente desesperado.

Kraig, com um olhar triste, disse:

— Cara, se a rainha soltou essa coisa e a Leonor estava com ela, acho que ela...

Sebastian pegou o amigo pela gola e, irritado, disse:

— Não fale mais nenhuma palavra! Vamos!

Desconcertado e incrédulo, Kraig perguntou:

— Para onde vamos?

Sebastian respondeu com determinação:

— Parar essa fera! Depois vamos procurar a Leonor! Nem que eu tenha que revirar pedra sobre pedra desse castelo!

Enquanto isso no calabouço Leonor tentou se orientar no lugar escuro e úmido. As paredes de pedra fria não deixavam muito espaço para esperança, mas ela não podia desistir. Tentou usar as mãos para encontrar uma saída, tateando cada centímetro da cela. Seu coração estava acelerado, mas ela sabia que precisava manter a calma para encontrar uma maneira de escapar e avisar seus amigos.

Ainda no corredor principal do castelo Sebastian e Kraig correram pelos corredores, evitando os escombros e tentando traçar um plano para enfrentar o dragão. Os rugidos da fera ecoavam pelas paredes, criando uma atmosfera de terror e urgência.

— Precisamos encontrar uma maneira de tirar essa coisa daqui! — gritou Kraig, tentando ser ouvido acima do tumulto.

— Primeiro, temos que garantir que todos estejam seguros. Precisamos localizar o ponto mais alto do castelo para ter uma visão clara do que está acontecendo. — respondeu Sebastian, ainda preocupado com Leonor.

Nos muros do castelo o dragão, agora livre, sobrevoava o castelo e seus arredores, espalhando caos e destruição. As forças de Greenland e os aliados recuavam em pânico, tentando evitar o alcance das chamas. O porto estava em desordem, com navios tentando desesperadamente fugir das garras do dragão. Os aliados não entendiam como o plano se desenrolou dessa forma, e corriam para dentro da cidade numa tentativa de se esconder da fera e salvar suas vidas.

Enquanto isso Sebastian e Kraig chegaram à torre mais alta do castelo, onde podiam ver o dragão e o caos que ele estava causando. Kraig, sempre o estrategista, começou a formular um plano.

— Precisamos de uma distração grande o suficiente para atrair o dragão para fora do castelo e longe dos civis. — disse ele, olhando para os arredores em busca de algo que pudesse usar.

Sebastian assentiu, mas seus pensamentos ainda estavam com Leonor. Ele sabia que cada segundo contava, e que precisavam agir rápido.

— Vamos usar os canhões da fortaleza. Se conseguirmos acertar o dragão, podemos ao menos desorientá-lo e ganhar algum tempo. — sugeriu Sebastian.

Com um plano em mente, os dois amigos começaram a descer a torre, determinados a salvar seu povo e, mais importante, encontrar Leonor antes que fosse tarde demais.

Correndo pelos corredores e evitando os escombros, Sebastian e Kraig chegaram até os canhões da fortaleza. Observando o dragão que sobrevoava a cidade e cuspia fogo, Sebastian perguntou:

— Você sabe usar essa coisa? — Olhou para Kraig.

Irritado, Kraig respondeu com ironia:

— Claro que sim. Em Bluestorm, nós brincamos com canhões quando crianças! Achei que você saberia usar, afinal, a ideia foi sua!

Enquanto discutiam, avistaram um guarda de Whitefield agachado em um canto, tremendo de medo do dragão. Os jovens foram até ele, tentando convencê-lo a atirar contra o dragão. O soldado, em desespero, gritou:

— Se fizermos isso, vamos morrer! Ele virá até aqui e certamente vai nos matar! Eu não posso morrer! — Ele tremia incontrolavelmente.

Dessa vez, Sebastian deu um tapa no rosto do soldado para trazê-lo à razão. Com firmeza, disse:

— Sua família está lá fora, certo? Na cidade! Se não fizermos nada, ele vai matar todos!

O soldado, agora mais consciente, começou a juntar coragem. Então Sebastian lançou um olhar debochado para Kraig, como se dissesse "também posso fazer isso", devido o momento que tiveram anteriormente e Kraig apenas revirou os olhos.

O soldado andou em círculos algumas vezes, respirou fundo e finalmente decidiu usar o canhão contra o dragão. Enquanto ele se preparava, Sebastian e Kraig começaram a planejar o próximo passo para quando conseguissem a atenção da fera.

— Assim que ele perceber o ataque, precisamos estar prontos para guiá-lo para fora da cidade. — disse Kraig, ajudando a ajustar a mira do canhão.

— Certo. Vamos usar as torres de sinalização para atraí-lo para a área mais deserta do castelo. — concordou Sebastian.

Com o plano em mente, o soldado acendeu o pavio do canhão, ajustando a mira para o dragão. Houve um estrondo ensurdecedor quando o canhão disparou, lançando um projétil na direção do dragão. A bala atingiu a criatura em uma das asas, arrancando um rugido de dor e raiva.

O dragão se voltou para a origem do ataque, seus olhos amarelos brilhando de fúria. Sebastian e Kraig sabiam que tinham conseguido a atenção da fera. Sem perder tempo, correram para a próxima torre de sinalização, acendendo fogueiras para guiar o dragão para fora da cidade.

Enquanto corriam de uma torre para outra, o dragão os seguia, destruindo tudo em seu caminho. A cidade tremia sob o poder da criatura, mas o plano estava funcionando. Finalmente, conseguiram atrair o dragão para uma área deserta, longe dos civis.

— Precisamos derrubá-lo aqui! — gritou Kraig, preparando outro canhão com ajuda do soldado que mesmo aterrorizado os acompanhava.

Sebastian, ofegante, assentiu. Estavam cansados, mas determinados. Com precisão, o canhão foi disparado mais uma vez, atingindo o dragão diretamente no peito. A fera soltou um último rugido, antes de cair pesadamente no chão.

Olhando para o dragão abatido, os dois jovens se permitiram um breve momento de alívio. E o soldado olhava a cena incrédulo de que realmente tinham conseguido. Mas Sebastian logo lembrou-se de Leonor.

— Temos que encontrar Leonor! — disse ele, determinado.

— Vamos revirar cada pedra deste castelo, se for necessário. — respondeu Kraig.

Eles voltaram ao castelo, prontos para continuar a busca por Leonor e enfrentar qualquer outro desafio que surgisse em seu caminho.

No caminho de volta ao castelo real, os jovens tiveram que fazer algumas acrobacias para passar pelos locais que o dragão havia destruído. Quando chegaram ao interior do castelo, ouviram um movimento vindo de fora. Alguns homens do exército aliado tinham adentrado o castelo para ajudar, caso ainda houvesse algo a ser feito.

Kraig rapidamente contou sobre a batalha com o dragão e a necessidade urgente de encontrar Leonor. Os homens, junto com os jovens nobres, dividiram-se e começaram a procurar. Kraig foi com alguns soldados para a parte superior do castelo, enquanto Sebastian, com outros, desceu para as áreas subterrâneas. O castelo parecia prestes a desmoronar, então Sebastian instruiu seus homens a se espalharem e a saírem imediatamente ao menor sinal de desabamento, tomando cuidado com possíveis inimigos.

Embora tivesse poucas esperanças de encontrar Leonor nos subterrâneos, Sebastian persistiu. No piso superior do calabouço, encontrou alguns soldados que, ao vê-lo, pegaram suas armas.

— Você não deveria estar aqui, garoto — disse um deles.

Entre os gritos dos guerreiros e o som metálico das armas, um jovem de cabelos loiros, com o rosto sujo de fuligem e suor, ressaltando seus olhos azuis, se destacava, lutando com desespero e coragem. Sua lâmina cortava o ar, encontrando carne e osso, enquanto ele gritava, tentando afastar o medo que crescia em seu peito.

Sebastian enfrentou e derrotou os três guardas do calabouço. Coberto de sangue e fuligem, ele continuou descendo. No escuro, esbarrou em um elmo abandonado, que fez um enorme barulho. De longe, ouviu uma voz feminina:

— Tem alguém aí? Ajuda!

Sebastian correu em direção à voz e encontrou Leonor presa em uma cela. Ao vê-lo, ela não conteve as lágrimas e perguntou o que tinha acontecido. Antes que ele pudesse responder, um estrondo sacudiu as paredes do castelo. Sebastian apressou-se para abrir a cela, forçando a fechadura com sua espada. Quando finalmente conseguiu, Leonor pulou em seus braços. Ele a abraçou rapidamente, verificando se estava bem, e então a guiou para fora do calabouço.

Desviando de escombros, encontraram os homens que haviam descido com ele. Juntos, começaram a abrir caminho para sair do castelo antes que desabasse. Fora do castelo, Sebastian procurou por Kraig, mas não o avistou. Daren informou que Kraig ainda estava no andar superior procurando por Leonor.

Desesperado para buscar o amigo, Sebastian foi contido pelos homens. Leonor teve uma ideia: usar fogos de artifício para sinalizar a Kraig que Leonor estava a salvo. Acenderam a fumaça e aguardaram ansiosamente. O lado leste do castelo começou a desmoronar, e os homens tiveram mais uma vez que segurar Sebastian. Da fumaça emergiu Kraig, ferido na cabeça, mas vivo, acompanhado de seus homens. Sebastian finalmente relaxou um pouco, mas apenas por um breve momento, antes que um grito avisasse sobre o iminente colapso do castelo. Todos correram para se afastar.

Momentos depois, onde antes havia um castelo, restavam apenas poeira e escombros. Soldados aliados e exércitos remanescentes vibraram, comemorando a queda de Whitefield. Mais tarde, começaram a contar as baixas. Muitos estavam feridos pelas chamas do dragão, mas apenas alguns nobres de Whitefield, que não souberam se esconder durante o ataque, haviam morrido. Os navios de Greenland tinham recuado, "um problema para outro dia".

Armaram um grande acampamento na cidade portuária e começaram a tratar os feridos. Alguns dias depois, os soldados, junto com aldeões e construtores, começaram a reconstruir a cidade e o castelo. A família D. Alder liderava a reconstrução e herdaria aquelas terras, tornando-se nobres. Após recuperar-se, Sebastian retornou a seu território, deixando homens para ajudar na reconstrução. Ele havia salvado a vida de Leonor, e seus irmãos permitiram que a levasse para o reino de Ashrose, afastando-a do cenário de guerra.

Kraig também retornou para o norte, alguns dias antes de Sebastian, para relatar ao pai os detalhes da batalha. O reino de Greenland não voltou ao antigo território de Whitefield. Restaram apenas as famílias locais, soldados e os novos regentes do deserto. Aos poucos, os que haviam deixado o reino durante o governo da antiga família começaram a retornar. Com tanta mão de obra, o reino se reergueu em cerca de dois anos.

Sebastian tinha agora 18 anos e Leonor, 16. Ela viveu no território de Ashrose como nobre visitante. Sebastian contratou tutores para ensinar-lhe as regalias e obrigações da nobreza, mantendo uma amizade próxima até que ela atingisse a maioridade e pudesse pedi-la em casamento.

Dois anos depois, quando o reino D. Alder estava próspero e Sebastian tinha 18 anos, ele retornou ao território com Leonor para pedir sua mão em casamento, uma ideia que ainda o aterrorizava devido a história contada sobre seus irmãos. Chegando lá, encontraram um cenário completamente diferente. As pessoas estavam felizes e o reino prosperava. O novo castelo, diferente do anterior, tinha um ar menos hostil e mais convidativo. Ao descerem da carruagem, foram recebidos por Daren.

Cumprimentaram-se calorosamente, mas o momento foi interrompido pelo comentário de Daren:

— Ah, então é hoje que vou ver meu amigo nobre morrer? — disse com um olhar malicioso para Sebastian.

Leonor respondeu:

— Deixe disso, Daren! Vai afugentar meu noivo! — Piscou para Sebastian.

Daren ergueu as mãos, rendido, e acompanhou-os até a nova sala do trono. Leonor tinha três irmãos, e para governar o reino eficientemente, Dorian cuidava da defesa, Isaac era o conselheiro financeiro e Drake, o mais velho, era o rei.

Na sala do trono, os irmãos estavam sentados em uma mesa semicircular com três tronos. Leonor correu para cumprimentá-los, enquanto Sebastian fez uma reverência formal. Isaac quebrando o gelo falou:

— Sabemos por que está aqui.

Os irmãos assentiram.

— Não temos nada contra sua escolha, a menos que nossa irmã tenha alguma queixa — disse Dorian, fixando os olhos em Sebastian.

— Nossa única preocupação é que, se vocês se casarem e Leonor tiver um filho seu, mais um D. Alder ascenderá ao trono, o que pode ser um problema para os outros reinos — disse Drake, o rei.

— Se essa é a preocupação, quero garantir que, para mim, só há sua irmã! E se algum reino ficar contra, terão que enfrentar as serpentes de Ashrose! Meu relacionamento com elas melhorou bastante! — disse Sebastian.

Os irmãos pareceram surpresos. Isaac perguntou:

— Você fez amizade com aquelas criaturas?

Rindo, Sebastian respondeu:

— Nenhum ser vivo resiste ao meu charme!

Leonor limpou a garganta e disse:

— Sebastian, lembre-se do motivo pelo qual estamos aqui.

Envergonhado, ele olhou para ela, abaixou a cabeça e, então, perguntou seriamente aos irmãos dela:

— Permitem que eu me case com Leonor D. Alder e a torne minha rainha, Leonor D. Alder Von Ashrose?

Uma faca voou em sua direção, e ele mal conseguiu se esquivar. Os irmãos riram, e Drake disse:

— Nesse caso, não vejo problemas!

Sebastian parecia feliz, mas Leonor olhava para os irmãos irritada. O momento foi interrompido pelo comentário do líder dos guardas, Daren:

— Só isso? Cadê o sangue e a batalha até a morte?

Leonor virou-se para ele e perguntou:

— Como estão Glenda e Olívia?

Daren engoliu em seco e se calou. Por insistência de Sebastian, decidiram celebrar o casamento ali mesmo, no reino D. Alder, naquela semana. Dias depois, retornaram para Ashrose, casados.