Chapter 34 - Orfanato Const 30

"O centésimo primeiro?" Altair olhou para Georgewill, que estava no chão, cobrindo o olho em agonia, e não pôde deixar de suspirar.

Ele era Georgewill, mas também George e Will lutando para sobreviver em uma noite nevada.

Ele retirou a Coroa de Louro de seu peito, as prateadas folhas de louro acolhendo uma pedra de lua.

A Coroa de Louro, uma herança de família da linhagem de lobisomens Sterling, simboliza a glória e dignidade da Família Sterling.

Dizia-se que a pedra de lua no topo era uma lágrima derramada pela Deusa da Lua Celine, comovida pela pietá para com um frágil e moribundo filhote de lobisomem.

A Coroa de Louro é também conhecida como a Misericórdia da Deusa da Lua.

Elvira, observando-o retirar o broche do tamanho da palma da mão. Era a peça de joalheria que Lorcan havia lhe confiado para entregar a Altair. Ele não podia deixar de ficar curioso, "Você quer usar isso?"

Altair lançou um olhar para Elvira, em seguida, colocou a Coroa de Louro sobre o olho de Georgewill, dizendo, "Sim."

Ele removeu sua máscara, pegou uma faca voadora do chão e cortou uma profunda ferida em sua mão esquerda. Sangue serpenteava para baixo, pingando na coroa.

A pedra de lua absorvia o nutriente do sangue, brilhando com um fulgor ainda mais lustroso, suave como as águas ondulantes sob o luar.

Altair murmurou um feitiço complexo. "Selene, ego kallō menē kallistē, sanguine doxo, pientō nāvis, lixas pathos, anapsūze psychē." (Deusa da Lua, eu invoco você com a Coroa de Louro. Consagre com sangue, tenha misericórdia dos fracos, limpe a dor e descanse a alma.)

Acima dos olhos de Georgewill, a Coroa de Louro florescia em uma luz deslumbrante, curando lentamente seu corpo e alma. O brilho era como o primeiro luar da noite, gentil e sagrado, preenchido com infinita vitalidade e esperança.

Elvira assistia silenciosamente à cena se desdobrar, a luz tênue lançando uma sombra serena e resoluta no rosto de Altair, revelando um vislumbre de compaixão em sua testa, como uma deidade antiga.

Altair silenciosamente cuidava de suas feridas, retirando um casaco branco do guarda-roupa e rapidamente rasgando um pedaço de tecido para se enfaixar. Seus movimentos eram eficientes, manejando o enfaixamento com uma só mão, terminando de fixar o nó com uma mordida.

Ele entrou na despensa dentro do guarda-roupa, com Elvira seguindo curioso. Altair contemplava silenciosamente as garrafas e então começou a abrir cada uma. O gás de cada garrafa parecia ganhar vida, transformando-se em dezenas de borboletas prateadas que voavam no ar antes de gradualmente desaparecerem.

Essa era a visão mais misteriosa e bela que Elvira já tinha presenciado no Orfanato Const.

As feições de Altair estavam severas e solenes, seu olhar tão indiferente quanto um iceberg, mas cheio de compaixão. Ele se assemelhava a uma deidade no topo de uma montanha nevada, puro e sagrado, imponente.

Borboletas prateadas voavam de suas pontas dos dedos, tocando levemente seus lábios como se fossem as flores sagradas que floresciam na montanha. Sua beleza tirava o fôlego de Elvira.

"O que é isso?" Elvira tocou curiosamente a garrafa de vidro de Francesca em seus braços.

"Almas aprisionadas, envie-as para renascimento," Altair disse, observando atentamente as borboletas prateadas.

"Landric trancou os fragmentos de alma aqui, para poder controlá-los." Altair desenroscou todas as garrafas de vidro uma por uma, liberando todas as almas.

"Há um fragmento de alma de uma garota restante, com cabelos castanhos", o olhar de Altair fixou-se em Elvira, declarando confiante, "Você a tem."

Elvira inclinou-se, pegou as facas voadoras do chão e com um sorriso cínico e divertido, disse, "E se não fosse eu, e então?"

Altair deu uma olhada no relógio, depois ergueu o olhar para Elvira, "O tempo está quase acabando. Para o salão."

"Há alguma atividade nova?" Elvira encostou-se ao guarda-roupa, girando ociosamente as facas voadoras em sua mão esquerda.

"Projetos de investimento específicos, experimentos de Landric," Altair respondeu sucintamente, prestes a sair do guarda-roupa.

Porém, Elvira bloqueou o caminho de Altair com o pé. Altair virou-se para olhá-lo, em silêncio.

Os lábios de Elvira curvaram-se em um sorriso rebelde, a luz amarela e fraca lançava um véu dourado sobre suas feições, imbuindo-o de brilho.

Com um movimento de sua mão esquerda, ele jogou a faca voadora, pegando-a em reverso com a direita, e empurrou Altair para dentro do guarda-roupa, pressionando a faca contra sua artéria carótida.

Altair sentiu a lâmina fria em seu pescoço mas não resistiu. Encostado na madeira, olhou diretamente para Elvira, seu olhar profundo e sereno.

Elvira encarou as pupilas de Altair, apenas de perto podia-se ver um indício de azul arrepiante.

Era uma cor encantadora e misteriosa, como o abismo de gelo mais profundo do Ártico, convidando alguém a mergulhar.

A distância entre eles era tão próxima que quase poderiam tocar os cílios um do outro. Altair podia claramente sentir o calor da respiração de Elvira e o aroma persistente de árvores de bétula ao redor do seu nariz.

Era o aroma mais puro de uma noite nevada, fazendo seu espírito se sentir revigorado.

"Ontem à noite, aquela pessoa era você," Elvira disse quase pressionando seu rosto contra o de Altair, sussurrando com uma risada baixa, "Meu Sr. Sterling."

Depois de falar, ele segurou as facas voadoras ainda mais perto do pescoço de Altair, a um centímetro de distância. Levantando uma sobrancelha, continuou, "Eu perdi algo ontem. Foi você quem pegou, não foi?"

Altair não respondeu imediatamente, silenciosamente fitando os olhos de Elvira. Aqueles olhos continham uma aurora deslumbrante, balançando com luzes verdes profundas entre os vastos glaciares, ambos brilhantes e carinhosos.

"O que você poderia fazer se não fosse eu?" Altair devolveu as palavras anteriores de Elvira.

Elvira pausou, uma estranha sensação de cócegas lavando-o como se uma pena tivesse tocado levemente seu coração.

Então, Altair, olhando diretamente nos olhos de Elvira, gentilmente beliscou a lâmina da faca com sua mão esquerda, fazendo-a emitir um som nítido.

Subsequentemente, ele calmamente afastou as facas voadoras pressionadas contra seu pescoço.

Elvira não tinha intenção de ferir Altair, então ele não estava segurando as facas voadoras firmemente. Com apenas um empurrão suave da mão esquerda ferida de Altair, ele facilmente se libertou da restrição.

Um pouco constrangido, Elvira virou-se para o guarda-roupa e deslizou as facas voadoras de volta para sua manga.

Altair emergiu do guarda-roupa, pegou a Coroa de Louro do chão e a guardou em seu peito antes de sair.

Após alguns passos, ele parou, voltando-se para olhar para Elvira com uma voz fria, "Esta é a última vez. Sem mais concessões."