** Harper **
O olhar vazio no rosto de Harper era provavelmente exatamente o que Eli esperava ver.
"Você deve ter notado um prédio bem alto na Rua State com uma fachada de vidro espelhado muito chamativa e muito pretensiosa," ele continuou em tom sarcástico. "É meio difícil de perder se você passa por aquela área. Tem uma placa de dez andares no topo que diz 'Sterling Trust'."
Harper levou um momento para entender. Depois seus olhos se arregalaram, e ela tapou a boca com a mão. "Eu consigo ver a placa da janela do meu escritório," ela ofegou. "Meu Deus, eu achei que aquilo estivesse se referindo a prata."
Eli bufou. "Quem me dera. Infelizmente, esse Sterling é meu pai. E ele está se esforçando para me adaptar a assumir seu pequeno império desde... eu não sei, antes de nos conhecermos quando éramos crianças. Eu nunca quis, mas ele realmente não se importa."
Ele deu um gole na sua água com gás, dando um tempo para Harper processar a bomba que ele acabara de soltar.
Ou talvez, considerando a expressão dele indiferente como se ele estivesse apenas falando sobre o clima, ele nem parecia perceber o quanto aquilo era bombástico. Ele não parecia lembrar que, embora a Sterling Trust pudesse ser apenas um banco regional, seu nome havia crescido quase insana e rapidamente na última década, e ser o herdeiro desse monólito de uma empresa poderia bem significar que ele já estava a caminho de se tornar um bilionário. Na imaginação de algumas pessoas, isso praticamente também significava que ele deveria estar voando em jatos privados para frequentar clubes de elite secretos, com uma fileira de seguranças a reboque.
O que provavelmente explicava por que ele estava tão familiarizado com The Balconies, Harper pensou enquanto se recuperava lentamente do choque.
Mas ele falava sobre uma vida tão cobiçada como se ele não quisesse nada disso.
"Por que você não quis?" ela perguntou. "Eu pensei que você sempre gostou de finanças desde o colegial. E seu primeiro emprego foi em um banco de investimento também, eu lembro que você estava bastante animado com isso."
Eli olhou para a lata na sua mão, passando o dedo em círculos distraídos em cima dela. "Não é as finanças que são o problema. Como você deve se lembrar, eu não me dou muito bem com meu pai."
Ah. Sim, tinha isso.
Eli raramente falava sobre seu pai, nem parecia remotamente interessado em incluir o último em sua vida pessoal. Mesmo depois de tê-lo durante várias festas e férias, Harper e Tyler tinham ido à casa de Eli apenas uma vez, e seu pai não falava muito com ninguém. A casa era silenciosa ao ponto de ser repressiva, o que Harper achava que era provavelmente o motivo pelo qual Eli cresceu tão ligado à família dela.
Ela nunca soube por que o relacionamento entre pai e filho era tão estrangulado, e isso parecia uma pergunta muito pessoal para fazer.
"Eu queria uma carreira em finanças," Eli continuou, ainda encarando a lata de água com gás como se a estudasse atentamente. "E eu estava realmente animado para conseguir aquele emprego na costa oeste. Era um dos maiores bancos do país, com muitas oportunidades para eu crescer. Mas quando eu não recebi uma promoção depois de quatro anos..." Seus lábios se curvaram em um sorriso irônico. "Basta dizer que você nunca sabe até que ponto o controle do papai pode alcançar até que aconteça. Está bem claro nesse ponto que a menos que eu ceda a trabalhar para ele, ele pode sabotar minha carreira em outros lugares com bastante facilidade. Então aqui estou eu, de volta à cidade."
Harper franziu a testa. "Isso é... realmente manipulador," ela disse com incredulidade.
"É, me fala sobre isso." Eli tomou um grande gole de sua bebida. "Mas olhando pelo lado bom, estou fazendo meu tempo ser agradável. Ele e eu temos visões completamente diferentes sobre o futuro da empresa, então é meio divertido simplesmente fazer as coisas do jeito que eu prefiro e assistir ele entrar em erupção quando discorda. Talvez isso eventualmente ensine a ele a não forçar as pessoas contra a vontade delas."
Harper não sabia o que dizer. Aquilo parecia uma ótima forma de arruinar a carreira de um homem aspirante... Mas ela tinha certeza de que ele já sabia disso.
"Você não está planejando fazer isso para sempre, eu espero?" ela perguntou com cautela.
Eli deu uma pequena risada. "Vamos ver. Quer dizer, eu provavelmente estou reclamando mais do que deveria — as coisas não são tão ruins, e como mais eu poderia ser o diretor de um grupo de capital de risco multistatais nos meus vinte e poucos anos? É uma experiência que eu posso me gabar pelo resto da minha vida, então acho que posso me dignar a viver com isso."
Ele estava tentando parecer brincalhão, Harper notou. Conhecendo Eli, essa era a maneira dele de contornar tópicos desconfortáveis. Quando eram crianças, ele sempre tinha uma piada suave ou duas para desviar a conversa sempre que alguém mencionava seus pais.
"Enfim, chega de falar do meu emprego." Um sorriso perfeito estava em seu rosto agora. "Pelo que nos importa aqui, é só meu bico como editor que interessa, não é? A menos que você esteja pensando em escrever sobre o trope do CEO dominador, aí talvez eu possa encarnar meu outro papel com mais afinco para te ajudar a ter mais ideias para a trama." Ele passou a mão rudemente pelos cabelos. "Eu pareço suficientemente ardente para passar como um?"
Harper não pôde evitar um sorriso. Lá estava, o truque suave dele funcionou — ela não podia resistir à distração de quão atraente ele parecia com aqueles cachos castanho-escuro ligeiramente bagunçados. Mas ela não ia comentar sobre isso. "Ah ... Você é realmente a última pessoa que eu pensaria como dominador," ela disse instead.
Uma sobrancelha se levantou. "Oh, pombinha. Um dia você pode se surpreender."