Agatha abraçou Kiba por trás, significando que ele não estava mais sozinho neste mundo.
El pensou que talvez seus pais tivessem um motivo para abandoná-lo nas favelas, mas ela não podia conceber nenhuma justificativa para tal ato.
Não! Não havia nada neste mundo que pudesse justificar abandonar uma criança em uma favela. As favelas eram o verdadeiro inferno na Terra.
Após a chegada do Cometa da Evolução no ano de 1900, a era dos mutantes começou. Essa nova era era mais cruel que a anterior, especialmente para aqueles no fundo da sociedade. Governos ao redor do mundo começaram a usar pessoas pobres para experimentos à medida que tentavam estudar mutações ao redor do mundo. As condições para os pobres só pioraram à medida que recursos eram esgotados decifrando os segredos da Evolução, deixando-os forçados a se tornarem escravos para os mutantes poderosos.
Enquanto a formação do Governo Mundial no ano de 1935 realmente pôs fim às atrocidades abertas contra os pobres, a verdade continuou sendo que até o Governo Mundial sacrificou mais de um milhão de pessoas em seus experimentos. Estes eram frequentemente disfarçados de emprego no exterior ou acidentes de mineração, usados para justificar o desaparecimento em massa de pessoas.
No ano atual de 2024, os fracos e pobres eram forçados a viver nas favelas com quase nenhum suporte do Governo Mundial ou de qualquer outra organização.
"Sinto muito pelo que você sofreu, mas você não está mais sozinho," Agatha disse, enquanto continuava a abraçá-lo por trás. Ela podia sentir as lágrimas dele em suas mãos.
Kiba deixou o abraço dela e virou-se para ela, tomando uma respiração profunda para acalmar suas emoções.
"Alguns minutos atrás, eu não conseguia parar de te abraçar, mas agora você é igual a mim," Kiba disse com seu sorriso galante característico.
Agatha respondeu com um sorriso. O sorriso dela era mais bonito que qualquer flor que ele alguma vez tinha visto.
"Se você continuar a sorrir assim, então eu não vou conseguir me controlar," Kiba disse, sentindo-se aliviado por abrir seu coração para alguém.
Essa foi a primeira vez que ele compartilhou seu passado com alguém em sua identidade como 'Kiba'. A única mulher que sabia sobre sua outra identidade era Eva, mas mesmo ela não estava ciente de seu passado.
Ele sentiu algo familiar nela quando ela o abraçou, mas então pensou que era apenas sua empolgação por ter alguém que se importasse com ele.
As palavras que Agatha havia falado plantaram uma semente em seu coração. Podiam ter sido palavras simples, mas para ele, eram especiais.
---------------------
"Agatha, se você quiser ir embora, eu vou te ajudar," Kiba disse.
"Ir embora? Para onde eu iria então?" Agatha perguntou.
"Para onde você quiser," Kiba respondeu.
"Kiba, esta 'prisão' é melhor que a liberdade em outro lugar. Houve compromissos que eu tive que fazer, mas eu também me beneficiei," Agatha disse com um suspiro.
"É a sua escolha... Eu só quero que você tenha liberdade," Kiba manifestou sua intenção.
"Kiba, você precisa aprender que as escolhas que temos não são realmente escolhas. A liberdade que você pensa não existe neste mundo; nem mesmo para os mais fortes. Os fortes se preocupam em perder sua força e temem os inimigos que aproveitariam de sua fraqueza. Nem preciso falar dos fracos, que são governados pelos fortes."
Kiba estava falando sobre o casamento dela quando disse que ela poderia 'ir embora'. O casamento era um compromisso entre duas facções rivais para estabilidade. Na era atual, raramente alguém de um contexto forte era forçado a casar contra sua vontade. Agatha foi uma das raras que não teve voz em seu próprio casamento. O mesmo se aplicava a Jack, seu marido. Por isso seu casamento estava cheio de problemas.
Antes do casamento, ela pensou em fugir, mas então sua amiga a lembrou das condições no mundo. Como ela poderia sobreviver no mundo depois de ofender sua família e seus futuros sogros? Eles talvez não a matassem, mas tornar sua vida um inferno vivente não era impossível.
Mesmo que eles não fizessem, ela sabia que não aguentaria o estilo de vida monótono do lado de fora. Ela gostava do estilo de vida rico que tinha. Seu próprio apoio se tornou uma corrente para ela. Ela não conseguia escapar das garras da vaidade.
"A verdadeira liberdade é uma ilusão... Você só precisa aprender isso, minha amiga," Agatha acrescentou.
"Ilusão?" Kiba refletiu sobre as palavras dela. Não era como se ele não soubesse como a liberdade era uma mentira vendida pelo governo para enganar as pessoas, mas agora sendo tratada como uma ilusão ainda o surpreendeu.
"Não existe verdadeira liberdade, apenas ilusão, a menos que você possa ganhar a vida eterna e se libertar das correntes que nos prendem," Agatha concluiu.
"Acho que você pode estar certa. Mesmo assim, prefiro passar minha vida perseguindo sonhos realistas em vez de uma vida eterna ilusória," Kiba respondeu.
Ele acreditava que o presente importava mais que o futuro. O futuro era ilusório, assim como a verdadeira liberdade e a vida eterna. Por que passar a vida inteira perseguindo uma ilusão?
"Sonhos realistas? Quais são seus sonhos?" Agatha estava curiosa.
Ela realmente queria saber o que poderia atrair um homem mais que o poder e a vida eterna. Para uma pessoa da favela, sonhos de poder e vida eterna eram ainda mais tentadores.
"Eu sonho com os simples prazeres da vida e não com algo grandioso," Kiba respondeu com um sorriso.
"Só me diga, não importa quão simples eles sejam," Agatha pediu.
"Sonho em aproveitar cada fase da minha vida, seja como estudante ou como profissional ou um velho esperando sua morte.
"Meu sonho é saborear as melhores iguarias, beber cada bebida fina e fazer amor com as mulheres mais belas que existem. Quero aproveitar a vaidade que apenas os ricos podem custear. E, por fim, sonho em roubar as esposas dos outros para ter um caso enquanto seus maridos morrem de inveja e vergonha!"
Agatha: "...."
"Isso é pedir muito?"
Agatha: "........."