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Chapter 46 - 46- Melanie

A caminho da cidade de Lavender, o grupo teve que atravessar uma floresta que parecia nunca acabar. As árvores eram altas e verdejantes, com galhos que se estendiam sobre a trilha, quase formando um teto natural acima deles. A luz do sol mal conseguia passar pelas folhas densas, criando uma penumbra que os envolvia em um silêncio inquietante.

Enquanto caminhavam, perceberam que a floresta estava estranhamente quieta. Não havia o som de Pidgeys cantando, nem o movimento de Pokémon entre os arbustos, como normalmente esperariam em uma área tão arborizada. Era como se todos os Pokémon tivessem desaparecido ou estivessem escondidos.

"Está muito quieto aqui… Alguém mais acha isso estranho?" perguntou Misty, olhando para os lados com desconfiança.

"Nem me fale," Brock respondeu, franzindo a testa. "É como se estivéssemos sendo observados."

Dave, que andava na frente do grupo, mantinha-se focado no caminho, atento a cada detalhe ao redor. Depois de alguns minutos, ele parou abruptamente, levantando a mão para sinalizar que o grupo deveria parar também.

"Parem," ele disse com firmeza, sem desviar os olhos do chão.

"O que foi, Dave?" perguntou Misty, inquieta.

Dave se abaixou, pegou uma pedra do chão e a lançou alguns metros à sua frente. Em um segundo, ouviu-se um som rápido e agudo: vush! A pedra ativou uma armadilha que estava bem diante deles. Uma rede de cipós se ergueu do solo, balançando levemente enquanto se prendia em um galho acima.

"Nossa, tinha uma armadilha na minha frente e eu nem percebi," disse Brock, espantado. "Valeu, Dave."

"Constante vigilância," respondeu Dave, ainda observando os arredores com cautela. Ele se levantou devagar, os olhos analisando cada árvore ao redor.

"Mas quem poderia ter feito isso?" perguntou Misty, olhando para os lados, como se esperasse ver alguém escondido entre as árvores.

Dave suspirou, cruzando os braços enquanto pensava. "Pode ser algum tipo de caçador ou explorador tentando capturar Pokémon selvagens. Mas se é isso mesmo, eles são bons em se esconder."

"Ou então," Brock sugeriu, "alguém nos viu e armou isso de propósito, para nos pegar desprevenidos."

Eles trocaram olhares, tensos. A floresta que antes parecia apenas um trecho no caminho para Lavender agora parecia cheia de perigos invisíveis. A sensação de serem observados aumentava a cada segundo, e cada som, cada folha balançando ao vento, parecia ser mais do que apenas o ambiente.

"Quer saber? Já estou cansado. Docinho, venha," disse Dave, pegando uma Pokébola de seu cinto e lançando-a suavemente. A esfera se abriu no ar, liberando um brilho cintilante que tomou forma no chão. Quando o brilho se dissipou, Clefairy estava ali, piscando curiosamente para o grupo enquanto olhava ao redor.

"Docinho, poderia usar seus poderes psíquicos para checar os arredores?" pediu Dave, com um olhar sério. "Veja se há alguém nos observando."

Clefairy~ "Sim, mestre~" respondeu a pequena Pokémon, com uma leve inclinação de cabeça.

Clefairy fechou os olhos, colocando as pequenas mãos em sua testa. Um brilho púrpura suave surgiu entre suas sobrancelhas, como uma pequena estrela, enquanto ela se concentrava. Aos poucos, a luz se intensificou, irradiando de sua testa e se espalhando em ondas, como um pulso de energia. A aura passou pelas árvores, pelo solo e até pelos arbustos ao redor, penetrando em cada sombra e recanto como se eles não estivessem ali.

Na mente de Clefairy, uma imagem mental começou a se formar. A visão psíquica parecia um radar, mostrando tudo ao seu redor como pontos brilhantes. Os pontos ao redor dela indicavam seu mestre e os amigos próximos, mas um ponto se destacou, escondido a alguns metros, atrás de um arbusto denso.

A Pokémon abriu os olhos, sua expressão se tornando intensa. Ela girou o corpo levemente e fixou o olhar na direção do arbusto onde havia sentido uma presença desconhecida. Suas mãos começaram a brilhar novamente, mas dessa vez com uma luz mais forte e focada, que irradiava uma energia densa.

Com um movimento decidido, Clefairy apontou para o arbusto, e a energia psíquica que emanava de suas mãos formou um campo ao redor dele. O arbusto balançou e, de repente, um Bulbasaur flutuou para fora, seus olhos arregalados de surpresa. A criatura, que parecia ter se escondido ali para se proteger, agora estava suspensa no ar, olhando ao redor confusa.

Dave sorriu, cruzando os braços. "Então era você, espiãozinho." Ele trocou olhares com os amigos, que observaram a cena com interesse e um pouco de alívio.

Bulbasaur lutou para se mover, mas a força psíquica de Clefairy o mantinha firmemente no ar. Seus olhos verdes estavam arregalados, suas patas tentavam se mexer inutilmente, e ele rosnava baixinho, o olhar fixo em Dave, que se aproximava lentamente com um ar ameaçador.

"Uhm... é você de novo, não é?" Dave murmurou, com um sorriso sombrio se formando no canto dos lábios. Ele cruzou os braços e inclinou a cabeça para o lado. "Me diga... foi você quem armou aquela tentativa de captura antes?"

Bulbasaur!* O Pokémon grassou, o som cheio de uma mistura de frustração e desafio, mas a tensão em seu corpo revelava o medo. Ele sabia que estava em desvantagem. As vinhas se ergueram levemente, mas estavam inertes, incapazes de quebrar o controle psíquico de Clefairy.

Dave deu uma risada baixa e sinistra. "Então você é durão, hein?" Ele foi até sua mochila e puxou um taco de beisebol, segurando-o casualmente enquanto o girava com um brilho sádico nos olhos. "Vamos ver quantos golpes serão necessários para rachar esse seu crâniozinho."

Gulp. Bulbasaur engoliu em seco, mas continuou a encarar Dave, tentando ao máximo não demonstrar fraqueza. Por dentro, o medo era palpável, mas sua natureza corajosa não lhe permitia desviar o olhar. Sabia que, mesmo assustado, precisava enfrentar essa situação até o fim.

"Espere!" Uma voz feminina ecoou pela floresta, interrompendo o momento e quebrando a tensão no ar.

Todos olharam na direção do som. Uma jovem surgiu entre as árvores, correndo na direção de Dave e Bulbasaur com um olhar desesperado. Ao ver a cena, ela acelerou o passo e parou entre o Pokémon e o treinador, respirando com dificuldade e colocando os braços à frente em uma postura protetora.

"Por favor, não machuque ele!" disse a garota, o tom de voz suplicante. "Ele não fez nada por mal."

Dave a olhou por um instante, franzindo o cenho. "Você é a treinadora dele?"

"Não, mas—"

"Então saia da frente," ele interrompeu, com a voz fria. "Esse aí já atrapalhou meus planos mais de uma vez. Ele armou uma armadilha, você sabe o que isso significa?"

"Eu que coloquei essa armadilha-" ela respondeu, o olhar firme.

"Então isso é coisa sua?" Dave pergunta colocando mais pressão nela.

"Dave, acho que já basta," uma voz conhecida interrompeu. Brock, que observava a situação, colocou a mão no ombro de Dave, sua expressão séria. "Eles entenderam a mensagem."

Dave olhou para Brock, surpreso com a interferência do amigo, mas percebeu que ele não estava falando só para impressionar a garota. Dave suspirou, relutante, e então abaixou o taco de beisebol, guardando-o na mochila.

Ao ver Dave recuar, a garota soltou um suspiro de alívio, passando a mão pela testa para enxugar o suor frio que se formara. Ela parecia ainda um pouco tensa, mas a ameaça havia passado, e ela agora conseguia encará-los com mais confiança.

"Quem é você?", perguntou Misty, com o rosto ainda fechado em desconfiança.

A garota hesitou por um instante, antes de responder em um tom um pouco nervoso. "Desculpe, meu nome é Melanie e-"

Antes que ela pudesse terminar, Brock deu um passo à frente, seu olhar brilhando como o de alguém que acabara de ver o amor de sua vida. Ele segurava um buquê de rosas que parecia ter surgido do nada, como se ele o tivesse guardado especialmente para uma ocasião como essa.

"É um prazer conhecê-la, senhorita Melanie," ele disse, inclinando-se ligeiramente em um gesto cavalheiresco. "Eu gostaria de saber se, por acaso, você não desejaria ser o sol da minha vida."

Dave rolou os olhos e soltou um suspiro quase imperceptível, familiar demais com as investidas românticas de Brock. Misty, por sua vez, cruzou os braços e levantou uma sobrancelha, claramente cética quanto à eficácia do método do amigo.

Melanie, no entanto, corou ligeiramente, surpresa pela abordagem repentina e romântica de Brock. Ela deu um pequeno sorriso tímido, desviando o olhar enquanto tentava conter a risada. "Você é sempre assim... intenso?", perguntou, com um toque de humor na voz.

Brock não pareceu se abalar nem um pouco. "Só quando encontro alguém tão encantadora quanto uma flor recém-florida," respondeu ele, sorrindo com confiança e charme.

"Digo, flores como essas," ele indicou o buquê de rosas em suas mãos, "só servem para alguém igualmente especial—Aí! A orelha! A orelha!"

Antes que Brock pudesse continuar com sua declaração elaborada, Misty apareceu ao lado dele e, com a mão rápida e já acostumada com esses momentos, deu um puxão firme em sua orelha.

"Já deu por hoje, seu exagerado," disse Misty, com um tom frustrado enquanto o afastava de Melanie. "Acho que ela já entendeu a mensagem."

Brock, tentando escapar do aperto, protestou: "Mas, Misty, não faça isso! Dessa vez, ela não me rejeitou de cara! Eu estava até sentindo que a magia do amor estava fluindo!"

Dave riu, cruzando os braços com um sorriso no rosto. "Deixa ele, Misty. Dessa vez ele estava indo bem! Até eu comecei a torcer por ele."

Melanie observava a interação entre eles, e aos poucos a tensão que sentia ia diminuindo. O nervosismo foi substituído por uma risada sincera e divertida, aliviada por ver que aqueles estranhos tinham uma amizade calorosa e brincalhona. Sentindo-se mais à vontade, ela finalmente falou:

"Bom, se vocês não se importam, que tal virem comigo? Eu tenho uma vila aqui perto onde podemos conversar melhor."

"Mas é claro! Seria uma honra, senhorita Melanie! Eu prometo ser seu mais fiel admirador—Ai! Ai! Ai!" Brock exclamou, ao sentir Misty puxar sua orelha com ainda mais força.

"Eu já disse que já deu!" insistiu Misty, sem soltar a orelha dele, enquanto arrastava Brock para longe de Melanie.

Melanie riu, com uma mão na boca, encantada com a situação.

"Deixem disso e vamos logo, na está começando a escurecer." Melanie diz enquanto gesticula para o grupo a seguir

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