Chapter 46 - Menino pequeno

"Importunar mulheres casadas é um hábito seu?" questionou Ari a Nicolai. Seu coração batia em seu peito como se esperasse fugir das correntes que o prendiam. 

Timmy estava se esfregando em Nicolai, que acariciava sua cabeça como se fossem os melhores amigos. Ela não sabia que seu Timmy era uma coisinha tão traidora, como ele podia estar tão amigável com esse homem que cheirava a sangue e provocava uma mulher casada? 

Havia uma martelação constante em sua cabeça, Ari sabia que ela precisava sair daqui imediatamente porque não podia ser pega na companhia de Nicolai De Luca. Em primeiro lugar, ela ainda não havia se divorciado de Noah e, em segundo, se ela fosse pega fazendo companhia ao rival de seu marido——

Ari tinha certeza de que seria mais uma vez atrelada a Noah, pois todos pensariam que ela se aproximou de Nicolai porque queria se vingar de Noah. Ari não precisava desse julgamento indesejado. 

Porém, havia um pequeno obstáculo ——

Não, correção. Ao observar Nicolai se levantar em toda a sua altura, Ari sabia que ele não era um obstáculo, mas uma fortaleza. 

"O que quer dizer com importunar mulheres casadas? Eu só apreciei a beleza da natureza e nada mais," retrucou o homem, como se não tivesse acabado de olhar Ari de cima a baixo. Seus olhos literalmente tentavam descascá-la camada por camada. 

Ari curvou os lábios. Ela tinha que ignorar a confusão que Nicolai trouxe para sua vida porque, se ele descobrisse que sua presença idiota e sorridente a afetava, Nicolai poderia incomodá-la ainda mais.

"Certo. Então pode aproveitar a vista o quanto quiser," disse Ari ao homem com um sorriso antes de voltar sua atenção para Timmy. "Vamos, Timmy, precisamos deixar esse bom homem curtir sua paz e tranquilidade."

Seu cachorro soltou um gemido e Ari ficou sem palavras, pois seu cachorro nunca gemia. Pelo menos não contra ela. 

Que tipo de poção escura esse cara deu para o Timmy dele agir assim? 

"Timmy," ela chamou seu cachorro de estimação novamente, que caminhou até onde ela estava com as orelhas caídas. Os lábios de Ari tremeram enquanto ela lançava um olhar fulminante para Nicolai, que tinha feito Timmy se voltar contra ela. 

Porém, o homem simplesmente sorriu para ela. 

Ari tentou ignorar as pequenas ondas que se propagavam em seu peito com o sorriso dele. 

Ela tentou prestar atenção em algo mais, e foi quando seu olhar caiu sobre a roupa dele.

A vestimenta mostrava seu corpo bem definido. Mesmo sendo quatro horas da manhã, ele vestia uma jaqueta curta com uma camisa que não tinha botões e só cordões. Teria sido ótimo se não fosse pelo fato de que a camisa só consistia em dois lados curvos que deixavam seus músculos abdominais completamente à mostra. 

Suas calças pretas estavam tão baixas em seus quadris que Ari tinha certeza de que se ele se inclinasse, acabaria mostrando suas partes íntimas para todos. Porque ela tinha a sensação de que Nicolai não usava nada por baixo das calças. Não a pergunte como ela sabia disso. 

Ela podia ver as extravagantes tatuagens espalhadas por seu peito, e na frente, ao longo dos lados e talvez atrás. Ele amarrou seu longo cabelo em um coque curto, parecendo encantador como sempre, e seu charme só ultrapassava os limites quando Ari o viu brincar com o anel de metal em seu lábio inferior com a ponta da língua.

Ele acariciava o Frisbee que havia tirado de Timmy em algum momento e depois disse a Ari: "Você parece olhar para mim com bastante paixão, Sra. Nelson. Pare de me olhar com tanto amor, ou eu posso acabar mordendo a fruta proibida. Ouvi dizer que é deliciosa." 

Ari fechou os punhos e mal se conteve para não lançar seus punhos contra o homem à sua frente. Não importava que tipo de homem ele fosse, ele a tinha ajudado, e ela não podia simplesmente socá-lo no rosto. 

Ela arrebatou o Frisbee dele e então lançou um insulto em sua direção: "Eu não estou interessada, agora você precisa voltar para casa, garotinho." 

Lá estava, ela o provocou de volta por todas as provocações que ele lhe havia dado. Não que ela estivesse chateada pelo fato de um homem muito mais jovem do que ela estar controlando-a pelo nariz. E de jeito nenhum ela havia ficado na cama pensando em uma resposta que lançaria na próxima vez que ele aparecesse diante dela. 

Então ela se virou e arrastou Timmy para longe. Não importa o quanto ele quisesse voltar para o homem que a salvou. 

"Não, Timmy, a gente não pode. Ele é perigoso," Ari tentou explicar a Timmy por que eles não podiam se aproximar de Nicolai. Aquele homem cortava pessoas como um açougueiro cortava gado. A última vez que o viu, ele estava com cheiro de sangue e, embora não houvesse uma gota de sangue em suas roupas, Ari tinha sentido o cheiro nele. 

Como Ari não gostava de visitar a delegacia, ela tinha que se manter longe de Nicolai. 

Novamente, no entanto, seus planos foram por água abaixo. 

Aquele homem maldito alcançou-a rapidamente, pois suas pernas eram mais longas que as dela. Ele apareceu na frente dela e então disse com um sorriso: "Esse garotinho aqui tem vinte e quatro anos este ano. Não tanto mais novo que você, Sra. Nelson. Ah, certo, você pode não saber muito sobre mim, já que você centralizou sua vida em torno do seu marido, mas ... você não acha que sou muito mais atraente que o seu marido? Musculoso e mais alto também ... E ah, eu sou bastante dotado lá embaixo também."

Ari olhou para ele com um olhar horrorizado antes de pegar Timmy em seus braços, que tentava pular em Nicolai, e correu. 

Isso sim era um pervertido, com certeza.