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Chapter 5 - Zeus contra Cronos

[Ilha de Creta.]

No futuro, muitas lendas ecoarão pelos ouvidos dos homens da Grécia, moldando suas crenças, suas culturas e seus medos. Serão histórias de poder, amor e traição, de Deuses que governam o mundo como reis divinos.

Mas, entre todas elas, uma se destacará. Não será apenas uma lenda. Será o início de tudo.

A história de uma rebelião. Uma luta contra tiranos, uma revolução que moldará o destino do cosmos.

E essa história começa agora.

No interior de uma caverna escondida em uma ilha paradisíaca, onde o mar beijava as pedras com suavidade e o vento sussurrava segredos antigos, o destino começou a tecer seus fios.

O som de passos ecoou pelas paredes de pedra, fortes e decididos. Da escuridão, emergiu uma figura, e com ela, uma presença que parecia carregar a tempestade.

Era um homem — não, um deus.

De estatura mediana, mas com um porte musculoso que exalava força e autoridade. Sua pele clara refletia a luz da manhã, como se ele mesmo fosse uma extensão do céu. Os cabelos, brancos como as nuvens de tempestade, terminavam em pontas douradas que lembravam o brilho do raio.

Era Zeus.

O deus do céu e dos relâmpagos, e naquele momento, o arquiteto de uma revolta que mudaria para sempre o curso do universo.

— Hoje, eu, Zeus, cumprirei a profecia e trarei a ruína ao domínio de Cronos!

Sua voz ressoou como o trovão que ele comandava, carregada de orgulho. Cada palavra, cada gesto, exalava confiança e determinação, como se o destino já estivesse escrito por suas mãos divinas.

...

[Algum tempo depois, em algum lugar do mundo.]

O cenário parecia o retrato de uma calamidade divina.

Montanhas reduzidas a escombros, crateras imensas espalhadas pela terra, e uma vegetação que outrora fora exuberante agora não passava de cinzas e destroços.

Acima, nuvens de tempestade cobrindo o céu transformavam o dia em noite. Relâmpagos dourados riscavam os céus incessantemente, um espetáculo caótico e glorioso.

No entanto, algo estranho chamou atenção: todos os raios convergiam para um único ponto no horizonte.

BOOOOOOM!

O som de uma colisão colossal explodiu no ar, sacudindo a terra. A força da explosão criou uma onda de choque tão violenta que tudo ao redor foi arremessado pelos céus.

Por um breve instante, a tempestade dissipou-se, mas como se obedecesse a uma vontade superior, logo se reagrupou com ainda mais intensidade.

No centro daquele caos celestial, raios começaram a convergir, reunindo-se em uma esfera luminosa que brilhava como um pequeno sol.

— Julgamento Celestial!

Uma voz poderosa ecoou pelo céu.

O grande raio começou a descer, lento e imponente, como se o próprio universo estivesse segurando a respiração.

No olho da tempestade, sob a sombra daquele poder divino, uma silhueta gigantesca surgiu. Cercada pela nuvem de poeira que ainda dançava ao seu redor, a figura permaneceu imóvel, impassível.

— Gritar nomes chamativos não o torna mais poderoso. Apenas revela sua mentalidade infantil e ingênua.

A voz grave de Cronos cortou o caos, carregada de desprezo e autoridade.

Sem gestos grandiosos, sem gritos ou exibições de poder, ele apenas ergueu a mão.

No instante em que o Julgamento Celestial estava prestes a atingi-lo, tudo parou. O tempo, o som, até o próprio ar parecia ter sido congelado.

Da nuvem de poeira, uma enorme mão dourada emergiu, segurando o raio com facilidade.

Com um movimento súbito e devastador, a poeira foi dissipada, revelando a figura imponente de Cronos, o Titã do Tempo. Seu corpo emanava majestade e poder absoluto, e seus olhos pareciam atravessar a alma de qualquer um que ousasse desafiá-lo.

Cronos torceu seu corpo e, com um gesto que exalava controle e força, lançou o raio de volta com uma velocidade incalculável.

ZOOOOOOOM!

Como uma lança divina, o relâmpago rasgou o céu.

BOOOOOOOM!

— Argh!

Um grito de dor reverberou pelos céus.

O impacto foi tão devastador que dispersou a tempestade de Zeus, revelando a figura surrada e esfarrapada do deus do céu.

Sua postura outrora altiva, seu semblante repleto de orgulho e arrogância, estavam agora em frangalhos.

Aquele que, momentos antes, irradiava a majestade divina de um deus supremo, agora se parecia mais com um ser derrotado, esmagado pelo peso da própria presunção diante do poder absoluto do Titã.

Cronos deu um passo à frente, cada movimento carregado de uma calma que transbordava autoridade. Sua voz, grave como o rolar de trovões ancestrais, ecoou com desprezo:

— E pensar que, de todas as minhas proles, você foi aquele que sobreviveu. Mas, no fim, parece que isso não significou nada.

Zeus ergueu a cabeça, sua respiração pesada e ofegante, enquanto os olhos de Cronos brilhavam com uma mistura de desdém e decepção.

— Você é neto das personificações vivas do céu e da terra, Uranos e Gaia," continuou Cronos, seu tom ganhando um toque amargo.

— E também é filho do rei dos Titãs, o Titã do Tempo, eu. Com uma linhagem como a sua, esperava algo mais. Mas veja o estado deplorável em que se encontra, à beira da morte, ferido pelo seu próprio golpe.

Cronos fez uma pausa, permitindo que o peso de suas palavras se cravasse em Zeus como lâminas invisíveis.

— Admito, quando vi você pela primeira vez, temi que a morte havia chegado para mim, como dizia a profecia. Mas agora percebo a verdade: você não passa de uma criança imatura. Um fraco.

— CRONOS!!!

O grito de Zeus ecoou pelos céus, carregado de fúria, vergonha e indignação. Ele se lançou para frente, rasgando o ar com a velocidade de um raio, suas mãos cerradas com toda a força que restava.

Cronos, no entanto, não se moveu. Ele apenas cruzou os braços, olhando calmamente para o filho que vinha em sua direção, como se fosse um inseto irritante.

Boom!

O impacto foi brutal. O punho de Zeus colidiu com o rosto de Cronos, gerando uma explosão de vento tão poderosa que sacudiu o terreno ao redor.

Mas, mesmo diante de tamanha força, Cronos permaneceu imóvel. Não recuou, nem ao menos piscou.

Zeus, ofegante, sentiu a realidade se despedaçar diante de si. Seu golpe, aquele que ele acreditava ser suficiente para derrubar um Titã, não causara absolutamente nada. Nem um arranhão.

Lentamente, ele ergueu os olhos para o rosto de Cronos, e o que viu ali fez sua coragem vacilar. Os olhos do Titã o encaravam com um brilho intenso, frio e penetrante, como se examinassem algo insignificante.

Era o olhar de alguém que observava uma formiga.

Um arrepio percorreu a espinha de Zeus, e, instintivamente, ele deu um passo para trás. Pela primeira vez em sua existência, ele sentiu algo que jamais imaginara experimentar: medo.

Cronos soltou um suspiro, quase entediado, antes de murmurar com desdém:

— Essa é toda a sua força? Patético.

As palavras de Cronos cortaram Zeus como uma lâmina afiada. Seu coração, já ferido pela humilhação, se encheu de uma raiva avassaladora.

Apesar de seus instintos gritarem para fugir, Zeus recusou-se a ouvir. Em vez disso, como uma criança dominada pela teimosia, deixou-se consumir por suas emoções.

— Morra!!!

O grito de Zeus ecoou pelos céus enquanto ele avançava novamente contra Cronos, sua fúria transformando-se em uma tempestade de socos e movimentos rápidos.

Ele voava em torno do Titã, golpeando com toda a força que conseguia reunir, socando incessantemente todas as partes de seu corpo colossal.

Mas, diante da diferença absurda de tamanhos e do total desinteresse de Cronos, Zeus parecia nada mais do que uma mosca incômoda.

Cronos apenas estreitou os olhos, levemente irritado, enquanto observava o esforço fútil de seu filho.

— Uhm?

De repente, Cronos parou. Algo chamou sua atenção. Ele olhou para seu braço, onde Zeus havia desferido um golpe recentemente.

Era fraco, insignificante como a picada de um inseto, mas, pela primeira vez, o Titã realmente sentiu o impacto.

Curioso, Cronos estreitou os olhos, fixando seu olhar no filho. Seus olhos, capazes de enxergar através do tempo e das forças que regem o universo, detectaram algo incomum.

BOOM!

BOOOM!

BOOOOM!

BOOOOOM!

Os golpes de Zeus começaram a ganhar força, cada soco ficando mais poderoso que o anterior. Uma luz misteriosa começou a emanar de seus punhos, crescendo em intensidade a cada movimento.

Cronos franziu o cenho, sua voz soando como um trovão contido:

— Não me diga...

BOOOOOOOOM!

Antes que Cronos pudesse terminar, Zeus desferiu um soco devastador diretamente em seu estômago. O impacto foi tão poderoso que a barriga do Titã afundou, e um gemido de dor escapou de seus lábios.

— Argh!

Por um momento, o mundo parou. Cronos, o invencível rei dos Titãs, havia sentido dor.

Zeus, por sua vez, começou a rir descontroladamente. Seu orgulho, anteriormente despedaçado, retornou como uma chama voraz.

— Hahaha... HAHAHAHA!

— Onde está toda a sua arrogância agora, Cronos? Eu disse que hoje seria o seu fim! Como ousa me olhar de cima, seu verme insolente!"

Enquanto Zeus ria triunfante, Cronos ergueu-se lentamente, ajustando sua postura. Sua expressão era séria, quase melancólica. Apesar da dor causada pelo golpe, seu corpo permanecia ileso.

Mas algo dentro de Cronos havia mudado. Seu olhar desviou para o punho brilhante de Zeus, e, pela primeira vez, uma lágrima solitária escorreu por seu rosto.

— Como chegamos a isso...? — murmurou Cronos, sua voz carregada de tristeza. — Atacado pela minha própria mãe.

De repente, o mundo inteiro tremeu. Montanhas racharam, mares se agitaram, e o céu parecia querer se partir.

Uma voz feminina ecoou, suave, mas imensa, vindo de todos os cantos ao mesmo tempo.

— Desculpe...

A voz parecia pertencer ao próprio cosmos, carregando o peso de eras. Cronos fechou os olhos, exalando um suspiro profundo.

— Eu entendo, mãe. Não é culpa sua, — respondeu Cronos, abaixando a cabeça e falando com o chão onde pisava, como se falasse com a própria essência do mundo.

— Ele é realmente o filho da profecia. Assim como um dia você me ajudou a derrubar meu pai, Uranos, agora auxilia Zeus em sua luta contra mim.

— É como se estivéssemos presos em um ciclo, filhos matando os pais. Uma era substituindo a outra. Assim é o destino dos deuses — continuou Cronos, o tom sereno contrastando com a intensidade do momento.

Sua voz era imponente, cheia de sabedoria acumulada por eras, digna de um ser quase tão antigo quanto o próprio cosmos.

Cronos era muito mais do que o monstro das histórias. Ele era o Guardião do Tempo, o Rei dos Titãs, e, acima de tudo, um sobrevivente.

Diga o que quiser dele: impiedoso, tirano, fratricida, traidor. Mas ninguém poderia negar que Cronos era uma das criaturas mais sábias ainda vivas.

Cronos levantou a cabeça, seus olhos dourados refletindo algo raro: pena.

Pela primeira vez, ele encarou Zeus, como um pai observa um filho que ainda não compreendeu as duras lições da vida.

E então, tudo mudou.

BOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOM!

O golpe foi desferido com uma força avassaladora, rápida demais para ser acompanhada até mesmo pela luz.

Cronos moveu-se como se estivesse fora do tempo, rompendo as barreiras da realidade.

Somente depois de um longo e agonizante instante, o som da explosão ecoou pelo mundo, estremecendo o chão e quebrando montanhas.

Quando o movimento finalmente foi revelado, era algo incrivelmente simples e ao mesmo tempo humilhante: Cronos havia levantado a mão com a palma aberta e dado um tapa.

Um tapa colossal que transformou Zeus, o Rei dos Deuses, em nada mais do que uma folha ao vento.

Zeus foi arremessado como uma pedra lançada por um titã furioso, atravessando montanhas, oito delas, para ser exato, antes de atingir o chão com um impacto que abriu uma cratera tão imensa que poderia abrigar um novo oceano.

Uma densa nuvem de poeira subiu, engolindo tudo ao redor. Quando ela finalmente se dissipou, a figura de Zeus foi revelada. Ou, melhor dizendo, o que restava dela.

Seu corpo estava em ruínas: a metade esquerda esmagada e irreconhecível, os membros torcidos em ângulos impossíveis.

A luz em seus olhos havia desaparecido. Zeus estava inconsciente, talvez até à beira da morte, se já não estivesse morto.

Cronos observou seu filho caído com a mesma expressão impassível de antes, mas sua voz agora carregava um tom cortante, frio e implacável.

— Você é o filho da profecia? Isso não importa. Você é apenas uma criança: imaturo, impulsivo, arrogante, egocêntrico. E acima de tudo... fraco.

Cada palavra era um golpe psicológico, tão devastador quanto o tapa que acabara de desferir. Cronos começou a caminhar em direção ao corpo inerte de Zeus, seus passos ecoando como tambores de guerra.

— Você vai morrer hoje, mas não por minha causa. A causa de sua morte é sua própria incompetência. Eu diria, até mesmo, que estou fazendo um favor ao mundo, ao impedir que você cause mais estragos durante o seu reinado.

Ele parou, seus pés colossais a poucos metros do corpo destroçado de Zeus.

O silêncio ao redor era ensurdecedor, como se o mundo inteiro prendesse a respiração, temendo o próximo movimento do Rei dos Titãs.

Cronos inclinou-se levemente, sua sombra imensa cobrindo o corpo de Zeus como um prenúncio de morte iminente. Ele respirou fundo antes de continuar, sua voz carregando um misto de desgosto e fúria contida.

— Eu te conheci há pouco tempo, Zeus, mas foi o suficiente para entender quem você é. E por isso, eu digo...

Ele fez uma pausa, sua expressão de pedra endurecendo ainda mais. Com uma lentidão cruel, ele ergueu o pé, uma montanha prestes a desabar.

— ...eu tenho nojo de ter um filho como você.

O silêncio foi quebrado apenas pelo som do vento que carregava as palavras de Cronos pelo mundo.

Ele começou a abaixar o pé, tão lentamente que parecia deliberado, quase teatral.

Era como se Cronos quisesse que o universo assistisse ao momento final de Zeus, gravando para sempre a humilhação do deus em sua memória.

Mas, quando estava prestes a esmagá-lo, Cronos parou. O pé pairou no ar por um instante eterno. Seus olhos dourados brilharam com algo inesperado, não dúvida, mas desconforto.

Não era misericórdia, nem hesitação, Cronos não sentiria pena de matar um filho depois de tudo que ele fez, era... desconforto.

De repente, Ele recuou um passo, seus movimentos rígidos e desconexos, poupando a vida de Zeus.

A expressão de Cronos mudou rapidamente, franzindo a testa com uma expressão de surpresa e irritação, endurecendo com um misto de surpresa e dor.

Então, ele colocou uma mão no estômago, sentindo como se algo errado, muito errado, estivesse acontecendo dentro dele.

A dor era diferente de qualquer coisa que já havia sentido.

— O que é isso? — murmurou, sua voz soando mais baixa, quase engasgada.

A dor o atingiu de novo, agora mais intensa. Um desconforto que ele nunca havia sentido antes.

Ele tentou ignorá-lo, mas era impossível. Sua respiração ficou pesada, e ele olhou ao redor como se o próprio universo estivesse lhe pregando uma peça.

— Ridículo... — resmungou, irritado, enquanto a sensação piorava.

Cronos começou a cambalear, sua mão apertando o estômago como se tentasse conter o que quer que estivesse acontecendo dentro dele.

O titã, que havia enfrentado e derrotado o próprio céu, agora estava à mercê de algo tão banal e primordial que ele sequer conseguia compreender completamente.

Era uma dor de barriga.

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<2540 palavras>

Capítulo extra grande para compensar o anterior.

O que acharam do jeito que eu recriei a história.

Na mitologia grega, Zeus sempre parecia um herói, um ser todo poderoso que enfrentou Cronos e salvou seus irmãos de bom coração.

Mas isso não faz sentido.

De um lado temos Cronos, o Titã do TEMPO, filho de dois primordiais, incontáveis anos de vida, já deve ter lutado com vários outros Titãs e acima de tudo derrotou o primordial Urano.

Do outro temos Zeus, deus do céu e do relâmpago, deve ter apenas alguns anos de vida, nunca lutou com nada nem ninguém, além de ter a mentalidade de uma criança birrenta.

Não preciso nem falar qual dos dois deveria ganhar, mas não, Zeus é a criança da profecia, então sem qualquer motivo claro ele vai ganhar com certeza.

Religiões antigas são assim, interessantes mas cheias de furos, claramente criadas para controlar as massas.