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Chapter 5 - A CASA LOENNING

O Domínio de Marichi é um exemplo de 'domínio independente', diferentemente de muitos outros que estão associados a raças específicas. Domínios independentes são aqueles cuja criação e existência não estão necessariamente ligadas a uma raça em particular, servindo como pontos neutros que em sua esmagadora maioria seguem obedientemente as ordens do conselho.

 

Com o passar dos milênios, alguns desses domínios independentes se tornaram símbolos de algo, como é o caso do Domínio de Marichi, também conhecido como Terra dos Mercadores.

Este local é famoso por ser o local de origem da misteriosa, porém necessária, Guilda dos Mercadores.

Como resultado, Marichi é conhecida por ter a maior concentração de mercadores em todo o LiDMundis, e consequentemente conta com as melhores mercadorias de diversos tipos, incluindo produtos como os desejados brinquedos para aqueles que possuem certo poder e desejam demonstrá-lo, os escravos.

 

 A Guilda dos Mercadores é envolta em mistério, já que ninguém sabe quem a fundou, tudo o que sabem é que ela existe desde antes daa Grande Guerra Sagrada. Se foi a história ou outra força que apagou seu nome de todos os registros conhecidos, isso ainda permanece desconhecido.

 

As terras de Marichi são predominantemente planas, com algumas regiões ricas em cadeias montanhosas. Não há áreas desérticas em todo o território, e, apesar da extrema escassez de minerais, a terra continua exuberante e verde, emanando vida.

O clima é bem regulado, com verões e invernos moderados.

Os ventos geralmente sopram do Sul/Sudeste, mas nada permanece igual para sempre.

 

Marichi é um destino indispensável para quem procura produtos de qualidade. Se não encontrar nada sobre algum produto na sede da Guilda dos Mercadores, é melhor contar com a sorte, apesar de que ela provavelmente já lhe abandonou nesse ponto.

 

Sejam muito bem-vindos. Adentrem os portões de Marichi e mergulhem em um local onde a história é entrelaçada para preencher os vazios da realidade. Aqui, cada rua respira mistérios ancestrais, e, cada esquina murmura segredos há muito esquecidos.

 

Marichi é o lar de coincidências que desafiam o destino, de amores ardentes que desafiam o tempo, e de dores que moldam o caráter dos destemidos. Sob os céus imponentes deste lugar antigo, onde as montanhas erguem-se como guardiãs das verdades antigas, e os ventos sussurram contos de tempos imemoriais, há um constante sussurro de riqueza.

 

Mas cuidado, pois nesta terra de opulência, a liberdade é uma mercadoria escassa, disputada entre os poderosos e os destemidos que desafiam o status quo.

 

"Venham, indivíduos destemidos, desvendem os mistérios de Marichi, desafiem o destino e escrevam seus próprios contos épicos neste lugar onde o brilho do ouro se mistura com as sombras do passado. Pois em Marichi, cada passo é uma jornada, e cada momento é uma batalha pela própria alma. Preparem-se para uma aventura que os deixará ansiando por mais ou implorando por nunca mais. Um lugar onde a grandiosidade e a intriga se encontram em cada esquina, aguardando para serem descobertas. O lar de muitas verdades que a muito se casaram com diversas mentiras." – autor desconhecido.

 

Após desembarcarem em terra firme depois da longa viajem de três dias por água, do Continente Leste até o Continente Norte, Marccus, Nery e o jovem já eram esperados por uma extravagante carruagem ao aportarem.

 

Quem viera os receber tratava-se de ninguém mais e ninguém menos que Piima Loenning – um Ser-Feral lupino, igual a Marccus, apesar das claras diferenças que todos os indivíduos possuem uns dos outros, ele usava uma pequena argola de ouro na base de sua orelha esquerda e seu pelo possuía certo tom de azul marinho – irmão mais novo de Nery, junto de dois outros servos que traziam consigo correntes presas a seus pulsos, tornozelos e pescoço, e não apenas isso, mas também correntes para o jovem, o mais novo escravo da família.

 

Quando aportaram e adentraram na carruagem para dirigirem-se até a Casa Loenning, o sol ainda dormia, igual a Nery. O jovem então, com as correntes já presas a si igual um animal é preso na parte traseira da carruagem, junto dos outros dois servos.

 

Os outros escravos que ali estão são dois homens, um Ser-Feral lupino e outro um elfo superior.

 

Os Seres-Ferais são a primeira linhagem sucessora e evolutiva das Feras, um dos que tem o LiDMundis como sua Terra Natal. Dentro de sua raça há muitas variedades, cada uma com proficiência maior em algo e deficiência maior em outro biologicamente falando, são uma raça forte por natureza, mas dentre os seus, os lupinos estão no grande top 10 dos mais fortes.

 

Os Elfos por sua vez, são uma das raças mais poderosas no geral quando se trata de poder magico e mana, alguns dos seus conseguindo até mesmo se comunicar e em algumas raras exceções até firmarem pactos com os espíritos, sua beleza está também em outro nível mesmo que em diversas vezes seus corpos não possam ser considerados os mais atraentes, um Elfo superior é algo considerado raro de achar, já que esses em específico a muito tempo se fecharam para o resto do mundo.

 

Os dois escravos que acompanhavam o sobrinho de Marccus, Piima Loenning, não o seguiam apenas para servi-lo, mas também serviam de demonstração de poder, e diziam a todos, a quão superior e poderosa é a Casa Loenning. Um aviso direto tanto a quem procura um produto de qualidade quanto a quem deseja os desafiar nesse mercado.

 

Um terreno enorme é cercado por grandes grades de fora a fora, grades de prata e no enorme portão principal há até ouro mesclado a estrutura de prata.

Ao passar pelo portão há um caminho artificial guindo até uma construção.

Pelo caminho se vê muitos guardas armados, sempre andando em grupos de três indivíduos, todos andam de maneira padrão, como se já possuíssem um trajeto estritamente preparado para cada um dos grupos.

 

Uma casa desnecessariamente grande, essa é a construção que aguarda ao fim do caminho, tão grande que faz a casa do nobre amigo de Marccus parecer nada, ao todo são cinco andares, quarenta e duas janelas horizontalmente na parte frontal do térreo, sendo duas por sala, fora as das laterais.

A casa é toda branca com alguns detalhes em variações de marrom e amarelo, há um emblema pintado na bandeira que fica hasteada em cima da casa, é o símbolo da Família Loenning; essa é a Casa Loenning, localizada a alguns quilômetros da maior cidade portuária de Marichi, Fupor.

 

Quando a carruagem finalmente para, na porta da imponente residência, Nery desperta finalmente, após dormir por todo o trajeto, ela logo desce e fica olhando a casa com uma certa expressão de alívio por finalmente estar em casa novamente, mas, ao olha para trás, onde estava a carruagem da qual ela saiu sem olhar para direção alguma fora a porta de casa, ela avista o jovem.

 

O jovem estava sendo solto da carruagem, após ser puxado o caminho todo igual aos outros dois escravos, ao vê-lo acorrentado pelo pescoço, pulsos e tornozelos, a expressão de Nery mudou completamente, mesmo que isso fosse algo padrão, ela não conseguia acreditar no que estava vendo.

 

Seu olhar se tornou um olhar de fúria lançado contra seu irmão e tio, enquanto ela dirigia-se ao jovem pisando duro e sem dizer uma palavra sequer.

 

Piima, Marccus e os outros escravos apenas assistiram enquanto ela mesma retirava as correntes do jovem, e ao terminar de removê-las, as joga em seu irmão como se fosse uma espécie de recado, após feito isso, ela sai novamente pisando duro não contendo seu olhar de raiva, batendo a porta com a maior força possível ao adentrar a casa, momentos depois foi possível escutar outro barulho de porta batendo seguido pelo barulho de algo quebrando.

Ela batera com tanta força a porta de seu quarto que se fez possível escutar mesmo sendo no quinto andar.

 

­"O que foi isso, tio?", dizia Piima claramente assustado e esboçando um leve sorriso de nervoso enquanto olhava na direção de Marccus.

 

"Isso? Bem, se eu fosse você interpretaria como um aviso. Mas enfim, pode deixar que eu guardo a carruagem junto das Feras, pode entrar.", respondeu Marccus já guindo a carruagem mais para o fundo da enorme propriedade enquanto acenava com a cabeça para o jovem, indicando que era para segui-lo.

 

Após alguns minutos de caminhada, Marccus junto do jovem chegam a um estabulo, onde manobram a carruagem sob uma cobertura e colocam as Feras juntos de alguns outros animais. Marccus então aponta para uma construção que havia ainda mais ao fundo da propriedade após uma íngreme descida.

 

"É ali que você vai ficar, mesmo que agora ainda seja de manhã, você terá o dia livre hoje, aproveite para olhar a propriedade ou sei lá, não é do meu interesse o que fara com o seu tempo livre.", isso foi tudo que Marccus disse ao jovem antes de virar-se e regressar para sua casa.

 

"Depois alguém lhe trará algo para comer, e amanhã pela manhã lhe atribuirei tarefas, então esteja preparado, pássaro inútil.", dizia Marccus afastando-se rapidamente.

 

"Meu pescoço está doendo por conta daquela coleira que me colocaram, ainda bem que Nery tirou tudo aquilo de mim. Ela sequer havia falado comigo desde após aquela perseguição, bem, desconsiderando quando ela tentou claramente me matar, eu acho.", o jovem descia com cautela enquanto pensava pois o chão estava escorregadio devido ali ter chovido no dia anterior.

 

Enquanto Marccus mostrava ao jovem onde ele ficaria, Nery estava em seu banheiro privativo que havia em seu quarto.

 

"Devido a tudo que ocorreu eu sequer o agradeci por ter me salvo em Stall-Yl, bem, não apenas lá né, já que 'aquele' cara apareceu. Espera, na realidade eu ainda o ataquei pois quando eu acordei estava no colo dele e não sabia o que fazer. Ahhh..", Nery estava submersa em sua banheira enquanto fazia bolhas com a boca como se fosse uma criança em desaprovação as próprias atitudes.

 

E o jovem segue descendo a pequena ladeira com máxima cautela, pena que tenha sido em vão, na segunda metade da descida, ele erra os passos e leva um escorregão, deslizando até bater na velha e aparentemente abandonada construção que Marccus disse que ele ficaria.

 

"Ai, tá doendo tudo agora, mas que merda viu, se eu soubesse que daria nisso teria escorregado desde o começo, ao menos eu chegaria mais rápido e talvez fosse até divertido.", o jovem ainda estava de cabeça para baixo contra a parede de madeira da construção.

 

Ao levantar-se ele observa ao redor e vendo que não há ninguém por perto ele mexe na fechadura, vendo que está destrancada ele adentra.

 

"Ah cara, a quanto tempo que isso aqui está abandonado?", ao abrir a porta voou uma nuvem de poeira em sua direção, passando por sua máscara e enchendo seus pulmões, fazendo com que ele começasse a tossir muito.

 

"É, terei que limpar um pouco caso eu queira ao menos conseguir respirar.", o jovem balançava a mão em frente de sua máscara na tentativa de diminuir a quantia de poeira que estava inalando enquanto sentia baratas passando por seus pés descalços.

 

Após algumas horas de limpeza, com uma espécie de vassoura improvisada que ele fez usando alguns galhos, o local já estava "mais respirável" assim digamos, claro que ainda não se tratava de nenhum quarto de luxo em uma pousada de cinco estrelas, mas, estava melhor que antes, e acima disso, melhor que dormir ao relento.

 

Com a conclusão da limpeza, a barriga do jovem já roncava de fome, ele então decidiu ver se algumas das muitas árvores que havia ao redor que eram frutíferas. Para seu azar, nenhuma delas era.

Após o fracasso em sua rápida caçada por algo para comer, ele regressou até ao local em que ficaria e se deitou em um dos dois quartos que ali havia, e ficou olhando para o céu pelo buraco que tinha no teto, até pegar no sono de tédio.

 

"Levante, me mandaram lhe trazer isso para que comesse, então se levanta logo.", era uma voz feminina desconhecida ao jovem que dizia isso enquanto ele sentia empurrões em seu braço esquerdo.

 

Ao acordar então, o jovem se coloca sentado no chão onde antes estava deitado, espreguiçando-se, simbolizando que conseguiu dormir bem.

 

"É, pelo visto alguém dormiu bem enquanto outros trabalhavam. Mas enfim, apenas coma de uma vez, tenho de levar as vasilhas de volta para limpá-las.", falava a mulher segurando uma bandeja com duas tigelas e um copo com algum líquido dentro.

 

O jovem pega de forma rápida e começa a comer.

 

"Depois agradeça a Srtª Nery, escravos não tem refeições tão boas quanto a que você está comendo agora.", a mulher vestida com um uniforme de empregada estava com as mãos cruzadas a frente de seu corpo enquanto discursava sobre o quão sortudo ele estava sendo por poder comer tudo aquilo, em sua face estava estampado um ar de superioridade, e, sua voz expirava arrogância.

 

O jovem apenas ignorou tudo o que ela estava a falar, e concentrou-se apenas em saborear o tal banquete que ele possuía sorte de estar comendo. Um pão que não possuía mofo apenas em uma ponta e uma sopa que mais parecia lavagem.

 

Ao terminar de comer, ele colocou uma tigela dentro da outra e virou o copo que continha algum líquido de cor suspeita em sua boca tomando-o em uma rápida golada, que teve que inclusive segurar para não acabar vomitando de tão saborosa que fora sua refeição.

 

Após terminar seu incrível banquete, ele encara o céu pelo teto enquanto esfrega a mão sobre sua barriga.

 

"Espero que tenha sido de seu agrado, senhor.", dizia a mulher com um sorriso malicioso estampado em sua face que deixava clara a ironia enquanto ela organiza as vasilhas para levá-las de volta.

 

A mulher vira-se e sai do local, em direção à casa principal, o jovem então fica ali onde estava antes de ter seu sono atrapalhado, sem mover-se em momento algum.

 

Já era noite, as nuvens estavam ausentes permitindo que fosse possível ver todas as estralas no vasto céu sobre a Casa Loenning, era uma noite linda.

 

"Minha barriga está doendo um pouco, mas ao menos não estou mais com fome... como será minha vida...? e por que sinto uma espécie de vazio mesmo olhando esse céu tão belo?", o jovem pensou, pensou, pensou e pensou mais um pouco, quando se deu conta, toda a escuridão da noite já havia sido varrida pelo nascer do sol sem que ele houvesse dormindo por um momento sequer.

 

Passados alguns minutos do sol mostrando a todos o seu esplendor, o jovem sai do local em que passara a noite e escora em uma árvore enquanto olhava para os pássaros no topo das outras árvores, e, enquanto observa os pássaros invejando a liberdade deles, ele então percebe que havia sim árvores frutíferas ali, ele apenas não houvera procurado direito.

 

"Fruta literalmente na frente da minha porta e não as vi quando procurei, é, de fato mereci aquele 'banquete' de ontem.", o jovem estava completamente desapontado com sigo mesmo ao perceber sua falha e falta de atenção.

 

Então, um grito "Pássaro Inútil", faz com que o jovem pare seus pensamentos e procure por quem estava a o chamar, já que era uma voz feminina cujo ele ainda não conhecia.

 

Ao olhar um pouco mais afastado da construção onde ele passara a noite, ele vê uma mulher acenando para ele, chamando-o.

Vestida em um uniforme de empregada igual ao da mulher da última noite, era um Ser Semi-Feral, com cauda e orelhas de uma raposa de fogo.

Ela estava sobre uma escada que possuía até cordas ao lado dos degraus para auxiliar em seu uso.

 

"Ah cara, não é possível que aquela escada estava ali ontem, sério.", o desapontamento do jovem crescera ainda mais após ver que ele ficou com seu corpo dolorido atoa.

 

Após dirigir-se até a mulher, ela fica de certa forma chocada ao vê-lo, mas não por sua aparência nada comum, e sim porque ele estava imundo devido a seu escorregão do dia anterior.

 

"Oh céus, que os deuses nos acudam. Não posso levá-lo assim até ao Sr. Marccus, ele ficaria super irritado, e a Srtª. Nery também me pediu para que auxiliasse a seu respeito, não que eu tenha entendido o que isso deveria significar de qualquer forma.", ela possuía uma expressão de surpresa em sua face.

 

Mas, logo tal expressão mudou para um gentil sorriso, enquanto ela agarrava o pulso do jovem, "Aqui, venha comigo. Irei limpá-lo antes de irmos, antes o Sr. Marccus irritar-se por uma leve demora, do que irritar-se por alguém sujar seu escritório.".

 

Ela o guia até um pequeno riacho que havia ainda mais ao fundo da propriedade, mais fundo até de onde ele estava.

Ela o ajudou a se limpar rapidamente e com extrema cautela, para que não espirrasse sujeira em seu uniforme.

 

Com ele já limpo, ela o leva até a mansão, onde Piima está na porta dos fundos esperando que os dois chegassem, de braços cruzados e batendo seu pé contra o chão.

 

"Finalmente chegou Nerona, minha paciência já estava se esgotando.", dizia Piima enquanto engrossava sua voz dando uma bronca na empregada pelo que ele jugara como demora.

 

"Peço perdão Sr. Piima, apenas imaginei que não seria do agrado do Sr. Marccus que esse jovem adentrasse em seu escritório sujo da maneira que estava. Então tomei a iniciativa de limpá-lo, peço perdão por minha suposição errônea Sr. Piima.", retrucou a mulher de cabeça baixa, com sua voz calma igual a sua atitude, como se já estivesse acostumada a lidar com situações semelhantes a essa.

 

"Mas gente, e não é que ela não abaixa a cabeça.", por baixo da máscara o jovem deu um leve sorriso lembrando-se que enquanto Nerona o limpava, ela disse que Marccus mandou Piima buscá-lo, e ele que a ordenou que assim o fizesse mesmo ela sendo serva pessoal de Nery.

 

O jovem segue então Piima até o terceiro andar da propriedade, onde fica o escritório principal da casa, ao chegarem em frente da porta, Piima logo a abriu, sem sequer bater ou fazer algo que notificasse de sua chegada.

 

Com a porta já aberta, ergue-se então uma silhueta de debaixo da escrivaninha de Marccus.

 

"Quantas vezes terei de lhe dizer para bater na porta antes de entrar? Idiota. Francamente, se não fosse por Nery, a Família Loenning já estaria acabada quando eu encontrar meu fim.", Marccus estava claramente irritado com a atitude de seu sobrinho enquanto lhe dava bronca, em sua face estava mesclada raiva com frustração ao ver a maneira que Piima comportava-se, sua voz estava bastante exaltada.

 

A mulher passa então pelo jovem e pelo Piima enquanto limpa sua boca.

 

"Peço licença Sr. Marccus, Sr. Piima, creio que esteja na hora de seguir com minhas tarefas na cozinha. Com licença.", a mulher dizia enquanto caminhava rapidamente em direção ao corredor passando pelo jovem junto de Piima, era a mesma mulher do dia anterior.

 

"Nota mental: Evitar comidas vindas da cozinha.", o jovem sentia leves arrepios enquanto pensava e lembrava da comida que teve na noite anterior.

 

"Bem, de qualquer forma, vá chamar os três patetas Piima.", dizia Marccus levantando-se da cadeira enquanto arrumava sua calça.

 

Após Piima retirar-se, o silêncio reina, ao observar ao redor o jovem compreende o que a empregada Nerona quis dizer com o fato de que Marccus não gostaria que ele estivesse sujo ao adentrar seu escritório.

 

O escritório do chão ao teto era branco, os móveis da mais nobre madeira enquanto todas as almofadas eram aveludadas, nas paredes alguns poucos detalhes em meio ao puro branco, detalhes de ouro, igual ao emblema que havia na parede atrás da escrivaninha do Sr. Loenning.

 

O silêncio é quebrado quando a porta atrás do jovem é abruptamente aberta.

 

"Aqui estão eles tio, como me pediu.", Piima dizia com um grande sorriso de satisfação em seu rosto.

 

"É um Idiota com I maiúsculo, só pode. Passaram anos e segue agindo igual a uma criança, Idiota. De qualquer modo, apenas saia, você não se faz mais necessário aqui.", Marccus estava claramente irritado com Piima devido a maneira que ele agia.

 

Piima sai então, fechando a porta com cuidado após o esporro de seu tio. Enquanto isso o jovem apenas observava os três homens que se jogaram no sofá logo que chegaram.

 

"Só estou cercado de idiotas pelo visto, até esse Pássaro Inútil sabe como um servo deve se portar e vocês não, quanta decadência.", Marccus estava claramente tendo um dia ruim, sua voz já estava ficando um pouco rouca devido as vezes em que a alterou para corrigir seu sobrinho.

 

Marccus então escora-se em sua escrivaninha com suas pernas cruzadas enquanto pega um charuto e começa a cortá-lo.

 

"Que seja, vamos começar logo com isso.", dizia Marccus com um leve sorriso em sua face enquanto dava a primeira tragada em seu charuto.