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Rui passou o resto do dia importunando todos os adultos sobre o que acabara de ver, após oito horas de incessante interrogatório. Ele se aconchegou em sua cama para a noite, mas estava excitado demais para conseguir dormir. Levara um tempo até compreender o suficiente para apenas satisfazer a camada mais superficial de sua ardente curiosidade, afinal, seu vocabulário ainda era bastante imperfeito.
Ele incomodou os adultos até ser capaz de compreender suas respostas matizadas, era bastante cansativo, mas ele conseguiu obter respostas para suas perguntas mais ardentes. Após o rigoroso interrogatório, passou um tempo assimilando e organizando tudo que aprendera.
Artes marciais, ou Arte Marcial como chamavam, eram reais. Não era apenas real, era extremamente poderosa também. Os Artistas Marciais eram extremamente poderosos, capazes de proezas sobre-humanas incríveis, como a que ele havia testemunhado. Pelo país, e talvez até pelo continente, os Artistas Marciais eram divididos em seis Reinos, que eram basicamente patentes:
Aprendiz Marcial, Escudeiro Marcial, Sênior Marcial, Mestre Marcial, Sábio Marcial e, finalmente; Transcendente Marcial. Cada reino era muito mais poderoso que o anterior, mas nenhum dos adultos sabia algo mais específico do que isso.
('Se um Escudeiro Marcial, que era apenas o segundo mais forte dos seis reinos era tão forte, então quão mais fortes seriam os patamares mais altos?') Ele se perguntava com empolgação. Essa revelação foi realmente a experiência mais surpreendente de sua alma que ele já teve. Até o choque de ter renascido era manso e bastante chato em comparação. Ele rapidamente descartou esses pensamentos antes de revisar o resto do que aprendeu.
A Arte Marcial aparentemente podia ser rastreada há pouco mais de quinhentos anos. Os Artistas Marciais tornavam-se cada vez mais fortes em todos os países, além disso, seus números aumentavam conforme o tempo passava, até que a população de Artistas Marciais cresceu o suficiente para que associações conhecidas como Uniões Marciais se formassem em cada país. As Uniões Marciais eram basicamente a ligação entre clientes dos serviços de Arte Marcial e os próprios Artistas Marciais.
Ela servia como conexão entre a demanda no mercado consumidor por serviços como proteção, ataques, trabalhos manuais, bem como operações mais discretas como sabotagem, infiltração, espionagem, vigilância, assassinatos etc. Mesmo ocupações de nicho como ensino estavam dentro da alçada da União, de acordo com Kenta, que já foi um aspirante a Artista Marcial.
A União Marcial era uma organização com interesse investido na propagação dos Artistas Marciais, então havia tomado medidas para garantir que haveria um influxo saudável de novos artistas marciais, como a Academia Marcial. As Academias Marciais aparentemente eram instituições meritocráticas fundadas, administradas e staffadas pela União Marcial, sem falar que essas instituições treinavam Artistas Marciais aspirantes até o estágio de Escudeiro Marcial primariamente.
Além disso, segundo Depp, as Academias tinham uma taxa de matrícula anual considerável, afinal, tutoria dos Seniores Marciais era um privilégio para os Artistas Marciais aspirantes que de outra forma seria difícil de obter. Contudo, as altas taxas de matrícula não eram uma barreira, felizmente a União Marcial tinha consciência suficiente para reconhecer que uma grande maioria de talentos simplesmente seria enterrada devido à sua baixa classe econômica.
Assim, as Academias Marciais ofereciam um programa de bolsas de estudo que permitia que os Candidatos Marciais aspirantes incorressem nas taxas como dívida e reembolsassem a dívida após se formarem na Academia. O programa de bolsas era essencialmente um investimento sem retornos garantidos, afinal se um estudante de bolsa falhasse em se formar, então a dívida nunca seria reembolsada.
Mas, no final das contas, essa política permitia que as Academias Marciais e, por extensão, a União Marcial maximizassem o número de Artistas Marciais, seu maior interesse e objetivo, as perdas financeiras eram bastante triviais em comparação com o poder econômico de uma União Internacional, além disso as bolsas eram dadas com base no mérito, então as perdas eram minimizadas.
No momento em que Rui soube das Academias Marciais, ele já havia decidido sobre seu futuro, sua motivação para isso era extremamente alta, ele mal podia esperar. Ele entraria em uma Academia, de um jeito ou de outro, com bolsa ou não. Ele já havia formulado soluções potenciais, mas lhe faltava muita informação para concretizá-las.
"O que você está pensando?" A voz de uma criança o chamou. Rui olhou na direção de onde veio.
"Não muito, Farion." Rui respondeu. Farion era um dos meninos do orfanato.
"Hehe, Rui está pensando em Arte Marcial, não está?" Uma menina ao seu lado sorriu maliciosamente. "Ele passou o dia todo perguntando aos adultos sobre Arte Marcial."
Essa era Nina, uma das meninas mais velhas do orfanato. Nos últimos 10 meses, Rui familiarizou-se com todas as crianças do orfanato, embora devido à diferença de idade, tanto mental quanto física, ele tivera dificuldade em se relacionar tanto quanto gostaria, mas ainda assim passava tempo com elas.
Crianças como Farion e Nina dedicavam mais tempo para ficar com Rui e cuidar dele sempre que os adultos estavam ocupados para facilitar suas vidas.
"Você quer se tornar um Artista Marcial, Rui?" Um garoto de treze anos que lia um livro perguntou-lhe.
Os olhos de Rui brilharam.
"Vou me tornar o melhor!" Rui declarou.
"Então você terá que treinar muito." O garoto sorriu, fechando seu livro. "Artistas Marciais treinam muito duro para alcançar poderes sobre-humanos. Você está disposto a fazer o que for necessário?"
"Eu nasci para isso, Julian" Rui respondeu, sem sombra de dúvida ou hesitação. Não era literal, já que ele não tinha ideia de por que ou mesmo como renasceu, mas suspeitava que havia algum motivo. Se houvesse um motivo, que outro motivo poderia ser?
"Então vamos te apoiar ao máximo, Rui." Julian caminhou até ele e o levantou num abraço.
"Mmmm, obrigado." Rui respondeu. Julian era uma criança brilhante, embora não fosse prodigiosamente fenomenal como Rui, ele era um garoto quieto e inteligente que passava o tempo absorto em livros de todos os tipos, qualquer coisa que pudesse colocar as mãos. Rui ficava impressionado com sua maturidade apesar de sua idade, entre outras coisas.
As crianças conversaram mais até que Depp mandou todos apagar as luzes e dormir. Para surpresa de Rui, ele adormeceu rapidamente, estava bastante exausto depois de um dia inteiro de excitação.
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