Leeora chegou ao palácio para buscar a garota humana com ela. Quando entrou no quarto de hóspedes, viu a frágil menina sentada no chão, com as costas apoiadas na lateral da cama, os braços abraçando os joelhos dobrados.
Ao ver sua aparência, Leeora não sentiu pena. Não, o que ela sentiu foi surpresa.
A garota humana estava coberta de sujeira, e a saia de seu vestido branco estava rasgada nas bordas, como se ela tivesse rolado e engatinhado em algum lugar e não prestado atenção ao seu redor.
Leeora aproximou-se dela e ajoelhou-se à sua frente. "Minha criança, o que aconteceu com você?"
A menina silenciosa levantou a cabeça ao som daquela voz gentil. Seus belos olhos observaram a mulher mais velha e familiar à sua frente. Desde o momento em que essa mulher mais velha mostrou a ela sua magia e a alimentou, ela já não mais desconfiava dela. Ela fazia a garota se lembrar de uma pessoa em particular que lhe era muito cara, alguém que ela conhecia muito bem e desejava ver naquele lugar estranho e desconhecido.
Não esperando receber qualquer resposta dela, Leeora verificou suas ataduras que estavam mal colocadas e observou suas feridas. "Assim que eu te levar para a minha casa, vou garantir que todas essas feridas curem como se nunca tivessem existido. Já estou preparando elixires para você, embora eu não tenha certeza de quão eficazes eles são para o corpo humano."
Olhando para sua aparência desalinhada, Leeora soltou um suspiro impotente. "Você foi ao jardim, pequenina?"
"Ela de fato saiu para brincar."
Ao som desta voz lenta mas digna, a garota humana estremeceu e recuou, parecendo como se fosse se esconder sob a cama novamente.
Leeora olhou para Draven que apareceu na porta. "Tenho certeza de que o Senhor a permitiu brincar."
"A seu bel-prazer, até que ela fique sem energia para brincar," Draven respondeu, enquanto observava aquela criatura feminina que o olhava com medo e raiva em seus olhos verdes esmeralda.
Leeora sabia que a garota humana estava assustada, então a tranquilizou. "Não se preocupe. Eu a levarei comigo para minha casa."
Aqueles belos olhos verdes se iluminaram com essas palavras.
Leeora ofereceu sua mão. "Vamos então."
A garota humana encarou aquela mão enrugada enquanto mastigava os lábios com relutância. Vendo o sorriso paciente no rosto da elfa, sua hesitação diminuiu. Lentamente, ela soltou os braços que abraçavam os joelhos e colocou uma mão sobre a palma de Leeora.
Vendo como a elfa a convenceu facilmente, o par de olhos vermelhos possuídos pelo diabo escureceu. Na noite passada, ele fez exatamente a mesma coisa, mas esta criatura não apenas o desrespeitou ao não tomar sua mão, como também teve a audácia de desconfiar abertamente de sua boa vontade. Ela não sabia que se ele realmente quisesse prejudicá-la, ele nem mesmo precisaria tocá-la? Bastaria um mero pensamento dele.
A garota levantou-se com Leeora e estava pronta para sair com ela, o que fez com que ele estreitasse os olhos para ela.
Como se pudesse sentir esse olhar perigoso sobre seu corpo, a garota humana se escondeu atrás de Leeora.
"Senhor, vamos então," disse Leeora, impotente. Se Draven não fosse o Rei, ela o teria repreendido por assustar a pobre menina. "Eu fiz arranjos para ela onde ela se encontrará confortável."
"Está insinuando que ela não está confortável em meu palácio?" ele perguntou com um tom afiado.
Leeora simplesmente sorriu. "Acredito que o Senhor conhece a resposta para essa pergunta melhor do que eu."
Draven lançou um olhar para aquela humana escondida de sua vista pela última vez e virou-se para sair, mas ele parou depois de dar vários passos. Com as costas voltadas para elas, ele adicionou algumas palavras de despedida.
"Se ela tentar fugir novamente, será a última vez que ela verá suas pernas."
A garota instintivamente segurou a mão de Leeora depois de ouvir o que o diabo disse. Seu olhar abalado continuou a seguí-lo até que ele desapareceu de seu campo de visão.
Leeora acariciou a mão dela. "Não se preocupe. Ele só gosta de ameaçar pessoas, mas ele tem um bom coração."
Assim que ela saiu do palácio, a garota humana foi recebida pela vista deslumbrante de uma criatura mágica com impressionantes galhadas. Era um cervo marrom do tamanho de um cavalo, seu andar majestoso enquanto esperava que sua dona se aproximasse. Ao olhar mais de perto, seus olhos negros mostravam uma sabedoria gentil e ele emitiu um chamado suave ao ver o elfo e a humana se aproximarem.
"Lusca," chamou Leeora, "venha conhecer uma nova amiga."
Após gesticular para o cervo baixar o corpo, Leeora pegou a garota humana e delicadamente levantou seu corpo frágil para montar no Cervo. Para a surpresa da menina, o pelo marrom do cervo era incrivelmente macio e brilhante, e o movimento do cervo sob ela era grácil e ágil. Mesmo que não houvesse arreio, ela não sentiu desconforto algum.
"Este é meu companheiro animal, Lusca." O Sumo Ancião dos Elfos da Floresta sorriu, vendo o espanto no rosto da menina enquanto ela acariciava o pelo do cervo. "Vamos levá-la para sua nova casa, pequenina, onde você poderá brincar livremente com Lusca e conhecer mais amigos da floresta."
A garota humana mostrou um pequeno sorriso tímido enquanto assentia.
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Confira a imagem do Cervo na seção de comentários em que a garota humana montou.