— Eu estou realmente sonhando?
Enquanto se pegava em pensamentos, Naoya admirava a bela dama vestida de branco à sua frente. A sua beleza era cativante, ajoelhados de frente ao altar ele se virou para olhar para trás, o salão estava lotado de pessoas, sua família e a família da noiva estavam na primeira fileira de assentos emocionados com aquele momento tão único.
— Eu estou fazendo a coisa certa! Esta é a melhor decisão, eu não vou me arrepender.
Enquanto se levantava confiante, Naoya demonstrou um sorriso enquanto se enchia de confiança.
— Você, Naoya Akagawa, aceita esta mulher como sua esposa para amar e respeitar por todos os dias da sua vida? Se alguém tiver algo contra este casamento, fale agora ou cale-se para sempre.
Aquela pergunta fez com que Naoya parasse e refletisse sobre todos os momentos que viveu com aquela garota, momentos tristes, momentos alegres e momentos em que um tentava compreender o outro. Ele se virou para trás para conferir se havia tomado a decisão correta e enquanto olhava o rosto de cada pessoa naquele salão, seu coração se encheu de felicidade. Ele então segurou firme a mão da garota e olhando firmemente para ela, ele então respirou fundo enquanto mantinha a calma em meio a todos aqueles sentimentos bagunçados.
— Eu… Eu me recuso a deixar você se afastar de mim, Naoya.
Aquela voz ecoou por todo o salão, tomando a atenção de todos os presentes e elevando os olhos às portas da igreja cujo uma garota vestida com um lindo vestido de jardineira preto com um laço em azul no entorno. Ela deu alguns passos em direção ao altar, seus olhos marejados realçavam a beleza contida nela.
Quando ela se aproximou de Naoya, ela esbofeteou seu rosto e o olhou com desprezo enquanto ele pressionava o rosto e a olhava com um olhar surpreso.
— Seu traidor. Como você ousa me trair desta forma, eu achei que tinha nos uma promessa. Você vai me trair assim?
Aquelas palavras acertaram o coração de Naoya que ficou pálido e olhava para a garota com certo medo em seu rosto. Quando abriu os olhos, Naoya sentou-se na cama e refletiu sobre o sonho que teve, ele parecia cada vez mais real, aquele sonho havia deixado pensativo sobre qual seria a sua real decisão sobre o casamento que estava já na fase de ele se encontrar com a sua pretendente.
— Bom dia irmão. Hoje é o grande dia de você...
Sua irmã abriu a porta sorridente, quando seus olhos fixaram em Naoya, ela ficou assustada.
— Por que está chorando?
— An? Eu estou o quê?
Quando Naoya encostou seus dedos no rosto sentiu as lágrimas escorrerem em seus dedos.
— Por que eu estou… chorando?
Sua irmã, notando a confusão de Naoya, se aproxima e o abraça. O calor que seus corpos compartilham era calmante para Naoya, que encosta sua cabeça no ombro da irmã e fecha os olhos.
— Está tudo bem irmãozinho. Eu vou sempre estar aqui para o que precisar.
Sayuri acariciou os cabelos de Naoya enquanto repousava sobre seu ombro. Quando Naoya voltou a adormecer, Sayuri ajeitou seu corpo na cama. Ao se levantar, foi segurada por Naoya, que acordou assustado.
— Para onde você está indo?
— Eu estou aqui, eu não vou a lugar nenhum.
Ao se virar para Naoya, ela notou que seu rosto estava corado. Ao encostar sua mão em sua testa, percebeu que estava quente. Sayuri sentou-se em uma cadeira ao lado de Naoya e segurou em sua mão.
— Irmãozinho, você parece uma criança agora, está doente e precisa dos meus cuidados.
Sayuri não sabia o motivo de ter encontrado Naoya chorando e nem como ele pegou um resfriado, mas ela sorriu ao se lembrar das vezes que ele cuidou dela quando estava doente, ao se lembrar que ele recebeu o aviso de casamento e se afastaria dela, uma tristeza invadiu seu peito e aos poucos seu sorriso foi sumindo. A pessoa que sempre esteve ao seu lado agora estava com os dias contados para conhecer sua futura esposa e em pouco tempo se casaria e sairia de casa, ao pensar na realidade lágrimas começaram a cair de seu rosto.
Ao perceber que estava chorando, Sayuri se levantou correndo e desceu para a cozinha, enquanto preparava o mingau de arroz para Naoya ela tentava superar o fato de que não veria mais o seu irmão todo dia e também não entraria mais no quarto dele sem avisar para tentar pegá-lo vendo revistas inapropriadas ou jogando eroges escondido.
Sayuri limpou seu rosto molhado e tentou parecer forte para si mesmo, todas as lembranças dos momentos felizes que ela teve com ele estavam com o prazo definido para acabar, agora ela teria que se acostumar a viver sem ter o irmão próximo dela por tanto tempo.
— Quando ele se casar, ele vai me abandonar e não vai mais lembrar de mim. Eu vou ser apenas um parente distante para ele, eu não quero isso.
Enquanto subia as escadas para o quarto de Naoya, Sayuri tentava se encorajar com palavras fortes, mas sua mente sempre a lembrava da realidade, uma realidade onde o seu irmão não estaria mais presente em sua vida.
Quando Sayuri subiu o último degrau das escadas, ela ouviu a campainha tocar, então ela deixou a bandeja no quarto de Naoya e desceu para atender a porta. Quando abriu a porta, notou uma bela moça parada em frente a sua porta vestida com um blazer preto e um rapaz alto com um terno.
— Bom dia. Aqui é a residência dos Akagawa?
— Sim. Em que posso ajudá-los?
— Somos do ministério da saúde e do bem-estar, estamos aqui para conversar com os pais de Naoya Akagawa.
— Meus pais não se encontram no momento, mas entrem e me digam sobre o que é a conversa.
Quando o casal entrou e se sentou no sofá da sala, Sayuri ofereceu um chá para eles e então o rapaz tirou de sua maleta um envelope e o colocou sobre a mesa.
— O motivo de termos vindo aqui, é porque já foi decidido o dia e o local do encontro dos noivos, as famílias se encontraram para se conhecerem.
— E quando será este dia?
— Será daqui a 2 dias.
Aquelas palavras acertaram o coração de Sayuri que tentou manter a compostura enquanto estava de frente a eles.
— Esperamos que este casamento dê certo. Bom, tenham um ótimo dia.
O casal levantou-se do sofá em que estavam e dirigiu-se à porta. Sayuri os acompanhou. Ao fechar a porta, virou-se de costas e apoiou-se nela, deslizando lentamente até cair no chão, sentada. Com a cabeça baixa, começou a chorar, relembrando as palavras do rapaz do ministério.
Ela não conseguia conter as lágrimas, enfrentar a ideia de que a pessoa que a acompanhara por tanto tempo agora estaria mais próxima de abandoná-la era doloroso. Sayuri levantou-se, dirigindo-se ao guarda-roupas em seu quarto, onde pegou o álbum de família. Sentada na cama, folheou cada página, revisando as fotos com seu irmão. Parou em uma imagem da infância deles, acariciando a foto com os dedos. Algumas lágrimas caíram sobre o álbum, e ela o abraçou firmemente, deitando-se na cama e rezando para que tudo aquilo fosse apenas um terrível pesadelo.
Após chorar até soluçar, foi vencida pelo cansaço e adormeceu, sendo acordada logo após com o barulho de entrada sendo aberta, sua mãe havia voltado da sua viagem ao distrito de Higashiyama, ela então se recusou a sair da cama, sua mãe subiu as escadas e encontrou Sayuri deitada e com os olhos inchados e vermelhos.
— O que aconteceu Sayu-chan? Aconteceu alguma coisa com você?
— Mamãe, eu não quero me separar do meu irmão. Por que ele tem que se afastar de mim?
Sua mãe se aproximou e sentou-se na cama afagando o cabelo de Sayuri enquanto lhe dava um olhar amoroso.
— Coitadinha da minha pequena. Seu irmão ainda vai demorar para se mudar dessa casa, mas não se preocupe ele virá sempre te visitar.
— Eu não quero me afastar dele. Por que eu tenho que me afastar dele?
— Porque a vida é assim. Ele deve se casar, sair de casa e assim criar sua própria família.
Sayuri abraçou sua mãe e chorou enquanto tentava negar a realidade, a despedida deles estava a cada dia mais perto de acontecer, sua mãe a confortou até que ela adormeceu, quando Sayuri adormeceu sua mãe a ajeitou na cama e saiu do quarto, indo para o quarto de Naoya ver como ele estava.
Ao entrar no quarto de Naoya, ela se sentou na cama e colocou sua mão sobre o cabelo dele, acariciando lentamente.
— Meu pequeno príncipe. Você está crescendo tão rápido, até ontem você corria por esta casa toda e brincava alegremente com sua irmã. Quem diria que você estava crescendo tão rápido a ponto de receber seu aviso de casamento. Espero que você melhore e que seja feliz na sua nova jornada.
Quando sua mãe levantou e segurou a bandeja, foi segurada por Naoya que havia acordado.
— Mamãe? Você já chegou?
— Oi filho. A mamãe está de volta.
— Como foi sua viagem a casa do vovô?
Ao ouvir aquelas palavras a mãe de Naoya, se afastou um pouco e abriu a porta, ela então caminhou até a porta e olhou com um olhar triste para Naoya.
— Está tudo bem filho, não se preocupe, a viagem foi ótima. Agora volte a descansar para você melhorar rápido.
Ao dizer aquelas palavras, ela fechou a porta do quarto e abaixou sua cabeça, incapaz de dar a péssima notícia a seus filhos, ela não queria magoar a eles então decidiu não contar a eles e vê-los sofrerem tanto como ela sofreu. A perda de seu pai era algo que ela não podia ainda aceitar que estava acontecendo e não queria preocupar seus filhos demonstrando sua tristeza, ela apenas tentou ser forte o suficiente para superar a perda de alguém muito importante para ela.