Chereads / Assim eu me tornei! / Chapter 47 - 47 - Lua Celestial VII

Chapter 47 - 47 - Lua Celestial VII

Na sala escura, o ar era denso e impregnado com a presença de poder antigo, uma força quase tangível que fazia as velas ao redor do altar tremularem suavemente. Os anciãos estavam reunidos em um círculo, suas figuras imponentes destacando-se na penumbra. Cada um deles representava uma era de domínio sobre o culto do Sol e Lua, suas aparências distintas refletindo a longa história de influência e mistério que carregavam.

Anciã Morwenz, a primeira a se destacar, era de estatura mediana, com pele escura e enrugada. As tatuagens místicas que cobriam seu corpo pareciam brilhar suavemente na escuridão, em um tom de verde que fazia seus pequenos olhos esmeralda cintilarem. Seus cabelos, curtos e brancos como a neve, contrastavam com o manto de peles de animais raros que envolvia seu corpo. Cada movimento dela era feito com uma majestade tranquila, como se estivesse em sintonia com as forças ancestrais que a cercavam.

Ancião Dargoth, era o oposto de Morwen, em todos os sentidos. Corpulento, com uma barba espessa e grisalha que lhe caía até o peito, Dargoth irradiava uma presença robusta e ameaçadora. Sua pele bronzeada e os olhos castanhos escuros, quase negros, refletiam uma astúcia perigosa. A armadura que usava, feita de escamas de dragão, parecia ter sido moldada diretamente em seu corpo musculoso, cada placa ajustando-se perfeitamente à sua figura imponente. Ele era um guerreiro por natureza, e seu instinto já o fazia manter uma mão no cabo da espada, pronto para qualquer eventualidade.

Anciã Selene, a mais antiga do grupo, parecia uma visão etérea, quase fantasmagórica. Seus longos cabelos negros como o ébano caíam sobre a pele pálida, branca como o mármore, enquanto seus olhos completamente negros, sem pupilas, a faziam parecer uma figura saída de um pesadelo. Ela usava um vestido longo de seda roxa, que flutuava ao seu redor como se estivesse submersa em água, reforçando sua aparência de algo não totalmente humano. Selene era a primeira a sentir a inquietação no ar, sua sensibilidade à magia sendo quase palpável.

O cajado de Selene, sempre pulsando suavemente, começou a vibrar com uma intensidade crescente. Ela estreitou os olhos, que eram dois poços negros, enquanto procurava uma explicação para o desconforto que começava a dominar o ambiente. "A magia... está inquieta," murmurou ela, sua voz soando como o eco de um trovão distante.

Dargoth rosnou baixo, seu olhar percorrendo a sala com desconfiança. "Fomos traídos," afirmou, o tom de voz carregado de certeza. Ele sempre soubera que seus inimigos viriam um dia, mas não esperava que fosse tão cedo.

Morwen permaneceu em silêncio, seus olhos fechados enquanto tentava sentir o fluxo das energias ao seu redor. O tempo pareceu parar enquanto os outros anciãos aguardavam, com nervos à flor da pele, sua resposta. Quando Morwen finalmente abriu os olhos, seu rosto estava pálido, dominado por um terror que raramente se via naquela mulher tão firme. "Há sombras em movimento... E elas estão vindo para nós."

A tensão na sala tornou-se quase insuportável, mas antes que qualquer um pudesse reagir, um brilho vívido iluminou o espaço. No centro do círculo de velas, uma tela mágica se formou, revelando a figura de Declina, a capitã do culto do Sol e Lua. Sua expressão era de desafio, seu olhar fixo nos anciãos.

"Saudações, anciãos," começou Declina, sua voz ecoando pela sala com uma autoridade inquestionável e um desprezo afiado. "Este é o começo do fim para vocês. O mundo verá a verdadeira face de sua corrupção, e esta noite marcará a queda daqueles que traíram os ideais do culto."

Enquanto Declina falava, imagens dos horrores que os anciãos haviam cometido começaram a preencher a tela. Manipulações políticas, traições, rituais proibidos envolvendo forças negras — tudo era exibido sem censura. As câmeras ocultas, instaladas habilmente pelos Guerreiros da Lua Nova, transmitiam ao vivo para o mundo inteiro, revelando os segredos mais obscuros do culto.

Os anciãos estavam petrificados. Suas expressões variavam entre choque, raiva e desespero, enquanto percebiam que estavam sendo expostos, traídos dentro de sua própria fortaleza. Dargoth apertou o cabo de sua espada com tanta força que seus dedos ficaram brancos. Morwen tentava manter a calma, mas o terror em seus olhos traía seu verdadeiro estado. Selene, sempre a mais controlada, parecia agora uma sombra de si mesma, seu olhar perdido na escuridão que parecia se fechar ao seu redor.

A imagem de Declina foi substituída por outra figura, Charlotte, uma presença que dominava completamente a sala, mesmo através da tela. Vestida com sua armadura cerimonial de prata, reluzente como o luar, Charlotte era o símbolo vivo da autoridade e poder do culto. Seus olhos, duas brasas azuis, transbordavam uma determinação que parecia queimar o próprio ar.

Charlotte observou os anciãos, permitindo que o silêncio pesasse sobre eles antes de falar. Quando finalmente quebrou o silêncio, sua voz era baixa, mas carregada de uma força avassaladora, cortando o ar como uma lâmina afiada. "Anciãos," começou ela, seu tom frio e calculado. "Vocês, que deveriam ser os guardiões da nossa honra, se afundaram na corrupção e nas trevas. Usaram seus poderes para manipular, oprimir e trair o legado que juraram proteger."

Ela deu uma pausa, cada palavra ressoando na mente dos anciãos, que agora estavam totalmente cientes da gravidade da situação. O destino que os aguardava era inevitável, e a realidade disso era mais pesada do que qualquer um poderia suportar.

"Esta noite," continuou Charlotte, "marcará o fim de suas ilusões de poder. O culto do Sol e Lua não tolera traidores. Vocês serão expostos, julgados e eliminados. E o mundo verá que a justiça prevalece sobre a corrupção."

O silêncio que se seguiu foi mortal. Os anciãos sabiam que as palavras de Charlotte não eram promessas vazias, mas sim uma sentença já determinada. A sala, que antes fora seu santuário, agora se transformava em uma prisão, o túmulo iminente daqueles que se haviam considerado intocáveis.

Charlotte se inclinou ligeiramente para frente, como se encarasse cada um dos anciãos diretamente, seus olhos ardendo com uma raiva controlada. "Vocês pensaram que estavam acima de todos, intocáveis em seus tronos de mentiras e traições. Mas esqueceram uma coisa fundamental: a lua sempre revela o que as sombras tentam esconder."

A transmissão então se intensificou, mostrando imagens dos atos cruéis dos anciãos, suas alianças obscuras e os rituais proibidos que realizavam. Charlotte continuava, seu tom agora mais intenso, quase ameaçador. "Não há escapatória. Não há misericórdia. Esta é a 'Noite de Caça', e nós não pararemos até que o último de vocês seja erradicado."

A transmissão cortou para cenas ao vivo dos **Cavaleiros do zenite** e dos **Guerreiros da Lua Nova** avançando sobre os redutos dos anciãos, suas lâminas prontas para executar a justiça. Charlotte observava, sabendo que o fim estava próximo.

Ela concluiu, sua voz agora quase um sussurro, mas cheia de uma determinação implacável: "Vocês podem correr, podem se esconder, mas o destino já foi selado. E ele vem em nome da Lua celestial."

Com isso, a transmissão se encerrou, deixando os anciãos em um silêncio desesperado. A sala, outrora um símbolo de seu poder, agora se tornava o cenário de sua queda, enquanto o mundo assistia ao desmoronamento daqueles que ousaram trair o culto..