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Chapter 48 - 48 - Lua Celestial VIII

O continente inteiro observava em silêncio a purificação em curso, cada detalhe capturado pelas câmeras que transmitiam ao vivo. A atenção de todos estava fixada em Charlotte, sua figura imponente destacando-se contra o céu noturno. A lua, pequena e distante no horizonte, começou a se aproximar como se estivesse se ajoelhando diante de sua imperatriz.

Charlotte ergueu sua mão e declarou, com uma voz firme que ecoou por todo o continente: "Era da Lua: Trono Lunar." A temperatura caiu abruptamente. O chão ao redor começou a congelar, uma camada de gelo prateada refletindo a luz da lua crescente. Apenas a luz da lua iluminava a imensa mansão à sua frente, que parecia tremer sob a presença daquela força esmagadora.

Com um movimento rápido e preciso, Charlotte sacou sua katana, Véu Lunar. A lâmina brilhou em um reflexo prateado, resplandecendo sob a luz da lua. Um único golpe cortou a mansão ao meio, uma linha perfeita que dividiu a estrutura de cima a baixo. As paredes desabaram, e uma nuvem densa de fumaça e poeira subiu aos céus, cobrindo a cena em mistério.

A tensão era palpável em todo o continente. Milhares de líderes e governantes, que antes subestimaram o poder do Culto Sol e Lua, agora assistiam com crescente medo. Eles jamais haviam imaginado a verdadeira extensão da força de Charlotte e de seu culto.

Quando a fumaça começou a dissipar, três figuras emergiram da escuridão. Dargoth, Morwen e Selene, anciãos do culto, apareceram de frente para Charlotte. Seu olhar era frio, decidido. Charlotte os encarou com desdém, apontando sua espada diretamente para eles, sua voz afiada como a lâmina que empunhava. "Últimas palavras," ela declarou. "E adeus... mestra."

Todo o continente ficou paralisado. A revelação de que uma das anciãs, Selene, era a mestre de Charlotte chocou até mesmo os mais poderosos. Astracar, que observava de longe, sentiu o impacto daquele momento. Ele, assim como todos os outros, sabia que o destino dos anciãos estava selado.

A anciã Selene, com um olhar sereno e uma voz carregada de experiência, respondeu com calma: "Garotinha, vejo que cresceu... Agora, para provar que és digna, me enfrente até à morte. E não sinta culpa foi minha escolha." 

Antes que Charlotte pudesse responder, Dargoth, visivelmente em pânico, gritou: "Isso não foi o que planejamos!" Mas ele não teve tempo para mais palavras. Num movimento rápido e implacável, Selene atravessou seu peito com um golpe preciso. O sangue de Dargoth escorreu pela lâmina enquanto sua energia vital foi sugada em questão de segundos. Ele caiu no chão, sem vida.

Charlotte ficou perplexa, sua mente tentando processar o que acabara de acontecer. Mas antes que pudesse reagir, Selene repetiu o movimento com Morwen, perfurando-a com a mesma facilidade mortal. Em poucos segundos, a energia de Morwen foi consumida, e seu corpo desabou sem vida ao lado de Dargoth.

Selene limpou sua lâmina e encarou Charlotte com um olhar implacável. "Este foi o caminho que escolhi... o Caminho da Gula. Agora, me enfrente. Só nós duas."

Charlotte, ainda em choque, apertou o cabo de sua katana. O peso da responsabilidade e da traição pairava no ar, mas seu destino estava claro. Ela sabia que aquele confronto decidirá o futuro do culto e de sua própria jornada como líder e guerreira. 

Charlotte, ainda atônita com a traição brutal de sua mestra, sentiu uma onda de emoções conflitantes. Ela respirou fundo, permitindo que o ar gelado preenchesse seus pulmões, enquanto seu olhar se fixava em Selene. A mestra que ela admirava, que a treina desde a juventude, agora estava diante dela como uma inimiga. Não havia mais espaço para dúvidas ou hesitações. A batalha que se aproximava não seria apenas uma prova de força, mas também de vontade e propósito.

Selene, erguendo-se entre os corpos de Dargoth e Morwen, exalava uma aura de poder sombrio. A energia que ela havia sugado dos dois anciãos reverbera em torno dela, como uma tempestade de magia faminta. Seus olhos brilharam com um tom prateado, refletindo a lua que pairava acima, ainda mais próxima do que antes. "Você não entende, Charlotte," disse Selene, sua voz quase terna, "Este é o verdadeiro caminho. A Gula não é apenas sobre consumir, mas sobre evolução, sobre absorver e transcender. Os fracos caem, os fortes acendem."

Charlotte não respondeu de imediato. Ela fechou os olhos por um breve momento, focando em sua respiração, conectando-se à luz da lua que irradiava ao seu redor. Ela se lembrou de tudo o que tinha aprendido, dos sacrifícios que havia feito, e das pessoas que contavam com ela. Quando abriu os olhos novamente, seu olhar era firme e decidido.

"Eu não irei seguir esse caminho, mestra," disse Charlotte com firmeza. "O culto do Sol e Lua não se constroi sobre traição e destruição dos próprios irmãos. Seu poder não me intimida, e seu destino está selado."

Selene sorriu, um sorriso cheio de desdém, mas também de uma estranha afeição. "Muito bem, garota. Mostre-me se tudo o que te ensinei serviu para alguma coisa."

A luta começou em um instante. Selene avançou com uma velocidade impressionante, desaparecendo de vista por um momento e aparecendo logo atrás de Charlotte. Mas Charlotte já estava pronta. Com um giro rápido, ela bloqueou o ataque da mestra com sua katana, o choque das lâminas criando faíscas que iluminaram o campo congelado ao redor. A força de Selene era avassaladora, cada golpe vibrava com o poder roubado dos anciãos mortos.

Charlotte, no entanto, não recuava. Cada ataque que ela bloqueava era respondido com um contra-ataque preciso. A luz da lua envolvia sua lâmina, cada corte deixando um rastro de luz prateada no ar. A batalha era feroz, mas também parecia uma dança, com ambas as combatentes se movendo em perfeita sincronia, como se tivessem ensaiado aqueles movimentos durante anos.

Enquanto lutavam, a terra ao redor delas continuava a congelar. O poder de Charlotte, amplificado pela lua, estava em seu auge. Seus golpes eram rápidos e fluídos, e, a cada instante, ela parecia ganhar mais controle da situação. Selene, no entanto, sorria. Ela parecia se alimentar do conflito, sua aura de Gula crescendo a cada segundo.

Em um movimento brusco, Selene usou uma das técnicas mais temidas, "Manto da Gula". A aura ao seu redor se expandiu, e a energia começou a ser drenada do próprio ambiente, sugando a vitalidade do chão, do ar e até da luz ao redor. A área ficou mais escura, e Charlotte sentiu a pressão aumentar, como se o ar fosse arrancado de seus pulmões.

Mas Charlotte não hesitou. Com um grito de guerra, ela elevou sua katana acima da cabeça, invocando o poder total de sua habilidade. "Véu Lunar: Corte Celestial!" A luz da lua brilhou intensamente, como se a própria lua estivesse respondendo ao chamado de sua guerreira. O corte foi rápido, feroz, e inescapável.

Selene, em meio à sua técnica de Gula, tentou bloquear, mas a força do ataque de Charlotte era incomensurável. A lâmina atravessou sua defesa e, por um momento, o tempo pareceu parar. O impacto da técnica criou uma onda de energia que cortou o chão ao redor, espalhando gelo e luz por todo o campo de batalha.

Selene recuou, seu corpo tremendo enquanto sentia o golpe profundo que Charlotte havia desferido. Ela cambaleou, mas não caiu imediatamente. Sua respiração estava pesada, e o sangue escorria de seu corpo, manchando o gelo sob seus pés. Mesmo assim, ela sorriu, um sorriso amargo.

"Então... você realmente cresceu," murmurou Selene, sua voz fraca. "Mas lembre-se, Charlotte, o poder... sempre exige um preço."

Selene finalmente caiu, seu corpo se desfazendo em um pó prateado que se dispersou com o vento. Charlotte ficou de pé, sua katana ainda em punho, o peso da vitória e da perda pesando em seus ombros. Ela havia vencido, mas a luta deixaria cicatrizes que carregaria para sempre.

As câmeras capturaram cada detalhe, e o continente inteiro assistiu, em silêncio, à queda dos anciãos. O culto do Sol e Lua, com Charlotte à frente, havia provado sua força. E naquele momento, o mundo sabia que uma nova era estava apenas começando.