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Chapter 36 - 35 - Sol Divino IV

A noite se estendia lentamente sobre os soldados, e Astracar, percebendo a inquietação de sua tropa, decidiu convidar qualquer um que desejasse para um momento de conversa ao redor da fogueira do acampamento. Nas terras secas do sertão, onde apenas uma fogueira ardia, Astracar, por precaução, solicitou a Sekiro que mantivesse vigia ao redor do acampamento, já que ele não necessitava de sono ou alimento, mas participava desses prazeres por mera afeição. Assim, em meio ao calor da fogueira, enquanto todos partilhavam da carne assada, um soldado aproximou-se de Astracar com certa timidez e disse: "General, ou mestre, não sei qual termo usar, sou Malenia, uma soldada de patente inferior, e percebi algo que gostaria de lhe comunicar."

 Astracar observou Malenia com atenção, notando a determinação em seu olhar. Ele acenou em concordância e ela começou a falar: "General, percebi movimentos suspeitos ao norte do acampamento. Eles possuem uma energia sagrada, semelhante à sua." Astracar ouviu atentamente e respondeu: "Malenia, excelente trabalho. Vou solicitar uma investigação. Gostaria de se juntar à equipe?"

Era uma oferta que nenhum soldado recusaria, uma chance de ascender na hierarquia. No entanto, Malenia não parecia entusiasmada e disse: "General, sinto-me honrada, mas acredito que não tenho força suficiente. Estou apenas no *Rank Eco Distante*, muito abaixo do necessário."

Astracar refletiu por um momento e disse: "Jovem, em uma guerra, a força bruta não é tudo. Eu sou apenas um *Rank Dragão Adormecido*, mas ainda assim estou aqui liderando pessoas mais fortes do que eu. Não se menospreze; eu acredito no seu potencial."

Malenia ficou surpresa ao descobrir o rank de Astracar. Depois de pensar um pouco, ela assentiu, aceitando a missão. "Erga-se", disse Astracar. Foi então que Sekiro emergiu das sombras, questionando: "Mestre, não me pediu para vigiar a área? Por que me chamou?"

Malenia ficou chocada ao ver o sub-general de perto. Ela não conseguia mensurar o poder dele, nem a intensidade de sua energia dominante. "Mudança de planos", anunciou Astracar. "Quero que você acompanhe Malenia e verifique a energia que ela detectou. Eu usarei a prana para sentir a presença de todos os seres que se aproximam. Conto com vocês, Sekiro e Malenia."

Dito isso, Astracar se retirou, voltando para junto dos outros soldados. Sekiro, por sua vez, olhou para Malenia e disse: "Prepare sua armadura, partiremos em breve." Ela concordou com um aceno e rapidamente foi se preparar.

No coração pulsante do acampamento do culto de Santirama, a tenda principal se ergue como um trono de sombras. Dentro dela, a voz de Queen, a Rainha Aranha Ancestral, ressoa com uma autoridade que congela o sangue. "Covardes! Como ousam recuar diante do inimigo? Suas vidas são insignificantes; sua única finalidade é servir e proteger minhas preciosas crianças!" Sua fala é um sussurro venenoso, carregado de desprezo e poder.

Os seguidores, tremendo sob seu olhar fulminante, sentem o peso de suas palavras como correntes geladas. Eles sabem que falhar com Queen é um destino pior do que a morte. Com um gesto de sua mão enluvada, ela sela o destino daqueles que a desapontaram. Cabeças rolam silenciosamente no chão da tenda, um aviso macabro para todos os que ousarem questionar sua vontade.

A cena é um testemunho do domínio implacável de Queen. Ela não tolera fraqueza, nem hesitação. Para ela, o culto e suas crianças são a extensão de seu ser, e ela fará qualquer coisa para assegurar sua supremacia e a continuidade de seu legado ancestral.

Queen caminha entre as sombras, seus olhos negros e pupilas vermelhas brilhando com uma intensidade sobrenatural. Ela é a guardiã das crianças e a sacerdotisa do culto, uma figura temida e reverenciada por todos que cruzam seu caminho. Sua aparência é tão marcante quanto sua reputação: olhos profundos como abismos negros, cabelo bicolor com mechas negras e brancas e pontas vermelhas, e uma armadura adornada com símbolos aracnídeos que contam histórias de batalhas passadas e vitórias conquistadas.

Ela é a tecelã do destino, entrelaçando fios invisíveis que moldam o mundo à sua vontade. Sua crueldade é lendária, e sua frieza é como o aço mais afiado. Assim, Queen reina sobre seu domínio sombrio, uma aranha ancestral cuja teia se estende por gerações. Seu poder é absoluto, e sua vontade é inquestionável. Ela é a personificação da escuridão, uma rainha sem piedade, cujo legado ecoará através dos séculos.

Queen, a Rainha Aranha Ancestral, revela seu plano sinistro. "Minhas crianças estão com fome?" ela questiona, sua voz um sussurro que se espalha como veneno. "Então vamos saciar essa fome. Vamos destruir o acampamento deles agora que o mais forte saiu." Seus seguidores se agitam, a excitação crescente como uma onda prestes a quebrar.

"Como sei disso?" ela continua, um sorriso cruel desenhando-se em seus lábios. "Minha Criança favorita me disse." A menção de sua Criança favorita, um espião infiltrado no acampamento inimigo, traz um murmúrio de admiração dos presentes.

Ela começa a rir, um som macabro que ecoa pelas paredes da tenda, e finaliza com uma declaração que é tanto uma promessa quanto uma maldição: "Isso é em nome dele." O nome não é pronunciado, mas todos sabem a quem ela se refere — a entidade misteriosa acima de todos no culto de Santirama.

Os soldados de Sol e Lua, ignorantes do perigo que se aproxima, continuam suas rotinas noturnas. Malenia, a soldada de patente inferior, sente uma inquietação crescer dentro de si. Sekiro, o sub-general, permanece vigilante, seus olhos varrendo o horizonte em busca de qualquer sinal de ameaça.

O destino de ambos os acampamentos está prestes a se entrelaçar em uma dança mortal. A batalha que se avizinha será contada por gerações, uma luta não apenas por território, mas pela própria alma do sertão.

E assim, sob o manto da noite, o culto de Santirama avança, suas sombras se fundindo com a escuridão, prontos para tecer um novo capítulo na tapeçaria da guerra.