Chapter 4 - As-Cartas-De-Ninguém-Parte-2.

Já haviam se passado três semanas desde que Harry fugiu da casa de seus tios. E era incrível essa sensação de liberdade que o garoto tinha, não precisava mais criar uma imagem de garotinho bobo para seus tios, não teria que aceitar receber as ordens e humilhações quieto. São tantas novas emoções que ele até acabou por esquecer-se da carta endereçada a ele na casa dos Dursley.

 

Após todo o incidente na casa, Harry decidiu seguir para um lugar que seus tios não o achariam. Submerso em seus pensamentos, ele nem notara que já era dia e que se encontrava em frente a um estilo de pousada, caminhara a noite toda, e fora a melhor aventura de sua vida, estar sozinho, ir a onde quiser, fazer o que quiser... e agora tal local que o mesmo pela primeira vez usara de sua esquisitice para guiar seus passos, era um lugar bem surrado e levemente sombrio, as pessoas usavam capas e vestes negras e o mais estranho de tudo é que elas sussurravam umas para outras enquanto o encaravam caminhando.

 

 

- Com licença... - Harry disse para uma mulher que estava de costas para ele no atendimento.

 

 

Assim, rapidamente ela se virou e anunciou:

 

- Bem-vindo ao caldeirão furado, em que posso ajudá-lo? - A mulher que se mostrava de cabelos escuros e pele clara com uma aparência de vinte e poucos anos, acabou respondendo.

 

 

- Estou procurando algum lugar para me hospedar, qualquer quarto serve contanto que eu possa ficar por tempo ilimitado. - Harry disse para a mulher que o encarava com certa curiosidade.

 

 

- Por acaso irá para o beco diagonal? - A mulher perguntou enquanto pegava alguns documentos embaixo do balcão.

 

 

- O que é beco diagonal? - Harry indagou com uma expressão de dúvida, deixando a mulher levemente surpresa.

 

 

Não sabia se era algum bairro ou coisa do tipo, só estranhava que a dona do balcão realizava diversas perguntas esquisitas nos próximos minutos. Porém, como nunca havia tido um bom contato com outras pessoas, o mesmo optou por deixar de lado e apenas respondê-las.

Após isso, a mulher continuou fazendo algumas perguntas para Harry, onde descobriu que ele havia saído da casa dos tios e precisava de um lugar para morar. O mais impressionante de tudo, era que o garoto havia conseguido entrar no caldeirão furado sem ao menos ser um bruxo, isso segundo a linha de raciocínio dela.

De forma que não querendo deixar um cliente desconfortável com as perguntas, ela simplesmente permitiu que ele fosse hospedado sob certa supervisão e controle geral por parte de seus criados ocultos.

 

 

- Certo! Esses são os documentos de sua hospedagem, temos incluso um café da manhã, ele estará na mesa todos os dias das 06:00 as 09:00, precisa de mais alguma coisa? - A recepcionista explicou ainda estranhando que uma pessoa comum tenha notado sua hospedagem.

 

 

- Só isso mesmo, obrigado. - Harry disse enquanto subia as escadas para o seu novo quarto.

 

 

- Quem era esse? - Um homem corcunda de vestes negras perguntou.

 

 

- Um garoto que fugiu da casa dos tios, apenas estou surpresa por ele conseguir encontrar esse lugar facilmente sem ao menos ser bruxo. - A recepcionista respondeu. - Não se preocupe, irei entender quem ele é e nada de ruim terá entre trouxas e bruxos. É só essa aparência dele, me faz lembrar de alguém. - Continuou ela perante o olhar estranho do homem.

 

 

[ ... ]

Após isso os dias seguiram com Harry morando no segundo andar do caldeirão furado, na parte da manhã ele ajudava a recepcionista, que acabou descobrindo ser chamada por Martha Abbot. Eram um pouco estranhas às diversas perguntas frequentes que ela fazia para Harry, sempre perguntando se coisas estranhas ocorriam com ele ou até mesmo acidentes mal explicados.

No período da tarde, Harry estudava matérias facultativas relacionadas a astronomia. Sempre foi muito inteligente e pegava fácil a matéria ensinada para garotos e garotas mais velhos do que ele, fora a fascinante ideia do espaço sideral que ele sempre tanto estudou e teorizou sozinho na biblioteca escolar.

Fora isso, o mesmo treinava suas habilidades de luta corporal e técnicas com a katana, não sabia de onde tirava todo esse entusiasmo com técnicas de batalha, porem se sentia menos solitário ao manter sua mente ocupada com alguma atividade.

Todos os acontecimentos das últimas semanas passavam pela cabeça de Harry, e isso não era algo ruim, era algo incrível. Ele estava extremamente feliz em poder se virar sozinho, não precisava de ninguém ditando as regras para ele e finalmente pode agir com sua real personalidade. Harry que antes se mostrava muito alegre e receptivo nas casas dos tios, agora se mostrava mais sério e concentrado no que fazia, sempre andava com um estilo de terno preto, tal terno continha botões e alguns desenhos com a cor prata, havia comprado um cordão no caldeirão furado, tal cordão era um estilo de brasão com quatro símbolos um ao lado do outro.

 

Ao perguntar para dona o que era aquele brasão representado em quatro partes com um "H" bem desenhado no centro, teve como resposta que era um time de futebol antigo. Isso mesmo, após Martha perceber que Harry não detinha de nenhum conhecimento bruxo, ela parou com as perguntas esquisitas e deu ordem para ninguém naquele local falar sobre assuntos relacionados, não sabia o porquê, mas sentia grande simpatia com o garoto e desejava que o mesmo não fosse encontrado pelos tios para continuar sofrendo de tal maneira.

Mal notava ele que o símbolo de seu colar, era o mesmo da carta recebida, porém talvez isso ocorria pelo mesmo não querer se lembrar de nada dos tios e assim focou sua atenção total em qualquer atividade paralela.

 

 

[ ... ]

Harry acabara de sair do barbeiro onde pediu para o mesmo dar um jeito em seu cabelo, que sempre insistiam em ficarem bagunçados acima dos olhos, para espanto do barbeiro, os cabelos de Harry não se mantinham certos de maneira alguma, até pensou em cortar estilo militar, porém desistiu disso e após diversos penteados diferenciados, finalmente pode encontrar um jeito de deixar organizado e estiloso, seus cabelos se encontravam levemente arrumado dos lados com a parte de cima um pouco bagunçada porem com ele fixado para trás em um penteado bem estiloso ao Potter.

No momento em que saiu do barbeiro, Harry teve a sensação de estar sendo vigiado. Por um momento pensava que poderia ser os Dursley, porém deixou esse pensamento de lado ao saber que seus tios deveriam estar mais do que felizes por não o ter por perto e ele estar bem longe daquele lugar, desde que andara durante horas para se afastar da Rua dos Alfeneiros, ao ponto dele mesmo se perder em onde estava.

 

 

E para seu feliz engano, a família Dursley passava por um perrengue por conta da loucura de Válter.

Na casa dos Dursley, após seis dias do suposto desaparecimento de Harry Potter, algo que Válter e Petúnia inventaram aos vizinhos para encontrar Harry.

Exatamente em uma sexta-feira chegaram nada menos de doze cartas para Harry. Como não passavam pela portinhola da correspondência, tinham sido empurradas por baixo da porta, metidas pelos lados e algumas até forçadas pela janelinha do banheiro no térreo.

Válter ficou em casa de novo. Após queimar todas as cartas, apanhou martelo e pregos e fechou com tábuas as frestas em volta das portas da frente e dos fundos, de modo que nenhuma carta entrasse.

No sábado as coisas começaram a fugir ao seu controle. Vinte e quatro cartas acabaram entrando em casa, enroladas e escondidas nas duas dúzias de ovos que o leiteiro, muito confuso, entregara à tia Petúnia pela janela da sala de estar.

Enquanto tio Válter dava telefonemas furiosos para o correio e a leiteria tentando encontrar alguém a quem se queixar. Petúnia picava as cartas no processador de alimentos.

 

 

E em todas as cartas notificavam:

"Para Harry James Potter. - Garoto perdido da rua dos Alfeneiros, N°04."

 

 

Duda se perguntava quem queria falar com Harry nessa urgência toda, porém não conseguia obter respostas, pois seu pai sempre destruía as cartas.

Na manhã do domingo, Válter sentou-se à mesa do café, parecendo cansado e um tanto doente, porem feliz.

 

 

- Não tem correio aos domingos, nada de cartas idiotas hoje... - Válter disse sinistramente risonho enquanto passava geleia em uma fatia de pão. Porém, para seu desespero, alguma coisa desceu chiando pela chaminé do fogão enquanto ele falava e bateu com força em sua nuca. No instante seguinte, trinta ou quarenta cartas saíram velozes da lareira como se fossem tiros. Os Dursley se abaixaram desesperados com Válter simplesmente gritando irritado.

 

 

- Já chega, mesmo sem aquele moleque isso ainda acontece! - Disse Válter, tentando falar com calma, mas, ao mesmo tempo, arrancando tufos de pelos dos bigodes. - Quero vocês aqui de volta em cinco minutos prontos para sair! - Continuou ele de forma irada. - Vamos viajar. Ponham apenas algumas roupas nas malas. Não quero discussão! - Ele parecia tão perigoso com metade dos bigodes arrancados que ninguém se atreveu a discutir.

 

 

Dez minutos depois eles tinham retirado as tábuas para passar nas portas e estavam no carro, correndo em direção à estrada. Duda fungava no banco traseiro, o pai o tinha dado um tapa na cabeça por atrasá-los tentando empacotar a televisão, o vídeo game e o computador na mochila esportiva.

Os Dursley viajaram no carro, e viajaram por um bom tempo. Nem Petúnia se atrevia a perguntar aonde iam.

Ocasionalmente Válter fazia uma curva fechada e seguia na direção oposta por algum tempo.

Após horas de viagem, Válter, Petúnia e Duda pararam finalmente à porta de um hotel de aspecto sombrio na periferia de uma grande cidade.

 

 

Comeram cereais velhos e torradas com tomates enlatados frios no café da manhã do dia seguinte. Tinham acabado de comer quando a proprietária do hotel se aproximou da mesa:

 

- Com licença, mas um dos senhores é o Sr. Harry James Potter? É que eu tenho umas cem dessas na recepção. - E ergueu uma carta para eles poderem ler o endereço em tinta verde.

 

"Para: Sr. Harry James Potter. - Temporariamente perdido, filiações: Familiares situados no quarto 17, Railview Hotel Cokeworth."

 

 

Válter terminou de ler e simplesmente subiu para seu quarto completamente irado, onde queimou todas as cartas de uma vez.

 

 

- Não seria melhor simplesmente irmos para casa, querido? - Petúnia sugeriu timidamente dentro do carro, mas Válter não parecia ouvi-la. Exatamente o que andava procurando, ninguém sabia. Ele os levou até o meio de uma floresta, desceu do carro, espiou à volta, sacudiu a cabeça, tornou a embarcar no carro e partiram outra vez. O mesmo aconteceu no meio de um campo arado, no meio de uma ponte pênsil e no alto de um edifício garagem.

 

 

- Papai enlouqueceu, não foi? - Duda perguntou, cansado, à tia Petúnia no fim daquela tarde, Válter estacionara no litoral, passara a chave no carro com todos dentro e desaparecera.

 

 

- É segunda-feira, O Grande Humberto vai se apresentar hoje à noite. Quero estar em algum lugar que tenha televisão. - Petúnia disse.

 

 

- Encontrei o lugar perfeito. - Válter disse enquanto voltava com diversas sacolas de comidas e bebidas. Fazia muito frio do lado de fora do carro. Válter apontou para o que parecia ser um grande rochedo no meio do mar. Encarrapitado no alto do rochedo havia o casebre mais miserável que se pode imaginar. Uma coisa era certa, ali não havia televisão.

 

- Estão anunciando uma tempestade para hoje! - Disse Valter alegre, batendo palmas. - E este senhor teve a bondade de concordar em nos emprestar seu barco. - Válter continuou apontando para um homem desdentado que vinha descansadamente em direção a eles. - Já comprei comida para uma semana, portanto, todos a bordo!

 

 

Após alguns longos minutos remando aquele pequeno barco finalmente estava dentro da "casa", o lugar era horrível, completamente empoeirado e mofado, a única coisa que salvava eram as duas camas de casal que havia na sala.

A tempestade rugia cada vez com maior ferocidade à medida que a noite avançava.

Petúnia pensava que seu marido estava louco, porém o entendia. Talvez a casa na Rua dos Alfeneiros estivesse tão abarrotada de cartas que Válter ficaria muito pior de como já está.

Nunca aceitou coisa dessa gente estranha e não era agora que mudaria, pelo menos aqui estariam seguros e longes das cartas. Era isso que ela pensava, até começar a ter um frio na espinha, sentindo que algo de ruim poderia ocorrer nessa noite, à chuva e tempestade não ajudavam em nada perante esses pensamentos negativos.

Petúnia tentava de toda forma dormir, já haviam se passado horas, estava muito perto da meia-noite.

 

 

- "Três minutos, seria o mar batendo tão forte na rocha?" - Petúnia pensou enquanto escutava os diversos barulhos da tempestade.

 

"E faltavam dois minutos, que barulho esquisito de trituração era aquele? Será que a rocha estava se desintegrando no mar?" - Petúnia pensava.

 

 

Mais um minuto para meia-noite, ela se sentia realmente cansada nesse momento, trinta segundos... vinte... dez, nove, oito. Enfim ela caiu no sono.

Porém, logo para atrapalhar, o som da porta sendo escancarada chegou aos ouvidos de todos, no qual fez Petúnia se levantar e Valter e seu filho acordarem.

O casebre todo estremeceu, a porta havia sido aberta brusca e finalmente puderam enxergar o responsável por tudo.

 

 

 

E com isso dou fim ao quarto capítulo da Changed Prophecy.

Espero que estejam gostando e não esqueçam e comentar.

Martha Abbot terá uma certa amizade com Harry que o ajudara muito no decorrer dos livros.

Enfim, aguardo todos na seção de comentários, seja com críticas, opiniões, ideias, ou seja, lá o que. XD

Kenjutsu: É a arte marcial japonesa clássica do combate com espadas.

Cordão comprado no Caldeirão Furado: https://http2.mlstatic.com/colar-hogwarts-as-quatro-casas--D_NQ_NP_823854-MLB25689868510_062017-F.webp