O sol recém nascia sobre a academia, lançando raios tênues pelo pátio. Nelson, Tito, Margot e Wesley estavam reunidos, uma nova tensão pairando sobre eles. No horizonte, o iminente torneio trazia expectativas e preocupações. Olabe, como prometido, não havia aparecido ainda.
"Será que ele vai mesmo chegar atrasado?" perguntou Nelson, tentando mascarar a preocupação em sua voz.
"É só o jeito dele," Margot respondeu, com um suspiro que misturava frustração e aceitação.
Sem perder mais tempo, Wesley sugeriu que começassem o aquecimento, e os quatro logo se envolveram em exercícios de alongamento. Foi então que ouviram passos calmos e despretensiosos: Olabe finalmente aparecia. Suas novas joias reluziam ao sol, e sua expressão indiferente não surpreendia a nenhum deles.
"Ele veio," Tito comentou com um sorriso debochado para Nelson, que apenas revirou os olhos.
"Estão ansiosos?" Olabe perguntou, já se posicionando para o treino.
Margot respirou fundo, pronta para responder, mas algo interrompeu o grupo. Um som seco ecoou do alto do portão. Ao erguerem a cabeça, viram uma figura envolta em um manto negro, observando-os com um olhar fixo e indecifrável.
"Quem é ele?" perguntou Wesley, franzindo a testa.
"Não faço ideia, mas duvido que seja da academia," Nelson respondeu, dando um passo para trás.
O estranho pulou do portão, aterrissando com leveza à frente dos alunos. Sua presença era fria, calculista, e seu olhar, sem desviar, parou em Olabe.
"Então você é o famoso aluno promissor?" ele questionou com um sorriso irônico.
"Depende de quem está perguntando," Olabe retrucou, sem perder a calma.
O homem soltou uma risada seca e escarninha. "Achei que encontraria um mago poderoso, mas só vejo crianças brincando de ser forte."
Antes que Olabe pudesse responder, Gregore apareceu no pátio, atraído pela energia perturbadora do visitante.
"O que você está fazendo aqui?" Gregore indagou em um tom firme e autoritário.
"Uma visita apenas. Ouvi dizer que esta academia anda formando talentos interessantes," respondeu o homem com um sorriso enviesado.
"Visitas sem aviso não são permitidas," Gregore replicou, parando ao lado dos alunos. "Se não tem permissão, é melhor partir."
O estranho lançou um olhar de desprezo para Gregore, mas depois de uma rápida análise, recuou. "Que seja. Mas lembrem-se, crianças, o mundo lá fora não é um lugar seguro para prodígios." Ele se virou e saiu pelo portão, deixando uma tensão palpável atrás de si.
Assim que a figura desapareceu, Gregore voltou-se para seus alunos, seu rosto sério e preocupado.
"Essas visitas não são um bom sinal. Cada um de vocês pode se tornar alvo de pessoas com intenções sombrias. E por isso, o torneio que se aproxima é mais do que uma competição; é um teste. Estejam preparados," alertou, afastando-se para reforçar a segurança da academia.
Olabe apenas sorriu levemente, mas algo em seu olhar mostrava que ele ponderava sobre as palavras de Gregore e suas possíveis consequências.
Determinados e um pouco assustados, os outros alunos retornaram ao treino com uma nova motivação. Aquele torneio deixara de ser uma simples competição.
[...]
Do lado de fora dos portões, o homem misterioso, Marcus, caminhava tranquilamente pelas ruas até uma clareira escondida. Ali, um portal mágico o aguardava. Ele lançou um último olhar ao horizonte e atravessou, emergindo em um imenso salão escuro, iluminado por velas flutuantes e adornado com símbolos antigos.
No fundo do salão, sentado em um trono de pedra negra esculpida com runas, estava o chefe da facção criminosa. O homem exalava uma presença dominante e fria — nada menos que o Líder cuja liderança implacável era temida.
"O que descobriu, Marcus?" ele perguntou com um tom calmo, mas ameaçador.
Marcus inclinou a cabeça em respeito. "O garoto Olabe. Ele é mais promissor do que esperávamos, mas parece cercado pela vigilância da academia, especialmente do diretor Gregore."
O chefe assentiu, um brilho de interesse nos olhos. "Gregore... sempre interferindo. Um obstáculo, mas não insuperável. E quanto ao garoto? Algum sinal dos poderes especiais que ele esconde?"
"Ele é habilidoso e, pelo que percebi, usa artefatos para suprimir sua magia. Além disso, parece distante dos colegas. Essa solidão pode ser útil para nós," respondeu Marcus, com um leve sorriso.
O chefe sorriu, satisfeito. "Excelente. Alunos solitários são mais fáceis de manipular. Quero que continue observando-o. No momento certo, faremos uma oferta... uma que ele não poderá recusar."
"Sim, senhor," Marcus respondeu com uma reverência.
"E, mais uma coisa," o chefe acrescentou, seus olhos frios faiscando com malícia. "Se ele recusar, tire-o da academia. Ou, se necessário, elimine-o."
Marcus sorriu, ciente da permissão para agir sem limites. "Deixe comigo. Ele logo perceberá que o caminho seguro nem sempre é o mais inteligente."
Com um leve aceno, o chefe o dispensou, e Marcus se retirou, já planejando suas próximas ações para subjugar Olabe — ou eliminá-lo, se fosse necessário. O chefe ficou em silêncio, mergulhado em seus próprios planos. Olabe era mais do que uma simples peça no tabuleiro; era um alvo que ele pretendia moldar ou destruir.