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Chapter 12 - Capítulo 12

O primeiro combate do torneio havia terminado, e a arena encontrava-se em processo de limpeza pelos professores. Gregore, em pé no centro do local, ergueu a voz para anunciar a próxima etapa do evento.

"Agora que terminou o primeiro combate, iremos dar um tempo para os professores terminarem de limpar a arena. Enquanto isso, as equipes que irão lutar o próximo combate, por favor, se preparem."

A excitação do público começava a diminuir enquanto os alunos se deslocavam para seus respectivos preparativos. Adam se virou para seu grupo, seu olhar firme e confiante.

"Vamos nos preparar. Seremos os próximos." Mas, antes que pudesse dar mais um passo, Margot se aproximou e agarrou seu braço com firmeza. Seus olhos carregavam uma seriedade inabalável.

"Adam, antes de você ir se preparar, precisamos continuar a nossa conversa."

Adam soltou um suspiro leve e olhou para os demais membros da equipe. "Podem ir se preparar sem mim. Vejo vocês depois." Então, voltou seu olhar para Margot. "Vamos. Não podemos tratar disso aqui."

Os dois se afastaram para um local mais discreto nos corredores da academia. O burburinho do torneio ficava distante, permitindo que pudessem falar sem interrupções.

"Pronto, agora me fala o que você conseguiu achar," Margot disse, cruzando os braços.

Adam suspirou antes de responder. "Margot, antes de tudo, você precisa ficar ciente de algumas coisas."

Ela arqueou uma sobrancelha. "Tudo bem. Prossiga."

"Primeiro, o meu favor. Se você não o cumprir, nada estará feito. Entendeu?"

Margot estreitou os olhos. "Sobre isso... você ainda não me falou o que terei que fazer."

"Seu favor não irei precisar por agora. Talvez no futuro, quando eu mais precisar. Agora, sobre o seu pai..." Adam fez uma breve pausa, seu semblante carregado de um peso incomum. "Eu não consegui quebrar a barreira."

O rosto de Margot se contorceu em um misto de frustração e raiva. "Como? Você afirmou com uma arrogância inimaginável que iria conseguir! E agora me diz que não conseguiu nada? Eu sabia... só perdi meu tempo com você."

"Margot, espera! Eu preciso te contar o que descobri."

"O quê? Que você não é tão bom nisso como imaginava?"

Adam franziu o cenho, seu tom adquirindo uma seriedade cortante. "Guarde essa sua arrogância para depois. O que tenho para te contar é sério, tá bom?"

Margot manteve-se em silêncio, permitindo que ele continuasse.

"Na verdade, eu consegui sim quebrar a barreira. Mas o problema é que eu não vi nada. Absolutamente nada. Quando a barreira se quebrou, foi como se tudo fosse coberto por uma imensa escuridão."

Margot arregalou os olhos. "Como assim? Está me falando que meu pai simplesmente não está em lugar nenhum?"

Adam cruzou os braços, o olhar fixo no chão. "É muito mais do que isso. É como se ele nunca nem tivesse existido neste mundo. Porque, mesmo se ele não aparecesse, era para pelo menos ter deixado algum rastro de onde poderia estar. Mas nem isso apareceu."

Um silêncio pesado pairou entre os dois. Margot tentava processar as informações, seu coração batendo forte no peito. "Você está me dizendo que meu pai... não existe mais?"

"Talvez existam outras opções para esse tipo de situação. Mas primeiro, vou investigar mais um pouco para ter certeza."

Margot respirou fundo, tentando manter a compostura. "Tudo bem. Não tenha pressa. Faça isso com calma... e me desculpe pelo meu ataque de antes."

Adam esboçou um leve sorriso. "Sem problemas."

O peso daquela conversa ainda pairava sobre eles. Mas, por ora, restava apenas esperar pelo que Adam descobriria a seguir.

[...]

O tempo passou como uma brisa fria que anuncia uma tempestade. De volta à arena, o silêncio deu lugar ao burburinho de expectativa. Os professores haviam terminado a limpeza, e as luzes mágicas flutuantes retomaram seu brilho total, iluminando o campo de batalha como se um novo palco estivesse prestes a ser revelado.

Gregore ergueu novamente a voz, agora mais solene. "O segundo combate está prestes a começar! Que as equipes 'Lâmina de Prata' e 'Raiz Carmesim' entrem na arena!"

"Como assim nós poderíamos ter dado um nome para nossa equipe?" Tito pergunta frustrado por serem uns dos únicos a não terem um nome para a equipe.

Nelson apenas lhe olha com um olhar estreito, "sério que você está mesmo preocupado com isso?" Tito como resposta apenas da de ombros.

Gritos e aplausos ecoaram pelas arquibancadas. O som dos passos ritmados dos competidores sobre a pedra ressoava com a cadência de um ritual antigo. Adam surgiu entre eles, agora de volta ao lado de seus companheiros. Seu semblante estava mais sério do que de costume, mas havia uma chama em seus olhos — algo novo, ou talvez algo que havia sido reacendido.

"Você demorou", comentou tsunoda, o mais calmo da equipe, enquanto verificava as runas em sua lança.

"Estou aqui agora. Isso é o que importa", respondeu Adam, ajeitando a gola de seu uniforme de combate.

Ninguém insistiu no assunto. A tensão do momento era suficiente para ocupar suas mentes. Do outro lado, os membros da 'Raiz Carmesim' também estavam prontos. Liderados por Kael, um guerreiro de cabelos vermelhos e olhos tão intensos quanto brasas, a equipe irradiava confiança agressiva.

"Espero que estejam prontos para cair." Disse Kael, com um sorriso provocador.

Adam o encarou de volta, sem perder a compostura.

"Vamos ver se você fala tanto com a boca cheia de terra."

Gregore ergueu uma das mãos, seu manto oscilando ao vento mágico que percorria a arena. "Regras ativadas. Limite de tempo: quinze minutos. Vitória por rendição, nocaute ou anulação de todos os membros da equipe adversária. Preparar... Comecem!"

Um estrondo mágico ressoou. As barreiras protetoras se ergueram ao redor da arena, e o combate teve início.

Tsunoda avançou primeiro, sua lança se movendo como um raio prateado. Ele colidiu com o escudo de um dos oponentes, criando faíscas de energia mágica. Atrás dele, Lira — uma maga especializada em encantamentos de suporte — ativava runas no chão, aumentando a velocidade de sua equipe.

Adam observava, imóvel. Ele esperava. Analisava.

"Se essa equipe é tão orgulhosa, vão atacar direto."

E ele estava certo.

Kael surgiu do flanco esquerdo, brandindo uma lâmina de fogo. Adam reagiu em um instante, bloqueando com sua espada envolta em um brilho azul. O choque das espadas ecoou como um trovão abafado.

"Você luta melhor do que fala", provocou Kael.

"E você fala melhor do que pensa." Respondeu Adam, recuando e preparando uma técnica de contra-ataque.

Em meio aos ataques, uma sensação desconfortável tomou conta de Adam por um breve instante. Como um sussurro distante, uma presença que não devia estar ali.

"Essa sensação... igual àquela escuridão..."

Ele quase perdeu o foco, mas voltou à realidade a tempo de desviar de um feitiço vindo em sua direção.

"Concentre-se, Adam! " Gritou Lira, sua voz carregada de preocupação.

Ele assentiu, mas em sua mente, algo estava claro: a escuridão que havia sentido ao tentar encontrar o pai de Margot... estava começando a se aproximar do mundo real.

A luta seguiu intensa. Magia, técnica e estratégia colidiram como forças da natureza. Mas algo havia mudado.

E Adam sabia: o que quer que estivesse à espreita na escuridão, logo deixaria de ser apenas uma sombra.

As espadas colidiram com a fúria de trovões, cada impacto reverberando pela arena encantada. A multidão vibrava a cada movimento preciso, a cada feitiço bem lançado. Mas para Adam, o som parecia distante. Havia algo... errado. Algo fora de lugar.

Kael girou a lâmina em um ataque horizontal, mas Adam desviou com facilidade, os olhos estreitos. Ele não olhava mais apenas para seu oponente. Seus sentidos estavam voltados para algo que só ele parecia notar.

'Está se aproximando. Não é só uma sensação... é real.'

"Adam!" Gritou Lira de novo. "O flanco esquerdo!"

Ele se moveu por puro instinto, parando um golpe duplo que teria derrubado qualquer outro. Seu corpo reagia, mas sua mente vagava entre duas realidades: a luta diante dele e a presença que não pertencia àquele mundo.

Do lado de fora, Margot observava, seus olhos fixos em Adam. Ela também sentia algo — um arrepio sutil, uma ausência que latejava no fundo do peito. Ela levou a mão ao colar de pedra escura que pertencia ao seu pai.

"A mesma sensação do dia em que ele desapareceu..."

De volta à arena...

Kael recuou, ofegante. Ele lançou um olhar desconfiado para Adam. "Que tipo de feitiço é esse? Você está em outro lugar."

Adam não respondeu. Ele fixou os olhos no céu artificial conjurado sobre a arena.

Ali, por uma fração de segundo, ele viu.

Uma rachadura. Minúscula. Invisível a olhos comuns. Mas para alguém que tocou aquela escuridão antes... era como um grito silencioso.

"Lira! Use um selo de detecção no céu. Agora!"

"O quê?! Por quê?"

"Apenas faça!"

Confusa, mas confiando em Adam, Lira lançou um selo de detecção avançado. Um círculo mágico dourado se abriu acima deles... e então, a plateia silenciou.

Ali, entre as nuvens ilusórias da arena, uma sombra começou a se formar. Não era parte do combate. Não fazia parte de nenhum feitiço.

Gregore se levantou de seu assento, os olhos arregalados. "Todos parem! Suspendam o combate imediatamente!"

Mas já era tarde.

Do alto, algo caiu. Não era matéria. Era ausência de matéria. Uma forma distorcida de puro vazio, como se tivesse sido arrancada da própria realidade.

Tsunoda tentou se mover, mas sua lança caiu no chão como se o peso do mundo tivesse dobrado sobre ele.

Adam deu um passo à frente. "Eu te conheço... você é a coisa que estava protegendo a barreira da mente do pai da Margot, não é?"

A sombra não respondeu. Não podia. Não tinha voz. Mas pulsava com uma presença sufocante. Uma inteligência faminta. E mesmo sem boca, ela estava faminta de algo — ou de alguém.

Gregore desceu da arquibancada com velocidade surpreendente, conjurando círculos de proteção ao redor da arena.

"Protejam os alunos! Essa coisa não devia estar aqui! Isso... é magia proibida!" A multidão começou a entrar em pânico, mas as barreiras mágicas impediram qualquer saída apressada.

Kael recuava, assustado. "Isso é coisa sua?!" Berrou ele para Adam.

Adam estava imóvel, os olhos fixos na sombra. "Isso... veio atrás de mim."

O vazio deu um passo à frente, distorcendo o chão sob seus pés inexistentes. Ele se aproximava. Mas antes que pudesse avançar mais...

"Selo de Phodarion!" Bradou Gregore, lançando um selo de contenção ancestral.

A arena explodiu em luz, engolindo a sombra em uma cúpula de luz. O vazio se contorceu, tentando resistir... mas aos poucos, começou a desaparecer, como poeira levada pelo vento.

Silêncio. Apenas o som das respirações ofegantes dos lutadores.

"O torneio está suspenso", anunciou Gregore, com a voz grave. "Todos os participantes devem se retirar. Agora!"

Adam encarava o centro do campo, onde a sombra desaparecera. Mas algo dentro dele sabia: aquilo era apenas um fragmento. Um sussurro do verdadeiro inimigo.