O Narrador:
Vashti tem um súbito mal-estar suas damas a acodem, não consegue imaginar que sua herdeira esteve à beira da morte naquela maldita guerra e ninguém lhe manda buscar ou sequer um aviso, um mensageiro? É da sua Princesa Shahnaz que estão falando! Nascida de seu ventre e das dores ao parir lembra até os dias de hoje.
Deve que conversar com o Imperador agora mesmo sobre isso!
Segue até a alcova do grande Shahanshah e adentra.
— Majestade, soube que Shahnaz foi gravemente ferida na guerra e quero saber o motivo pelo qual não fui convocada ou ao menos avisada e... – a Imperatriz começa a dizer e o Imperador ergue sua mão direita.
— Basta, Vashti. A Princesa Shahnaz é minha herdeira e eu estava naquele palácio para lhe dar toda a assistência, ter mais uma pessoa para lamentar ou para criar caso não ajudaria em nada, tínhamos gente o suficiente para ajudar, chorar, lamentar e rezar. – o Imperador diz com uma frieza, que não representa de forma alguma o que pensa, mas é uma maneira de dispensar sua consorte.
— E se a minha herdeira perecesse? Ia ser culpa sua que permitiu que ela fosse para essa guerra. – a Imperatriz insiste.
— Sua herdeira? Então agora Shahnaz não é minha filha, é isso que está insinuando? – o Imperador avança na direção da grande esposa real.
— De quem mais poderia ser se pertenço apenas ao grande Shahanshah desde a minha mocidade? Digo assim porque tenho apreço por minha menina. – ela se justifica.
— Eu escolho o que meus herdeiros têm permissão para fazer, Shahnaz se tornou guerreira segundo a minha vontade. – o Imperador diz, sem assumir a realidade.
Vashti se cala e pede permissão para se retirar.
— Prepare duas concubinas para essa noite. – o Imperador ordena e a Imperatriz se aborrece ainda mais.
Vashti segue para o harém, que continua agitado, a maioria em comemoração a vitória do Imperador, mas Atefeh está gritando feito uma louca, atirando objetos e ameaçando invadir a alcova do Imperador se não lhe disserem onde está Ahriman e o porquê ainda não veio lhe ver.
— Ele virá mais tarde, deve estar descansando com o exército ou conversando algo com o Imperador. – Dara diz.
Azar também tenta acalmá-la, assim como Marjan.
— Nem mesmo meu amado general veio me ver ainda, deve estar ocupado com o exército, mas continuo esperando por ele. – ela diz, sem saber que neste momento Jahangir está recolhido em sua alcova descansando e pensando em Shahnaz.
Todas veem quando a grande esposa real escolhe duas concubinas para o Imperador e manda Dara prepará-las com esmero e do jeito que ele gosta, então ela senta confortavelmente sobre suas almofadas e observa o movimento.
— Cale-se Atefeh e espere! Em breve você saberá sobre Ahriman. – Vashti diz e faz um gesto de desprezo com a mão, deixando-a ainda mais furiosa.
— Me diga agora, senão... – Atefeh ameaça.
— Se disser mais uma palavra você irá presa por desrespeitar a sua Imperatriz. – Vashti diz e gargalha.
Todas a aconselham a se aquietar, mas ela não aceita e se rebela ainda mais.
— Quero ver quem é capaz de calar a preferida do Imperador, quando ele souber...
— Soldados! Levem-na para o cárcere até ela aprender a se calar. – Vashti diz e os homens a pegam pelos braços, enquanto Atefeh vai se debatendo por todo o caminho.
— Dara, deixe que a notícia eu darei em momento oportuno. – Vashti diz e todas ficam se perguntando o que pode ser.
Amanhece e Shahanshah dispensa as concubinas, vai ao quarto de banho e se arruma, entraja as vestes reais e segue para o salão do banquete, enquanto a Imperatriz em sua alcova faz o mesmo.
Todos se encontram e desfrutam de mais um delicioso banquete, mal podem esperar para ouvir as notícias sobre a guerra, mas o Imperador decreta luto de sete dias pelos mortos e por isso adia a conversa com todos na sala do trono e todos respeitam sua decisão.
General Jahangir Azimi POV:
Amanhece, me arrumo e cuido de providenciar tudo para o funeral honroso de todos os guerreiros, muitos deles serão apenas em memória porque seus corpos estão nos campos de batalha, mas o Imperador ordena que todas as famílias recebam auxílio e os filhos tenham alimentos enquanto estiverem crescendo, muito justo.
Encontro com a minha amada Shahnaz no jardim do palácio e conversamos brevemente, momento em que Marjan Baran nos flagra.
— Meu prometido não vai falar comigo? – ela pergunta.
— Ele eu não sei, mas eu não tenho tempo para falar com ninguém. – digo rispidamente, fazendo Shahnaz sorrir.
— Interessante, parece que estava há um bom tempo conversando com Shahnaz. – Marjan Baran diz.
— Princesa Shahnaz é o modo correto de chamá-la ou Vossa Alteza, é assim que devemos tratá-la com o devido respeito. Com licença. – digo, mais uma vez com rispidez.
— Em breve precisará conversar comigo porque estaremos casados.
– Marjan Baran diz.
— Se eu estiver morto! – digo.
— Com licença, Princesa. – me despeço de Shahnaz.
Saio furioso rumo à área de treinamento, pego uma aljava e sigo para o alvo, preciso acertar alguma coisa para diminuir o meu furor, o alvo fica todo preenchido em pouquíssimo tempo.
Retorno ao palácio um pouco mais calmo e sigo para as minhas funções, apesar desses próximos dias serem dedicados aos mártires, tenho muitas coisas a fazer e por em ordem.
O Narrador:
Marjan está curiosa com esse encontro entre Shahnaz e o general, não é a primeira vez que os flagra juntos, lembra de ter visto um encontro às escondidas certa noite, será que há algo mais entre eles do que treinamentos e uma relação entre nobre e membro da realeza?
Ela precisa checar e Anoush vai lhe ajudar.
Espera mais uma vez o anoitecer e vai ao encontro de seu amante, sabe que tem que lhe dar um pagamento antecipado pelos pedidos que vai fazer, então após uma noite de intenso prazer, vestem suas roupas e conversam.
— Que devo fazer com aqueles velhos Azimi? – Anoush pergunta.
— Esqueça deles por enquanto, tenho algo mais urgente. – Marjan diz.
— Me diga o que é. – ele diz.
— Acho que Shahnaz e Jahangir tem um caso, você tem que descobrir. – Marjan diz.
— Como vou fazer isso? – Anoush pergunta.
— Tente seduzir uma das servas, você é bom nisso ou vigie ou dois.
Sou eu que vou pensar em tudo? – Marjan diz, aborrecida.
— Está bem, vou fazer o que você disse. – ele diz.
— Vou embora, senão meu prometido vai me ver. – Marjan Baran diz e vai se esgueirando da alcova do servo para o harém.
Assim que amanhece Anoush começa a colocar seu plano em ação, tenta se aproximar das damas da Princesa e joga seu charme, que acaba atraindo Pari, a mais tola e romântica das três.
— Você é mesmo como a irmã da Princesa? Porque para mim é mais linda do que ela. – Anoush diz, deixando Pari envergonhada e encantada.
— Sou dama dela, mas fomos criadas juntas. Obrigada pelo elogio, Senhor. – ela diz.
— Anoush, para você sou apenas seu criado. – ele diz e beija a ponta de seus dedos, deixando-a tímida, fazendo com que ela corra depressa para a alcova da Princesa.
— Conseguiu conquistar a menina, ainda é bom nisso, velho Anoush! – diz pra si mesmo.
Princesa Shahnaz POV:
Desperto com o som dos pássaros e sorrio, minhas damas vêm para preparar meu banho, logo depois me vestem e adornam, então sigo para o salão do banquete e somos informados de que o Imperador ordenará sete dias de luto pelos mártires das guerras, muito justo pelos que sofreram por nosso império e por suas famílias.
Fazemos questão de comparecer aos cerimoniais e logo depois me assento no jardim para repousar, momento em que encontro com o general e conversamos um pouco sobre nós, então a desagradável da Marjan Baran nos interrompe e exige atenção de Jahangir, que se aborrece e sai de perto.
Ao entardecer sigo para o salão do banquete para desfrutar de mais uma refeição ao lado dos familiares e os nobres e ao término, seguimos para as nossas alcovas.
Amanhece e vejo apenas Lila e Zena, Pari demora a chegar e quando vem é apressada e corada, pergunto o que está havendo e nada me diz, preparam tudo para o meu banho e minhas vestes, coloco um vestido rosa, acinturado e bordado, as joias, sapatilha e véu, então sigo para o salão do banquete.
Nos alimentamos e conversamos agradavelmente e quando terminamos, todos seguem para as suas atividades do palácio ou repousam, mas hoje os homens decidem ir caçar, enquanto as mulheres seguem para um bom banho e tratamentos de beleza no harém.
Sigo com elas, com a ajuda das minhas damas tiro minhas vestes e entro na água quente e com pétalas de rosas, passamos bons momentos, ouço algumas conversas, mas nem todas me agradam.
— Estamos ansiosas para que digam como foi na guerra. – Bibiana diz.
— Ter uma mulher na guerra não deve ser nada fácil. – Etty diz.
— Como são as noites durante a guerra? – Zenda pergunta.
— Como é o campo de guerra? – Meta pergunta.
— Dizem que é terrível, tenho até medo de saber. – Maio diz.
— Mudem de assunto. – Vashti recomenda.
— Vamos falar da festa que teremos em breve no palácio. – Peggy diz.
— Princesa, o que é essa marca em seu peito? – Gatha pergunta.
— É mesmo, parece um ferimento profundo. – Madge diz.
— Princesa? – Val chama.
— Sim, o Imperador dirá a respeito de tudo isso dentro de alguns dias, todos saberão. – digo.
— Cheguei, vamos falar do meu casamento que acontecerá em breve. – Marjan diz.
— Se é que vai acontecer, nunca vi prometido mais desinteressado. – Cavilha diz e todas riem.
— Importa que tudo está pronto e que o general será meu. – Marjan diz.
— Tanto quanto o harém é seu. – Gatha diz e todas gargalham.
Saio e vou para os tratamentos de beleza, recebo massagens com óleos para o corpo e preparados para os cabelos, passo o dia todo, o cozinheiro real manda um verdadeiro banquete para nós e ficamos agradecidas, músicos nos entretém e de lá vou ao anoitecer para a minha alcova.
Passamos os outros seis dias de maneira muito semelhante, passo o dia no harém fazendo algumas atividades como as minhas corriqueiras aulas de etiqueta, cuidados com a beleza, palácio, marido, harém, instrumentos musicais, canto e dança, consumindo meu tempo e energia, dando satisfação e alegria à Vashti, dispensando os serviços das minhas damas, exceto pela manhã e no final do dia.
O Narrador:
Anoush tem apenas mais seis dias para conseguir conquistar Pari e o primeiro passo acaba de dar, conhece esse tipo de Senhorita romântica e recatada, sabe muito bem o que fazer e vai investir.
Espera o anoitecer, recolhe flores, aparece na ala dos servos e entrega em suas mãos.
— Achei que gostaria de receber, são parecidas com você. – Anoush diz.
— São tão lindas, muito obrigada. – Pari diz.
— Então aceitará ver as estrelas comigo essa noite? – Anoush arrisca.
— Será que eu devo? – ela diz, insegura.
— Eu a protejo do perigo. – ele diz e ela aceita.
Vão passear e logo Anoush estende as mãos para segurar as de Pari, que sem ação permite a ousadia. Então ele vai mais além e a abraça, mas Pari se assusta e foge.
— Você precisa ir mais devagar, está assustando a presa, Anoush. – diz para si mesmo.
Mais um dia e Anoush volta a tentar, dessa vez um pedido de desculpas com uma fruta saborosa.
— Lhe devo um pedido de desculpa, mas saiba que meu coração está enamorado por você. – Anoush diz e Pari sorri tímida.
— Muito rápido, meu Senhor. Nos conhecemos há pouco tempo. – ela diz, mesmo sabendo que seu coração clama por ele.
— Me diga que não está enamorada por mim e lhe deixarei em paz.
Anoush arrisca e vai se afastando, mas de repente Pari o segura.
— Isso não posso lhe dizer. – Pari diz.
— Encontre-me à noite. – Anoush diz.
Então anoitece e novamente tenta liberdades com Pari, que vai permitindo aos poucos, se abrindo e se apaixonando a cada dia.
— Meu amor, me diga uma coisa. – Anoush diz, abraçado com Pari. — Tudo o que você quiser. – ela diz.
— Princesa Shahnaz e o general tem algum tipo de relacionamento?
Anoush pergunta.
— Por que essa pergunta? – Pari pergunta assustada.
— Porque eu já os vi juntos como nós vendo o luar. – Anoush diz e a ouve suspirar.
— Não posso dizer, eu prometi segredo. – ela diz.
— Eu sou o seu amor, não sou? – Anoush pergunta.
— Sim, você é, mas... – Pari diz.
— Então você não confia em mim? Se é isso nem devemos estar aqui... – Anoush diz.
— Está bem, eu conto. Eles são enamorados como nós. – ela revela.
Anoush acaba de descobrir a verdade, mas precisa das provas, que está tramando para conseguir em breve.
Marjan Baran vai ao encontro de Anoush.
— Que está fazendo aqui? – Anoush reclama.
— Não gosta de me ver? – Marjan estranha seu comportamento.
— Não quando você estraga os meus planos. – ele diz.
— Está indo bem com a dama? – ela pergunta.
— Acabou de me confirmar que os dois estão enamorados. – Anoush diz.
— Amaldiçoados. Agora você precisa conseguir provas. – Marjan diz.
— É o que vou fazer se você não ficar me atrapalhando. Volte para o harém e espere. – ele diz.
Marjan Baran aceita e se despede.
Último dia e chance de Anoush de conseguir uma prova contra a Princesa Shahnaz e o general, precisa pressionar Pari.
— Vamos conversar? – Anoush diz e a leva para o pátio.
— Está acontecendo algo grave? – Pari pergunta.
— Sim, você não confia em mim e tem algo que você ainda esconde, se você não puder confiar totalmente em seu amado, então é melhor que eu nunca seja seu prometido. – Anoush diz.
— Mas não tem nada que eu esteja escondendo de você. – Pari diz.
— Te dou até a noite para você pensar nisso. – Anoush diz e se afasta.
Pari reflete sobre o que pode estar escondendo de seu amado e de repente lhe vem à cabeça apenas uma coisa, então pega e decide entregar nas mãos do homem que ama, mas não vai perdê-lo, afinal agora isso já não tem nenhuma importância para quem lhe é de direito.
Assim que anoitece, vai até a alcova de Anoush e entrega o pergaminho nas mãos dele.
— Isso era o que eu estava te escondendo, agora nada mais impede o nosso amor. – Pari diz.
— Está bem, nos encontramos amanhã, meu amor. – Anoush diz.
Ele abre o pergaminho selado com o anel da Princesa e sorri.
Manda uma mensagem para Marjan vir à sua alcova, leem juntos o que está escrito e comemoram a vitória sobre a Princesa Shahnaz e o general.
Passam os sete dias de luto em Persépolis, amanhece e todos seguem com sua rotina matinal e logo se encontram no salão do banquete para desfrutar da boa refeição e agradável conversa. Então assim que terminam, Shahanshah ordena que todos sigam para a sala do trono, inclusive Shahnaz, a grande esposa real, as esposas dos Sirdares e de seus filhos, a prometida do general e suas esposas secundárias.
Assim que adentram a sala, veem o Imperador assentado em seu trono, com a Imperatriz à sua destra e a Princesa em pé à sua esquerda, todos os reverenciam e então os Sirdares iniciam a prestação de contas sobre os meses que estiveram com regentes do império, relatam sobre cada detalhe, números, informações de relevância.
Seguem a audiência enfim com os dados sobre a guerra, trazendo cada um dos seis comandantes, isso inclui a Princesa Shahnaz e cada um deles reporta os achados, espólios de guerra, no Egito e no Chipre, principalmente no primeiro são coletadas muitas riquezas em moedas e materiais nobres, além de armamentos.
Então o general Jahangir apresenta os números em relação ao contingente do exército, as perdas e os ganhos, homens mortos na guerra e os que acabam se aliando ao exército imperial, no total de oitenta mil guerreiros que era o inicial, temos atualmente setenta mil, entre perdas e ganhos.
Fazem os relatos sobre a primeira guerra e quando chega o momento em que acontece a situação de Ahriman, o Imperador pede para Shahnaz prosseguir e fazer a sua exposição.
— General Jahangir lutava com três guerreiros egípcios de uma só vez, enquanto eu estava próxima e duelava contra apenas um, foi nesse momento que vi Ahriman a pouca distância de nós, mas em frente e com uma lança na mão que jogou na direção do general, então eu decidi pular na frente para que ele não fosse atingido. – a Princesa Shahnaz diz.
— Vendo que a lança atingiu o peito da Princesa, a socorri depressa e chamei todos os guerreiros ao redor para nos proteger, enquanto a levava para a tenda dos feridos e fui comunicar ao Imperador, logo depois me vinguei dos nobres egípcios, que Ahriman disse que eram os culpados por terem a atingido e logo depois o rei. – o general diz.
— Isso é mentira! Meu filho jamais faria isso, onde ele está para se defender? – Atefeh diz e o Imperador ordena que ela se cale.
Todos se mostram revoltados com a situação, então os nobres relatam sobre a prisão do general e seu julgamento, deixando-os ainda mais chocados.
— Não compreendo a motivação para a Princesa querer proteger o general com sua própria vida. – Babak diz.
— Se não compreende, posso mostrar sua motivação, se o Imperador me permitir. – Marjan Baran diz e mostra um pergaminho. Então o Imperador pede para Jaleh ler.
"Majestade,
Em uma busca incessante de alívio para o meu pesaroso coração, escrevo-lhe essa mensagem, com dupla missão, de uma confissão e súplica.
É verdade que em instantes marcharemos para a guerra, mas me perturba a intensa sensação de que essa será a minha última batalha, então peço que se caso a minha morte seja confirmada, que essa mensagem chegue às suas mãos e todo o meu segredo seja revelado.
Verdadeiros sábios terão certeza de que eu, Princesa Shahnaz, nunca fui submissa, covarde, resignada, cativa, conformada e satisfeita, pelo contrário, terão que exaltar minha bravura e destemor.
Por que digo tudo isso?
Para lhe explicar a minha verdadeira história.
Eu conheci um belo cavalheiro no palácio e na ocasião poucas palavras trocamos, mas a sua imagem ficou em minha mente como se fosse a mais linda de todas as pinturas.
Tornando-me guerreira o destino me agraciou com uma bela surpresa nos unindo, batalhamos lado a lado, pude admirar a bravura, destemor e o valoroso guerreiro que ele é, momento em que finalmente eu entendi que meu coração pertence ao Jahangir Azimi, assim como meus melhores sorrisos e o radiante brilho dos meus olhos.
Para no momento seguinte sofrer o mais terrível de todos os medos, perder o meu grande amor, afinal Jahangir deu sua vida em favor de Vossa Majestade, deixando-me ensandecida e entorpecida por dias ao seu lado, sem ter certeza se sobreviveria, mas até sua completa recuperação.
Exultante celebrei sua posição como comandante e general, tão merecido a um herói e guerreiro tão dedicado e valoroso, nenhuma decisão do Imperador poderia ter sido mais justa.
Verdadeiro amor é sacrifício, mas também é libertador, Jahangir Azimi me deu o mundo inteiro, me fez conhecer as guerras e me salvou delas.
Ele me deu a paz e a tranquilidade, com nos dias de calmaria e me protege nos dias de tempestade.
Por Jahangir Azimi sou capaz de dar a minha vida, assim como lhe entreguei o meu coração e os meus olhos.
Peço que Vossa Majestade me perdoe por amar tão devotadamente o seu general, mas escrevi em um ímpeto de destemor para que conhecesse o verdadeiro coração de sua Shahnaz, a guerreira, a quem deste o nome de orgulho do Imperador e que eu o possa ser para sempre, mesmo que eu tenha perecido nessa guerra.
Jahangir, se puder ler ou ouvir essas últimas palavras, suplico que me perdoe por ter lhe abandonado, perecendo no campo de batalha, saiba apenas que você seguiu comigo até meu último suspiro, em minha alma, coração e brilho dos meus olhos. Amando-lhe até o fim,
Princesa Shahnaz."