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Chapter 6 - 05 - O despertar do heroi

Secilia anda um pouco à frente do grupo com olhar fixo na estátua. Alina segura o braço de Secilia e a olha preocupada, ela não era uma garota que se hipnotizava por joias ou riquezas.

— O que foi, Secilia?

— Vocês não estão ouvindo? O sussurro…

Diz Secilia, olhando fixamente para a estátua. Rosaria, ao ouvir a frase da garota, dá um passo à frente em direção à água, se abaixando para olhar melhor a superfície do lago. Oly segue junto dela, mas permanece em pé, olhando a estátua.

— Não consigo ouvir nada, tem certeza que não foi apenas o vento da fresta?

Pergunta o caçador, virando o tronco e o rosto para o trio no fundo.

— Sim.

Secilia olha para Alina, que a solta acenando com a cabeça. A garota segue em direção ao lago, ficando ao lado de Rosaria, encarando a estátua.

— Tem algo estranho nessa água, vou avisar o Duque quando retornarmos e pedir para alguém buscar a estátua.

Diz Rosaria, observando o fundo do lago de onde a luz verde estava vindo. Ao que ela percebe, algo estava abaixo da vegetação do fundo do lago, mas devido à distância e à terra no fundo, não era possível discernir o que.

— É melhor voltarmos agora, já vimos o que estava na caverna.

— Ah, mas ainda nem conseguimos chegar até a estátua.

Questiona Alina, se aproximando do grupo junto de Clark.

— A estátua está no meio do lago, não conseguiremos chegar lá sem uma ponte ou barco.

Clark retruca, vendo a distância entre eles e o centro, entre 6 e 9 metros.

— Não é necessário…

Diz Secilia e, antes que Alina consiga questionar, a garota coloca seu pé sobre o lago.

"Esse som…"

 Secilia pensa andando sobre o lago, a cor da água abaixo da sola dos seus pés muda para um azul quase branco enquanto ela anda em direção ao centro.

— Desde quando você pode…

Alina tenta perguntar para Secilia, mas Rosaria a interrompe gritando para que Secilia voltasse. No entanto, a garota não responde e segue andando até chegar no centro próximo à estátua.

A estátua aparenta ser de um garoto ajoelhado sobre o joelho direito. O corpo da estátua possui diversos ramos cobrindo seu corpo, mas suas orelhas mais pontudas que as de humanos, mas menos que as de elfos ainda estão visíveis. Além disso, sua roupa lembra a de um viajante — capa preta que cobre boa parte do corpo e roupas comuns de aldeão —, ele segura um cajado totalmente preto que ele usa de apoio, o cajado possui diversas deformidades, mas as que mais chamam a atenção são as 3 pontas maiores, uma sobre a esfera esverdeada e duas mais abaixo, uma em formato de meia lua e outra apenas se estendendo da haste. (Igual o da capa)

— Estranho… Eu consigo ouvir uma voz… mas não vem dele.

Diz Secilia, parando em frente ao rosto da estátua e a olhando por um instante em silêncio.

— É melhor voltarmos, a estátua pode ser um objeto selado, seria perigoso demais mexer…

Antes que Rosaria terminasse a frase, a água muda de cor rapidamente para um verde forte e escuro. Por a mulher ainda estar agachada próxima à água, ela consegue ver algo se movendo no fundo e salta para trás, puxando Clark e Olyver, que estavam ao seu lado, e empurrando Alina, que estava pouco atrás dela, entre ela e Clark, fazendo ambos recuar enquanto ela grita para Secilia.

— Se abaixa! Agora!

Da água, uma mão de vinhas e pedras com três garras saem, ficando no chão onde Rosaria e o grupo estavam anteriormente. A partir da mão, as vinhas se formam, juntando pedras do chão e do fundo do lago, tomando a forma de uma criatura humanoide com rosto de vinhas marrons em forma de uma caveira de lobo e um brilho verde forte cobrindo as brechas entre pedra, madeira e vinha.

A criatura solta um rugido estridente, formado pela passagem de ar entre as pedras e a madeira.

— Para trás!

Olyver grita, tentando tomar a frente, mas Rosaria o empurra para o lado, pouco antes de um dos braços da criatura se esticar em direção ao rapaz, errando por alguns centímetros. 

A mão volta para a criatura na mesma velocidade.

A mulher de cabelo azul saca a espada curta e olha para trás do monstro, onde Secilia estava agachada próxima à estátua.

— Vou segurar a criatura, ajudem Secilia.

Antes do grupo responder, a mulher corre em uma disparada contra a criatura, a mulher obseva o movimento dos braços com foco total.

A criatura ataca com a garra esquerda de cima para baixo soltando um grunido furioso cheio de ruído.

"GRAAAAA"

 Rosaria usa a lâmina curta para desviar o golpe usando o corpo da espada e uma força elevada, fazendo a criatura acertar o chão. 

Em um segundo movimento rápido, a mulher move a espada e corta o braço esquerdo da criatura

Antes que Rosaria pudesse recuar ela é atingida na barriga por um estranho golpe que em formato de martelo, fazendo ela voar para trás e rolar duas vezes antes que possa se recuperar e fincar a espada no chão.

"Merda! Se eu tivesse uma lança!"

A mulher pensa cuspindo sangue no chão.

— Rosaria, cuidado!

Alina grita atrás da mulher. Rosaria em um impulso larga a espada e rola para o lado, pouco antes da mão direita da criatura — em forma de um martelo de pedra — atingir em cheio o local onde ela estava, esmagando a espada.

Rosaria se ergue rapidamente após o giro, sem observar por muito tempo a mão martelo. A mulher busca olhar para Secilia, mas a criatura segue freneticamente em direção à empregada impedindo ela de focar em outra coisa que não seja sobreviver.

"O que eu faço?" Se continuar assim vou acabar encurralada!"

Pensa a mulher procurando alguma abertura, de canto de olho ela consegue ver Clark e Oliver correndo em direção ao lago.

"Corre pra cá! Rápido!"

Secilia ouve a voz de Clark e anda em sua direção, mas dessa vez sua perna afunda na água, a fazendo desequilibrar e recuar, se segurando no ombro da estátua, desviando sem querer o olhar para Rosaria.

Em meio à investida da criatura, Rosaria havia sido encurralada no canto, desarmada e sem formas de fugir ou lutar.

"Rosaria!!!"

Secilia grita enquanto a criatura ergue sua mão direita e a baixa em forma de uma lâmina.

Um zunido baixo se forma no ar e cresce um segundo depois, junto de uma forte ventania que surge do nada jogando a criatura no ar. 

No mesmo instante, Secilia sente sua mão escorregar, ao olhar para trás ela vê lascas de jade caindo no ar, enquanto uma figura de cabelos dourados coberta com finas camadas verdes, se move segurando o cajado e abrindo um sorriso para desaparecer no instante seguinte, deixando para trás uma onda de vento no seu lugar, fazendo roupas e cabelos de Secilia balançar fortemente.

"O que..?"

A garota pensa ao ouvir algo sussurrar em sua cabeça, ela sente um impulso de olhar para a criatura. 

Ela vê a figura de capa preta aparecer sobre o monstro, a ponta do seu cajado se distorce em um instante tomando forma de uma lâmina. 

O homem balança o cajado com tanta velocidade que o vento ao redor começa a emitir um zunido, um instante depois a criatura é reduzida a centenas de pedaços jogados pela caverna.

Ele lentamente pousa em frente a Rosaria. Ele se vira lentamente para Secilia, abrindo um sorriso

Seu cajado volta a forma normal e ele cai inconsciente.

— Você viu o que eu vi não é, Alina?

Clark pergunta com uma expressão incrédula, vendo a criatura destruída para todos os lados. 

Alina concorda com a cabeça, ela se vira para Secilia chegando o mais perto que conseguia do lago.

— Você está bem?

Secilia ficou paralisada com os acontecimentos repentinos, mas ouvir a voz de Alina ela retoma a consciência e olha para sua amiga.

— S-sim, estou indo para aí.

Antes de andar até o lago, ela olha para o chão onde a estátua estava, vendo um ramo arco-íris logo abaixo de onde o cajado estava fincado.

— O que foi?

Pergunta sua amiga novamente, Secilia apenas volta a olhar para frente, entrando na água gelada.

A garota nada pelo lago, olhando sempre para baixo com uma expressão de medo.

— Está tudo bem, não acho que outra coisa vai sair daí.

Olyver diz vendo a expressão de Secilia, mas ele segue andando para a direção de Rosaria.

— Você está bem? Se machucou muito?

Ele estende a mão, Rosaria segura sua mão e a usa para se levantar, apoiando um pouco nele.

— Não muito, torci o tornozelo.

Olyver solta uma risada, passando o braço de Rosaria ao redor do seu pescoço.

— Agora, o que vamos fazer com ele? Nem sabemos o nome dele.

Olyver questiona Rosaria enquanto ambos observam o rapaz.

— Zefiro… O nome dele é Zefiro.

Diz Secilia ao sair do lago toda encharcada, com a roupa colada no corpo.

Clark remove sua camisa e entrega para a garota, virando o rosto para o outro lado. Ela se cobre com a camisa, Alina abre um sorriso balançando a cabeça.

— O que foi? Não posso deixar ela assim!

Diz Clark, ficando meio vermelho, e Alina abre um sorriso ainda maior.

— E quem disse que eu estou rindo por isso.

Ela se vira em direção a Secilia.

— Mas como assim, Zefiro? De onde tirou esse nome.

Secilia anda em direção ao rapaz no chão.

— Eu explico melhor na cidade, vamos levar ele daqui, me ajuda, Clark?

— Você ajuda Rosaria, eu e o Clark levamos ele.

Diz Olyver enquanto Clark se aproxima. Secilia ajuda Rosaria a se apoiar, enquanto Olyver e Clark carregam o rapaz. Alina olha para a água, vendo lascas de Jade flutuando pelo lago; ela pega algumas e guarda em um saco.

— Vamos ter que explicar pro Duque o que aconteceu aqui, talvez ele não fique tão irritado se tiver alguma prova.

Diz a garota que se junta ao grupo.

— Tem certeza que não tá querendo só uma grana?

Clark fala, esboçando um sorriso debochado. Alina responde com uma cotovelada em sua costela.

...

O grupo retorna para a cidade seguindo o caminho que Olyver havia usado para subir. Ao se aproximar da entrada da cidade, um dos quatro guardas que estavam na porta avista o grupo de longe.

— Ei, aquela com Oly não é a filha do Duque?

Pergunta o guarda para outro que olha um instante e percebe que Rosaria e o rapaz desconhecido estão sendo carregados.

— Droga, por que tinha que ser no nosso turno?

Ele diz com uma expressão triste e respira fundo.

— Chama o oficial... Parece que eles se meteram em alguma confusão.

O outro guarda concorda com a cabeça e sai em direção à cidade, enquanto o que deu a ordem segue em direção ao grupo.

— O que aconteceu, Olyver?

Diz o guarda analisando os dois carregados; ele percebe que nenhum deles possui ferimentos graves.

— Vou acompanhá-los até a estalagem, deixe que eu carrego ela pra você, senhorita.

O guarda diz andando em direção a Secilia, que recusa com um aceno negativo de cabeça.

— Agradeço, mas apenas nos escolte até lá.

O guarda concorda com a cabeça e inicia a escolta.

Após chegarem à estalagem, Secilia se despede do guarda e segue se reunindo com o grupo. 

Clark estava atrás do balcão servindo algumas bebidas, enquanto Alina enfeitava a perna de Rosaria, e Olyver descia as escadas com uma roupa nova e limpa.

— Então, como ele está?

Secilia pergunta a Olyver com uma expressão preocupada.

— Ele está bem, ainda inconsciente, mas parece apenas estar dormindo.

Olyver se senta em um banco frente ao balcão e pega um copo que Clark deixou para ele.

— Então, Secilia, que tal contar para a gente, como sabia o nome dele?

Todos olham para Secilia; a garota olha um por um e suspira.

— Do lado dele tinha uma coisa, parecia com as histórias de fantasmas que a gente ouvia, um homem transparente e pálido.

Alina se retrai um pouco na cadeira ao lado de Rosaria.

— Ele tava mexendo a boca repetindo a mesma coisa direto.

— O nome dele?

Pergunta Clark colocando um líquido meio amarelado em um copo e bebendo.

— Também, ele dizia: "Zefiro, o herói de Valos acordou."

Rosaria franziu a testa ao ouvir a frase e, antes que alguém pudesse questionar, a porta atrás de Secilia se abriu.

— Não posso deixar você sair de casa que já encontra uma confusão.

Secilia se vira para a porta, e seu pai e sua mãe estavam parados ali com uma expressão séria, mas aparentavam estar mais preocupados do que irritados.