Lith estava tão envolvido lendo para esquecer onde estava, jogando a precaução ao vento. Quando Nana o pegou em flagrante, ele estava assustado o suficiente para guinchar.
"Pensei que conhecia todos os malandros, mas não consigo reconhecer este. Qual é o seu nome, menino?"
"Lith. E o seu?" Ele respondeu enquanto fazia olhinhos. Nana agora estava mais curiosa do que irritada.
"Lith? Você quer dizer o diabinho da Elina? Não é de admirar que seu rosto seja novo para mim, você era apenas um recém-nascido da última vez que te vi."
A presença da Nana fez o burburinho parar. Algumas mulheres queriam perguntar a ela quanto tempo teriam que esperar pela vez delas, outras estavam apenas curiosas, Elina pulou da cadeira e pediu desculpas em nome de Lith.
"Não há necessidade de pedir desculpas, Elina." Nana disse. "Sem problemas. O pequeno diabinho não danificou o livro enquanto brincava com ele."
"Sim, mãe, não há necessidade de pedir desculpas." Lith odiava quando alguém falava sobre ele como se ele não estivesse lá. "E eu não estava brincando com ele, estava apenas lendo."
"Lendo? Jovem, quantos anos você tem? Três anos e algo? Se isso é uma piada, não tem graça. Eu não esperava que um dos filhos da Elina fosse um mentiroso."
"Ele não está mentindo. Durante a última tempestade, Lith estava entediado, então ele pediu ao pai dele que o ensinasse a ler, escrever e contar. Aqui está a prova." Elina entregou a régua de madeira para Nana.
A resposta de Elina a pegou de surpresa. Nana percebeu que havia atingido um nervo. Depois de estudar a régua, Nana teve que admitir que era uma ferramenta de aprendizado inteligente.
"Diga ao seu marido que essa coisa é realmente uma boa ideia. Ele poderia vendê-la ao professor Hawell. Nunca é demais ter dinheiro extra."
Elina não a deixou mudar de assunto, não até pedir desculpas por chamar seu filho de mentiroso.
"Raaz não o inventou. Lith o fez, para que ele pudesse estudar sozinho sem incomodar ninguém."
Nana ficou abalada com todas essas revelações repentinas. Seu orgulho queria evitar um pedido de desculpas, mas insinuar que Elina também estivesse mentindo na frente de todas aquelas pessoas prejudicaria a reputação de sua família.
"Então, jovem, quanto é sete vezes seis?"
"Quarenta e dois."
Nana tirou o livro das mãos de Lith e, depois de abrir uma página aleatória, o devolveu.
"O que está escrito aí? Comece do topo da página."
Lith reprimiu um sorriso. "A primeira coisa a entender enquanto estuda mágica é que é apenas uma ferramenta. Qualquer pessoa pode usá-la, mas apenas algumas pessoas podem realmente empregá-la adequadamente. Na verdade…"
"Certo, chega. Eu te devo um pedido de desculpas, Lith." Mas ela disse isso olhando para Elina. "Parece que seu filho é realmente abençoado pela luz, querida."
A sala mais uma vez ressoou com conversas, mas desta vez todos estavam discutindo o mesmo assunto.
"O que Nana quer dizer com abençoado pela luz? Não é isso apenas um conto de fadas?"
"Eu gostaria que meu filho fosse tão inteligente. Só de mandá-lo para a escola todas as manhãs já é uma guerra de atrito. Sem falar em obter resultados reais!"
Esses foram os comentários mais comuns.
Lith continuou batendo no ferro enquanto ainda estava quente.
"Posso..." De repente, ele percebeu que ignorou a palavra emprestar (borrow). "levar isso comigo por algum tempo? Eu vou devolvê-lo como está. Eu prometo."
"E o que você faria com isso? Você já pode usar mágica?" A resposta de Nana teria sido normalmente bastante diferente, mas ela já teve surpresas suficientes para um dia e não podia se dar ao luxo de ter mais sarcasmo ou ceticismo.
"Sim, posso." Lith respondeu antes de perceber seu erro.
'Sou um idiota! Acabei de revelar minha identidade! Anos de planejamento meticuloso, arruinados por esta minha grande boca. A única coisa que posso fazer é controle de danos.' Ele pensou.
"Sério? E o que você pode fazer?"
"Sim, Lith. O que você pode fazer?" Elina repreendeu. Seu pé direito batia furiosamente no chão de irritação, Lith sabia que estava em apuros.
"Eu posso fazer mágicas de vento e água para tarefas domésticas." Ele disse com um tom baixo de pedido de desculpas enquanto olhava para seus próprios sapatos.
"Desculpe, mãe, eu sei que você me proibiu de aprender mágica. Mas todos os outros na casa usam sempre, e eu estava tão entediado."
O burburinho aumentou de volume. Elina estava realmente irritada, mas não podia repreendê-lo em público. Não quando eles olhavam para eles com admiração.
'Nana parece realmente impressionada. Talvez este seja um momento decisivo na vida de Lith. Se ela o aceitar como aprendiz, poderíamos ter um curandeiro em nossa família. Não posso estragar esta oportunidade.' Ela pensou.
Elina ficou em silêncio e pensou no futuro de seu filho.
"Você mostraria para mim, por favor?" Nana perguntou, sorrindo pela primeira vez.
'Um centavo está valendo, vale uma libra. Aqui vai tudo.' Lith pensou.
"Brisa!"
Lith girou seu dedo médio e indicador duas vezes, criando tantos pequenos redemoinhos que usou para limpar rapidamente a sala. Ele fingiu perder o controle de vez em quando. Seu objetivo era impressionar, não se gabar ou assustar as pessoas.
"Oh! Oh! Oh!" Nana riu em admiração. ela podia ver cada vez mais dela no pequeno diabinho. Nana também havia sido uma criança precoce. Quando ela era da idade dele, seu talento era melhor, mas Lith ainda era uma visão notável.
Normalmente, os homens eram menos talentosos para a mágica, já que as mulheres com o seu privilégio de dar à luz estavam naturalmente mais em sintonia com a força vital do planeta. Alguns chamavam isso de energia mundial, outros simplesmente chamavam de mana.
Além disso, os meninos do campo geralmente eram cabeçudos. Eles estavam mais inclinados a trabalhar duro nos campos ou no exército, ao invés de gastar anos com os livros.
"Agora eu quero que você faça uma coisa para mim. Você disse que pode conjurar água, certo?"
Lith assentiu em resposta.
"Agora invoque água, não importa quão pouco. Você só não pode deixar cair, no entanto. Você deve fazê-la flutuar, assim." Uma esfera perfeita de água do tamanho de um punho apareceu a meio metro da mão aberta de Nana.
Lith não conseguia compreender a razão de tal pedido específico, mas obedeceu.
"Jorun!" Ele conjurou menos de um copo de água, mantendo sua forma irregular e instável. Lith não podia se dar ao luxo de cometer mais erros, seu foco estava no máximo tentando tornar sua falta de controle convincente.
A água flutuou por três segundos antes de cair. Mas, em vez de atingir o chão, ela começou a flutuar novamente, tornando-se outra esfera perfeita orbitando em torno do feitiço de Nana, como a Lua faz em torno da Terra.
Lith estava consternado. Não pela habilidade de Nana de controlar o fluxo de mana, ele já era capaz de fazer o mesmo, senão melhor.
Ele não conseguia desviar os olhos da cena diante dele. Ambas as esferas de água giravam constantemente sobre si mesmas, refletindo os arredores sobre suas superfícies. Eles capturariam a luz do sol e a transformariam em faíscas de arco-íris.
Lith sempre vira a mágica como uma força a ser enfrentada, uma grande ferramenta para construir seu futuro. Mas ele nunca pensou nela como bela.
For the first time in over three years, he was not pretending. He was really amazed, staring at the dancing lights while the memories of his old life flooded his mind.
Ele se lembrou de repente de todas as horas passadas quando criança, escondido no planetário com seu irmãozinho Carl. Eles sonhavam em se tornar astronautas, fugir para as estrelas onde ninguém jamais os machucaria novamente.
E assim, sua tristeza voltou mais forte do que nunca, expulsando a alegria. A dor pela perda de Carl o dominou, lágrimas começaram a escorrer de seus olhos.
"Lith, você está bem?" A voz de Elina o acordou de seu torpor.
Percebendo como ele se permitiu ser fraco, Lith se sentiu profundamente enojado.
'A água é apenas água, não há necessidade de ficar comovido com um simples espetáculo de luz. Reaja e siga o plano.' Lith se fortaleceu e selou todos os sentimentos que considerava inúteis. 'Estou cansado de me machucar.' Ele pensou.
"Sim, mamãe, estou bem. Fiquei emocionado com a mágica da senhora."
"Meu nome é Nerea, Lith. Mas todos me chamam de Nana."
"Por que Nana?" Nana geralmente era um termo carinhoso usado para a avó da família.
"Você vê, quando eu ainda era uma jovem donzela, todos me chamavam pelo meu nome. Mas depois o tempo passou e eu ajudei tantas crianças a virem a este mundo que elas começaram a me chamar de Mamãe. Depois de ainda mais tempo, essas crianças tiveram seus próprios filhos e elas começaram a me chamar de Nana." Ela bagunçou o cabelo de Lith.
"Tenho uma proposta para você. Agora você é muito pequenininho, mas quando completar seis anos, em vez de ir para a escola junto com aqueles cabeçudos, você poderá vir aqui. Você poderia ler esses livros o quanto quisesse. E talvez você pudesse aprender um ofício. O meu."
Lith inclinou a cabeça, fingindo não entender.
"Não sei, você não parece legal. Gostaria dos livros, porém." Ele respondeu enquanto se escondia atrás da mãe, apenas metade do rosto visível atrás das pernas dela.
Elina não sabia se ria ou chorava. Seu sonho se tornara realidade, mas Lith não entendia o que estava recusando.
"Por favor, desculpe-o, Nana. Ele tem apenas três anos, não faz ideia do que está dizendo. Ele nem sabe a importância do aprendizado."
"Três anos." Nana repetiu. "Quase bom demais para ser verdade. Mas você está certa, se ele tivesse que escolher entre ouro e brinquedos, provavelmente escolheria este último.
Vamos ter essa conversa novamente daqui a três anos." Ela se ajoelhou, olhando Lith diretamente nos olhos.
"Se você não se tornar tão ignorante quanto todos os outros meninos nesta aldeia, eu vou te aceitar como meu aprendiz. Se você ainda estiver interessado em magia e livros, é claro."
Lith assentiu, agarrando o vestido de sua mãe, buscando sua proteção.
Sua aparência fraca e assustada escondia sua fúria interior.
'Três anos? Eu também posso morrer de fome até lá! E tudo por sua causa, avarenta velha nojenta.' Lith pensou. Ele estava tão cansado de passar fome que queria morder ela de frustração.
'Acalme-se, Derek, e lembre-se de todas as suas lições. Aguente e fique mais forte, porque apenas a força te libertará. Apenas o poder manterá sua família segura.'