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Chapter 2 - Batalha entre Mestres

O comandante adversário olhou atentamente a garota a sua frente.

Ela parecia uma garota em seu auge da idade, sua aparência peculiar lhe dava a impressão de uma delinquente.

E sua atitude rebelde e infantil não a ajudava muito nesse aspecto.

A garota olhou divertidamente a sua volta e depois olhou para suas costas.

— Eh, quanta gente... Como vou descobrir quem é quem?

Depois disso ela olhou novamente para o homem de cabelos verdes e repetiu sua pergunta:

— Quem é você, Sr. Abacate?

A expressão do homem fechou e seu olhar gelou...

— Eu que lhe pergunto, pirralha!

Sua voz evidenciava sua irritação para com a arrogância da garota.

Sua identidade na verdade era algo bem óbvio, o único Arquiduque do Império da Grã-Bretanha...

O Arquiduque olhou brincalhosamente para o homem e com sua mão esquerda segurou firmemente sua bainha.

"Então ele não vai responder... Mas de acordo com as informações da agência de inteligência, ele deveria ser o comandante inimigo"

Assim prosseguiu seu pensamento silenciosamente.

Sua mão direita cruzou seu corpo e parou sobre o punho da sua Katana.

Uma linda bainha preta coberta de desenhos de flores de Higanbanas e um pequeno enfeite preso ao seu punhal... Lentamente a tirou da bainha causando um zumbido agudo e irritante.

Conforme sua espada saia da sua bainha, uma pressão invisível pressionava silenciosamente o inimigo.

Até que chegou em um ponto onde se tornou difícil até mesmo respirar.

Vários soldados caíram de joelhos, não aguentando mais a pressão imensa que tomava conta de seus corpos.

Uma lamina vermelha extremamente semelhante a cor de seu cabelo surgiu da bainha.

Ela moveu sua Katana para o alto e apontou-a para o homem.

— Eu sou o encarregado de matá-lo e levar sua cabeça como prêmio, Sr. Abacate.

O comandante começou a suar frio e sua respiração se tornou irregular.

Aquela misteriosa pressão envolveu seu corpo e tornou difícil até mesmo o menor dos movimentos.

Seu olhar evidenciava seu choque...

Ele que era um mestre da espada estava sendo pressionado por seu oponente?

Impossível!

Até mesmo a aura de outro mestre da espada não conseguiria pressioná-lo daquela maneira.

Mas aquela pressão era inegável, com toda certeza era a aura de outro mestre da espada.

Mas havia uma sutil diferença... Aquela aura era muito mais refinada, muito mais poderosa do que a dele.

Quando sua aura cobriu todo o campo inimigo, naturalmente se chocou com a aura do homem de cabelos verdes em busca de domínio e supremacia.

O resultado foi óbvio, a aura do Arquiduque suprimiu completamente a do adversário e dessa maneira os soldados do Império se libertaram da supressão causada pela aura do inimigo.

Ela em momento algum se importou com os soldados em suas costas e apenas fixou-se completamente no indivíduo mais forte ali.

Ajudá-los foi apenas uma mera coincidência.

Ela lentamente extinguiu a pressão causada por sua aura e calmamente anunciou:

— Vamos batalhar, vamos, vamos lá! Eu irei dá-lo uma vantagem se assim desejar!

Sua voz animada a fazia parecer ainda mais uma criança fazendo birra.

Os soldados a volta aos poucos se recuperaram do torpor e um por um se levantaram novamente.

O comandante já estava de pé mais uma vez, olhando atentamente para a mesma garota infantil a sua frente.

Dessa vez seu olhar não era mais desdenhoso e sim cauteloso...

Ele silenciosamente ponderou sobre a proposta do Arquiduque e a respondeu o mais calmo possível.

— Vantagem? De que vantagem estamos falando?

O sorriso do Arquiduque se aprofundou ao ouvir essas palavras...

— Sim, sim, é disso que estamos falando, eu não usarei meu revolver aqui, muito menos minha magia, nem mesmo minha habilidade inata...

O tom de voz do Arquiduque era o mais zombeteiro possível e seu olhar ardia em chamas...

— Resumindo... Usarei apenas de minha esgrima, se você somente me tocar, será o vencedor... Mas obviamente se eu quebrar as regras você também vence.

Ao fim das palavras da garota, o homem ponderou seriamente sobre sua palavras, levando em consideração sua atual situação.

"Ela disse magia? Então é um espadachim mágico? Merda..."

O Arquiduque ficou em completo silêncio enquanto o esperava.

— E o que ganho caso eu vença?

Ele chegou a conclusão que a melhor escolha seria aceitar a proposta, mas mesmo assim decidiu prolongar um pouco mais a situação através do pretexto de buscar mais informações sobre o duelo.

O Arquiduque não pensou muito sobre isso e rispidamente o respondeu:

— Tch, para que tantas perguntas? Se eu perder, eu morro, não é óbvio?

O homem notou um pouco da irritação vindo da garota e então decididamente aceitou:

— Certo... Vamos duelar!

O sorriso da garota se alargou tanto a ponto de tocar as duas orelhas.

Estava claro o quão feliz o Arquiduque ficou ao finalmente poder duelar contra alguém de 'igual' força...

Então um mal pressentimento surgiu derrepente no homem de cabelos verdes e apressadamente perguntou:

— Nome? Qual o seu nome?

A expressão do Arquiduque se tornou meio confusa e complicada ao ouvir o pedido de seu adversário.

— Eh? Eu não me apresentei ainda? Que falta de cortesia da minha parte.

Seu pé direito se arrastou pelo chão na diagonal e parou logo atrás de seu outro pé.

Se curvando levemente, moveu seu braço direito até as costas e o parou na altura da cintura com os punhos cerrados.

Sua outra mão parou sob seu peito com a palma aberta e sua cabeça levemente inclinada para baixo.

Sua reverência por algum motivo parecia zombar da cara do homem.

Fechando seus olhos brevemente, ela se apresentou:

— Mary... Mary San Valentim.

Sua cabeça se levantou e seus olhos agora abertos se voltaram para o homem, seguindo-se de um sorriso malicioso...

— É um prazer conhecê-lo, meu caro senhor!

A expressão do homem azedou ao sentir seu mal pressentimento ser confirmado.

A maior aberração do continente...

O primeiro e único Arquiduque do

Império da Grã-Bretanha.

E também o monstro do qual teria que enfrentar agora.

***

A algumas dezenas de quilômetros da frente Leste...

Horas antes do embate de Mary contra o comandante inimigo.

Um grupo se movia em conjunto pela estrada deserta.

Olhando de longe facilmente seriam confundidos com uma caravana qualquer.

Só ao se aproximar notaria algo incomum em suas mercadorias.

Elas não eram apenas carroças normais, eram gaiolas construídas a partir de puro aço.

E como se já não fosse estranho o suficiente, transportavam escravos em seu interior.

Os homens atentamente cobriram-nas com um pano, mas ainda se era possível enxergar brevemente as barras de ferro pelas frestas indevidamente cobertas em alguns pontos.

Grunhidos eram ouvidos de tempos em tempos de seu interior e como resposta os homens fortemente revidavam com batidas na gaiola.

A expressão contida no rosto de cada um não era muito alegre ou animada.

Seguindo-se em frente, havia um homem corpulento cavalgando um estranho cavalo bege.

Sua trina amarelada combinava bem com seu pelo e lhe dava um toque de beleza em excesso.

Porém, o cavalgante não se importava muito com tal coisa quando furtivamente resmungou:

— Tsk, que azar, as mercadorias desse mês são bem medianas, se não fosse por aquela mestiça estaríamos no prejuízo.

Sua voz irritada acabou por sair alta demais e outro homem que o acompanhava de perto consentiu com sua opinião.

— Tem razão, as mercadorias desse mês são bem comumente vistas no Império e apenas aquela garota possuí a exclusividade de um produto de categoria.

Os cavalos se mantinham em um ritmo constante apesar do peso que carregam, não se limitando a apenas gaiolas, como também a prisioneiros.

Aquele era um grupo famoso da região por suas mercadorias exclusivas e de alta categoria.

Autodenominado os melhores vendedores de escravos da região.

Os carrascos do submundo...

Assim chamados por serem um grupo que se aproveita da desgraça dos outros para benefício próprio.

Um grupo de agiotas que viajavam aleatoriamente pelo Império e emprestavam dinheiro a condições absurdas.

Seus alvos eram aqueles que já se perderam em meio ao desespero e como tal, apenas aceitavam o dinheiro que lhe era oferecido sem muito questionar.

Recuperando assim suas vidas, mas que eram inesperadamente confrontados com uma dívida ainda maior do que antes deviam.

E ao enxergarem a possibilidade de caírem novamente naquele horripilante desespero, procuram inúmeras formas de quitarem suas dívidas.

Muito dos quais optam por entregarem sua própria família como garantia, esperando assim ganharem um tempo extra para quitarem suas dívidas.

O único problema é que esses homens não as aceitam como garantias e sim como pagamentos.

Então para aqueles que felizmente conseguem a soma necessária para pagar suas dívidas e vão ao encontro deles, caem mais uma vez em desespero ao ouvirem que suas famílias foram vendidas como escravas.

E como se não bastasse, os carrascos tomam a força o dinheiro que o mesmo trouxe consigo com o intuito de pagá-los.

Não lhe sobrando nada, nem mesmo dignidade ou honra, devido a 'venda' de sua própria família.

E as vezes até mesmo a vida, ao tentarem resistir a entregar seus pertencentes.

Seus escravos eram vendidos em um leilão do submundo, localizado na própria capital do Império.

Eles mantinham uma renda estável todo mês através dessas vendas e as vezes até conseguiam algumas mercadorias exclusivas que eram vendidas a preços exorbitantes.

Porém, nesse mês um desagradável azar tomou conta de seus negócios.

Estavam a caminho desse leilão que aconteceria em 3 dias com apenas mercadorias baratas e comuns.

Para um grupo acostumado com apenas o sucesso de seus negócios, isso foi mais do que decepcionante.

Foi um golpe fatal em seu orgulho.

Devido a isso o humor do grupo não era dos melhores, se não fosse por terem conseguido uma boa mercadoria entre todas as outras de baixa qualidade, eles nem estariam indo ao leilão dessa vez.

Suas expectativas para com a garota mestiça eram altas...

Ao centro da 'caravana' podia ser visto uma gaiola bem protegida, no mínimo o dobro de proteção se comparado ao resto.

A gaiola também não era mais de aço e sim revestida de titânio puro.

O interior era silencioso e bem coberto por uma pano, a garota que lá estava não possuía visão alguma do exterior.

Não que ela fosse conseguir ver algo mesmo que não estivesse coberto.

Dessa maneira a caravana seguiu rumo em direção a capital sem pausa...

Depois de algumas horas o grupo finalmente chegou ao seu destino.

Grandes muros de pedra eram vistos a frente e em seu topo alguns guardas que vigiavam ao redor.

Havia uma pequena fila ao lado composto por aqueles que esperavam sua verificação para poderem adentrar a capital em segurança.

A caravana seguiu em frente ignorando a multidão em fila e logo chegou aos portões.

Um homem vestindo uma armadura de ferro se aproximou calmamente e levantou a mão, sinalizando para que parassem.

O corpulento homem desceu do cavalo e se aproximou do homem humildemente.

Tirando um token do bolso, ele o entregou ao guarda em seguida.

Um token de bronze, com o nome do homem e abaixo sua permissão de atuar em tal profissão.

— Huan, Mercador de Escravos.

O homem atentamente olhou para o token e depois para Huan.

Uma carranca se formou no rosto do guarda que rudemente jogou de volta o token para o homem.

— Está limpo!

Acenando para os dois guardas ao lado do grande portão, Huan retornou apressadamente para seu cavalo e logo mais já estava dentro da capital.

Eles foram em direção a uma pousada local para poderem descansar.

— Tch, esse merdinhas arrogantes, de que importa nós vendermos escravos? Não é uma profissão legalizada no Império?

O homem que xingava alto era o vice-líder dos carrascos do submundo.

Ele nutria uma pequena rixa com os guardas do portão da capital e sempre xingava alto em momentos como esse.

A profissão de mercador de escravos embora 'legalizada' pelo imperador, ainda era uma profissão do qual os consumidores eram em sua maioria nobres e magnatas locais e por isso muito mal vista pelo restante do povo.

Huan, o mercador chefe dessa caravana, já se acostumou com tal tratamento a algum tempo.

Ele já tinha em mente desde muito novo que se escolhesse seguir esse fatídico caminho, seria algo sem volta, do qual teria que conviver com o ódio e repulsa do cidadãos diariamente.

Ignorando os xingamentos do homem, a caravana se estabeleceu com sucesso em um pousada local e o revezamento para a guarda das mercadorias também foi estabelecida.

Sendo assim, foram descansar...

No outro dia teriam que ir até a sede do leilão e cadastrar suas mercadorias para serem leiloadas.

Um dia cansativo e provavelmente, pouco lucrativo.