— Os ômegas liberam um cheiro característicos quando entram no período do cio. A natureza dos hormônios é atrair um potencial parceiro para o período de reprodução e garantir que o sucesso da fecundação. — Explicava a professora, apontando para o quadro negro onde os nomes dos hormônios estavam escritos em destaque — Os betas não costumam sentir o cheiro a menos que esteja intenso, e como são considerados mais fracos que os alfas, é muito comum que os ômegas rejeitem os betas.
— A natureza é bizarra as vezes — Comentara um aluno aleatoriamente.
— Hoje em dia é mais comum as pessoas escolherem seus parceiros, por isso não precisa se sentir rejeitado só por ser um beta. — Ria a professora, voltando a ler o livro em mãos. — Na página sessenta vocês podem ver como é o sistema reprodutivo dos ômegas. No caso de um garoto ômega, o útero é menor que a mulher tornando-se mais acessível em períodos de cio.
Os olhares em direção de Theodore foram imediatos. O loiro erguera a cabeça apoiando o queixo sobre a palma da mão encarando os seus colegas de classe.
— Não me digam que querem ver meu útero?
— Que bizarro! — Ria um aluno. — Por que os garotos ômegas precisam ter isso?
— É a natureza — Respondia a professora ganhando a atenção da turma. — Garotos ômegas podem ter o útero para a procriação, mas a taxa de sucesso na fecundação só pode ser garantida em períodos de cio.
— Ué... Faz sentido isso não!
— Mas é claro que faz. No cio o útero se torna mais acessível, como... Portas abertas. — Ria a professora de sua pequena piada, e Theodore balançava a cabeça em negação reprimindo a risada. Uma porta? Era melhor do que qualquer besteira que estivesse passando na cabeça de seus colegas de classe. — Um garoto ômega só consegue engravidar fora do cio se tiver um parceiro fixo. Um vínculo criado por uma mordida. Do contrário, só conseguirá em períodos de cio.
— Fala ae, Theodore... Como é ser um garoto ômega?
— Muito bom, já que me mantém longe de gente asna. — Sorria o ômega de bom humor, fazendo o aluno em questão ser alvo de risadas pelo tiro que saiu pela culatra.
— Chega, chega, mais respeito gente. — Intervinha a professora. — Um garoto ser ômega é mais comum do que vocês pensam, a questão é que eles vivem reclusos justamente por causa da sociedade recriminá-los. Eles são homens, podem engravidar e isso é a natureza deles.
— Concordo professora! Ficar fazendo piadas só porque o cara é ômega só mostra o complexo de pinto pequeno! — Rosnava uma garota do fundo da sala, olhando diretamente para um dos garotos sentado ao lado de Sadie.
— Como é? Tá querendo dizer alguma coisa?
— Se a carapuça serviu...
— Pessoal, por favor, mais respeito dentro da sala de aula.
A discussão começara dentro da sala de aula. Theodore assistia aquilo um tanto quanto impressionado. Já havia estudado a anatomia dos híbridos anos anteriores, mas nunca vira um colega de classe defender um garoto ômega. Seria a primeira vez que alguém defendia a sua classe tão abertamente.
Virando-se para Gabriel, o ômega não deixara de sorrir. O alfa piscara para si antes de voltar a fazer suas anotações, sem parecer interessado na discussão.
Ora essa, por que estaria? Gabriel já lhe pertencia.
— Então, se um ômega tiver um parceiro fixo ele pode engravidar mesmo fora do cio? — Perguntava uma aluna apaziguando as discussões e retomando a aula, para o alívio dos silenciados.
— Poder até pode, já que o corpo do ômega se acostuma com a presença do seu parceiro. Então o cio se torna um período onde a fecundação terá altas chances de sucesso, enquanto que os demais deias as porcentagens caem para um terço.
— E quanto aos betas professora?
— Vamos continuar a aula então...
Theodore baixara os olhos para a imagem do livro. O útero de um garoto ômega era pequeno se comparado ao da mulher, sendo a única forma de um homem engravidar. Era muito estranho saber que tinha algo parecido dentro dele. Seria a única coisa que o tornava diferente dos demais homens.
Lendo suas anotações o ômega se dava conta do quão imprudente estava sendo nos últimos dias daquela semana. Passara o seu cio com Gabriel e depois tiveram aquela vez no vestiário dois dias atrás. A situação do vestiário não haviam usado proteção como fizeram durante o cio.
Isso era um problema?
Foi só uma vez... Seu corpo não teria se acostumado com Gabriel ao ponto de já ficar esperando uma fecundação, certo? Era algo novo ainda, levaria tempo, certo?
O Suor começava a escorrer de sua testa. Debruçando-se no livro, Theodore continuara a ler sobre o assunto sentindo seu coração acelerar.
— Com o início da puberdade, o corpo dos híbridos já começam a mostrar sinais de mudança. Vejam bem, o cheiro que emanamos na infância é quase inexistente, tornando-se evidente na medida em que entra na fase da adolescência. A partir dos quatorze anos é possível saber a classe, tornando a pessoa apta para a reprodução. — Explicava a professora tornando a apontar para o quadro. — Mas como devem saber, ainda são novos para ter relações, já que o corpo ainda não terminou seu desenvolvimento por completo.
— Ah, ouvi falar que um alfa pode acabar mudando o seu cheiro depois que encontra o seu parceiro.
— É sério? — Questionava um outro lado, virando-se para Gabriel. — A galera do time andou comentando que o cheiro do Gabriel mudou esses dias.
Imediatamente os dois híbridos ergueram a cabeça fitando o aluno que fizera o comentário.
— Meu cheiro?
— É. Dizem que quando está concentrado demais no treino seu cheiro fica mais forte. Mas que não era assim antes.
— Por acaso encontrou alguma parceira durante o cio é?
— O cheiro da Sadie também mudou. — Comentou outro aluno olhando a garota que permanecia quieta até então.
Abrindo um sorriso mascarado, a ômega negava com a cabeça.
— Eu gosto de usar os perfumes que ganho de presente dos meus pais. Apenas isso.
— Qual o problema de admitir que encontraram uma parceria? Não é natural? Tipo, vocês dois passaram o cio juntos, não é?
Revirando os olhos, Theodore imediatamente deixara de acompanhar a conversa para voltar a ler o livro de biologia. Nem queria saber dos rumores ridículos sobre Sadie ter passado o cio com Gabriel, já tivera dores de cabeça o suficiente com aquela história. E a última coisa que queria era ter de se afastar do seu alfa.
O melhor era ignorar.
— Mas eu não passei o cio com a Sadie. — Dissera Gabriel simplesmente, tendo toda a turma se virando em sua direção com os olhos arregalados.
— Como não? Vocês dois faltaram os mesmos dias, e a galera do primeiro ano disse que viu ela nas arquibancadas na última partida. Você tava lá também, não é?
— Isso não significa que eu tenha passado o cio com Sadie. Não é? — Gabriel virou-se para a garota, que silenciosamente concordara com a cabeça. — Da onde tiraram isso?
— Os rumores... Bem...
— Eu sei que vocês adoram fofocar sobre a vida alheia, mas a aula é mais importante. Isso aqui é conteúdo de prova!
A ameaça surtira o efeito esperado. Theodore suspirava pesado batucando os dedos sobre o livro. Com certeza a fala de Gabriel es espalharia pela escola deixando Sadie em uma posição desconfortável. No entanto pouco se incomodava com ela, já que tivera a ousadia de tentar ameaçar Gabriel daquela maneira.
Abrindo um singelo sorriso, o ômega só conseguia notar que ele mesmo estava a se tornar possessivo com Gabriel. Virando a cabeça para olhá-lo de canto, contemplara o seu ficante estudar diligentemente como se uma aura dourada o envolvesse.
De qualquer forma, se Gabriel não queria se esconder então Theodore estaria com ele. Era tudo o que importava.