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Chapter 50 - Assumindo o desejo

Como seria possível diferenciar o sonho da realidade?

Para Theodore, era impossível.

Mesmo que piscasse diversas vezes, ou então que repousasse suas mãos nos ombros de Gabriel para empurrá-lo, tudo parecia surreal demais para ser realidade. Tinha que ser um sonho. Por que não havia motivos para Gabriel beijá-lo.

Permanecendo parado sem ser capaz de corresponder e nem de fugir, Theodore mantivera os olhos abertos catatônicos no alfa à sua frente. Quando o beijo fora findado e vira os cílios escuros e compridos se moverem em um piscar, o ômega perdera as palavras em sua cabeça a não ser por uma.

— Gabriel...

Sussurrando rouco aquele nome, notara um movimento em seus olhos como se recuperasse a sanidade outrora perdida. O alfa umedecera os lábios com a ponta da língua parecendo nervoso, no entanto não se distanciou do ômega loiro, o mantendo preso contra a parede.

— Foi mal, Theodore... Eu não sei o que me deu. — O alfa não tinha coragem de encarar o loiro, suas unhas curtas arranhavam a parede diante de sua confusão — Eu só precisava...

Era completamente incompreensível as palavras de Gabriel, ainda assim o ômega se esforçava para entendê-lo. Suas mãos estavam repousadas em seus ombros, ainda sendo capaz de sentir os batimentos acelerados do alfa. O que deveria fazer quando notava o seu paquera tão nervoso daquela maneira?

Não deveria ser a prova concreta de que fora real? De que sentira os lábios de Gabriel mais uma vez?

— Foi por causa do meu cheiro? — Questionara o ômega, recebendo pela primeira vez o olhar escuro de Gabriel.

— Não... Na verdade, não senti o seu cheiro. Eu só precisava te tirar daquele lugar.

— Por quê?

Theodore se surpreendia com o quão baixo soava a própria voz. Estavam os dois escondidos perto de uma porta de acesso aos funcionários, em um corredor pouco iluminado que virando a esquina tinha o movimentado vestiário. Como não sentir que estavam compartilhando de algum segredo?

E apesar de estarem escondidos, Gabriel ainda se mantinha na frente de Theodore, com os braços impedindo sua fuga. Como se não bastasse o corpo inclinado perto o suficiente para sentir a sua respiração quente bater em seu rosto.

Era um verdadeiro milagre que estivesse ainda em pé, pois suas pernas pareciam duas gelatinas.

— Por que você queria me tirar do ginásio?

Vira Gabriel engolir em seco, descendo os olhos para algum outro ponto de seu rosto para então voltar a sustentar as pérolas claras.

— Porque eu... Porque eu não suporto ver o capitão perto de você.

Empertigado, Theodore fazia o seu melhor para não transformar aquelas palavras em lindas ilusões. Ora essa, adoraria imaginar que Gabriel estaria com ciúmes de si com seu melhor amigo. Seria um claro sinal de que o alfa gostava de si. No entanto Theodore não queria se iludir mais do que já havia feito.

Por que agora provara o gosto de Gabriel. E isso o tornaria num viciado jogado no fundo do poço necessitando de um toque que jamais seria seu.

— Isso não faz o menor sentido. — Sussurrava repentinamente, percebendo as sobrancelhas arqueadas do outro. — Ele é meu melhor amigo e você... É meu amigo também.

— É assim que me enxerga, Theodore? Como o seu amigo?

— Deveria haver algo à mais?

— Nós ficamos, Theodore. — Respondia prontamente Gabriel, engrossando sua voz. Um arrepio de excitação percorrera o corpo de Theodore, o fazendo engolir em seco na tentativa em não fraquejar.

— Eu apenas te ajudei, não precisa levar a sério aquilo.

— Naquele dia em que chegamos atrasados e estava chovendo... Se o capitão não tivesse chegado, você teria me beijado?

O corpo de Theodore tremera de surpresa ao se lembrar daquele doce momento. Como esqueceria? Ficara se perguntando por dias como teria sido o momento ideal para que um beijo fosse dado. Uma melodia romântica e a chuva caindo no lado de fora. O cenário perfeito para a lembrança perfeita.

Se Gabriel tivesse tomado a iniciativa de beijá-lo, Theodore certamente não reclamaria. Aceitaria-o em seus lábios aproveitando a chance de transmitir uma parcela de seus sentimentos transbordantes. Guardara-os em seu peito por três meses desde que conversaram pela primeira vez. E tudo o que acontecia era aquele amor aumentar exponencialmente.

— Não teria. — Respondera por fim, sentindo a pontada em seu peito quando aquele belo rosto parecera entristecido — Nunca teria coragem de te beijar, Gabriel.

— Tudo bem, não teria coragem... Mas já quis? Quero dizer, quis me beijar?

A conversa tomava um rumo caótico para Theodore. Por que ele queria saber os seus desejos? Eram vergonhosos por demasia...

O que aconteceria se ele soubesse que desejava seus beijos, seus toques? Sua voz sussurrando exatamente daquela maneira. Suas grandiosas mãos lhe segurando com força como se temesse a sua fuga. Desejava tantas coisas que suas fantasias apenas dançavam lindamente em seus sonhos.

Um rubor subia-lhe na face incontrolavelmente. Theodore desviara o olhar apertando a camisa regata do jogador tentando encontrar uma saída. Seu aroma adocicado começara a exalar para aquele alfa, que aspirava profundamente fechando os olhos momentaneamente. Mantendo da voz grossa e rouca, em um sussurro entregue apenas para aquele ômega loiro, o pressionou mais um pouco.

— Me diga Theodore. — Impaciente, Gabriel segurara o queixo de Theodore o obrigando a lhe olhar. — Quando Milles disse que você estava afim de mim, era verdade?

Formando um nó na garganta e perdendo a confiança em sua voz, Theodore apenas concordara com a cabeça. Os dedos que tocavam seu queixo se abriam dedilhando a mandíbula do ômega, até se espalmarem no pescoço enroscando suas pontas nos cabelos loiros.

— Então você sente o mesmo que eu? Esse desejo insano e ardente...

Vozes pelo corredor do vestiário aumentaram calando o alfa. Temendo serem descobertos em seu pequeno esconderijo, Gabriel encostara seu peito ao de Theodore o envolvendo com seu cheiro. O loiro baixara a cabeça tentando escutar as vozes dos participantes do campeonato, presumindo diminuírem ao entrarem no vestiário.

Erguendo a cabeça lentamente novamente, se dera conta do quão próximo estavam. As mãos espalmadas deslizaram sobre o peitoral de Gabriel, continuando a sentir seu coração acelerado. Sob as pontas dos dedos percebia a firmeza e definição de seus músculos, ocasionando em mais rubores em suas bochechas.

Já havia visto Gabriel sem camisa, e sonhava com aquela visão ao ponto de babar. Mas sentir era outra coisa, despertavam outras sensações. E quando dedilhava inconscientemente as laterais do corpo de Gabriel, estando prestes a deixar seus braços caírem em desistência, seus olhos não desviavam da beleza daquele alfa mais alto.

Conseguia se ver refletido naqueles olhos escurecidos. Os lábios avermelhados e finos pareciam lhe convidar para um toque íntimo.

Piscando algumas vezes tentando manter a consciência e controle dos próprios instintos, Theodore mordia o lábio inferior respirando ofegante.

Queria beijá-lo.

Pelos céus, necessitava daquilo.

Seu cheiro se intensificava na medida em que a necessidade e o desejo cresciam dentro do seu peito. Os dedos seguravam tão firmes a blusa do alfa que soavam como um pedido silencioso.

Então no mesmo instante em que o cheiro daquele ômega estava prestes a denunciar o seu esconderijo, as vozes aumentavam nos corredores mais uma vez. Gabriel baixara a cabeça na altura do ouvido do ômega, onde pudera lhe sussurrar:

— Se continuar assim, vão nos encontrar.

Não ajudou, nem um pouco, aquele aviso pois Theodore ficara ainda mais nervoso. Que voz era aquela? Por que ele estava falando daquela maneira? Era algum tipo de brincadeira? O sangue pulsava dentro do seu corpo em resposta para aquela voz digna de um alfa.

Surpreendentemente o moreno não se afastara. Passara a ponta do seu nariz pelo pescoço alvo do ômega, inalando seu cheiro natural causando arrepios por onde passava. Theodore suspirava baixo com aquele suave toque, fechando os olhos em sua última tentativa de se controlar.

No entanto o seu corpo denunciava o início de sua excitação. Gabriel deixara de se apoiar na parede para segurar a cintura de Theodore e o envolver completamente quando finalmente uniram seus lábios.

Diferente das outras vezes o desejo era o ator principal daquele movimento. Gabriel mordiscava os lábios finos de Theodore, os sugando para deixá-los inchados e úmidos. O provocava de maneira que a gota de razão se esvaíra permitindo ao ômega a chance de retribuir ao beijo.

Os braços de Theodore serpentearam a cintura do alfa, e suas mãos abraçavam suas costas. Entregando ao seu desejo, entreabrira os lábios no mesmo instante em que sentira a língua quente e úmida fazer um pedido audacioso.

Suas línguas travavam batalhas ferozes, suspiros e gemidos eram abafados pelos lábios que se abraçavam sedentos. Os dois rapazes apertavam seus corpos uns nos outros, ansiando pelo máximo de contato que poderiam ter. Sentiam em suas mãos a temperatura aumentar insanamente.

Necessitando de ar, o beijo precisou ser findado com selares molhados e demorados. Encostando suas testas sem ousarem abrirem os olhos, Theodore tentava buscar ar e razão para a bagunça que encontrava em si.

O polegar de Gabriel lhe acariciavam as bochechas, mantendo o toque quente em si. Theodore subira os dedos pelo braço do alfa até chegar em seu mão e parar ali, como se provasse a realidade daquela situação tão explosiva.

Seu rosto ainda sentia a quentura de sua respiração. Estava perto ainda, Gabriel não ousara se afastar. Até roçava a ponta de seus narizes em um beijo de esquimó, que resultara em um sorriso largo do ômega loiro.

Contra seu peito podia sentir o corpo de Gabriel ofegar e acelerar as batidas. Pulsava igualmente ao seu compartilhando as sensações.

Certo... Era real.

Estava ficando com Gabriel.

Erguendo o rosto o procurando silenciosamente, sentira a pressão sobre seus lábios em um selar demorado. O ômega ainda ousara sugar o lábio inferior de Gabriel, mordiscando-o suavemente e puxá-lo entre dentes para soltá-lo em uma provação.

— Isso é muito melhor do que qualquer coisa que fantasiei. — Admitia em voz alta, fazendo o outro rir.

Gabriel passara a ponta do indicador sobre o falso alargador, olhando atentamente a orelha de Theodore. Abrindo os olhos com o silêncio do maior, o ômega percebera a atenção que seus brincos haviam ganho do alfa.

Um arrepio passara por seu pescoço quando os lábios de Gabriel foram até a cartilagem o mordiscando com a boca. Aqueles toques estavam se tornando cada vez mais intensos e prazerosos, um tanto quanto perigoso para um garoto ômega.

— Eu desisto — Ouvira o alfa lhe sussurrar no ouvido, fazendo seu corpo tremer outra vez — Eu não resisto à nós dois.

Lentamente os dois garotos trocavam olhares sem permitir que a distância os separassem. Teria imaginado tantas coisas com Gabriel, sobre como seria o momento em que se declarariam um para o outro ou como seria o beijo apaixonado.

Nada se comparava aquele momento.

Respirando fundo, o ômega espalmara as mãos nos braços de Gabriel para empurrá-lo levemente. Com a distância, finalmente retomara a razão sobrepujando seus desejos insanos. Mesmo que quisesse ficar ali por mais tempo, saciando cada fantasia sua com Gabriel.

— Temos que voltar pro ginásio, ou vão dar falta de nós.

O alfa respirara fundo e concordara com a cabeça, dando um fim à proximidade entre os dois. Ambos confusos e envergonhados sem saberem como agir na frente do outro, mas certamente conscientes do que havia ocorrido ali.

Theodore fora incapaz de encarar o alfa. Precisava de mais alguns instantes para se recompor, ainda que recriminasse a si mesmo por ter colocado um fim naquele pequeno segredo. Quando virou-se para Gabriel, percebera que o mesmo já não estava mais ali.

Farejando o ar, sentira seu cheiro indicando que fora para o vestiário. Agora que estava sozinho, Theodore encostava a cabeça na parede fechando os olhos coçando a nuca.

— Aja naturalmente Theodore.... Naturalmente.