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Chapter 35 - Depois que a poeira baixa

"Sadie diz:

Aconteceu alguma coisa no treino de hoje?

Meu irmão está estranho e fedendo"

Gabriel olhava para a tela do computador soltando um suspiro pesado. De sua mente não saía a lembrança do beijo que Nicolas dera em Milles para provocá-lo.

Fora a primeira vez que vira dois garotos se beijando, e por algum motivo isso o deixava estranho.

Muito estranho.

O seu colega de time havia dito momentos antes da catástrofe que Nicolas também era gay. Sua cabeça maquinou a hipótese do capitão ter algum sentimento por Theodore, e o fato de ele ter beijado Milles sem pestanejar comprovava que o baixinho não tinha o menor problema em gostar de outros garotos.

Será que ele já havia beijado Theodore também?

Balançando a cabeça, o moreno coçara os olhos obrigando sua atenção retornar para o MSN aberto.

"Gabriel diz:

Por quê? Tenho a leve impressão de que seu irmão nunca foi normal

Sadie diz:

Verdade haha

Só que ele está quieto demais pra alguém barulhento

Gabriel diz:

Deve ser cansaço da semana de provas, e o treino hoje foi pesado

Deixe ele descansar que logo volta ao normal"

Não era difícil mentir para Sadie depois de ter prometido à Milles que nada devesse ser dito. Era compreensível tal pedido, já que o jogador sempre fazia piadas sobre Nicolas e Theodore. Imagina se outras pessoas descobrissem que ele fora beijado?

Gabriel conseguia visualizar o tamanho do estrago que aquele segredo poderia causar na escola. Era melhor manter em segredo, já que eles foram os únicos presentes na quadra.

Continuando a navegar pela internet, o moreno tentava se distrair. O que não dera certo quando uma janela conhecida se abrira em sua tela.

"Milles diz:

Ta aí ainda?

Gabriel diz:

Sim.

Como tá?

Milles está digitando...

Milles diz:

Não faça perguntas difíceis

Não tenho a menor ideia do que pensar, e parece que justamente por querer ficar na minha o pessoal tá no meu cangote.

Gabriel diz:

=/

Estou esperando Theodore entrar pra poder conversar com ele, mas até agora nada

Milles diz:

Foda-se aqueles dois

Estou puto por aquele baixinho ter feito aquilo comigo"

Gabriel soltara um riso baixo. Claro que Milles estaria bravo com Nicolas, entretanto esperava essa reação na hora do ocorrido e não depois. O alfa loiro ficara tão atordoado com o beijo, que a alma parecia ter abandonado o corpo e seu corpo exalara um cheiro diferente. Não dissera nenhuma palavra quando entrara no vestiário, seguindo para os chuveiros e se banhando silenciosamente.

Havia se despedido de Gabriel quando se encontrara com a irmã no portão da escola, sendo essas as poucas palavras que foram trocadas. Ficara sério, com os olhos sem vida e a boca machucada da mordida que levara de Nicolas.

Uma reação curiosa vinda de Milles, percebia o moreno.

"Gabriel diz:

Posso ser sincero contigo?

Milles diz:

Manda aí

Gabriel diz:

Eu pensei que você fosse espalhar pra escola inteira que o capitão fez aquilo, pra provocar ele...

Por que quer manter em segredo?

Milles está digitando...

Milles diz:

Porque eu não fui capaz de fazer alguma coisa na hora.

Se eu espalhasse, iriam me perguntar o por quê de ter deixado. Poderia ter dado um soco naquele tampinha, mas não fiz."

Encostando-se na cadeira para cruzar os braços, Gabriel concordava com a cabeça. Fazia sentido. O olhar de espanto de Milles na hora fora impagável, sendo essa a primeira vez que alguém conseguia fazer o alfa ficar daquela maneira.

Mais uma vez se lembrava daquela cena tão estranha e incômoda. Gabriel mordia o lábio inferior tamborilando os dedos sobre seu braço, ponderando se deveria fazer a pergunta de um milhão. Tinha receio de que seu amigo fosse esquivo e o mandasse à merda, mas queria saber.

— Foda-se, vou perguntar.

Ajeitando-se na cadeira, seus dedos tornaram a digitar rapidamente.

"Gabriel diz:

Quero te perguntar uma coisa, não irei tirar sarro de você e muito menos quero te pressionar. É apenas curiosidade minha, se não quiser falar eu vou entender

Milles diz:

O quê?

Gabriel diz:

Como é ser beijado por outro garoto?

Milles está digitando...

Milles diz:

Posso te responder amanhã na escola?

Meu pai tá me chamando agora, então vou precisar sair

Gabriel diz:

Claro, de boa

Milles diz:

Não estou fugindo! Não pense merda

E de novo, não abra o bico pra ninguém sobre isso.

Gabriel diz:

Relaxa, eu te dou cobertura."

Depois que Milles saíra do chat, Gabriel suspirara alto acariciando a própria testa. Olhando a hora, pressentira que Theodore não entraria no chat naquela noite.

Apenas queria perguntar.

Uma única pergunta que martelava sua cabeça tanto quanto a imagem da catástrofe. Pois havia outra imagem que lhe atormentava tanto quanto aquilo...

Ora essa, o beijo de Nicolas e Milles acontecera por causa de uma afirmação. Uma afirmação que havia deixado Theodore pálido e sem palavras, quase tentando fugir dela.

Theodore gostava de Gabriel?

Com a mão sobre o peito, ainda podia sentir seu coração batendo rápido só de lembrar a sensação daquela tarde. Sentira-se ansioso por algum motivo inexplicável, e agora perguntas lhe cercavam incessantemente.

O que faria se isso fosse verdade?

Se Theodore gostasse de si, o que ele deveria fazer?

Talvez perguntar como isso aconteceu? Ou então avisá-lo de que são apenas amigos? Ué, essa fora a resposta de Theodore naquela tarde, de que os dois são apenas amigos. Mesmo que o ômega negasse, a sensação engraçada tomara o peito de Gabriel.

O rapaz inclinara a cabeça para trás fitando o teto. Mais uma vez mordera o lábio inferior tentando organizar seus pensamentos. Tal ato o fizera lembrar de um certo ocorrido na sala de aula.

Pegando o fone de ouvido e o ajeitando, Gabriel procurara pela internet uma certa música que escutara uma vez. Lentamente a melodia soara baixa em seus ouvidos, carregando a lembrança de Theodore sentado sobre a carteira assistindo a chuva cair no lado de fora.

O quão tranquilo ele aparentava vendo a chuva, com aquele sorriso no rosto. Perdido nos próprios pensamentos, Gabriel lembrava-se do tom avermelhado tomando a face de Theodore e o momento em que mordera o lábio inferior.

"Estou deixando ele nervoso" pensava Gabriel no momento em que notara os dedos nervosos de Theodore sobre o colo. E então seus dedos se ergueram para tocar o lábio inferior do loiro, sentindo a maciez sobre seu dígito.

Aquela sensação, a sentira naquele momento. A sensação engraçada que parecia formigar em seu peito, o fazendo se prender no desejo súbito que aquela música proporcionara.

Agora que se lembrava daquele momento, Gabriel se perguntava o quão macio seriam os lábios de Theodore. Fechando os olhos, sua mente trabalhara arduamente em trazer à tona os momentos que aqueles dois amigos compartilhavam.

Entretanto o que fazia o seu corpo reagir de jeito tão estranho eram as lembranças em que tocava Theodore. O dia em o ajudara a se esconder no vestiário, prendendo-o contra si em um abraço apertado. Estavam perto o suficiente para sentir o seu cheiro, sentir seu coração bater acelerado na palma de sua mão, e sua respiração ficar descompassada.

Não houvera nenhum outro momento em que aqueles dois ficaram tão próximos daquele jeito.

Abrindo os olhos, Gabriel fitara as próprias mãos que se encontravam quentes e avermelhadas, como se todo o calor do corpo se concentrasse ali. Só não seria o caso, pois sentia todo o corpo esquentar.

Percebendo o que estava prestes a acontecer, Gabriel arrancara os fones de ouvido e se levantara da cadeira marchando às pressas até o banheiro.

Precisava de um banho gelado antes que algo vergonhoso acontecesse.