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Chapter 4 - Bertha e Sua Decisão

A primeira lembrança que Belionte tinha de si mesmo, era treinando suas artes marciais. Desde então, teve de viver uma vida coberta de regras e treinamento. Por não ter sido criado por sua mãe e nem por seu pai, tudo que Belionte sabia veio dos ensinamentos da sua avó Bertha, que lhe ensinou a lutar, a cultivar e a como sobreviver em casos extremos.

E Belionte era grato por existirem pessoas em sua vida como Yoani, que lhe ensinou a ler e escrever, o ensinou que é necessário empatia e também que nem tudo pode ser tomado à força.

Sua avó Bertha, no entanto, parecia sempre querer dificultar sua vida, seja em treinamento ou ensinamentos, e sempre dizia "Você é o herdeiro da tribo Águia Dourada, é necessário ser o melhor em tudo o que faça!"

Ainda de pé, Belionte estava irritado, não com Yoani ou Caim, mas com Bertha.

— E tem mais uma coisa que foi concordado para que você participasse do torneio.— Disse Yoani segurando um suspiro.

Belionte se virou bruscamente para Yoani, mas quando a viu com um rosto com uma leve tristeza, ele se lembrou que ela não tinha culpa daquilo, estava apenas sendo a portadora das mais notícias. Belionte sempre teve um comportamento agressivo desde criança, a única coisa que o mudou foi o dia em que feriu alguém sem querer, o que o ajudou a tentar se manter controlado. Todavia, em situações como essa, ele realmente ficava próximo de perder o controle.

— Para participar do torneio, apesar de não ser qualificado por conta da idade, Bertha concordou que você daria aulas teóricas sobre artes marciais para as crianças da vila.— Disse Yoani.

Belionte estava furioso. Não por ter que ensinar crianças, por mais que ele não gostasse da ideia, isso era tolerável. Estava furioso por Bertha sempre decidir as coisas por ele, sem ao menos perguntar sua opinião.

Ele voltou a se sentar e suspirou, para acalmar suas emoções, que já estavam começando a influenciar a forma que sua mana circulava em seu corpo. Vendo que ele havia se acalmado, Yoani começou a contar os detalhes sobre o torneio e as aulas que ele deveria dar as crianças.

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Floresta Espirito Sombrio

Na floresta em que a vila Lopus está, chamada floresta espirito sombrio, recebeu esse nome, pois uma vez um grupo de guerreiros que estavam caçando na floresta contaram que escutam o uivo de um espírito, e desde então mais e mais pessoas ouvem os lamentos de espírito nefasto.

A floresta composta por grandes árvores, com algumas que parecem querer tocar os céus, está repleta de bestas mágicas, sempre ficam mais ativas no final do inverno, buscando mais alimentos ativamente para o rigoroso inverno que se aproxima.

Em uma área mais densa da floresta, havia uma mulher espreitando uma besta mágica do tipo cervo. O Cervo Glacial, como era conhecido, tem pelos de cor laranja nêspera, um corpo musculoso e dois chifres que pareciam chifres de alce. Com membros longos e velocidade alarmante, eles eram uma besta mágica difícil de se encontrar e ainda mais difícil de se capturar, vivo, ou morto.

O Cervo Glacial em questão, estava ferido, com o sangue manchando seu pelo e carregava três flechas e todo o seu corpo. A mulher, que estava no solo a pouco tempo, subiu habilmente em uma das arvoes e se firmou em um largo galho. Pegando seu arco de confiança, prendeu sua respiração e puxou a flecha.

A flecha saiu com velocidade inacreditável enquanto uma energia roxa a acompanhava. O Cervo Glacial, que já estava ferido e cansado, não conseguiu desviar a tempo e a flecha o acertou entre seus chifres, o derrubando e o matando rapidamente.

Descendo do galho que estava à pelo menos dois metros do solo com um único pulo e sem ruídos com apenas um salto, a figura da mulher pôde ser vista. Ela era alta, com 175 cm de altura, pele bronzeada e não havia nenhuma mancha em sua pele. Ela vestia um casaco grosso de pele de cor marrom, com calças de couro apertada tingida de cinza. Sua figura era impressionante e nem a pessoa mais exigente acharia defeitos em sua figura corporal.

Seu rosto tinha traços delicados, com grandes olhos cor púrpura que pareciam brilhar mesmo se não houvesse luz. Seu nariz era gracioso e sua boca carnuda era vermelha mesmo sem o uso de cosméticos. Ela aparentava ter 30 anos, mas não perderia em beleza para qualquer mulher mais nova. Ao invés lhe dava uma beleza mais madura e um olhar indecifrável.

Chegando perto do Cervo Glacial, ela franziu a testa e olhou suas mãos com irritação.

— Se isso fosse antes, uma única flecha teria matado dois desses cervos idiotas.— Disse Bertha falando para si mesma.

Ela começou a tirar a pele da besta mágica enquanto pensava.

— 'Aquele pirralho ranhento do Belionte já deve ter sido informado do torneio e deve participar e sem nos envergonhar. Se ele não ganhar o primeiro lugar, mal sabe ele o que o aguarda.' —