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Chapter 31 - Capítulo 26 – Carol: As aulas continuam

Igor e Vivi perguntam ao mesmo tempo sobre as castas e o Guru sorri, parece feliz em ver o nosso interesse.

Ele começa contando que a muito tempo os indianos são divididos em casta e são classificados por atividades e situação financeira e tipo de trabalho do povo. E é ensinado que essas castas nascem através de Brahma. Da cabeça de Brahma veio os Brâmanes que são eles os sacerdotes, filósofos, professores e autoridades intelectuais e espirituais, dos braços vieram as Xátrias, que são os guerreiros e ou governantes, das pernas vieram os Vaixás que são os administradores, dos comerciantes ou agricultores. Dos pés as Sudras, que são os trabalhadores braçais, como serviçais, empregados domésticos e operários. E da poeira vem os dalits ou párias, que são conhecidas como os intocáveis, impuros, os sem casta, por conta disso são proibidas de entrar nos templos e devem-se retirar da presença de outras castas. São responsáveis por trabalhos considerados sujos, limpeza de esgoto, recolher o lixo, manipular os cadáveres. E os casamentos devem ser realizados por pessoas da mesma casta, as castas nunca se misturam.

Muitos ficam horrorizados, mas eu nem tanto, uma coisa que aprendi com. A vida é não questionar a cultura e o aprendizado de ninguém. Assim como você julga a cultura que você não entende e não vive, julgam a sua também.

May questiona dizendo que esse tipo de coisa é injusta, Tati pergunta como eles vivem e como reconhecer, e Iara embala na pergunta, questionando se por acaso encostar em um pária o que acontece.

O Guru nos explica que é fácil identificá-los pois estão sempre sujos por conta do trabalho que exercem. Se caso ele entrar em uma casa de outra casta para fazer algum trabalho, todos na casa se escondem e logo um sacerdote é chamado para purificar a cada, e caso sem querer você encoste em um, recorrer ao templo para a purificação.

Cara, escuto aquilo com uma dor no coração sabe. Só quem já sofreu racismo ou qualquer tipo de preconceito, sabe a dor da rejeição, então a cada palavra que o Guru foi falando foi me doendo mais ainda. Mas a cultura na Índia é tão enraizada e respeitada que quem sou eu para questionar algo milenar.

Ricardo muda o foco da conversa perguntando qual seria a casta de um imperador, e agradeço a ele mentalmente, volto toda a minha atenção a explicação do Guru Shankar.

Ele por sua vez nos explica que o imperador é xátria porém o príncipe herdeiro foi criado pelos Brâmanes para o seu aprendizado mesmo sendo xátria. Ele também nos conta que o príncipe herdeiro nasceu na região de Rajput, terra de onde saem os mais bravos e grandes guerreiros indianos, onde em algum momento deverão provar que é o melhor guerreiro do império.

Aí me vem uma dúvida, se ele já é um príncipe porque deve mostrar que é o melhor guerreiro. E questiono isso para o Guru, que não dê dá a chance de resposta terminando nossa aula de hoje mas com a promessa que contará sobre a história do império e do príncipe sucessor para outra aula. Nós o cumprimentamos e saímos.

Vamos todos para o restaurante, pois já é hora do almoço. Weenny assim que termina o almoço, logo já sai. Ela provavelmente continuará as aulas de noiva.

— E aí pessoal o que iremos fazer agora a tarde. Estamos sem agenda. - Igor pergunta.

— Eu não tenho ideia. - Ricardo responde.

— Eu tô pensando em dar uma passada no shopping para ver algum vestido. Já quero me adiantar para a festa de lançamento. Porque depois pode ser que a gente. Aí tenha tempo. - repondo.

— Que tal todos irmos ao shopping, depois de uma aula pesada dessas, precisamos relaxar, aí acompanhamos as meninas e depois pegamos um cinema, o que acham? - Claudio sugere.

— Tá, sabemos que quer ficar colado com sua noiva e a final vocês precisam contar pra nós essa novidade direito, vocês estão com sorte que estamos atarefados ultimamente, mas é uma ótima ideia. - Leo diz.

— Então vamos nos arrumar e nos encontramos daqui a uma meia hora pode ser? - sugere Marília.

Todos concordamos e vamos nos arrumar. Descido como sempre colocar um shorts jeans, uma regata azul com detalhes em rosa pink, meu tênis de sempre. Pego um óculos de sol, falo com o seu Gilberto para nos levar ao shopping e ele já está lá embaixo nos esperando.

Estamos todos menos Enzo e Samara, Vivi nos diz que os dois foram resolver coisas sobre o filme deles. É triste mas fazer o que.

Entramos no micro-ônibus e todos fomos em direção ao shopping. Uma diversão só. Estamos todos empolgados com as aulas com o Guru Shankar. Eu sou uma que a cada palavra que ele fala me apaixono ainda mais pela Índia.

Falamos sobre a forma injusta das castas. E muitos mostram revolta sobre isso.

— Gente, eu sei o quanto é difícil aceitar a forma das castas. Mas uma coisa que tenho para mim, eu não entendo do porquê das coisas, como o caderno que achamos forçado, e para eles é algo comum. Então cabe a mim respeitar. Assim como para muita gente, nossa cultura também às vezes escandaliza. - eu dou a minha opinião, como todos deram.

Entramos num consenso que temos que respeitar e ponto. Ainda mais agora que cada dia mais essa realidade está perto de nós cada dia mais.

Chegamos ao shopping e vamos direto resolver a questão das nossas roupas. Os meninos fazem desse momento uma diversão à parte. Principalmente o Cláudio que é o mais brincalhão de todos, fazendo as vendedoras quase fazer xixi na calça de tanto rir. Mas no fim nos ajudaram a escolher nossos looks.

Demoramos bastante, alguns dos meninos foram ver a sessão no cinema e a disputa ficou acirrada entre três filmes, mas o planeta dos macacos ganhou a disputa.

Terminamos as nossas compras tanto os nossos vestidos quanto os dos meninos, passamos para comprar algumas coisas para comer no cinema e já entramos na fila. Pois o Igor, quando decidimos o filme, foi comprar todos os ingressos.

Assistimos ao filme e acabou mais cedo do que imaginávamos. Jantamos por ali mesmo no shopping, foi um pequeno alvoroço porque algumas pessoas nos reconheceram. Então foram fotos e autógrafos para todo lado.

Assim que terminamos de comer, na volta lembro que preciso passar numa papelaria para comprar caderno e algumas coisas para a próxima aula. E corro lá rapidinho. Tá só que tem um problema, sabe criança numa loja de brinquedos ou numa loja de doces? Sou eu em uma papelaria. Pronto a minha falência começando em três, dois, um. Já quero levar a loja toda. Já aproveito e compro meu material de pintura. Que ainda tenho a esperança de em momento de relax fazer minhas aquarelas. Então além do caderno compro as tintas, os papéis próprios, pincéis, canetas, lápis de cor, caderno e tudo mais. Só percebo o quanto estou demorando quando o Claudio vai me resgatar na loja.

— Amor, vamos embora, esqueceu da vida foi?

— Nossa amor me desculpa, tô no meu paraíso e nem percebi a hora passando.

— Só falta você no micro-ônibus.

Pago rapidamente a compra que sai mais barato porque muita coisa foi cortesia da loja. Os bônus de ser famosa, tô gostando disso. Corremos para o micro-ônibus e o povo me zoa. Apesar de May já ter avisado que ia demorar. Porque ela me conhece o suficiente pra saber o quanto amo papelaria.

Não demoramos muito em chegar ao hotel. Alguns quiseram se divertir mais um pouco. Eu prefiro ficar um pouco na área da piscina namorando mais um pouquinho. Temos que aproveitar o máximo. Mas também não dura muito. Estou ansiosa para testar todo o meu material. Então Claudio sobe comigo e me ajuda com as compras.

Ele se diverte horrores com a minha alegria em abrir cada item de papelaria.

Nos despedimos pois está ficando tarde e amanhã nossas aulas continuam cedo.

Como ainda não estou com sono, pego o caderno e passo tudo que lembro da aula de hoje.

Demoro em torno de uma hora e meia para passar tudo, porque além de tudo vou no site de pesquisa e pego o máximo de informações que eu consigo, ou melhor, que meu cérebro agora cansado pode absorver.

Guardo tudo, deixo tudo arrumado para amanhã de manhã e vou dormir.

Acordo cedo. Faço minha rotina matinal, e quando menos espero estão Claudio e May me esperando na porta, pela cara dos dois, dá pra perceber que estavam numa disputa de quem bateria na porta.

Vamos todos para o restaurante tomar nosso café da manhã. Estamos todos animados para a próxima aula.

Weenny se juntou a nós e a conversa rendeu sobre a aula passada. Todos terminamos o café e fomos direto para a sala e chegamos cinco minutos antes do horário da aula.

O Guru Shankar já está presente então o cumprimentamos como aprendemos na aula passada, e ele nos espera pacientemente até nos acomodarmos.

Ele fala que hoje irá falar sobre os imperadores como tinha prometido na aula passada. Já pego meu caderno e animada começo anotar tudo que o Guru está falando. Ele diz que tentará ser o mais objetivo possível e começa falando dos primórdios da Índia. Que nessa época era dividida em tribos, que eram divididos em três grandes grupos que eram dos sacerdotes, dos guerreiros e nobres, e da população em geral vulgo povo.

E ele vai explicando o que acontecia de geração em geração. E nós fala que era uma época que a Índia era muito invadida. E foi nos explicando tudo até chegar ao último que tomou o trono do império foi o governo Britânico. Que pelo pouco que lembro foi bem violento em vários sentidos.

Depois de muitos anos o governo Britânico decidiu devolver o governo à Índia onde aí virou república. Mas explica tudo até chegar no Imperador Himanshu Manohari.

Gi pergunta o que era Maharaji com certa dificuldade e nos faz rir e ele nos explica o que significa Marajá ou Rei.

Gui pergunta quem são os imperadores. E o Guru nos explica que a muita disputa por esse cargo, digamos assim.

E o Guru continua a nos explicar sobre o império e me surge uma dúvida e eu pergunto para ele se estamos aprendendo isso porque precisamos, ou só porque surgiu essa dúvida. E ele me responde que como vamos para índia é importante saber como funciona a base de governo daquele país. Pois faz parte imprescindível obedecer às leis e os costumes locais.

Samara também fala que não entende o porquê de tudo isso. Sendo que somos brasileiros e estaremos como turistas, e ele responde que devemos respeitar a cultura que nossos amigos escolheram para casar.

E a aula toda de hoje gira em torno do império, quem está no trono, quem é herdeiro do mesmo e assim vai.

A aula acabou e ficamos de nos reunir à noite para ir a um restaurante, pois cada um hoje está com a agenda cheia e corrida com trabalho.

Nos reunimos no restaurante do hotel mesmo e a discussão sobre a aula de hoje continua. Sem brincadeira, a aula de hoje rendeu quase cinco páginas de anotações.

A discussão está boa, Samara parece revoltada com esse assunto e teve comentários bem ácidos sobre o príncipe dizendo que o mesmo é machista e mesquinho, que maltrata as mulheres e por aí vai eu e o pessoal estamos ouvindo bem perplexos, e particularmente esse comentário dela incomoda muito, acho que o príncipe não é nada disso. Mas enfim, como diz a minha mãe " opinião é que nem bunda, cada um tem a sua."

As dúvidas se sobressaem. Estamos todos sem entender o porquê o assunto Império é tão importante. Diante disso dizemos em um só pensamento e em uma só voz "quem somos nós para viver com a realeza?".

Nós nos olhamos e rimos desse pensamento único.