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Chapter 10 - CAPÍTULO 10

Envolvidas em seu novo relacionamento, Bia e Nika estavam se tornando displicentes.

Esqueciam por exemplo, cabelos molhados que denunciavam os banhos compartilhados.

Os olhos, inegáveis espelhos da alma, denunciavam ações e enviavam mensagens, sempre captadas por inúmeros olhos que as observavam.

E na conhecida roda dos homens fofoqueiros,surgiam, entre outros comentários:

– Parece que a patricinha arranjou uma namorada? Ou será que é uma mãe adotiva? – E risadas coletivas acompanhavam tais piadas de mau gosto.

Outros comentavam que o marido de Bia estava cuidando da casa, enquanto ela cuidava de ninfetas.

– Me disseram que ela está participando de orgias – Nika quebrou o silêncio da caminhada apressada depois do almoço.

E Bia só pôde pensar que ela estava procurando se informar sobre a vida da ex-namorada. Sentiu o ciúme lhe avermelhar o rosto. Mas calou-se.

Os comentários chegaram aos ouvidos do doutor Celso.

E ele se sentiu obrigado a tomar uma posição. Conheci Allan e respeitava a condição de mulher casada de Beatriz.

Tanto que jamais deixara transparecer o quanto gostara dela durante os anos em que trabalhava ali.

Nada tinha contra nenhuma opção sexual, desde que os relacionamentos fossem fora do trabalho e não se tornassem escândalos.

Sendo com um homem ou uma mulher, um relacionamento extraconjugal de sua secretária executiva com alguém que também trabalhasse na clínica se tornaria prejudicial para a reputação do estabelecimento.

Ao ser chamada para uma advertência, Bia chorou de vergonha. Estava se comportando como uma adolescente inconsequente, ela sabia... Mas dai a se tornar público, era demais.

Pela primeira vez, pediu, por favor, para não ser demitida.

Precisava do emprego... E como do ar para respirar, precisava de Nika.

Naquele dia, não pôde lhe dar explicação... Mas ao sair, ligou para ela, dizendo o que havia acontecido.

Mas ela daria um jeito. E já sabia qual... Perto da clínica havia um Centro de Cursos de Aperfeiçoamento. O mês de férias da faculdade estava chegando e ela poderia passar mais tempo com Nika.

Sabia do horário que o curso terminava. Dez minutos antes, iria esperar Allan, que viria pega-la.

Em casa, a custo, conseguia ceder aos desejos de Allan. Agora ela precisava fingir melhor que antes, para não acontecer o que acontecera na clínica.

Não poderia decepcionar Allan. Considerava-se a mais inconsequente das mulheres, mas gostava dele e não queria fazê-lo sofrer. Maldita vida dupla que estava levando!

Na clínica, Bia e Nika evitavam qualquer contato, até mesmo se cruzarem nos corredores.

Nika passou a ir almoçar em casa sozinha e Bia ficava no restaurante, em um local que fosse visível para todos.

Parecia que depois da tempestade viera a calmaria e todos tinham esquecido o assunto.

Em casa, as saídas de Maira continuavam e Bia parecia ter desistido de tentar se aproximar da filha.

As férias começaram e os tais cursos de Bia também.

E a cada noite, o amor parecia crescer junto com a experiência das duas.

Como se tivesse sede de recuperar todo o tempo perdido, Bia se aperfeiçoava em descobrir cada recanto do corpo de Nika e fazer deles fontes de prazer para as duas.

À noite estariam em segurança. Os demais funcionários moravam longe.

Bastava apenas ter o cuidado de não esquecer o horário de sair para esperar Allan.

Havia sido a saída perfeita.