Jack
Assim que eu ouço o Alex falar, meu coração gela. Olho para ele nervosa e preocupada.
— Antônio, me conta exatamente o que aconteceu? — Eu o ouço pedir ao motorista.
Eu fico ali parada ao seu lado, esperando para saber da notícia, quando avisto os policiais Faria e Alves correndo em nossa direção. Imagino o que aconteceu... Os policiais chegam mais perto de nós e Alex desliga o celular.
— Ainda bem que vocês ainda estão aqui — a policial Faria nos fala.
— O que houve? — Penso no pior.
— Os policiais que foram efetuar a prisão da senhorita Colunga não a encontraram. — O meu medo se concretiza.
— Meu Deus, vocês precisam encontrá-la, por favor — peço, morrendo de medo.
— Fique tranquila, senhorita Baptista. Vamos pegá-la! — a policial Peres tenta me tranquilizar. Olho para Alex e vejo o medo em seus olhos e ele diz.
— Jackeline, o Antônio não conseguiu pegar as crianças. — ele fala, nervoso.
— Alex... não acha que ela seria capaz…. né? — indago, nervosa.
— Só não acho, como tenho certeza! Antônio me informou que chegou para pegar as crianças e Renata perguntou por mim. Ele, inocente, disse que eu estava indo até delegacia. Aposto que ela juntou os pontos...
— E por que ele demorou tanto para ligar? — Estou muito nervosa.
— Porque ela o deixou desacordado. — Alex, furioso, dá um chute na roda do carro.
— Senhor Mendonça, tente se acalmar — o policial Alves pede.
— Me acalmar?! Aquela louca pegou os menus filhos! — Alex grita, nervoso. Começo a chorar, ele me abraça e choramos juntos.
— Vamos pegá-la Alex! — prometo. Porque, quando eu pegar aquela desgraçada... vou acabar com ela!
— Vamos, sim — ele concorda.
Os policiais chamam reforços para procurarem por Renata. Alex começa a ligar para todos os seus conhecidos para falar sobre o ocorrido. Meu celular toca, não reconheço o número, mas atendo. Enquanto isso, ouço Alex falando também com a escola dos gêmeos.
— Alô... — O meu estômago gela ao ouvir uma respiração e ouço a voz da Renata:
— Ora, ora, se não é a puta da Jackeline?! — ela fala rindo. — Espero que esteja sozinha e preste muita atenção no que eu vou falar.
— Oi, chefe.— é a única coisa que consigo falar para que ninguém ao meu redor perceba que estou falando com ela.
— Algum problema, Jackeline? — Alex pergunta.
— Ah... Nenhum, é só o chefe — respondo rápido para ele.
— Algum problema com ele? — Alex pergunta, curioso.
— Nenhum problema. Ele só quer saber o que houve aqui na delegacia — respondo e mal olho para ele.
— Então, quer dizer que o meu maridinho está perto de você. Sua puta! — ela grita.
— Fique tranquilo, chefe, está tudo bem! — aviso para a vaca da Renata.
— Eu só vou ficar tranquila quando você estiver morta — ela declara e começa a rir loucamente.
— Os gêmeos? — respondo como se fosse uma pergunta.
— Eles estão bem! Quer falar com eles? — Ela está completamente louca.
— Sim, claro! — respondo rápido, não querendo que eles saibam com quem eu estava falando.
— Vou colocá-los na linha. — Eu a ouço caminhar. — Parem de chorar! — grita com os meninos, e eu os ouço chorar.
— Oi. — tento acalmá-los. — Vocês estão bem? — pergunto com cautela. Ouço a Valentina chorando e o Caio me responde, também chorando.
— Jack, vem buscar a gente! Queremos ir embora! — As lágrimas vêm em meus olhos e tento segurar a emoção.
— Eu vou buscar vocês — faço a promessa.
— Jack, cadê o meu pai? — ele pergunta, chorando.
— Fique tranquilo, ele está bem — eu o tranquilizo.
— Tá bom. Vem logo, por favor! — pede.
— Sim, irei – confirmo. Renata puxa o celular da mão de Caio.
— Agora chega! — ela grita. — Anote o endereço que falarei, quando chegar ao local, me ligue nesse número que irei ao seu encontro.
— Ok! Ah, chefe, espero que fique tudo bem, ok? — uso um tom de ameaça.
— Ah, vai ficar tudo bem. Assim que você chegar! — ela devolve a ameaça e encerra a ligação. Alex chega perto de mim e diz, preocupado.
— Está tudo bem com o Rubens? — ele pergunta preocupado.
— Sim, está — desconverso e reparo que os policiais não estão estavam mais por perto. — Cadê os policiais?
— Eles foram atrás de uma informação que receberam sobre a Renata — Alex comenta.
— O que eles falaram sobre os gêmeos? — continuo a desconversar para não pôr a vida dele em risco, pois já bastava a minha e a das crianças.
— Nada. Só pediram para nós aguardamos em casa por notícias.
— Ok, vamos para seu apartamento — falo para ele e seguimos para seu apartamento.
— Você está bem? — questiona novamente.
— Sim, estou bem. Apenas preocupada com os gêmeos e louca para pegar a Renata — respondo, falando meia verdade.
— Jackeline, nós vamos encontrar os gêmeos e também vamos encontrar a puta da Renata!
— Sim, nós vamos! — Mas quem vai encontrar aquela vaca, de fato, sou eu.
— Humberto está indo direto para nossa casa, para ficar conosco — Alex diz sendo forte, mas, de repente, vejo os seus ombros tremerem, e ele me abraça e começa a chorar.
— Alex, amor. Vai ficar tudo bem! — tento tranquilizá-lo.
— Jackeline, tenho medo de perder os meus filhos. E se isso acontecer, juro que morro! — diz entre choros, e eu choro também.
— Calma! Eu juro para você que tudo vai acabar bem.
Levo-o para o carro e continuo a acalmá-lo. Antes de partimos para o apartamento, envio mensagem para o Humberto, avisando que Alex está muito abalado. Dessa vez, eu dirijo. Humberto já está nos aguardando no apartamento e, quando chegamos, ele abraça Alex e diz.
— Meu amigo, vai dar tudo certo! — Humberto conforta o Alex.
— Eu preciso dos meus filhos! — Alex fala, volta a chorar e vai para o quarto das crianças.
— Vai lá. Vou pegar um pouco de água e já subo — minto para ele.
— Você está bem? — ele pergunta, preocupado.
— Sim, estou — respondo tentando passar uma tranquilidade que não tinha.
— Ótimo. Vou lá no quarto ver como está o Alex.
Bruno sobe as escadas e vai até o quarto. Corro para o escritório e pego a arma que deixei guardada no cofre do Alex. Saio rápido, não quero que eles venham atrás de mim. Quando sentirem a minha falta, já estarei longe. Vou até o endereço que a vadia me passou. Coloco meu celular no viva-voz e ligo para ela. Demora, mas ela atende.
— Está chegando? — Renata pergunta. Sinto que ela está feliz, pois sabe que estou indo para a cova do lobo.
— Sim, estou — aviso.
— E o meu maridinho? — ela indaga, curiosa.
— Ele está no apartamento dele. — Olho no GPS e vejo que estou chegando ao local.
— Isso é muito bom — ela diz em tom de aprovação.
— Estou chegando — digo.
— Te aguardo — ela responde
— Ah, Renata? — eu a chamo.
—Sim... — diz, indiferente.
— Renata, prometa que vai liberar as crianças — peço.
— Não, se preocupe. Eu vou liberar os pestinhas — fala com um toque de ironia.
— Obrigada! — agradeço desejando do fundo do coração que ela não faça nenhuma besteira.
— Não me agradeça ainda — Renata me ameaça e desliga. Dou um suspiro de alívio, mas ele não dura muito. Meu celular toca e eu atendo.
— Alô — falo.
— Jackeline, pelo amor de Deus. Onde você está? — Alex grita.
— Eu estou no quartel — minto na cara dura.
— Mentira! Eu liguei para o Rubens, e ele nem falou com você hoje — Alex diz e noto um ar de censura.— Alex... — eu o chamo
— Jackeline, por favor. Onde você está? — Alex pergunta novamente.
— Eu estou... — gaguejo, não querendo dizer a minha localização.
— Por favor, não me diga que você foi atrás da Renata? — indaga.
—Não estou — minto.
— Por favor, me fala onde você está? — Alex estava nervoso.
— Eu não posso dizer
— respondo com o coração apertado. Talvez nunca mais veja o Alex..
— Não faz isso... — ele pede desesperado.
— Me desculpe! — E encerro a chamada. Dou um soco no volante e grito. —Tudo é culpa sua, Renata. Sua cretina!
Alex me liga várias vezes, mas recuso todas as chamadas. Estaciono o carro. Finalmente chego ao local combinado. Coloco minha arma nas costas e um canivete em minha bota. Alex não para de me ligar. Olho para a tela do meu celular com muita tristeza ao ver a sua foto.
Mas o que estou fazendo é para o seu bem. Meu chefe começa a me ligar também, mas recuso a chamada. Desço do carro, ligo para Renata.
— Estou entrando — aviso.
— Estou te esperando! — Renata fala em tom alegre e encerra a ligação.
Entro no prédio abandonado, faço o sinal da cruz e peço a Deus, proteção! Ando por um lugar escuro e chego a uma sala com pouca iluminação.
Ouço crianças chorando, entro e dou de cara com Renata e os gêmeos. Eles estão assustados e vê-los naquela situação me revolta. Sinto uma força sobrenatural e quero tirá-los dali a todo o custo. Renata sente a minha movimentação e diz.
— Agora somos eu e você! — ela declara em tom ameaçador.