Alex
Sempre fui uma pessoa que levanta cedo. Mas naquela manhã mal tive tempo de sentar na minha cama. Meus pequenos entraram correndo no meu quarto, como se a casa estivesse pegando fogo. Ainda bem que eu já estava vestido, pois tenho o costume de dormir nu às vezes.
— Calma aí, meus filhos. Que pressa é essa? — falo isso agarrando Caio que veio pulando em cima da minha cama. Ainda bem que eu já estava vestido, porque às vezes eu acabo dormindo nu.
— Papai. Queremos sucrilhos — diz Caio.
— Calma. Que fome é essa? Vocês já escovaram os dentes? — brinco com eles.
— Sim — eles gritam, me fazendo tampar os ouvidos.
— Então, vamos para a cozinha. — Eu chamo.
Não precisei falar duas vezes, os gêmeos saíram correndo. Esses dois têm muita energia. Desço atrás deles, que já estavam na sala, ligando a TV para assistir ao desenho. Fui em direção à cozinha e comecei a preparar os sucrilhos deles. Sirvo, eles comem e, em seguida, aviso:
— Vamos tomar banho. Hoje vocês têm médico! — aviso, pra eles quando terminam de comer.
Eles sobem, direcionam-se cada um para um banheiro do apartamento Vou para meu quarto e faço o mesmo. Nada melhor do que um banho para relaxar. Logo que termino meu banho, sigo para o meu closet, visto uma camisa branca e um terno preto e, em seguida, vou atrás dos gêmeos, que estão quase prontos.
Minha menina, sentada em frente à penteadeira, estava com dificuldade de arrumar o cabelo. Era tão parecida com a mãe. Ela se esforçava, como se a tarefa de pentear seu cabelo fosse algo muito difícil, dava para ver que estava perdendo a paciência, o que não era seu forte, assim como a sua mãe.
— O que houve, anjo? — pergunto e ela me olha rápido com um sinal de alívio no rosto.
— Papai, meu cabelo está rebelde — ela diz quase chorando. Minha menina é muito delicada.
— Ei, calma, meu amor! — eu a acalmo.
Nessas horas, gostaria que a Sarah estivesse aqui para me ajudar, mas ela não está. E isso doía como o inferno. Nunca vou amar outra mulher como a amei!
Os rapazes sempre me chamam para curtir a noite, sair um pouco, mas quase nunca quero sair, sempre é mais importante para mim o bem-estar das minhas crianças.
Pego a escova e começo a pentear seus cachos dourados. Ela é minha menina, meu raio de sol, que está crescendo rápido e logo, logo se tornará uma linda mulher. Já Caio é meu guerreiro, outro anjo em minha vida. Ele é a minha força em dias bons e dias ruins. Quando a Valentina está dormindo, eu e ele jogamos videogame, é assim quase todos os dias... Termino de pentear seus cabelos e faço uma trança. Não está tão perfeita, mas sou pai solteiro e com pouca habilidade em pentear cabelos.
— Prontinho, meu amor — digo, colocando um laçarote rosa em seu cabelo.
— Obrigada, papai.— ela me fala e meu coração transborda.
— De nada, meu amor. Agora vamos chamar seu irmão — digo.
Logo após sair do quarto, vamos procurar Caio, que estava largado no sofá, divertindo-se com o tablet. Eu o chamo e seguimos até o carro. Antes de chegar, percebo que esqueci o celular e então volto. Reparo que Renata vai em direção às escadas apenas com um robe, não acredito na situação, como ela tem coragem de andar desse jeito em minha casa?
Espero ela subir as escadas, pego meu celular e saio. do apartamento. Minha vontade era de colocá-la contra parede e entender o motivo dela andar assim pela casa. .
Os gêmeos me esperavam em frente ao elevador e já estávamos atrasados para a consulta. Contudo, à noite, teria uma conversa bem séria com Renata. Chamo o elevador, chego na garagem, coloco as crianças no carro e vamos para o consultório.
Ao chegar, já na sala de espera, reparo que todas as mulheres que se encontravam lá, não param de me olhar. Sinto-me como uma carne suculenta. Credo! Senti até arrepios com aqueles olhares.
— Meninos, sentem ali, enquanto aviso a Ângela que já chegamos. — Peço e observo eles se sentarem e sorrio pra eles que retribuem.
Vou até a mesa da recepção para saber se e a Ângela, a recepcionista, avisou a Tiago sobre a nossa chegada.
— Olá, senhor Mendonça, como estão? — pergunta.
— Estamos bem, Ângela, obrigado. E você como vai? — pergunto.
— Bem, graça a Deus! Já avisei o doutor Tiago Duarte que vocês já chegaram.
— Obrigado — agradeço e fico perto dos gêmeos que estão brincando no cantinho lúdico.
Não demora muito e somos chamados para a sala do médico. Ficamos lá dentro por volta de 30min, Tiago examina as crianças, conversa com elas e somos liberados. Saio do consultório de meu amigo com a promessa de sair para beber no final de semana.
Volto para casa, deixo Caio e Valentina com a babá e digo:
— Renata, gostaria de conversar com você mais tarde. Vá ao meu escritório assim que eu chegar.
— Ok. Senhor! — ela responde rápido e chama as crianças para se arrumarem para o colégio.
— Obrigado — agradeço, vou até os gêmeos e dou um beijo e um abraço em cada um, despedindo-me.
Hoje a Renata não iria escapar da conversa que teria com ela. Nunca dei essa liberdade para ela ficar zanzando pelo apartamento praticamente nua e isso eu não aceito.
Os rapazes já comentam que a babá parece-me olhar querendo me comer vivo, eu sempre achei que era exagero, mas hoje vi que não é.
Saio de casa e chego logo no prédio onde ficam várias empresas e umas delas era a do Rafa. Enquanto espero o elevador, meu telefone toca, respiro fundo e atendo, era meu amigo Guilherme Lins. Fico assustado com a ligação e acabo descendo no andar errado.
— Alô. — atendo com receio do que vou ouvir.
— Oi, bom dia. Como vai, Alex? — Guilherme me pergunta, como se ele não soubesse da situação. Que raiva daquela puta! Estou numa condição horrível por causa dela e a única coisa que ela queria era ser fodida por mim.
— Estou bem e você? — pergunto com o resto de educação que ainda tenho.
— Bem, também! O que tenho para deixa te falar é algo desagradável. Você não vai gostar nada de saber...
— Eu já falei, —"PUTA QUE PARIU!"Que não quero mais ouvir falar sobre aquela maldita mulher! Solto já sem paciência, mas ele continua.
— Parece que a sua ex-modelo está dizendo que tem fotos e vídeos de vocês dois juntos no escritório — ele diz.
— Eu não conseguia acreditar que aquela vadia estava dizendo essas coisas. Desde que essa mulher entrou na minha vida, vivo um verdadeiro inferno. Não queria nem ouvir as merdas que ela estava soltando por aí. Não a aguentava mais. — Acabo explodindo com Guilherme bem na hora que o elevador abre.
— Alex, sinto muito, meu amigo, mas é o seguinte: essa mulher não vale nada! Isso é verdade O problema é que ela disse que realmente tem as fotos, então você e seus filhos ficarão muito expostos.
— Guilherme, pelo amor de Deus, entra em contato com o Bruno, eu não quero que nada chegue ao ouvido dos meus filhos, eles são crianças — digo já ficando puto da vida com essa vagabunda, não sei o que fiz para receber esse castigo.
Olho e percebo que estou chegando no andar, queria saber mais sobre esse tal segurança que o Rafa tinha contratado. — Alex, estão me ligando, depois nos falamos. — Guilherme diz isso praticamente desligando na minha cara. Concordo e desligo.
Minha vontade é mesmo de bater naquela vagabunda. Guardo meu celular no bolso, fico tão agitado que assim que o elevador abre as portas, saio bem rápido do elevador e nem percebo que o meu celular caiu nele, desço e resolvo subir até o escritório de Rafael de escada. Ao chegar à cobertura, encontro uma mulher que não tinha aparência de secretária. Chego perto de sua mesa e ela diz: recepcionista.
— Pois não, em que posso ajudar? — pergunta a recepcionista.com os olhos brilhando.
— Eu vim falar com Rafael Monteiro — digo sério e ela acena com a cabeça em concordância.
Fico imaginando de onde saiu essa mulher? Aposto que ela é alguma foda dele. Esse Rafael não tem jeito mesmo, fica contratando suas "Peguetes" para trabalharem com ele.
— Senhor Mendonça, pode entrar. — ela avisa num tom bem enjoativo. Agradeço e entro encontrando Rafa sentado bem folgado em sua cadeira.
— Que bonito! Você aí todo jogado na cadeira como se estivesse na sua casa. Já pensou se fosse um acionista entrando aqui? O que ele ia achar do seu presidente? — eu falo em tom irônico.
— Ora, Ora, o senhor Alex Mendonça em minha empresa, quanta honra. Me dá seu autógrafo? — Rafa zomba de mim, nos cumprimentamos devolvo-lhe a ironia que ele sempre tirava com a minha cara.
— Hahaha. Muito engraçado. — Reviro os olhos pra ele.
— Como está, meu amigo? — ele pergunta e indica o sofá para que eu me sente.
— Bem. Graças a Deus! A única coisa que anda me perturbando é aquela peste da Verônica. Ela está ameaçando soltar fotos nossas que eu nunca tirei — desabafo e já vou mudando de assunto. — Levei os gêmeos para uma consulta com Tiago, ele mandou lembrança e nos convidou para uma noite de bebidas.
— Esse Tiago... Quero ver ele mesmo pagar. Convidar, ele sabe, agora pagar é difícil, hein! Espero que ele pague dessa vez. — brinca Rafa e dou uma risada.
— Então, me conta, você contratou mesmo o segurança? — pergunto curioso.
— Sim, já contratei e só falta assinarmos a documentação da contratação.— ele me fala em tom sério.
— Ok! Me passa o valor dos serviços para que eu possa fazer o depósito — peço para ele já tirando o talão de cheque.
— Eu quero pagar por esses serviços! — ele diz entusiasmado, deixando-me surpreso, mas eu falo:
— Rafa, nem pensar. Você já fez muito procurando e contratando o homem.
— O que te faz pensar que o segurança é homem? — ele pergunta em tom de deboche.
— E não é? — respondo surpreso.