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Chapter 3 - Parte 3: Um anjo?

Um carro parou no meio da pista de pouso, e no assento do carona estava o tenente Fliten, usando um óculos escuros, que somente parecia aumentar o tamanho do seu queixo.

— Tenente, o que você faz aqui?

Eric tomou um susto. Se o tenente Fliten lhe desse outro castigo, ele não sabia o que poderia fazer para acabar com a vida do seu superior…

— Certo, já que vocês estão assim, então o Pelotão Besouro irá descascar as batatas do jantar de hoje.

— O que? Isso não é justo, tenente — resmungou prontamente o jovem loiro.

— Ora, vocês pareciam tão animados, achei que gostariam de mais um pouco de trabalho hoje. Estou errado?

— Não fomos forçados a entrar no exército para descascar batatas — retrucou Eric.

— Então vocês querem ser enviados para a linha de frente? ― indagou o tenente. — Ótimo, eu posso ajudá-los nisso…

Eric sentiu um arrepio desconfortável ao ouvir essas palavras, e apenas respondeu:

— Também não é isso…

— Aliás, façam o jantar direito, pois teremos uma convidada especial para essa noite — continuou o tenente Fliten, sorrindo.

Eric seguiu os olhos do tenente e olhou para o banco traseiro do carro, só então ele notou a figura de uma jovem garota sentada de braços cruzados. "Quem é ela?" Nem mesmo na vila teria uma garota tão linda como ela, ponderou.

Mas ele não conseguiu saber mais sobre a garota, pois o carro tinha partido em alta velocidade, indo em direção ao prédio administrativo da base.

Por fim, Eric suspirou. Em seguida, ele se aproximou e voltou a correr ao lado dos seus amigos. Tinha dado apenas trinta voltas, não cumpriram nem metade do objetivo deles. Mas claro, eles não pretendiam cumprir as cem voltas e, quando chegaram na volta de número quarenta e cinco, eles pararam de correr.

O jovem loiro sentou no meio da pista de pouso, ofegante.

— Eu vi um anjo — disse ele, de repente.

— Você finalmente perdeu o juízo? — indagou Dalva, ao encarar o garoto loiro com um olhar indiferente.

— Estou falando sério. Tinha uma garota naquele carro que se parecia com um anjo…

Ele não tinha prestado muita atenção na garota enquanto conversava com o tenente, mas só o rosto dela já era a coisa mais bela que ele já viu em uma pessoa. "Tomara que ela entre para esse batalhão", pensou, com um sorriso malicioso.

Quando a noite chegou, a base foi iluminada por lâmpadas elétricas, um luxo que poucos podiam ter. Muitos soldados que estavam em campos treinando tinham retornado. Havia várias fogueiras acesas do lado de fora, rodeadas por homens conversando e gargalhando, enquanto outros pareciam mais preocupados. Afinal, a guerra não ia bem para os reinos aliados.

Na cozinha, tinha apenas algumas pessoas. Eles realmente ajudaram a fazer o jantar. Não porque o tenente disse aquilo mais cedo, na verdade, eles três ajudavam na cozinha da base desde o primeiro dia deles naquele lugar.

O cozinheiro gargalhou quando ouviu o motivo deles terem sido obrigados a correr cem voltas.

— Então esses são os seus três desejos, heim? — disse, sorridente.

Ele era um homem baixo, de meia idade e sem nenhum fio de cabelo em sua cabeça. Além disso, todos da base gostavam dele.

— Aquele desgraçado do Fliten, tomara que morra em alguma batalha. Mas ele é tão covarde que só fica na sua sala dando ordens.

— Não fale assim — disse o cozinheiro. — Se ele ouvir isso, você realmente pode ficar com problemas. Lembre-se, estamos em guerra e ele é o seu superior. — Ele preparava um caldeirão de feijão cozido, e experimentou o sabor, antes de colocar mais sal. Então completou: — Além do mais, ele não é o pior chefe que você poderia ter.

— Tomara que ele se engasgue com essa batata, he he he.

O cozinheiro suspirou.

— Zyon, de um jeito no seu amigo. Não quero ter problemas por causa da boca deslavada de um idiota bocudo. — Dalva mantinha sua atenção em cortar os legumes em pedacinhos enquanto falava.

Zyon apenas bocejou, jogou mais uma batata descascada dentro do balde e pegou outra para descascar.