O refeitório se encheu de murmúrios e não era para menos. Afinal, o que uma princesa faz no meio de uma base militar sem quase importância.
Quando Eric olhou em volta, viu que a maioria dos soldados pareciam aborrecidos com a presença da jovem princesa, enquanto outros demonstravam não se importar. Ele logo entendeu o motivo, o ministro da defesa era irmão mais novo do rei e um dos herdeiros legítimos do trono. Por sua vez, uma parcela pequena da população estava descontente com as ações da monarquia em relação à guerra.
— Silêncio! — Fliten ergueu seu tom de voz ao dizer. Em seguida, ele falou alguma coisa em voz baixa para a garota e olhou para a mesa onde estavam três jovens sentados.
Ao lado da garota e dois subordinados leais, Fliten atravessou todo o refeitório e veio até a última mesa.
— Esses são os únicos membros do pelotão inútil… quero dizer, do pelotão Besouro. — Havia um pouco de desdém em sua voz, óbvio.
— Olá, é um prazer conhecê-los — disse a garota, ao dar um passo à frente e curvou seu corpo numa saudação impecável, digna de uma princesa.
Eric foi o único a esboçar uma reação — e desajustada — com a apresentação da garota ali. Se levantou e falou com um pouco nervosismo:
— O-olá, é um prazer conhecê-la também, princesa Ingha. E-eu me chamo Eric.
— Eric… — Ela mostrou um sorriso cortês, e completou: — Você pode me chamar só de Justine.
— Sim! — assentiu Eric, então percebeu que o olhar da princesa mudou para os dois sentados a suas costas, e disse: — Ah, esses são Zyon e a .
Como nenhum dos dois esboçou alguma reação, ela sorriu e disse:
— Olá.
Como se fosse uma dupla de acrobatas, Zyon e Dalva olharam para o tenente Fliten com uma sincronia perfeita, mas ambos tinham expressões diferentes. O jovem ainda mantinha seu olhar apático, enquanto a garota tinha olhos mais incisivos.
— A partir de hoje, ela ingressará nesse pelotão — informou o tenente Fliten.
— O que? Mas ela é uma princesa. Porque está entrando para o exército? Ainda mais no nosso pelotão!
— Eu tenho os meus motivos — respondeu a garota.
De repente, o jovem de olhar apático segurou a bandeja onde tinha uma tigela com um pouco de sopa e meia fatia de pão e se levantou. Quando Zyon chegou ao corredor, porém, o tenente se aproximou e o segurou pelo ombro, trazendo-o até um canto do refeitório.
— Eu não quero problemas com a família dela… então eu nem preciso dizer o que vai acontecer com você e seus amigos se algo acontecer a ela, não é mesmo? Estamos entendidos?
Zyon permaneceu em silêncio, enquanto os três jovens olhavam para eles. Então o tenente Fliten deu dois tapinhas no ombro dele e mostrou uma risada forçada.