Ben-Hur explicou para o seu pai e sua mãe que havia se encontrado com um deus, mas não sabia qual e também deixou de fora que ele na realidade havia vindo de outro universo.
Sophie e Adam se entreolharam e pareciam conversar através dos olhos.
"Lily... Fique com seu irmão um pouco..." Disse Adam e então ele junto de sua esposa saíram do quarto para conversar.
Ben-Hur sabia que algo estava acontecendo, mas também sabia que não era hora de especular.
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"Ele já começou a demonstrar os sinais com apenas cinco anos..." Disse Sophie com um olhar preocupado.
"É... Eu também estou achando estranho, é cedo demais..." – Adam.
"A nossa sorte é que como ele nasceu na Aldeia e nós vivemos com aldeões, ele não recebeu nossos títulos de nobreza, sendo assim, ele não será descoberto tão cedo..." – Sophie.
"Concordo, Lily e Ben-Hur estão seguros por um tempo... Contudo... Apesar da Classe Social deles não ser a mesma que a nossa por terem nascido e vivido como aldeões, seus poderes ainda foram influenciados por nós..." – Adam.
"Não será possível esconder por tanto tempo, o talento deles claramente será descoberto... Afinal... Eu e você viemos de uma linhagem muito antiga que sempre foi temida e o fato de nossos filhos terem herdado ambas é algo que aos olhos deles jamais deveria ter acontecido... Eu..." Sophie parecia triste, como se fosse sua culpa da situação que eles estavam.
"Ei... Não fale assim, ninguém, nem mesmo os Deuses têm o direito de dizer se nós podemos ou não nos amar... Quem liga para aqueles velhos anciãos que se importam apenas com políticas, riquezas e poderes..." – Adam.
Sophie olhou para o seu marido com um olhar um pouco mais calmo, mas ainda com uma certa culpa.
"Eu sei... No entanto, eles jamais vão nos deixar escapar, enquanto estamos aqui, dezenas de pessoas provavelmente estão nos procurando... Você sabe como nossas famílias são..." – Sophie.
"Escute, ninguém vai fazer nada para nossos filhos... Eu não vou permitir..." Os olhos de Adam se encheram de poder e por um instante ele pareceu ter seu poder multiplicado por várias vezes.
"Se acalme... Não queremos que a sua ou a minha Linhagem despertem...." Disse ela segurando a mão de seu esposo e o abraçando.
Ele a abraçou como se não tivesse coragem de a largar.
"Vai dar tudo certo... Vai dar tudo certo..." O olhar de Adam brilhava enquanto ele passava as mãos nos lindos cabelos loiros e lisos de sua esposa.
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Ben-Hur viu seu pai e sua mãe retornarem ao quarto e, sendo ele um idoso, tendo visto muitas pessoas, pais, mães e com sua experiência de vida, ele sabia que algo os incomodava.
Apesar de tentar esconder, ele podia ver leves resquícios de lágrimas nos olhos de sua mãe.
E isso o incomodou.
Ele poderia não ser daquele mundo, no entanto, em seu coração Adam, Sophie e Lily eram parte de uma família que ele jamais teve e por isso, mesmo que fosse preciso dar sua vida, ele os protegeria.
"Mãe... Pai... Vai dar tudo certo..." Disse ele com um sorriso carinhoso.
Adam e Sophie se entreolharam e algo parecia ter acontecido ao ouvirem as palavras de Ben-Hur, já que suas expressões suavizaram.
Nem eles entenderam, mas era como se um peso houvesse sido retirado de seus corações.
Lily não entendia muito o que estava acontecendo, diferente de seu irmão, ela não era uma senhora de idade avançada a qual sua alma reencarnou naquele mundo.
"Toc! Toc! Toc!"
O som de batidas na porta do quarto os tirou de seus pensamentos.
"Com licença..." A porta se abriu e era o Padre Pedro.
Ele imaginou que nesse momento eles já estariam mais calmos.
"Desculpa por incomodar você..." Disse Adam curvando levemente a cabeça em direção a ele.
"Imagina! É nosso dever... Está tudo bem..." – Padre Pedro.
Adam sorriu em agradecimento.
"Certo, seria possível eu conversar a sós com ele?..." Disse o Padre Pedro olhando para Ben-Hur.
Sophie parecia um pouco apreensiva, ainda preocupada com o estado de seu filho, mas ela pegou Lily e saiu com seu marido do quarto.
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"Então, quantos deuses apareceram para você?..." Indagou o Padre Pedro com um olhar sério.
"Alguns... Não lembro ao certo..." Ben-Hur escolheu esconder o fato de que os dez deuses que surgiram para ele eram Dez Deuses de Alto Nível.
"O que eles falaram?..." – Padre Pedro.
"Eu não lembro direito, mas eles falaram algo sobre terem interesse em mim..." Era verdade, eles realmente se interessaram nele, além disso, era melhor não falar o fato de que um inimigo antigo estava retornando.
Padre Pedro suspirou olhando para o teto.
"Entendo.
Veja bem, há aproximadamente mil anos uma pessoa também passou pela mesma experiência que você e ficou quase o mesmo tempo que você desacordada.
Naquela época, o homem viu três Deuses de Médio Nível e recebeu uma benção de cada um deles.
Ele era um dos poucos da época agraciados com a Classe Hero, mas, de longe, o mais poderoso entre eles.
Capaz de exercer o poder de um Rank SSS.
No entanto, após sua morte, nunca mais foi visto alguém tão poderoso dentro do nosso Reino..." – Padre Pedro.
Ben-Hur sabia mais ou menos disso, ele havia falado com os outros aldeões e eles o contavam diversas histórias, lendas e mitos.
O Reino que eles viviam era um dos Reinos mais antigos, mas que a glória do passado não estava tão presente atualmente.
O último poderoso ser de Rank S no Reino já havia perecido a séculos, devido à idade avançada.
Agora, apesar de ainda ter algum prestígio dentro do Continente, não era mais a mesma coisa.
Atualmente eles tinham poucas pessoas no Rank S.
Eram poderosos o suficientes para manterem o Reino como um das forças do Continente, mas nada que o colocasse entre os primeiros.
Atualmente, a mais poderosa força dentro do Continente era o Império Ágape.
De qualquer forma, o fato de Ben-Hur ter tido uma experiência parecido com o homem há mil anos atrás era algo importante.
Porém, o Padre Pedro também sabia que o garoto era apenas um aldeão, diferente do homem que era um dos mais poderosos nobres da época.
Sendo assim, ele muito provavelmente seria destruído ou alguém tentaria o trazer para o seu lado na base da força.
A Igreja Divina havia jurado diante da Estátua do Deus Supremo que não poderiam usar pessoas, bênçãos ou influencia para ganhos próprios, mas para proteger os fracos e levantar os caídos.
"Eu não sei se você consegue me entender por causa da tenra idade, no entanto, o que aconteceu com você eventualmente chegará aos ouvidos de outras pessoas através do Reino.
No momento em que você passou pela sua experiência, havia um pequeno grupo de nobres fazendo suas preces nos bancos da Catedral..." – Padre Pedro.
Ben-Hur entendia muito bem o que ele estava dizendo.
"Eu posso lhe ajudar... Eu tenho alguns contatos dentro da Academia Real e posso lhe recomendar para o Exame de Entrada..." – Padre Pedro.
Ben-Hur surpreendeu-se com a proposta.
A Academia Real era uma escola para nobres ou filhos e filhas de importantes comerciantes do Reino e até mesmo alguns intercambistas de reinos vizinhos.
A única chance que um plebeu tinha de entrar na Academia Real era através de uma prova anual extremamente complexa e o número de vagas era risório.
De qualquer forma, ainda era uma oportunidade única.
"Você aceita o convite?" – Padre Pedro.