Chereads / Crush Pelo Bad Boy do Otome [BL] PT-BR / Chapter 31 - Uma Longa Noite

Chapter 31 - Uma Longa Noite

O cantor viu Saito parado na porta entreaberta do quarto encarando eles que estavam deitados lado a lado no chão. Mesmo no escuro Haruki percebia a expressão irritada do alpinista, e seus punhos cerrados. Jun dormia pesado e não acordou.

Os dois se encararam por alguns segundos em silêncio, o cantor ficou na expectativa do que fazer, esperando para ver se o homem mais velho teria a audácia de se intrometer em sua relação com Jun. Pois se o alpinista falasse algo, isso terminaria em briga entre ele e Haruki. O cantor não queria ter que cortar relações com uma pessoa a quem respeitava.

Até ali o garoto tinha agido de forma conciliadora, querendo manter a tranquilidade em todas as suas relações, mesmo quando não se sentia calmo ele fingia estar. Talvez essa escolha de atitude tenha passado uma impressão errada sobre sua pessoa.

Haruki esperou a reação de Saito para saber se o alpinista teria o bom senso de entender que ele não era bem-vindo agora e ir embora fechando a porta.

Mas o bom-senso e Saito há tempos não andavam juntos. Ele abriu totalmente a porta do quarto ignorando que o padeiro estava dormindo ali e chamou o garoto, "Haruki, eu preciso conversar com você. E precisa ser agora," seu tom de voz era manso, mas não baixo. E foi o suficiente para acordar Jun que 'dormia profundamente'. Haruki se sentiu um trouxa em pensar que logo Jun não teria sentido seu rival chegar enquanto descansava.

"Pois então entre Saito." Jun se intrometeu respondendo Saito no lugar do cantor. Com um movimento rápido ele se virou no chão e se levantou, encarando Saito.

Haruki se encolheu involuntariamente, não por medo de Jun. E sim por instinto, evitando ser pisoteado. "Esperem. Vocês dois não vão discutir de novo! Eu estou ficando louco por causa dos senhores!" O cantor se controlou para não gritar, mantendo a voz baixa. Os outros moradores não precisavam ser incomodados por causa das picuinhas desses encrenqueiros que se encaravam.

'Respire.' Haruki se aconselhou mentalmente. Ele estava encurralado entre os dois alfas que o desejavam.

Ele que geralmente era sorridente precisava impor respeito, e fazendo sua mais assustadora carranca Haruki perguntar, "Saito ou você tem algo muito importante para contar ou..."

"Sim, eu tenho," o alpinista respondeu o interrompendo e explicou, "Apareceu um transatlântico no mar."

Saito estava calmo, demonstrando total indiferença à recepção agressiva dos dois. "Vejam por si mesmos." O alpinista saiu do quarto seguido por Jun e por Haruki que correram para olhar pela janela do corredor.

Era final de madrugada e a embarcação majestosa em tons perolados dominava a paisagem com um céu estrelado, se espelhando no mar. O transatlântico combinava com a mansão, imenso e de design arrojado.

Haruki só tinha visto propriedades assim em fotos de propagandas ou em séries de TV onde os protagonistas eram bilhardários. O que o fez rir ao imaginar se Abe Miyu teria pedido um vaso sanitário eletrônico com jato massageador e música para a sua cabine. Já que tudo ali dentro só custava um pouco de tintas e um bom ilustrador. 'Tomara que ela tenha pedido cavalos alados!' Seus pensamentos foram interrompidos pela voz do alpinista.

"O jogo vai começar. Miyu-chan é o passaporte para fora daqui. Venham, vamos conversar."

Saito voltou para dentro do quarto, e sentou-se no chão como se estivesse em seu aposento.

Jun olhava para a embarcação com o semblante pesado. Ele estava muito pensativo e tinha os punhos fechados.

O cantor teve medo do quer que fosse que o padeiro estivesse pensando. De todos ali, Sasaki Jun era o que melhor representava o arquétipo escolhido.

"Ei Jun, vamos ouvir o que Saito quer nos dizer" o cantor pediu. E juntos voltaram para o quarto.

"Saito não deveríamos chamar os outros?" Haruki perguntou, já se virando para a porta, mas a mão de Jun o deteve. Saito também sinalizou que não.

Era intrigante para o cantor ver como eles se entendiam apesar de toda a antipatia que expressavam um pelo outro, bastava uma troca de olhar silenciosamente.

Saito os encarou por um tempo, "É um acordo entre nós três. Quem sair com Miyu-chan primeiro esclarece a ela a nossa situação."

"Contar a ela? Mas e o acordo com o Honda-san?" o cantor os questionou, vendo novamente como eles estavam em sintonia de ideias e objetivos.

Desta vez, foi Jun quem explicou, "Sua fé nas pessoas é invejável Haruki. Como você pôde ser tão inocente sendo trainee há anos?! Honda-san só nos contou o que não deu para ele continuar escondendo," Jun falava com amargura. "Precisamos conversar com Miyu-chan. Será um teste sobre qual é o caráter dela. Depois que ela souber que nós somos pessoas reais e não inteligência artificial. Então nós saberemos como ela é de verdade. Se ela vai exigir que continuemos com o jogo. Ou ..." Jun falou as últimas palavras com seu sorriso sardônico, piscando para Haruki para ele concluir seu pensamento.

"...Se ela vai nos ajudar a sair," o cantor completou sorrindo para Jun, e piscando para ele de volta. Tinha entendido que esta era a maneira mais rápida deles ganharem a liberdade para o mundo real.

Saito ostensivamente olhou para o teto rolando os olhos logo em seguida foi para a porta virando-se para o cantor, "Eu aposto que ao amanhecer iremos para a embarcação. Te aconselho a pôr gelo nos lábios." Saito olhava para o cantor, ignorando seu adversário.

"...!" Haruki tinha baixado a guarda, e por isso corou como um garoto.

Jun bufou, mostrou os dentes e cerrando os punhos para o aventureiro, ele caminhou até a porta e a fechou, girando a chave na cara de Saito.

Ele voltou para perto de seu affair, "Meu bolinho de morango lindo!" E pegando com carinho seu queixo disse, "Aquele bastardo invejoso! Seus lábios estão vermelhos e inchados, deliciosos para serem beijados. " O Bad Boy voltou a beijar com paixão seu objeto de desejo, voltou a se deitar sobre seu corpo e ficou simulando cavalgá-lo.

"Está tão ruim assim?" preocupado perguntou Haruki, entre um beijo e outro. A resposta veio com lambidas carinhosas, e palavras ronronadas, entrecortadas, "Nunca,... esteve,... tão..., lindo!" E com essa provocação uma nova sessão de beijos começou.

°°°

O som da conhecida música de alerta tocou.

Um beijo suculento foi sofridamente interrompido. O casal se afastou frustrado. Eles teriam que ir até a sala de jogos onde o engenheiro-chefe queria a atenção de todos.

Haruki olhou para a gostosa boca de Jun e começou a rir, ele parecia ter sido picado por vespas. O cantor levou a mão aos próprios lábios, os sentindo enormes. Resultado de terem passado o amanhecer se beijando.

"Vou me trocar, e você deveria fazer o mesmo," Haruki ainda tinha muita inibição de estar trocando carícias com outro homem e suas roupas tinham mais o cheiro de Jun nesse momento, do que o cheiro dele.

ººº

"Grhhhh" Haruki rosnou de frustração, ele se sentia confuso e queria um tempo sozinho para pensar.

Mas a música continuava tocando e ele tinha que ir para a sala de jogos encontrar não apenas com os outros homens, como também aguentar a chatice do programador.

'Bah, como posso estar feliz e irritado ao mesmo tempo?' O cantor se perguntou, saindo do quarto. Ele encontrou Jun no corredor o esperando para irem juntos, ele não tinha se trocado.

Saito estava parado próximo a porta da sala de jogos, e ao ver Haruki fez sinal para que ele entrasse primeiro.

Os três se reuniram com o grupo. Hinata sorridente. Daisuke e Takashi sérios concentrados na tela que deslizava, eles ignoram a entrada do trio. A transmissão começou.

A imagem desta vez não era da sala de programação, nem tampouco era do engenheiro-chefe Honda Seichiro.

Ao centro da tela estava um homem de olhos caídos, cabelos grossos volumosos e grisalhos. O rosto redondo, marcado por vincos profundos e seu terno chique de bom corte cinza com uma gravata brilhante, mas não escandalosa. Ele exalava riqueza.

Todo o cenário à sua volta parecia caro. Da mesa negra que refletia os objetos sobre ela, ao quadro ao fundo com imagens de cachorros e palmeiras.

O cantor deduziu que esse era Abe Hiroshi, o pai de Miyu. Ele parecia avaliar os homens na sala. Seu silêncio prolongado, e aparente indiferença fez o sangue de Haruki ferver já pegando implicância do senhor.

'Eu não vou aceitar isso por mais tempo,' pensou e decidiu iniciar a conversa mesmo sendo um ato grosseiro, "Abe-san que bom que o senhor veio nos conhecer!" falou fingindo animação e quebrando o gelo. "Eu desejo que o senhor seja o portador de boas-novas. É hoje que seremos resgatados?" O cantor perguntou diretamente.

O magnata piscou. Ele estava inclédulo? Sua cabeça deu uma guinada para a esquerda, e voltou para o centro revelando um tique nervoso que o homem mais velho não pode evitar. Com certeza ele não estava acostumado a ser questionado, menos ainda ser intimado. Seu olhar fixou-se em Haruki e ele respondeu,"Hm o Atleta."

Durante o rápido movimento de girar a cabeça para o lado, Haruki percebeu que Abe usava um ponto. Alguém estava passando informações para ele. 'Por isso o seu silêncio demorado,' concluiu o cantor.

"Saudações senhores. Eu sou Abe Hiroshi. E sim, Miyake Takao, eu trago boas-novas. Vou financiar a retirada de um. Mas para isso vocês irão passar por um teste. O que tiver a maior pontuação terá o privilégio. Qual de vocês será o merecedor senhores?!"