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Chapter 18 - O Sindicato Otome

Todos se entreolharam.

Alguns já estavam com as maçãs do rosto vermelhas, por causa da bebedeira.

Hinata que estava sentado de frente para a mansão gritou,"Olhem, chegou alguém na casa."

Haruki pulou da cadeira e se virou a tempo de ver um vulto se abaixando. Ele com os outros correram para dentro da mansão e ao entrarem encontraram um homem.

Era um senhor que aparentava ter uns quarenta e poucos anos magro e alto, com um pouco mais de 1,80m. Ele estava vestindo roupas sociais e sobre o terno com um avental grande e luvas de borracha.

O senhor parou de limpar a pia da cozinha quando eles entraram, solenemente o senhor se apresentou, " Boa tarde cavalheiros. Sou Ita, o mordomo. Eu estou encarregado da limpeza e arrumação geral da Mansão Diamante." O senhor Ita tinha feições responsáveis, sua postura era respeitosa. "Estão inclusas as minhas atividades, cozinhar, lavar e passar para os senhores. Há um cardápio fixo para cada dia da semana que não poderá ser alterado."

Hinata se adiantou pedindo,

"Oh que maravilha, estou salvo! Ita-san minhas roupas sujas estão nos meus quartos." Hinata estava feliz pela chegada do criado introduzido à casa.

Ele agora estava livre de qualquer tarefa doméstica, mas principalmente, porque ele não teria que lavar a roupa borrada.

"Me desculpe perguntar, mas aqui eu não consigo diferenciar. O senhor é uma pessoa ou um programa Ita-san," quis saber Haruki, testando as águas antes de mais nada. Afinal ele já tinha se dado muito mal a poucas horas atrás por tirar conclusões precipitadas. Mas fosse Ita homem ou máquina de uma coisa Haruki tinha certeza, ele era um espião. E esta atividade sim era seu objetivo principal entre eles.

"Sou um programa gerido e gerenciado por Okami, a Inteligência Artificial responsável por manter este bio-espaço virtual funcional."

"Hoooo OMG! O senhor é um andróide virtual!" Hinata exclamou impressionadíssimo chegando mais perto para ver os olhos e outros detalhes do boneco que a princípio parecia ser um homem como eles.

O cantor também se aproximou.

O senhor Ita não pareceu se incomodar com a exagerada proximidade dos garotos. E eles não eram os únicos impressionados, todos estavam estupefactos com a perfeição do andróide em se comportar como um humano.

"Ita-san, eu tenho uma dúvida, Okami pode nos liberar do jogo?" Haruki perguntou diretamente.

"Sim." foi a resposta do andróide que ainda não sabia mentir.

"Então eu quero sair, por favor." O cantor solicitou educadamente.

"O senhor tem que cumprir sua programação para ter acesso a saída, Miyake Takao." O andróide estava dando as informações que o engenheiro-chefe tinha negado.

Haruki ficou confuso por um instante. Sem saber a quem ele se referia. Mas então lembrou-se dos cards games e para não ter dúvida perguntou, "Eu sou Miyake Takao?"

"Sim, o senhor é o Atleta, Miyake Takao."

Haruki se controlou para não xingar nem gritar com uma máquina. Isso seria muito improdutivo, ele simplesmente voltou a perguntar, educadamente, "Hm, o senhor poderia definir qual é a minha programação, Ita-san?"

"Conquistar o coração de Niko Sawada."Como das outras vezes, Ita respondeu objetivamente.

Não era o que Haruki queria ouvir, apesar de já intuir. E Niko Sawada deveria ser o nome que Abe Miyu tinha escolhido para jogar o Otome.

"Ita-san quem eu sou e qual é minha programação?" Perguntou Saito.

"O senhor é o CEO Nichimura Koichi, sua programação é Conquistar o coração de Niko Sawada."

Todos se entreolharam novamente, mas desta vez nem todos ainda tinham as bochechas vermelhas pelo álcool. Jun, por exemplo, estava com a face branca de fúria, sem paciência bufou ao falar, "Não vou ficar aqui conversando com uma máquina. Me recuso a ser tratado como um personagem." Ele saiu pisando duro.

Aqueles que como Haruki chegaram à cozinha mais alegres pelo álcool, agora já se encontravam completamente sóbrios novamente. O impacto da realidade era que eles estavam presos no jogo, e seriam forçados a jogar se quisessem alcançar a liberdade.

Agora tinha até um andróide que tinha sido colocado ali para vigiá-los e para garantir o controle sobre o grupo.

"Eu preciso de um banho e de um tempo!"Haruki comunicou irritado com o pouco caso com o qual estavam sendo tratados. "Vou esperar até às 19h para falar com Honda-san sobre o senhor Ita." Ele também saiu dali bufando indignado.

ººº

Debaixo da ducha sua mente trabalhava nervosamente com o que tinha visto. Pelo que ele compreendeu a programação continuava igual, sem levar em consideração que eles eram seres humanos vivos. Ou eles não eram mais? Haruki sentiu um frio correr por sua espinha. Era medo. Um pensamento sombrio tomou forma em sua mente, um pensamento cruel, 'Será que eu morri? Será que esta consciência roubada por Okami é tudo que restou de mim?!'

O coração de Haruki doeu, ele se deu alguns socos no peito para dispersar a dor e afugentar esses pensamentos derrotistas horríveis. Estas sensações tão intensas fizeram romper toda a dor e medo que o garoto estava represando. Lágrimas grossas e copiosas caíram por sua face.

O cantor colocou a cabeça embaixo da ducha do chuveiro para esconder o choro. Seus músculos tremiam intensamente. Soluços vinham em ondas, e ele lutou o mais que podia para não fazer nenhum barulho. Ele não suportaria que Saito testemunhasse sua miséria. Isso só aumentaria sua vergonha. Haruki detestava demonstrar fraqueza. E sabia o quanto era perigoso ficar frágil entre predadores. Quanto mais lutava para conter as emoções, mais soluços vinham descontroladamente. Depois do que lhe pareceu ser uma eternidade, Haruki conseguiu conter-se.

Ele se secou rápido e foi se vestir, deparou-se com Saito no closet. O alpinista estava sentado no sofá, com um pedaço de corda treinando os nos.

Sem saber se o aventureiro viu ou ouviu alguma coisa, Haruki não sabia o que falar. Começou a pensar em uma desculpa, caso ele tivesse visto. Resolveu alegar ter sido influência do álcool.

Mas, ao chegar na frente do homem mais velho a desculpa morreu em sua garganta. Haruki não conseguiu dizer nada.

Saito sem o olhar disse, "Precisamos estar bem alertas para a reunião com Honda-san, eu fiz café para todos."

O rapaz assentiu e desceu. Haruki tive certeza que ele sabia o que aconteceu em seu toalete por seu comportamento.

Pontualmente às 19h todos estavam na sala de jogos esperando a aparição de Honda, o clima era tão tenso que dava para cortar o ar com uma faca.

19:05 h

Passados cinco minutos do horário combinado eles começaram a se agitar.

19:10 h

Dez minutos de atraso.

19:15 h

Depois de quinze minutos, ninguém mais se continha e eles estavam reclamando indignados pelo desrespeito do engenheiro-chefe.

O café forte que Saito havia feito um pouco mais cedo, havia revigorado e despertado suas mentes para estarem de bom ânimo para a reunião. Mas, a cafeína somada à ansiedade frustrada os deixou explosivos.

O influenciador digital Daisuke pediu a atenção, conseguindo fazer parar a cacofonia que reinava na sala. Ele colocou suas ideias para o grupo. "Senhores, proponho que devemos ter um líder, e este falará em nome de todos. Assim, nas breves aparições de Honda-san poderiam ser melhor aproveitadas por nós." Daisuke fez um pausa avaliando seu público. "Devemos focar o assunto em nossas necessidades com objetividade.Vamos votar, levantando a mão para sim. Se a maioria concordar com a ideia teremos um representante na próxima aparição do engenheiro-chefe."

Haruki desconfiou que esta ideia era de Saito, já que ele reparou que Daisuke nem uma vez disse 'minha ideia', se referindo sempre de 'a ideia'. E o cantor até sabia em que momento é que esta ideia foi apresentada ao influenciador digital. Tinha sido quando Saito o chamou para conversar a sós na cozinha.O grupo não pareceu notar, ou apenas não comentaram o fato.

A ideia foi votada e aprovada com unanimidade, cauteloso Haruki foi o último a levantar a mão. Assim, passaram para a segunda fase da proposta: quem seria o porta-voz do grupo.

Haruki esperou ouvir Daisuke sugerir o nome de Saito. Propondo que por seu histórico o aventureiro por ser um homem com muita experiência em situações de tensão, com seus quase trinta anos e bla bla bla, pensava o cantor. Mas para seu espanto, o influenciador digital sugeriu seu nome!

"Eu?" Haruki perguntou sem entender.

"Sim, você Haruki é o cara para esta missão. E eu vou explicar o porque você é a minha escolha. Você teve boas perguntas e foi você quem conseguiu as únicas respostas diretas de Honda-san. Então, quem está de acordo que seja Haruki-san levante a mão!"

Daisuke falou levantando seu braço junto com o braço do cantor, e seguiu seu cronograma sem perder tempo provando ser mesmo um especialista em influenciar pessoas.

Haruki olhou com apreensão, uma vez que não se sentia seguro de si neste momento e sua autoestima estava em baixa.

Mas o que ele viu ali foi que todos os companheiros de infortúnio levantaram suas mãos o olhando.

"Haruki-san, você aceita ser 'nossa voz' nas reuniões com Honda-san ou quem quer que venha?" Daisuke era muito habilidoso, não deixando nenhuma ponta solta.

Haruki sentiu a boca do estômago se contrair, pois ele também sentiu-se envaidecido por eles confiarem nele. "Sim, eu aceito e darei o meu melhor." Ele se curvou agradecendo, "Obrigado pela confiança."

"Então, vamos às pautas" Daisuke tinha pressa.

Rindo dessa sangria, Haruke se deixou contagiar com a boa energia do influenciador digital. Ele precisava estar com tudo em mente para quando a música tocasse.

O senhor Ita trouxe lanches, sua breve aparição foi acompanhada pelo silêncio.

O cantor decidiu sair para uma caminhada noturna, ele ainda não queria ir se deitar. Esta seria sua primeira noite dividindo a cama com Saito e ele estava envergonhado por causa do seu choro descontrolado.

A noite era agradável, a temperatura amena, a brisa suave. Por toda ilha haviam flores, de todos os tamanhos e cores. Mas, era o céu o ápice daquele lugar, sendo sempre um espetáculo à parte.

Olhando para o céu e perdido em pensamentos, Haruki trombou contra alguém. O impacto o fez vacilar e quase cair, enquanto a outra pessoa também perdia o equilíbrio, tombando para trás.

Porem seus reflexos eram afiados e Haruki recuperou seu equilíbrio e com um movimento ágil, agarrou a cintura da outra pessoa, a sustentando sem deixar cair no chão.

"Ops!" ele exclamou, rindo espontaneamente, enquanto ainda mantinha o corpo leve e frágil nos braços. Seus olhos se encontraram. Ele piscou, atordoado. Não esperava que esta pessoa estivesse ali no escuro. Em seus braços, estava Abe Miyu. Ou melhor dizendo, Sawada-chan.