Contando com a reencarnado, essa é a segunda vez que morri, isso deveria me dar uma certa familiaridade com a situação, mas não foi dessa forma, já que não me lembro da primeira vez, então, essa é a minha verdadeira primeira experiência com a morte.
De início, parece que você está caindo no sono lentamente, sentindo o controle do seu corpo escapando das minhas mãos, completamente relaxado, a dor do ferimento simplesmente pareceu parar de importar, você só sente o frio pela perda de sangue, nem mesmo os odores ou sons existem. Você, é claro, tenta lutar contra o sono, ficar acordado, mas o sono sempre ganha, estou morto agora.
Claro que morrer pelas mãos de um Deus da Morte não é a mesma coisa que morrer naturalmente, isso vai contra a ordem natural das coisas, as personificações da Morte não podem tirar vidas por que querem, a um momento já definido para isso, dessa forma, tenho certeza que vou retornar, a não ser é claro que já estava escrito que minha morte viria pelas mãos dele.
Estou com medo.
É natural e biológico temer o desconhecido, e não a nada mais desconhecido para todos que a morte, mas não sou um humano comum, sou um semideus e feiticeiro, tenho mais conhecimento que eles sobre o que a do outro lado da cortina, mesmo assim, tenho medo.
{"O destino vai decidir o que acontece agora, jovem herói, espero o encontrar de novo, mas não tão cedo!"} Alguém fala isso no meu ouvido, como um sussurro, era Tânatos, sua voz é reconhecível em qualquer lugar e momento.
Não estou morto?
Como posso escutar ele?
Perguntas assim passam pela minha mente em alta velocidade, não importa estar vivo ou morto para escutar a voz dele.
Não estou dormindo?
Sim, essa é a questão, lembro de cair no sono da morte, como continuo consciente dessa forma?
Abro meus olhos, e não vejo nada.
Sinto que estou deitado e tento me levantar, dá certo, estou em pé e posso sentir meu corpo, mas não era um corpo, na verdade, é uma manifestação da minha vontade, minha alma que tomou a forma familiar do seu recipiente, posso sentir isso mesmo sem enxergar nada, também não tenho qualquer outro sentido, mesmo assim, posso sentir algo novo me guiando, como uma bússola apontando sempre para o norte.
Dei um passo à frente achando estranho a minha movimentação, mas continuei dando um após o outro arrumando minha postura e movimento, como um bebê aprendendo a andar pela primeira vez, cambaleando a cada pequeno movimento. Tempo não tem importância aqui, agora estou avançando numa velocidade de caminhada pela escuridão, seguindo o norte com apenas meus pensamentos.
Andei, andei, andei, andei.
Depois de não sei quanto tempo num lugar sem tempo, comecei a contar os passos para criar uma ideia de passagem de tempo, e assim, sei que de alguma forma o tempo foi criado nesse lugar.
Vinte horas depois, parei meu movimento entediado, não cansado, não tem como ficar cansado aqui ou com fome, sede ou qualquer coisa desse tipo, mesmo assim, agora sinto meus pês doendo.
Se passou mais algumas horas de caminhada até eu entender o que está acontecendo, minha mente molda a realidade desse lugar, criei o tempo contando meus passos, sinto dor nos meus pês por que na minha mente faz sentido isso acontecer após andar horas seguidas sem parar, assim como a fome e sede que surgiram a pouco.
Não, isso está errado.
Sou um semideus, não um humano normal como na minha outra vida, não deveria me sentir dessa forma.
E assim, fome, dor, sede, desaparecem.
Me sinto forte de novo, um semideus filho do Submundo.
Levanto minha mão tocando uma parede na minha frente que não estava lá a pouco, e com um pouco de força, algo que acabei de criar, a parede se quebra como uma casca de ovo, a luz surgi pelo outro lado da fresta que aumenta de tamanho sozinha até se tornar uma porta iluminada na minha frente, posso ver a luz.
Não atravesso a porta frente, porque agora posso ver outra abertura nas minhas costas, uma que sei que leva para os reinos da Morte e o pós-venda, uma porta contendo a escuridão, mas ela não me dá mais medo, mesmo que sua aparência seja de um buraco negro me observando, tem alguém do outro lado me esperando, alguém que vai me receber de braços abertos.
E a tentação de voltar a dormir em paz após acordar, simplesmente fechar os olhos e voltar para o nada.
Não olhei uma segunda vez para a porta número dois, tenho coisas para fazer do outro lado, atravessei a porta feita de pura luz, senti como se meu corpo estivesse sendo jogado no sol por um segundo.
Minha alma foi puxada, esticada e espalhada por um milhão de lugares até se juntar mais uma vez e ser puxada por algo que se parecia um cabo ao redor do meu corpo para o norte, quando dei por mim, estava em pé no chão seco do submundo olhando para meu corpo deitado, ele parecia estar dormindo, não havia ferimento no meu peito ou na armadura, apenas o sangue no chão e no meu peitoral eram provas do que tinha acontecido.
Só tinha se passado um segundo desde que atravessei a porta, no segundo seguinte, fui imundado por informações.
Primeiro foram os sentidos, depois o entendimento do reino onde estava de uma forma não física. Entrar no Submundo com um corpo físico torna as coisas físicas, mas esse é um reino pôs vida, feito para julgar, punir ou recompensar almas pelos seus feitos durante a vida, essa foi a primeira vez que entrei nele como uma alma.
Ser uma alma é diferente de uma projeção astral, os livros sempre dizem isso, eu já sabia disso, mas só entende esse fato agora.
Fechei meu sentido da visão e me deixei ser levado pela sensação que estava sentindo, nunca me senti tão confortável como estou me sentindo agora, todo Submundo está de certa forma alegre, essa é melhor forma de descrever ele, é como minha Casa que consegui emitir frases usando seu próprio vocabulário de sensações.
Esse foi o segundo teste, ou poderia ficar assim, me assimilando com o Submundo me tornando algo novo, talvez até mesmo sendo levado ao caminho que as almas fazem, pelo rio até os juízes, não havia nada de errado com isso, estou sentindo apenas paz, mas como da primeira vez, meus sentidos voltaram, tenho muito o que fazer, por isso tentei evitar o canto da sereia e foquei minha atenção no meu corpo.
Não havia sinal da ferida no meu peito, mas estou morto, sem respiração ou batimento cardíaco, até mesmo minha mente estava apagada como uma lâmpada.
Mais morto do que isso impossível.
Abaixei meu corpo e toquei o topo do meu peito, o peito do corpo no caso. Nessa forma, sou intangível, mas isso foi mudado pela minha intenção, estou tocando meu corpo morto e frio que vai se decompor se for deixado aqui.
Antes de tudo paro em choque, não tinha prestado nenhuma atenção na minha forma humanoide até que coloquei a minha mão frente tocando o peito do meu corpo, minha pele é negra e bela como marfim, a energia e estrelas correndo por ela, lindo.
Não, não tenho tempo para isso, estou decompondo aqui.
Não estou com medo, o conhecimento está lá, só tenho que o colocar em prática.
Vida é biologia, você pode prender um corpo a uma máquina e o deixar lá, bombeando seu sangue injetando drogas para o fazer ficar "vivo", a mente é mais complicada, não tem uma máquina para isso, pelo menos não que eu saiba, de qualquer forma, com simples movimentos, meu sangue volta a correr e o coração bate num bom ritmo, foi fácil, agora a parte complicada.
Tecnicamente, meu corpo já está vivo, mas não é tão simples, vida não é simples, o corpo é apenas uma marionete de carne agora, não porque ele não tenha consciência ou pensamento, é mais profundo que isso, falta a fagulha nele.
Fecho todos os meus sentidos e mudo minha forma, sou energia pura e simples, energia que volta para seu recipiente e depois que os dois estão juntos, crio a fagulha que acende a fogueira.
"Haaa!" "Haaa!" "Haaa!" "Haaa!"
"Cof!" "Cof!" "Cof!"
Volta a respirar e sentir meu sangue, coração e todos os meus órgãos trabalhando de um momento para outro me deixou completamente louco, fora também o ataque tosse devido ao oxigênio, resultado final, vomitei no chão do meu lado, mas deu certo, estou vivo.
Nunca me senti tão cansado antes, por isso demorei meia hora só para conseguir me levantar, e cambaleando, convoquei minha Casa e consegui cair de cara próximo da lareira, onde fiquei por horas e mais horas.
Passei esse tempo deitado sem fazer nada tentando agora colocar uma ordem e entender tudo que aconteceu, foram eventos seguidos que jogariam qualquer um em confusão, mesmo com a minha calma no decorrer, preciso de tempo para digerir tudo.
Até esse momento todas as bençãos que foram reveladas para mim pelos deuses do Submundo necessitavam de um certo treino, eram como músculos que quanto mais trabalhados, mais poderosos se tornavam, dessa vez foi diferente.
Conhecimento é a maior benção, perdi metade disso quando minha alma e corpo se juntaram, a percepção foi limitada pela carne, mesmo assim, ainda há resquícios disso gravado na minha alma e memórias, essa foi a benção divina.
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"Você foi morto por um deus da morte e voltou à vida!?" Perguntou Ravena chocada no final da minha história, essa é uma das raras vezes que ela demonstra real choque, normalmente, ela sempre é muito controlada, até mesmo nas suas surpresas.
"Sim, foi único e também muito assustador." Suspirei colocando minhas costas no banco do local de descanso da nossa nova nave a Bumgorf.
"Isso explica a força de sua conexão com o Submundo." Ela voltou a falar, agora mais calma.
"Na verdade, isso não foi o propósito original, vamos apenas dizer que foi um bônus, a verdadeira benção foi literalmente morrer e voltar à vida."
Morrer e voltar no Submundo aumentou minha conexão com ele, o que aumentou a facilidade em que uso meus feitiços originais e também meu poder em geral enquanto estou presente naquela realidade, até meu entendimento sobre o Submundo aumentou, o que também me ajudou a criar novos feitiços, resumindo, foi um ganho incrível, mas a verdadeira benção foi conhecimento que consegui salvar durante a volta a vida.
"Toda magia tem seu preço, voltar à vida, mesmo com a ajuda do Deus da Morte, um preço deve ser pago, qual foi?" Ela perguntou, olhando para meus olhos.
"Não foi uma morte completa, ele apenas separou minha alma do meu corpo e a jogou entre os caminhos, de lá foi minha escolha voltar ou partir para o pôs vida, mortos não têm essa escolha, eles são guiados para o pós-venda depois da morte, a exceções a regra, é claro."
"Pode ser, mas ainda deve haver um preço para religar uma alma ou seu corpo antes sem vida, ah, entende por que você não pode explorar mais o Submundo."
Não é apenas drogas ilícitas que têm o risco de overdose, todo produto demais pode causar o mesmo efeito, até mesmo as vitaminas comuns que normalmente ajudam nosso corpo. Então após ter minha conexão aumentada com o Submundo, estou recebendo demais dele, causando assim uma overdose no meu corpo físico por falta de imunidade.
"Vou e volto do Submundo sempre que posso para pegar recursos, como você falou, mas o real proposito é aumentar minha resistência lentamente, partindo logo depois que meu corpo está prestes a ficar no limite, venho fazendo isso várias e várias vezes." Completei o pensamento dela.
"Quanto tempo você aguenta?" Ravena perguntou.
"No início meu limite era só de minutos, depois se tornaram horas, atualmente acho que já tenho uma imunidade a essa nova conexão, consegui isso pouco antes de partir para essa viagem, se não fosse por ela, minha exploração teria recomeçado." Esse foi o preço por voltar a vida de certa forma.
Não foi um processo fácil também, tinha que me colocar sempre próximo do limite, o que era difícil medir, a sensação de euforia e felicidade com o poder correndo pelas minhas veias e meus sentidos aumentados eram muita distração, então fui muito cuidadoso, o que deixou o processo mais lento ainda.
Mesmo com tantas dificuldades, nunca avancei tão rápido quanto nesse espaço de tempo, o primeiro sinal disso foi conseguir abrir os portais.
"Os portais, aquele seu feitiço que você usou para nos guiar pelo vazio, eu deveria ter entendido, isso é magia de alto nível."
"Você também consegue abrir portais." Comentei.
"Isso porque a Soul-self foi criada dessa forma, e eu estou estudando e praticando isso desde nova, só Grandes Feiticeiros conseguem abrir portais para longe com tanta facilidade, você sabe muito bem disso." Ela falou se levantando do meu lado.
"Então, estamos bem?" Perguntei para ela, que já está andando na direção da porta de saída.
"Não gostei nada de te forçar a falar do seu passado, não é justo levando em conta o meu passado, mas fiquei preocupada." Ela falou em voz baixa de frente para porta já aberta de costas para mim.
"Preocupação é diferente de curiosidade, nunca precisei perguntar, por isso não perguntei, simples assim, mas você sabe que isso vai mudar algum dia, não é?"
A Igreja está muito calada esses anos, mas o Pai da Ravena não estava, ele sempre está tentando fazer sua filha abrir a porta, ser o portal entre as realidades, seu sangue pode realizar isso, essa mesma conexão biológica está permitindo ele falar sem para com ela a realidades de distância, graças aos deuses pelas leis antigas, se um demônio como esse fosse capaz de atravessar as realidades como bem-quer, a criação estaria em perigo.
"Eu sei, eu já estou pronta." E assim ela saio pela porta de cabeça baixa.
Ravena não teme enfrentar seu pai, esse medo não é por conta de quem ele é, e sim pelo que ele pode fazer. De qualquer forma, o medo real dela sobre essa situação é contar a verdade para nossos outros amigos, e da reação deles que ela tem medo.
O engraçado é que nosso time é bem variado, temos um Atlante e um semideus, a filha de um Deus Demônio Interdimensional não parece grande coisa, tenho total certeza, que ela vai ser aceita por todos, mas nem todos os medos são racionais, ela já deve ter si abrido uma vez sobre esse assunto, e não acabou bem.
{Dio, Kori vindo na sua direção, parece que o Dick se cansou rápido demais, ela está te procurando por todas as salas, não vai demorar para te encontrar.} Falou Galateia pelo alto-falante que tem nessa sala de descanso.
"Então, vou ficar aqui curtindo meus últimos momentos de paz."
Se Kori está me procurando muito ativamente, quer dizer que não vou conseguir escapar do seu furacão de animação, ela vai me arrastar para onde quer, não é a primeira vez que isso acontece, e aprende que é mais fácil se render à tempestade do que lutar contra ela.
"TLAWW!"
A porta automática foi forçada para cima, fazendo o mecanismo interno dela rugir de dor.
"Kori, por favor, não quebre a nave, ela é nova." Falei para minha amiga do outro lado da porta usando suas roupas de treino, ela está suada e um pouco ofegante de animação.
"Amigo Dio, vamos treinar!" Ela gritou voando até mim e agarrando meu ombro, e sem esperar qualquer resposta, me arrastou para sala de treinamento como se eu fosse um boneco.
Não lutei contra a tempestade de animação, na verdade, estou muito feliz de que ela surgiu depois de tantos problemas, isso quer dizer que a normalidade voltou.
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"BLAWW!"
A mesa de metal foi atingida por um punho que criou um molde perfeito da mão afundando dez centímetros.
"Desde quando a Liga apoia isso!? Desde quando os fins justificam os meios!?" Perguntou Aquaman, o Rei de Atlântida e membro fundador da Liga da Justiça, um homem loiro de olhos azuis vestindo uma camisa de escamas douradas.
"Acalma-se Aquaman, isso não foi o que falamos!" Pediu Superman, sentado do outro lado da mesa usando seu traje azul com uma longa capa vermelha. Seus olhos gentis apagaram o fogo da raiva do Aquaman, pelo menos o bastante para ele voltar a se encostar na cadeira da sala de reuniões no Hall da Justiça.
"Só decidimos que não temos nenhuma informação a não ser essas imagens, e isso não é o bastante para tomar nenhuma ação drástica sobre nossos protegidos." Comentou Batman de braços cruzados, vestido de negro e cinza calmo e controlado como sempre, analisando palavra por palavra antes de as dizer em voz alta.
"Imagens sem contesto ou detalhes, isso está o levando a criar as piores suposições sobre os jovens heróis." O último membro da mesa foi o Caçador Marciano, o humanoide de pele ver e olhos vermelhos como fogo, o maior telepata do planeta e talvez até mesmo do universo.
"É verdade que não temos todos os detalhes, mas dá para ver claramente no que eles se envolveram!" Voltou a dizer o Aquaman, ainda bravo, mas agora um pouco mais contido.
"Batman, o que você acha?" Perguntou Superman, pedindo uma análise de um dos maiores detetives do planeta.
"O vídeo foi claramente editado, uma propaganda para fazer os civis pegarem suas armas e lutar, convencendo-os de que a Cidadela realmente tomou um golpe, mesmo assim, está claro que nossos protegidos entraram numa guerra."
"A Liga não toma partido em nenhuma guerra, essa é a nossa regra de ouro, uma que mantém esse mundo girando." Falou Aquaman.
"É verdade que não tomamos partidos, mas isso não quer dizer que não ajudamos em muitos campos de batalha, até mesmo lutando contra soldados para salvar vidas."
"Superman está certo, mas isso é diferente do que aconteceu, pelo menos julgando apenas pelas imagens." Comentou o Caçador Marciano.
"Onde você está indo?" Perguntou Aquaman para o Batman, que se levantou da sua cadeira.
"Essa conversa não vai para lugar nenhum e Gotham precisa de mim, falaremos disso quando tivermos mais detalhes ou quando eles voltarem, até lá, essa conversa é uma perda de tempo." Com essas palavras, o Cavaleiro das Trevas sai pela porta que se fecha sozinha logo em seguida.
"Concordo com o Batman, alguma novidade do Lanterna Verde?" Perguntou o Superman para o Caçador Marciano.
"Não, seja o qual for o problema que a Tropa está lidando, ele ainda está preso em Oa por questões políticas."
"Não precisamos dele, temos acesso à rede intergaláctica mesmo sem seu anel." Comentou Aquaman.
"Informações vindas dos nossos amigos são muito mais confiáveis que a rede, você sabe disso." Lembrou Superman.
"Muito bem Superman, você ganhou, vou esperar eles voltarem para casa e depois disso resolvermos as coisas, mas se eles realmente fizeram metade do que foi falado na rede, o ataque à lua de Tamaran, por exemplo, a Liga tem que ser firme na punição!" Aquaman deixou isso bem claro para logo depois se levantar e andar até a saída.
"Não leve as palavras dele muito a sério, ele está bravo pela situação do seu pupilo."
"Você estava lendo a mente dele?" Superman perguntou.
"Não foi preciso depois de tantos anos em contato com os humanos, eles ficam bem fáceis de ler quando estão furiosos."
"Isso é verdade, e não é só os humanos, mas quanto ao Aqualad, quem imaginaria que a Intergangue aumentaria seu território de Metropólis."
"Os criminosos são como animais selvagens, se eles farejarem fraqueza, eles atacam, a falta dos outros heróis em Nova York finalmente chamou atenção deles, mas não foi uma tentativa verdadeira, aquilo só foi um teste." Lembrou o Caçador Marciano.
"Aqualad foi pego de surpresa e acabou ferido, se não fosse pelo Flash que estava passando por lá as coisas poderiam ter ficado feias, a tecnologia da Intergangue da trabalho até mesmo para mim, por isso estamos de olho neles."
"Mesmo que isso seja contra a decisão deles de pedir ajuda?" Comentou o Caçador Marciano, ele deixou bem claro que não estava feliz com eles de "olho" nos mais novos sem que eles soubessem.
A Liga perguntou se eles precisavam de ajuda e os Titãs negaram com educação, eles queriam cuidar disso eles mesmos, eles não são mais crianças ou apenas ajudantes aprendendo, e todos têm que provar isso todas às vezes que estão diante seus mentores, mesmo assim, a Liga foi contra essa decisão e começou a prestar mais atenção nas "crianças" depois do ferimento do Aqualad.
Essa não foi a primeira vez que eles se machucaram, a vida de herói é perigosa, mas essa é primeira vez que um deles se feriu tão gravemente, se não fosse sua resistência atlante, ele estaria morto, o que deixou Aquaman bravo com os outros heróis que deixaram seu pupilo cuidando de uma das maiores cidades do mundo sozinho.
"Não gosto de fazer isso tanto quanto você, mas eles são orgulhosos demais para pedir ajuda, e são tão jovens, esquecemos disso às vezes."
O Caçador de Marte não falou mais nada sobre esse assunto, após passar tantos anos junto dos humanos, ele entendeu muito bem o que vai acontecer se os Titãs descobrirem esse "cuidado" da Liga, isso vai gerar uma sensação de falta de confiança por parte dos mentores, o que vai levar a uma nova gama de problemas.
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"Como estamos?" Perguntou Amanda Waller usando um terno cinza feminino sem nenhuma joia enquanto andava pelos corredores da base central da A.R.G.U.S.
"Estamos no cronograma, Senhora, mas os envios estão um pouco lentos, nossos parceiros parecem estar atrasando de propósito." Respondeu uma mulher andando alguns passos atrás segurando um tablet na frente do seu rosto.
"Eles já cumpriram sua parte do trato protegendo esse base contra feitiçaria e nos dando aquele trunfo, o resto do trato nunca foi de importância de qualquer forma." Comentou Waller, passando agora por um grupo de soldados que viraram seu corpo de lado abrindo passagem para ela, todos eles com medo e respeito.
Já faz muito tempo que ela se tornou a diretora da A.R.G.U.S, demorou, mas depois que Steve Trevor finalmente deixou seu posto, Amanda conseguiu retirar qualquer agente leal a Steve do lugar, tornando assim essa organização sobre seu total controle.
"Alguma novidade sobre nossos dois ratos?" Perguntou Amanda, ainda andando pelos corredores.
"A Doutora Vitoria October, Especialista em Armas Pós-humanas, e o Doutor John Peril, Responsável pelo Departamento de Ocultismo, continuam desaparecidos, lamento Senhora, mas temos uma pista deles, esperamos ter uma localização nas próximas semanas."
"Bom, assim que tiver uma localização, coloque mercenários para fazer o trabalho, não quero problemas agora, estamos perto."
"Sim Senhora, e quanto a Etta Candy?"
"Ainda com ressentimentos, Major Nicholson?" Perguntou Amanda, parando na última porta no fim do corredor, a mais fortificada do lugar, uma porta que tem três formas de identificação diferentes.
"Não Senhora, só não gosto de deixar assuntos inacabados." Respondeu a Major arrumando sua farda com uma mão.
"Ela roubou um barco no porto e rumou em direção ao pôr do sol, ela conhece muito bem nosso sistema e recursos, ela deve estar tomando uma bebida gelada na praia de Themyscira nesse momento." Riu Amanda, colocando seus olhos no leitor de retina.
"Podemos enviar a Força Tarefa X Senhora, o Pacificador adoraria uma revanche."
"Não adianta começar uma guerra contra as Amazonas agora. É uma perda imensa não ter a localização da Sala Negra, mas esse maldito lugar já me causou problemas demais, vamos esquecer, ela não sabe de nada." Comentou Amanda, indo para a última forma de identificação da porta enorme, medindo cinco metros de largura e altura feita do mais resistente e puro metal.
Assim que Steve Trevor se demitiu junto dos seus amigos, Amanda tentou os capturar para ter o controle da Sala Negra, o cofre mais seguro da A.R.G.U.S contendo artefatos poderosos, ela cometeu um erro indo atrás da família do Steve Trevor, uma família que ele nem mesmo sabia que existia, um trunfo que ela estava guardando para outro hora e acabou usando de forma errada.
Resumindo, eles foram atacados com força, e para completar, o maldito Kírix cumpriu parte de sua ameaça, atormentando-a com fantasma e até mesmo revelando alguns segredos que o governo enterrou usando necromancia para conseguir essas informações.
Foi esse evento que fez Amanda Waller, entender a verdadeira ameaça que são os Titãs, os colocando no mesmo nível de perigo que a Liga, até mais, já que eles são jovens e pouco maduros, comparado a Liga, ele tem mais espaço para crescer.
"TRINK!"
Os mecanismos de metal se moveram juntos, várias trancas cada uma do tamanho de uma braço foram puxadas e a porta que aprecia mais uma porta de cofre gigante se abriu lentamente revelando apenas uma sala com uma mesa e duas cadeiras, em cima da mesa, um computador velho ligado a vários cabos, tecnologia muito antiga.
Amanda junto da Major entraram na sala que tinha sua própria iluminação, a porta se fechou assim que ela se sentou na cadeira na frente do computador enquanto a Major continuou em pé olhando para o tablet do outro lado da mesa.
Assim que a porta se fechou completamente, símbolos luminescentes antigos surgiram nas quatro paredes e no teto na pequena sala quadrada, era uma matriz de isolamento completa, uma sala a prova de vigilância magia e tecnológica, o ápice da paranoia da Amanda Waller. Paranoia que foi aumentada pelo ataque mágico do Kírix, utilizando fantasmas para atormentar ela ano atrás.
Esse cofre foi criado naquele momento, Amanda gastou uma pequena fortuna para encontrar um feiticeiro que realmente conseguia fazer magia de verdade, e mais outros favores foram gastos para o fazer vir aqui e criar esses símbolos, foi dinheiro bem gosto, ela dormiu e trabalhou nesse lugar até os ataques acabarem.
"Agora que estamos no cofre, alguma atualização real do projeto?" Perguntou Amanda.
"O Senhor Luthor confirmou os dados enviados pela Igreja, ele já está construindo os aparelhos nesse exato momento, o tempo limite é de algumas semanas, mas senhora, posso fazer uma pergunta?" Pediu a Major abaixando seu tablet.
"Pergunte o que quiser."
"Realmente temos que lidar com eles? Esses fanáticos me deixam um pouco tensa." Comentou a Major.
"A Igreja de Sangue não é diferente de qualquer seita ou religião, você tem que saber os controlar, e temos um trato sólido, mas claro, quando as coisas se moverem, vamos lidar com eles também."
"Entendo, mas por que vamos colocar esse plano em movimento visando os Titãs? Não seria melhor pegar logo a Liga usando a surpresa como vantagem?"
"Isso é simples, o motivo principal é claro é a facilidade, é muito mais fácil caçar filhotes que os seus pais, o segundo motivo é por conta do potencial, é verdade que os Titãs ainda estão muito abaixo da Liga em poder e influência, mas isso está diminuindo no decorrer dos anos, e nossas projeções também dizem que eles têm potencial para superar a Liga em algum momento." Respondeu Amanda, mas havia outros motivos, vingança pessoal era um deles.
"Entendo, Senhora."
"Ótimo, então vamos continuar trabalhando, temos muitas peças para colocar no lugar antes de derrubar a última e ver tudo cair!"