A Cidadela, não podia ficar simplesmente em órbita ao redor de Tamaran para sempre, eles tinham que ter um lugar para mover seus equipamentos, gerir seu povo e até mesmo descansar, já que muitas das suas naves eram pequenas e não tinham suporte para se viver muito tempo no espaço, foi aí que Zoriss, entrou nessa história, ela agiu como um porto para a Cidadela, sobre autorização da Rainha.
"Em nome de X'Hal, como isso aconteceu!?"
Karras, Comandante da Guarda Real, e nosso inimigo até a pouco, não acreditou no que foi relatado a ele poucos minutos atrás, a Guarda Real tem dois comandantes, um deles está com a atual Rainha garantindo sua proteção, enquanto Karras, é o responsável por defender o planeta, mas os dois compartilham o mesmo posto e poder, por isso, era impossível que ele não soubesse que uma cidade simplesmente despareceu dos sistemas, se não fosse pela Galateia, não teríamos percebido isso tão cedo, por isso, ele não acreditou, então foi convidado checar a cidade conosco.
Assim como todos da sua raça, ele é bonito, mas essa beleza está maculada pelo seu olho esquerdo roxo e inchado, cortesia minha durante nossa batalha na sala do trono, sinceramente, não sei por que ele não gosta de mim, dei esse olho para ele, mas Karras, também me feriu enfiando uma faca de energia na minha coxa, ele com certeza, merece seu lugar no comando, tirando a Kori, ele foi o melhor da sua raça com quem já lutei. De qualquer forma, ele tem longos cabelos marrons encaracolados na altura do seu queixo, um corpo magro, mas musculoso, vestido com sua armadura característica prateada da Guarda, junto dele veio mais vinte homens e mulheres, parados em formação atrás de nós, e todos, junto da Kori e do Primus, olhamos em cima de um morro o que sobrou da cidade no horizonte, nada sobrou.
Zoriss, era uma cidade próxima do mar, não era muito grande, possuía apenas vinte mil habitantes pelas informações que a Galateia nos deu, a cidade era mais voltada para o turismo, deveria ser bela, mas agora não havia nenhuma construção em pé, o resto foi destruído por fogo e explosões, e isso já faz bastante tempo, o fogo se apagou e até mesmo a fumaça se dissipou, não só isso, toda a vasta e quase onipresente vegetação desse planeta ao redor da cidade foi queimada se tornando um anel de terra negra e restos de árvores ao redor da cidade construída, é como uma ferida num mundo verde, uma visão terrível.
{A cidade foi cortada de todo o sistema central assim que a Cidadela, teve autorização para pousar nela, por isso demorei alguns minutos para entender seu silêncio.} Falou Galateia, ela está se comunicando pelo meu comunicador em voz alta para que Karras, pode-se entender.
"Você acha que vou acreditar nisso!? Que nossa própria soberana sabia o que estava acontecendo aqui e não só deixou acontecer, como também os ajudou!?" Gritou o Comandante Karras, alguns passos atrás de nós.
Foi Primus, quem respondeu.
"Comandante Karras, você pode ver isso com seus próprios olhos, e nós dois sabemos que a verdade, não importa o quanto você a negue."
"Isso não importa! Alguém deveria ter visto isso acontecer!" Voltou a gritar Karras, agora apontando para a cidade negra na nossa frente.
{Os sistemas de segurança automáticos foram ordenados a ignorar tudo que aconteceu aqui e informam a Cidadela, sobre qualquer pessoa próxima da cidade, não há mais relatos deles depois disso.}
Também estamos quase do outro lado do planeta, fica fácil saber quem vem para cá.
"Kori…" Tentei falar, mas minha amiga avançou lentamente na direção da cidade. Estamos só a dois quilômetros de distância, as naves que nos trouxeram pousaram bem perto.
Minha amiga não disse uma palavra desde que viu a cidade de longe enquanto ainda estávamos voando.
Andamos lentamente sem presa, ninguém quer ver o que sobrou de uma cidade que habitava mais de vinte mil almas, esse não é meu primeiro campo de batalha, mas mesmo não sendo, ainda sofro o mesmo efeito de como se fosse, mas até mesmo que os outros, já que posso ver os fantasmas ao redor, todos eles andando sem rumo criados por meio da dor e medo da forma que morreram, evito olhar suas memórias, mas começo a usar a benção do Hermes, para os dar paz, ninguém percebi que estou fazendo isso, faço a tanto bastante tempo, que se tornou uma tarefa quase que banal para mim, nem preciso de gestos.
Kori, parou de andar após dar alguns passos para dentro da cidade, bem na frente dela, a um pequeno monte de um metro de altura, não, não era um monte de entulhos, eram corpos que foram empilhados e depois queimados, tão queimados que só mantiveram sua forma humana reconhecível.
"Vamos." Falei para ela, puxando gentilmente seu braço para frente, a mais para ver, infelizmente.
Continuamos andando lentamente pela rua principal, ignorando os prédios em pedaços ao nosso redor, encontramos mais corpos, nenhum deles recente, a maioria queimados ou completamente destruídos, e o cheiro do lugar era terrível, uma mistura de queimado com morte. Encontramos mais pilhas como a que vimos na entrada e também corpos lado a lado próximos de alguma parede, talvez fuzilados. A Cidadela, usou essa cidade como seu campo de concentração dos horrores como bem entendeu, recriando literalmente um inferno, um retiro para os homicidas e insanos, já posso até mesmo imaginar eles brigando pela chance de "descansar" na cidade, caçando pessoas inocentes fugindo por suas vidas.
A cidade estava em silêncio, e nós também, nenhum dos soldados marchando atrás de nos deu um pio sequer, mas posso escutar seus corações batendo num ritmo de pesar com raiva logo abaixo disso, só esperando uma chance de se mostrar.
{Kírix, consegui recuperar as gravações dos sistemas de segurança da cidade, devo continuar?} Galateia, falou isso apenas para mim, esse foi um pedido meu.
Toquei no meu comunicador, enviando um bipe de confirmação silencioso para todos menos para ela.
{Confirmado.}
O que mais queremos agora são provas, provas que essa aliança com a Cidadela, mesmo sendo feita pelo seu líder, é uma ideia terrível, que nossa invasão foi justificada e necessária, aqui está a prova definitiva disso, mas acredite em mim, nunca pedi para uma prova tão dura e pesada.
"Esperem!"
Primus, parou subitamente levando sua mão ao lado da sua cabeça.
"Sinto mentes, alguém vivo aqui!"
"Onde!?" Perguntou, Karras.
"Eu não sei, as mentes, não estão lucidas."
"Quero todo mundo procurando, metade no chão e metade no ar, vão, agora!" Ele se virou e gritou com seus soldados.
"Não precisa, posso os encontrar mais rápido." Falei o parando.
Fechei meus olhos e abri meus sentidos, o silêncio do lugar foi a única coisa que foquei desde que entrei aqui, um erro.
Não havia muitos sons, quase tudo morreu, mas continuei forçando minha audição até escutar um batimento cardíaco do outro lado da cidade, quase no limite da minha audição, estava fraco, muito fraco, mas batendo.
"Encontrei!" Gritei com eles já flutuando no ar.
Com Primus, Karras e Kori, junto dos outros soldados voando atrás de mim, os levei em direção do coração batendo, e ao me aproximar mais, percebe que havia muitos outros, a vida aqui.
A cada som de coração que chegou até mim, fui aumentando minha velocidade e também a esperança de algo melhor do que estava ao meu redor, mesmo focado em algo, ainda posso ver os corpos, tantos corpos.
"É aqui!" Avisei apontando para baixo, flutuando alguns metros no ar.
Diferente das outros lugares, esse está relativamente bem conservado, não era um prédio alto, e sim fundo, sua entrada era como um estacionamento ou túnel subterrâneo, por algum motivo, esse lugar foi polpado pela destruição, havia sangue, e corpos em decomposição não queimados espalhados ao redor deles, mas o lugar não parecia que foi violado.
"Comecem a cuidar dos mortos, o resto vem comigo!" Ordenou Karras, para seus homens.
Eu, Kori, Primus e Karras, paramos de frente para uma porta circular de quatro metros de altura e cinco de largura, não havia nenhum aparelho eletrônico ou energia, algo rudimentar.
"Esse é um abrigo antigo, usado nos tempos negros da invasão, agora é um museu para a história do nosso povo, mesmo assim, sua estrutura é robusta, um lugar perfeito para se esconder." Informou Karras, esperançoso, colocando sua mão no centro da pedra de entrada, que se iluminou ao redor dela em azul.
Todos pareciam de certa forma tão aliviados, mesmo após ver tanta morte nessa cidade, até mesmo a Kori, posso ver a luz nos seus olhos agora.
Alguns conseguiram se abrigar, muitos, posso escutar muitos batimentos cardíacos, tantos, que não consigo mais contar, fiquei tão feliz, só que nesse momento, minha mente racional fez uma certa pergunta.
{Se a Cidadela, tinha acesso aos sistemas de toda a cidade, por que eles não conseguiram entrar aqui?}
"TRUNUN!"
A pedra girou sozinha para esquerda deixando o ar fresco entrar no abrigo fazendo um barulho estranho de sucção, não havia luzes, mas isso não importa para meus olhos, vi claramente o que estava na ampla câmera do abrigo.
Não, eles não conseguiram se abrigar.
Falei congelado no lugar, nesse meu susto, não consegui parar os outros que deram um passo na direção da escuridão, foi Kori, quem primeiro acendeu uma luz com a mão levantada acima da cabeça iluminando o terror, assim que ela viu a realidade, pude também ver o brilho da esperança se apagar dos seus olhos.
Eram mulheres, todas elas, de idades variadas, mas todas jovens de certa forma, todas nuas jogadas no chão. A Cidadela, criou esse lugar para se divertir, capturou e jogou essas mulheres aqui com seu propósito escuro e revoltante.
"Em nome de todos os deuses." Sussurrou Primus, ele também cometeu o erro de entrar no lugar, assim como o comandante.
As mulheres não agiram de forma nenhuma, pareciam estar congeladas no chão frio, quase que em coma, mas seus olhos estão abertos.
"Elas foram drogadas, amaldiçoados sejam todos eles!" Darras, se virou foi para saída, talvez para chamar seus homens, assim que ele passou por mim, vi lagrimas nos seus olhos, ninguém vai o julgar ser menos por causa disso.
"Kori.."
Abri a boca, mas antes de dizer qualquer coisa, minha amiga virou seu corpo e voou para fora como um foguete ganhou altitude na direção contraria disso tudo e da cidade.
"Eu não posso sentir o pensamento deles devido às drogas." Falou Primus, ajoelhado do lado de uma menina que não parece ter mais do que doze anos.
"Mas posso escutar os pensamentos da Princesa, você tem que ir atrás dela, ela precisa de você."
Confiei no telepata, sei muito bem que não posso ajudar em nada aqui.
Dei meia volta e fui até Darras, que estava gritando ordens para seus soldados e ao mesmo tempo, pedindo reforços para a capital e qualquer um próximo.
"Não ligo para seus postos ao o que vocês estão fazendo, tragam uma equipe medida completa e todos os soldados próximos para minha localização, agora!" Gritou ele desligando a ligação.
"Galateia, você escutou, quero toda ajuda que você possa dar!" Falei após tocar meu comunicador.
{Entendido.}
"Comandante, tenho que ir, mas você pode usar isso." Conjurei do lado nos meus pês dois pequenos engradados cheios de poções, quarenta em cada quase tudo que produzi nesses últimos anos, um engradado é só de poções comuns de cura, o outro, de liquido azul, é utilizada para lidar com alguns venenos, não sei se essa poção vai funcionar para tirar as drogas do sistema delas, mas com certeza, a poção de cura vai ajudar a fortalecer o corpo delas.
"O que é isso?"
"Poções de cura e contra veneno, garanto que não vão piorar o estado delas, a Princesa, já as tomou muitas vezes, não sei se elas vão ser muito efetivas contra essas drogas, mas por favor, as use." Essa é a única ajuda que posso dar no momento, e quero que ela seja usada, não importando o que ele acha das minhas ações realizadas na tomada do seu planeta.
Senti seu olhar em mim por alguns segundos, mantive minha cabeça baixa até ele falar.
"Muito bem, vou confiar em você, soldado!" Chamou o Comandante.
Um soldado pegou minhas caixas e correu para dentro do inferno, os outros o seguiram junto do seu comandante, enquanto isso, voei na direção da minha amiga.
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Encontrei a Kori, cem quilômetros de distância da cidade, ela pousou num belo lugar no topo de uma montanha de frente para uma imensidão de árvores, outras montanhas menores, uma praia e finalmente o oceano, ela se sentou numa rocha cinza com os braços segurando suas pernas contra seu corpo, ela está chorando, mas seu rosto continua congelado, sem demostrar emoção fora suas lagrimas que não para.
Pousei do seu lado e me sentei, coloquei meu braço por de trás das suas costas e ela caio em direção do meu corpo enterrando sua cabeça no meu ombro. Não falei nada, esperei, sei que não posso forçar nada aqui, não quero piorar falando besteira e a machucar mais ainda, então esperei observando o sol.
Ficamos assim por quase meia hora, foi quando arrisquei.
"Está tudo bem?" Perguntei, me arrependendo imediatamente de dizer isso me voz alta, que pergunta idiota.
"Dói, dói muito." Ela falou suas primeiras palavras desde que entrou na nave que nos levou para cidade, talvez, ela já sabia o que iria encontrar.
"Não é sua culpa Kori, foram as ações da sua irmã e apenas dela, foram as ordens dela."
Vinte mil mortos, uma gota de água na contagem de corpos que vai acontecer se essa guerra começar, mesmo assim, aquilo não foi uma batalha, as vítimas inocentes não foram pegas no meio do campo de batalha, aquilo foi pura crueldade e morte, e isso é mais terrível ainda do que os assassinatos que acontecem durante uma batalha.
"Como ela pode fazer isso?" Kori perguntou, seu corpo começou a tremer, foi uma pergunta carregada de sofrimento.
"Não importa Kori, ela já fez, e você não tem nada a ver com isso, tudo foi sua irmã, e ninguém mais." Tudo que consegui fazer, foi responder da mesma forma, só que com palavras diferentes, afinal, era essa a verdade.
"Não Dio, não é isso…" Disse ela chorando com mais força no meu ombro, mesmo assim, seu rosto está congelado sem emoção.
Gentilmente, passei minha mão nos seus cabelos e a deixei falar no seu tempo, só que as seguintes palavras dela, não eram o que estava esperando.
"Como ela pode deixar isso acontecer? Como ela pode deixar elas sofrerem o mesmo que nós sofremos!?" Ela gritou isso com iguais medidas de fúria e dor na voz.
"O.. que…?"
Kori, levantou a cabeça e olhou para meus olhos. As lágrimas desciam pelo seu rosto frio como rios, mesmo no meu choque e com uma dor apertando meu coração, ela continuou falando.
"Eles estavam furiosos com a minha irmã, a falha ao ataque a Tararam foi culpa deles, mas mesmo assim, eles ficaram furiosos por desperdiçar uma chance tão tentadora e jogaram toda essa raiva em nós duas da mesma forma que eles sempre fazem com as mulheres." Ela falou lentamente, cada palavra mais negra que a outra cortando meu coração.
"Você quer dizer que…"
"Sim, é o que eles sempre fazem, usam drogas pesadas para deixar as mulheres submissas e dependentes. As drogas são tão fortes, que mesmo os sortudos que conseguem escapar passam anos sentindo os efeitos da abstinência, eles fazem isso porque fica mais fácil, nos usar, e com o líder da Cidadela, o Complexo-Complexo, ordenando, foi o que aconteceu conosco."
"Mas, você nunca pareceu estar dependente de drogas!"
"Depois de seis anos terrestes naquele inferno, caímos nas mãos dos Psions, e para eles, não podíamos ser úteis em seus experimentos se estivessemos sob efeito de drogas pesadas, eles nos limparam, queimando nosso sangue."
O silêncio mais pesado do que a cidade voltou, nem mesmo a bela paisagem e o clima agradável poderiam limpar as palavras dela, seis anos num inferno, só para ser jogada em outro logo depois, seis anos vivendo como aquelas mulheres.
O que posso dizer?
Como posso ajudar minha amiga, quem amo como uma irmã?
E nesse momento, que percebo que mesmo com todo meu poder, sou completamente inútil, palavras são inúteis agora.
Torci meu corpo para esquerda puxando o corpo dela para o meu a colocando em cima do meu colo de lado. Agora estou abraçando ela como minha amiga merece, e sinto suas lágrimas no peitoral da minha armadura onde ela está escondendo sua cabeça baixa.
"Depois disso tudo, eles também roubaram minha fé, nunca mais rezei ou falei o nome da minha deusa em voz alta, abandonei ela naquele lugar escuro."
"Está tudo bem, Kori, você não precisa dizer mais nada."
Kori, finalmente, levantou sua cabeça do meu peito e olhou para mim.
"Dio, como ela pode fazer isso? Como a Komand'r, pode condenar aquelas mulheres e a cidade inteira depois do que ela sofreu nas mãos deles?"
"Eu não sei."
Foi tudo que consegui dizer, agora também chorando com ela, o rosto da minha amiga não estava mais congelado, ela chorou livrimente.
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Assim que ela acordou, soube que já tinha se passado muitas horas desde sua fuga, e como ela estava viva e deitada em cima de um belo, grande e confortável colchão num quarto bem decorado iluminado por uma pequena lareia a sua esquerda, é certeza que eles conseguiram, mesmo assim, Ravena, não sentiu animação, em vez disso, ela pulou da cama conjurando um feitiço simples de limpeza nas suas roupas e corpo, um habito que ela ganhou durante as missões longas onde não havia tempo para um bom banho, assim que feitiço foi completado, ela se apressou na direção da porta.
Era a Casa do Dio, ela sabia assim que acordou, todo o lugar brilhava e vibrava com vida de uma forma única e misteriosa, mesmo depois de tantos anos a estudando e vivendo dentro dela, Ravena, ainda não entendeu como é possível ela existir. Passando pelo corredor e descendo as escadas chegando na sala, onde próximo de uma fogueira no centro do lugar sentado estava seu amigo, era uma visão sombria.
Não havia nenhuma luz, a não ser do fogo, e as chamas se torciam projetando sombras pela bela decoração nas paredes do lugar, mas isso é o de menos no momento.
"Você acordou." Comentou Diomedes, sem se virar para ela, vestido com sua armadura com suas armas descansando de um lado do seu corpo e do outro uma garrafa de vinho.
"Onde ela está?" Perguntou Ravena.
"Lá em cima, ela chorou por algumas horas e depois caio no sono, isso é bom."
Ravena, não sabia os detalhes, mas sua empatia foi trabalhada nos últimos anos, ela agora capitou o que estava nela, Kori, contou algo sobre seu passado que levou o Diomedes, a se sentir assim.
"Sinto muito Ravena, estou tentando me conter, mas é difícil."
Sentir as emoções dos outros é como mergulhar nelas, mesmo com a boca fechada para não engolir nada, ela ainda se molha, e o que o Diomedes, está agora sentindo é pura raiva, mas não a raiva que queima como fogo e desaparece com o tempo ou após ser atingida por um vento forte, não, sua raiva e fria, profunda e silenciosa, e não estava sendo apontada para apenas um ser, e sim para uma raça inteira.
Ele também estava falando a verdade, depois de tanto tempo juntos, Diomedes, aprendeu a suprimir suas emoções para evitar sobrecarregar os poderes dela, mas ele está falhando nisso.
"O que aconteceu?" Ravena, quase nunca se envolveu com a história oculta dos seus amigos, ela também tem seus segredos, e não ela achava justo pedir os dos outros sem compartilhar o seu, mas agora, sentindo tanta raiva, ela não conseguiu evitar.
"Não é minha história para contar." Ele contou.
Ravena, estava com seus amigos por muito tempo, ela também sabia da dor que sua amiga tinha, ela estava enterrada fundo, muito fundo, mas ainda ali.
"Posso ajudar em algo?" Ela perguntou.
"Sim, tenho um pedido."
Ele se virou de lado ficando de frente para ela, e pela primeira vez, seus olhos totalmente negros brilhando com sua mana ficaram visíveis.
Magia é facilmente influenciada pelas emoções, é preciso controle para a manejar, fúria potencializa os feitiços, mas também quase sempre altera seu efeito original para algo muito mais inesperado, com tanta fúria que eles está sentindo agora, Diomedes, poderia usar isso para incendiar uma cidade com facilidade.
Então, com uma voz controlada, ele fez seu pedido.
"Vamos lutar contra a Cidadela, e tenho quase certeza que em algum momento, eu vou ter a chance de fazer algo contra eles, você tem que me parar Ravena, se não, vou acabar deixando todo seu planeta e civilização em chamas!"
As emoções potencializam os feitiços e os deixam selvagens, todos sabem disso, mas isso fica duas vezes mais perigoso quando o feiticeiro não é mortal, e a fúria de um semideus, é algo quase que mitológico em poder.
Ela prometeu que iria o parar se ele fosse passar dos limites, mas nem ela, sabia se conseguiria fazer tal coisa.