"Kori, por favor, solte o maldito cachorro antes que ela coma seu rosto!" Gritei com minha amiga sentando numa pedra vendo a cena bem engraçada na minha frente.
"Mas eles são tão fofinhos!" Gritou ela balançando abraçada com o cachorro de três metros de largura e dois de altura como se fosse um poodle.
"Não, eles não são!" Gritei de volta.
O cachorro em questão, parece ser um mostro típico dessa zona do Submundo, que assemelha-se a uma savana, um longo espaço de terra verde só com grama cinza e uma ou duas arvores sozinhas crescendo aqui ou ali.
E como dito, o cachorro não era nada fofo.
Fora seu tamanho, ele tinha pelo todo negro, olhos vermelhos brilhantes e dentes salientes pingando saliva e cuspindo fogo para cima, sim, o cachorro cospe fogo.
"Posso ficar com ele Dio? Por favor? Nenhum animal do seu planeta aguenta meus carinhos." Pediu ela girando seu corpo e o cachorro no seu abraço ficando na minha frente.
"Kori, o cachorro claramente não quer nada disso, acho que ele só quer no momento comer seu rosto, então solte o maldito cachorro!" Gritei dessa vez.
Esse foi o único tipo de animal que encontramos desde que nossa exploração começou quatro semanas atrás, no início, pensei que a Kori, ficaria entediada apenas em ver zonas livres de qualquer tipo de coisa a não ser vegetação, mas ela confessou gostar de apenas ver essas paisagens novas. Passamos por uma imensidão de terras desocupadas após sair do vale, e esses cachorros, não nos atacaram, em vez disso, escolheram manter distância, o que foi muito apreciado, já tive minha cota de lutas por um bom tempo, infelizmente, eles chamaram atenção da Kori, que nos levou para esse momento.
"Tudo bem, eu solto ele, mas você vai ter que me dar uma animal de estimação fofo depois!" Exigiu ela com um sorriso encantador no rosto.
Ela está ficando boa nisso, com certeza outro truque que suas amigas modelos ensinaram para ela.
"Tá, solto logo o maldito animal." Concordo sem pensar muito.
Não vai ser uma tarefa fácil, todos os animais domésticos e até mesmo os selvagens de médio porte não aguentariam todo o amor que ela vai dar, só algo de grande porte como um elefante, mutante ou místico, pode aguentar sua força, vou pensar em alguma coisa mais tarde.
Kori, soltou animal quase que na mesma hora.
O animal, que estava esperneando e cuspindo fogo para cima a pouco, assim que caio no chão, fez a escolha mais inteligente como seu próximo passo, correu o máximo que podia para o horizonte, ele era rápido.
"Ele era tão fofinho." Murmurou Kori.
Você falou a mesma coisa de um rato.
"Vamos, está na hora do almoço." Chamei ela me levantando.
Feliz como sempre, ela deu alguns pulinhos até ficar do meu lado.
Com um pensamento, a Casa apareceu a vinte metros a nossa frente.
Essa é a rotina do nosso dia a dia.
Sair cedo indo cada vez mais longe voando sozinhos, e no almoço, convocar a nossa casa para onde estamos.
Kori, voou rapidamente para a porta que se abriu sozinha, eu fui andando logo atrás, e antes de entrar, olhei dentro da caixa de correio, não havia nenhuma mensagem nela, o que é uma boa notícia.
Passo pela porta e ando calmamente pala entrada no estilo romana de mármore branco da minha Casa, que manda suteis sinais telepáticos para mim, algo como um bem-vindo. Estou ficando ótimo em entender essa linguagem não linguagem, é como dizem, a prática leva a perfeição.
Minha Casa, não está nada incomodada em pular de um lugar para o outro num espaço de poucas horas, na verdade, ela realmente nunca esteve tão animada, ela realmente ama ver tantas coisas novas de uma só vez, acostumada antes a ficar anos parada num só lugar, dei a ela uma experiência nova.
Entrei então na cozinha que fica na parte de trás desse andar da casa, e no meio da mesa totalmente cheia de pratos e mais pratos variados entre assados e cozidos, já devorando tudo está a Kori, segurando uma coxa de galinha em cada mão e as levando em alta velocidade a sua boca.
Nove estômagos.
"Parece, que a Ravena, está atrasada de novo." Comentei em voz alta sentando na cadeira na frente da Kori.
"Ela sempre perde a noção do tempo na biblioteca."
Kori, está certa.
Enviei um comando mental para Casa, segundos depois, Ravena, usando calças azuis e camisa branca bem larga, entrou com seus cabelos despenteados e olheiras sentando quase que desabando numa cadeira.
Ela sempre teve acesso a minha biblioteca, mas agora, com tempo vago, ela mergulhou com força nela.
"Achou alguma coisa interessante hoje?" Perguntei para ela enquanto me servia.
"Sim, vamos avançar um pouco naquele feitiço que você tem em mente, mas o problema principal na estrutura ainda não foi resolvido." Respondeu Ravena, também começando a comer.
"Isso demora tempo, e não estou com presa no momento, senão eu pararia meus projetos paralelos e focaria só nisso."
"Os golens?" Perguntou ela.
"Sim, os golens."
Já fiz um golem bastante útil, e agora quero outros, só que dessa vez, algo voltado para o ataque, e graças ao um certo titã, consegui muitos materiais para fazer um bem resistente e forte.
Após ser achado inconsciente pelas duas, e de receber uma bela bronca da Ravena, logo depois de acordar, voltei para a saída do vale, para encontrar o corpo do Titã morto por mim, ele deveria estar esperando por mim, mas só que achei foi a cabeça dele, e uma quantidade anormal de sangue, que por sorte ou destino, se juntou num buraco no chão, formando assim uma pequena poça evitando assim ser perdido espalhado no chão, acho que consegui salvar quase dez litros de sangue do local.
No início, pensei que alguém tinha roubado o corpo, e fiquei bem furioso, mas depois de vários feitiços de rastreamento, não encontrei nada, e como não levaram a cabeça, cheguei a conclusão que isso foi um evento natural, e nada normal.
De qualquer forma, peguei o sangue e a cabeça, cabeça que não tenho nenhuma ideia do que fazer com ela, no final, achando tudo isso bem nojento, a coloquei dentro de um grande pote de vidro e a escondi no cofre da Casa, assim como grande parte do sangue, uma pequena parte foi levada para o laboratório para estudo.
Não é um surpresa para ninguém, o sangue de um Titã, é algo simplesmente de outro nível, mais versátil e resistente que até mesmo o metal negro do submundo, as aplicações, ainda estão sendo estudadas, mas sei que se eu misturar um pouco do sangue na fabricação de um golem, os efeitos vão ser assustadores.
"Outra coisa, você prometeu que iria numa de nossas aventuras, Ravena." Falou Kori, enquanto jogava pedaços de frango assado para dentro da sua boca.
"Não vejo o sentido em simplesmente voar por horas a frente e não encontrar nada enquanto posso ficar muito bem na biblioteca, bebendo um bom café na companhia de um livro." Ravena, respondeu sua amiga, comendo de forma muito educada seu bife.
Foi um bom argumento, mas ela vai perder.
Kori, olhou para sua amiga abaixando a cabeça, isso chamou atenção da Ravena, foi um erro.
"Você não vai?" Perguntou ela, com lagrimas nos olhos.
"Claro que vou." Respondeu Ravena, imediatamente.
Como sempre, ela foi facilmente derrotada pelas quase lagrimas da sua amiga. Não posso culpar ela, também já fui vítima várias e várias vezes desse pequeno truque.
"Já que concordamos sobre isso, quero perguntar algo que estou morrendo de vontade de saber." Falei olhando para Kori, que inclinou a cabeça para o lado, não intendendo.
"Ele quer saber como foi seu encontro romântico com o Dick." Ravena, explicou.
Continuamos nossa pequena rotina por dias, até o dia que chegou a data do encontro marcado com Dick, durante toda aquela confusão que a Doutora Veneno causou. Encontro, que aconteceu ontem, no tempo do Submundo.
"Foi realmente legal, primeiro fomos num lugar chamado parque de diversões, aonde a vários brinquedos interessantes, mesmo que eles sejam incrivelmente lentos, o lugar estava vazio, mas não me importei com isso, depois disso, fomos para um restaurante, que também estava vazio, mas a comida era incrível, e no fim, ele me levou para casa de carro."
Sim, Dick usou o seu dinheiro para reservar esses dois lugares só para ele e ela, o que foi uma jogada correta.
"Só isso?" Perguntei, conhecendo muito bem a personalidade da minha amiga.
"Sim, só que no final, não aguentei e acabei perdendo um pouco o controle, segurei ele e o beijei por alguns minutos, depois eu fui embora." Acabou ela.
Sim, como eu disse, os Tamaraneanos são um povo muito mente aberta a tais coisas, pelo menos ela se seguro até o final do encontro, e não avançou mais, isso poderia ter acabado com o coração puro do menino-prodígio.
"Quer dizer que vocês vão sair de novo?" Perguntei.
"Claro, daqui a poucos dias, dessa vez eu escolho o encontro, estou pensando numa caçada, não há nada mais romântico que caçar com seu amante." Falou ela com os olhos brilhando de animação.
Boa sorte, Dick.
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Estou muito feliz em trazer essa duas comigo nessa aventura, quer dizer, se não fosse por isso, eu seria obrigado a enfrentar esses seres sozinhos, e não seria uma tarefa fácil, já que estou de frente com um monstro mitológico que apareceu nos famosos doze trabalhos de Herácles, mais precisamente o sexto trabalho.
Bem, isso não é tão impressionante, Herácles, lutou praticamente contra todas os monstro mitológicos.
"Estou me arrependendo de concordar com isso." Comentou Ravena em voz baixa, vestindo seu traje do meu lado abaixada atrás de uma pedra.
Estamos a poucos quilômetros do pico dessa montanha de pequenas pedras negras sem vegetação rodeada de nuvens negras e névoa ao redor do seu início, que se estendia até a metade da sua imensa extensão.
O plano era atravessar essa montanha, do alto, teríamos uma bela vista dos nossos arredores, e assim poderíamos escolher melhor qual direção seguir.
Kori, queria simplesmente voar para cima do pico, mas eu sabia que essa montanha, era uma barreira natural, separando uma zona da outra, e por isso, as chances dela ser defendida eram altas, por isso subimos a montanha com muito cuidado, esperando um ataque vindo da névoa, lugar perfeito para pegar alguém de surpresa, mas nada aconteceu, e Kori, brincou muito sobre meu cuidado demais.
Estou também feliz por estar certo.
Tudo bem, não vou mentir, também estava achando que exagerei um pouco após passarmos a névoa, mas não disse isso em voz alta, e a sensação de estar certo ao chegar no pico, foi o bastante para esconder esse pequeno momento de dúvida.
"Que seres lindos são esses?" Perguntou Kori, olhando por cima da pedra com seus olhos brilhando, já achando com certeza essas aves fofas.
"Essas são aves stymphalian." Sendo um semideus grego, claro que estudei as lendas mais famosas assim como os seus monstros, já que a chance de encontra um deles seria bem alta no futuro.
As aves stymphalian, tem um metro e meio de comprimento e dois metros de envergadura, eles se parecem muito com águias, mais seus bicos longos e retos da cor bronze junto dos pescoços longos como de um avestruz quebrava essa ideia, seu corpo era cheio de penas da mesma cor do seu bico, bronze quase dourado, parecendo ser metálicas, dando a impressão que essa ave era feita de puro bronze, nas lendas, as assas dessa ave podiam jogar seus inimigos para longe com sua força. Seus pés também pareciam bem mortais, com três dedos a frente e um pequeno atrás, e as unhas, eram longas e negras.
Lindas, ainda mais com a luz natural desse reino acertando e refletindo nas suas penas, se não fosse o fato delas serem carnívoras e adorarem comer pessoas, eu realmente ficaria tentando a deixar a Kori, levar uma delas para casa.
"Tem muitos deles, posso conjurar uma ilusão para passar por eles sem que eles nos vejam." Propõem Raven.
"Não vai dar certo Raven, são muitas, vamos acabar batendo em uma sem querer." Neguei essa ideia, vendo que a mais de duzentos pássaros todos juntos nesse pequeno pico, a maioria deitada em seus ninhos construídos com grama e gravetos ou apenas olhando o nada.
"Que tal irmos voando?" Foi a vez da Starfire, dar usa ideia.
"Também não vai dar certo, a muitos deles no ar." Olhei para cima, e vi mais vinte a trinta aves voando ao redor do pico, como se fossem parte da segurança do local.
"Qual é o plano então?" Ravena, perguntou para mim.
"Vamos simplesmente ir em frente." Falei, fazendo as duas olharem para mim como se minha ideia fosse a mais idiota, pode até ser.
"Não temos muita escolha aqui, podemos voltar ou tentar dar a volta pela névoa na montanha, mas tenho certeza que vamos acabar nos perdendo, também podemos sair da montanha, e tentar dar a volta nela, mas isso levaria semanas, então, vamos em frente." Expliquei melhor.
"Isso nós sabemos, mas por que não usa aquele seu feitiço para nos fazer passar despercebidos?" Sugeriu Raven.
"Impossível, é o mesmo problema, dando meu máximo e deixando minha mana secar, só vou poder manter nos três escondidos por alguns segundos."
O gasto do Feitiço do Rio Lethe, está ligado a quantos olhos tenho que apagar minha existência, mesmo estando dez vezes mais poderoso agora desde que criei esse feitiço, não fiz muitos avanços nele, já que ainda não encontrei o rio pessoalmente, e estamos falando aqui de literalmente centenas de olhos colados em nós.
"Então, o que estamos esperando!"
"Kori, espere!"
Raven demorou demais, e Kori, já tinha voado para fora da pedra que estamos escondidos e se atirado para frente em alta velocidade a poucos centímetros do chão. Demoramos um segundo trocando olhares, e então, nos juntamos a ela.
As aves stymphalian, foram pegas de surpresa e ficaram apenas olhando para nós, voando entre elas evitando uma contato direto.
Isso não durou muito é claro.
"HIIIIIIIIIIIII!"
O grito da ave stymphalian, fez meus ouvidos doerem, era como se duas placas de metal estivessem raspando uma contra a outra, por sorte, fiquei muito experiente em ignorar barulhos altos como esse, e não parei de voar, agora alcançando Kori, que não estava voando na sua velocidade máxima por conta da Ravena, a mais lenta entre nós voando.
As aves ao nosso redor abriram suas longas asas, e aqueles que passamos próximos tentaram nos pegar com seus bicos longos, mas elas eram lentas no chão, e sem precisar atacar, passamos facilmente do ninho delas, e começamos a descer a montanha.
"Isso foi fácil demais." Ravena, falou.
"Isso foi divertido!" Gritou Kori.
"Olhem para trás, e me digam se continuam achando isso!" Gritei com elas.
Uma olhada rápida por cima do ombro, as duas podem ver agora o bando de aves metálicas refletindo o sol voando em nossa direção.
"Vamos aumentar a velocidade, vamos escapar delas nevoa!" Gritei para as duas, passando meu braço ao redor do corpo da Ravena, sem pedir permissão.
Aumentamos então a velocidade, descendo a montanha como um carro descontrolado próximos do chão.
Posso ir mais rápido que Kori voando, ainda mais no Submundo, aonde o ar está cheio da mesma mana que uso, diferente dela, que precisa do sol para recarregar seus poderes, o Submundo tem luz, mas não um "sol", mesmo assim, estávamos indo rápido, e dessa forma conseguimos chegar até o meio da montanha, aonde fica a névoa.
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"Solte-me!" Ordenou Ravena, assim que saímos da montanha.
Gentilmente, a coloquei no chão, ignorando o olhar mortal que ela está me dando, girei meu corpo ficando de frente para a montanha, só para ter certeza que nossos perseguidores realmente desistiram ou ficaram perdidos na névoa.
"Kori, você está bem?" Ravena, perguntou olhando para o braço da Kori.
"É apenas um pequeno machucado, uma prava da nossa grande aventura." Falou a nossa alien.
Aconteceu tudo como planejado, assim que entramos na névoa, todas as aves ficaram cegas, e pararam de voar juntas, isso permitiu nossa fuga, mas também criou um caos enorme na névoa, acabou que algumas aves, do nada, apareciam na nossa frente ou dos lados, e o resultado de uma desses encontros foi um corte no braço da Kori, nada muito grave.
"Vamos andar mais alguns quilômetros só para garantir e chamar a Casa, tenho bastante remédio e poções de cura nela para abastecer um exército, ela vai ficar bem."
Ela deu sorte, de acordo as lentas, as asas das aves stymphalian possuem veneno nas garras, ela foi ferida por um bico.
Fizemos exatamente isso, andamos alguns quilômetros e minha Casa, apareceu na frente de uma bela floresta, que parecia mais uma muralha, se estendendo de uma ponta a outra até aonde minha visão podia chegar na minha frente, como uma linha delimitando uma fronteira no mapa.
Vamos ter tempo para ver isso depois.
Entramos na casa, e como não havia uma enfermaria, Ravena, levou Kori, para se sentar ao redor da fogueira na entrada enquanto eu, fui buscar alguns medicamentos misticos.
Voltei alguns segundos depois segurando uma pequena caixa branca com uma cruz vermelha na tampa.
"Serio?" Perguntou Ravena, olhando para caixa de medicamentos mais vagabunda encontrada em todo lugar.
"Serve seu proposito." Digo dando um sorriso para depois me sentar do lado da Kori, de frente para seu braço machucado.
"Só preciso de uma adaga de plasma para queimar a pele…." Falou ela.
Ignorei isso colocando a caixa no meu colo, atenção da Kori, foi desviada nesse momento para ela, mas não a muito o que ver na caixa, a não ser pequenos tubos cheios de poções que comprei, troquei ou ganhei nos meus jogos eventuais para casos assim, a única coisa diferente na caixa é um pequeno pergaminha encardido.
"Onde você encontrou isso?" Perguntou Ravena, surpresa.
"Ganhei num jogo de cartas." Falei orgulhoso.
"Essa coisa é tão rara, que até mesmo em Azarath ela seria um tesouro, e você o coloca dentro de uma caixa vagabunda!?"
Ainda sorrindo para minha conquista, abri um tubo e joguei seu conteúdo rapidamente na ferida da Kori, enquanto atenção dela estava no pergaminho.
"O que é isso?" Perguntou ela, sem nem mesmo sentir o líquido verde fechando sua ferida.
"É um pergaminho que permiti invocar um demônio medico bem especial, o melhor do seu tipo." Respondeu Ravena.
A várias formas de curar feridas ou qualquer outro tipo de dano sofrido no mundo mistico, mas se esse dano for grave e você não for um curandeiro, a única opção é achar um, e não a curandeiros melhores que as enfermeiras do pesadelo, talvez os únicos demônios na realidade com poderes de cura.
Claro que não é fácil entrar em contato com uma delas, você só consegui seus serviços pagando muito caro, e o preço não é nada pequeno, isso se você não tiver um pergaminho desses, que dá um uso grátis das suas habilidades.
Esse pergaminho, também é um dos maiores salva-vidas que tenho no momento.
"Tudo pronto." Contei para ela, limpando o sangue no seu braço e roupa com um simples feitiço de limpeza.
"Já!" Se surpreendeu Kori, olhando para seu braço já curado.
Feridas simples como essa são facilmente tratadas, deixo um pequeno estoque de poções comigo não para mim, já que não preciso graças a minha cura, os tenho para momentos em que o time se machuque.
"Sim Kori, já, agora vamos comer alguma coisa, já está tarde."
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"Isso não vai dar certo." Ravena, suspirou jogando uma pequena pilha de papel no chão.
"Concordo, pegamos o caminho errado nessa." Falei fazendo o mesmo.
Os papeis que deveriam ficar espalhados no chão desapareceram logo em seguida, o deixando intocada, essa é uma forma bem fácil de limpar a casa e jogar papéis no lixo.
Ravena e eu, estamos agora na biblioteca, sentados uma frente do outro na mesa com uma pequena pilha de livros abertos dos mais variados tipos empilhados a nossa frente na mesa, a também papeis, anotações feitas a mão, tudo isso para conseguir recuperar um certo feitiço de Azarath, que a Ravena, não aprendeu antes da sua queda, e só possuía partes dele.
Só que a comunidade magica de Azarath era muito fechada, nem mesmo havia muito a falar sobre ela nos HQs, o que significa que nem mesmo o imenso repertório de livros na biblioteca está nos ajudando.
"Podemos tentar de novo depois, na biblioteca da Zatanna." Sugeri.
"Eu sei, mas é realmente enlouquecedor não conseguir isso." Falou ela colocando seu braço na mesa e a mão no rosto o cobrindo.
Ravena, se senti responsável pela destruição da sua casa, por isso, ela dá muito valor a tudo que veio de Azarath, seja seus feitiços ou até mesmo seus costumes, essa é a única forma que ela achou de manter seu legado vivo na sua mente.
"Já falamos sobre isso antes Ravena, não foi sua culpa, e se você por um segundo sentir tal coisa, mova ela toda para seu Pai, ele é o vilão da história." Não é a minha primeira vez falando essa frase, realmente não sei se ela ajuda em algo, mas ela tem que ser lembrada quem é o verdadeiro responsável por toda essa confusão.
"Eu sei Dio, eu sei, mas mesmo assim…" Ela parou de falar, abaixando a cabeça.
"Shif!"
A cadeira de madeira faz barulho ao se arrastar pelo chão, chamando mais uma vez a atenção dela para mim.
"Vamos, tá na hora do filme!" Contei para ela feliz, tentando mudar de assunto.
"Filme? Que filme? Ainda temos horas antes do amanhecer, quero as gostar aqui!" Negou ela.
"Temos tempo para continuar isso depois, vamos assistir alguma coisa com a Kori, comer besteira e beber refrigerante, até deixo você escolher o filme."
Na minha coleção pessoal é claro, que só tem filmes que eu gosto.
"É a minha vez Dio, quero estudar, não ver um filme." Negou ela mais uma vez, voltando a pegar um livro aberto em cima da mesa.
Puxei lentamente o livro da mão dela usando telecinesia, e o voltei a pôr em cima da mesa.
"Amanha também vai ser sua vez de novo, o que acha?" Propos.
Como temos ramos muito diferentes de magia, combinamos em separar os assuntos estudados em turnos, ou seja, dia sim, ela me ajuda nos meus feitiços, e dia não, eu faço o mesmo com os feitiços dela, dessa forma os dois ganham ajuda.
"Sei que vou me arrepender disso, mas tudo bem." Concordou ela finalmente, se levantando da sua cadeira como se estivesse prestes a fazer algo incrivelmente doloroso.
"Vamos lá Ravena, não é como se eu fosse fazer você assistir o filme novo da Barbie, ou algo assim, eu sou um homem de cultura, tenho boas opções comigo."
O que eu ganhei depois dessa frase foi apenas um olhar estranho dela.
E sem dizer mais nenhuma palavra, ela saio da biblioteca deixando a bagunça organizada para trás.
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"Eu realmente não intendo, por que os dois simplesmente não ficam juntos? Eles parecem se amar muito." Comentou Kori, sentada do meu lado com um balde de pipoca tamanho família em cima das suas pernas.
"Ele está preocupado com o estado social diferente entre eles." Explicou Ravena, do meu outro lado, também comendo pipoca, mas num balde menor.
"Ele é o guardião do conhecimento da sua cidade, seu estado social deveria ser igual ao dela, estou errada?" Voltou a pergunta Kori, sem entender ainda.
"Ele é o dono de uma pequena biblioteca Kori, ela é uma atriz mundialmente famosa, na mente dele, isso é um problema." Expliquei melhor.
O filme escolhido pela Ravena, foi uma surpresa para mim, nunca imaginei que ela pegaria um filme de comédia romântica antigo, um dos meus favoritos, Um Lugar Chamado Notting Hill.
Confesso, que meu gênero favorito e ação, mas tenho um fraco por comédias românticas antigas, essa sendo uma delas.
"Não vejo qual é problema nisso, no meu planeta, o que conta é o amor."
"Kori, você está dizendo que qualquer um pode casar com a princesa desde que eles estejam apaixonados? Mesmo o outro sendo um simples soldado ou algo parecido?"
Finalmente, pude ver que Kori entendeu. O mundo dela pode ser aberto sobre muita coisa, mas o casamento de uma princesa real, pode criar várias alianças poderosas e ganhar muitos beneficiosos para o planeta, assim, seria burrice não aproveitar isso deixando as princesas casarem por amor, ainda mais se você for a princesa que vai se tornar rainha.
"Não importa mesmo, não vou ser mais rainha, então não tem problema entre mim e Dick." Comentou ela voltando para sua pipoca e filme.
"Vocês dois já estão pensando em casamento? Após só um encontro?" Perguntei brincando.
Kori não respondeu, apenas comeu sua pipoca, mas pude ver seus olhos brilhando.
Pobre Robin.
"Parem de falar, quero assistir o filme." E aquela que não queria assistir nada, se tornou a mais focada nele.
Com um sorriso no rosto, feliz por ter tirado a mente da Ravena, de um lugar negro talvez por apenas um segundo, volto minha atenção para a tela, pegando uma pequena porção de pipoca que está em cima dos meus joelhos.
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Os dias se passaram entre alegrias, diversão, exploração e pesquisa. Até finalmente chegamos a um ponto, que eu não permitiria que Kori, continua-se nossa explosão.
Graças a todos os deuses, que um dia antes de contar isso para ela, uma carta apareceu na minha caixa de correio, avisando sobre o dia do casamento da Diana, e pedindo minha volta imediatamente para ajudar na preparação de tudo, já que vamos ter que correr um pouco para tudo ficar pronto a tempo por conta da data escolhida.
Kori, não intende nada da nossa cerimônia de casamento, mas ela entende o peso de um casamente, por isso foi fácil arrumar nossa partida, que vai ser daqui a algumas horas. Enquanto isso não acontece, e Kori está comendo tudo que pode na mesa de jantar, sai pela porta da frente e me sentei numa rocha grande o bastante para me deixar confortável, desse ponto, tenho uma vista inteira do meu próximo desafio.
"Você vai entrar ali, não vai?" Perguntou Ravena, aparecendo do meu lado.
"É meu caminho." Não neguei.
"Dio, esse é o Tártaro, tenha cuidado." Pediu ela.
Acenei e falei.
"Não se preocupe Ravena, você sabe muito bem com eu sou, só vou entrar naquele lugar quando estiver pronto, nenhum segundo a mais ou a menos."
Essas palavras, a deixaram segura.
O Tártaro, é um pouco confuso.
De certa forma, a três Tártaros.
Primeiro, é uma entidade viva primordial representando todo o Submundo, assim como Gaia e Uranos.
Segundo, ele é um lugar, o ponto mais baixo do Submundo, local onde estão os prisioneiros de guerra contra os deuses e outros monstros perigosos demais para serem deixados soltos.
Terceiro, ele é a região acima do Submundo, aonde ficam todas as almas julgadas e consideradas indignas do paraíso.
Estou de frente para o número três.
E para descrever a parte de cima desse lugar, posso pensar numa frase perfeita.
O inferno na Terra.
O Submundo não era um lugar belo, mas até agora nunca foi terrível, isso mudou.
A imensidão de terra a minha frente tem a extensão que nem mesmo minha visão aumentada podia ver o seu fim. O chão era constituído por rocha preta totalmente irregular, em muitos pontos, essa rocha apontava para cima, criando pequenos montes pontudos como espadas, o chão também não é regular, tão irregular que parecia ondas, a muito fogo e fumaça, sendo cuspidos do chão em vários pontos como pequenos vulcões, e por fim, os três dos rios do Submundo, todos correndo na direção do centro desse lugar, cada um com suas diferenças, mas todos terríveis.
Então temos o céu, tomado de nuvens expeças que bloqueiam toda a luz, cuspindo raios sem parar abaixo, por conta do fogo no chão, todas elas ganharam uma coloração avermelhada, como se o céu estivesse em chamas, era lindo de certa forma.
E tudo isso, é apenas a entrada.
Pode ser loucura, mas parte de mim foi seduzida pelo amor da Kori, por aventura e descobrimento, só isso explica minha animação.
"Vamos, vamos voltar." Falei me levantando.
Depois de mais uma olhada para o inferno, nos dois entramos na casa, prontos para voltar.