"Desculpe, eu não consegui de novo..."
"Caramba garota, que inútil você é! Já sabe, não é? Não receberá nenhum pagamento, já que você não fez nada!"
"Sim, desculpe-me."
A garota dos cabelos pretos estava de frente para um homem rígido. Esse homem tinha grandes músculos e sua cara era distorcida, cheia de cicatrizes. Junto dele, havia mais quatro homens naquela taverna escura e vazia. Tudo dava a indicar, que eles eram de uma gangue as escuras.
Os outros homens, olhavam para ela com desprezo.
Depois de se desculpar, ela sai da misteriosa taverna. Aparentemente aqueles homens não eram tão maus assim, para espanca-la ou abusá-la sexualmente ali mesmo. Eles só queriam que seus pedidos fossem resolvidos, apenas isso.
...
"Mãe, cheguei."
A garota abre a porta de casa e a fecha rapidamente. Ela olha para suas mãos, mas tem calos nelas e está sangrando bastante. A garota sabia que tinha que limpar suas mãos antes de conversar com sua mãe.
Nos fundos daquela humilde casa, havia um balde cheio de água. Ela sabia que aqueles baldes sua mãe usava para lavar as roupas de casa ou fazer comida. Mas ela decidiu pegar um pouco e limpar suas mãos.
"Estou aqui mãe."
Ela foi para o quarto da sua mãe e viu a mesma cena de sempre.
A cama parecia toda desarrumada, com certeza ela tinha se contorcido bastante. O quarto estava um pouco escuro, a única coisa que iluminava era apenas uma vela em cima de um móvel velho. Aquela visão era a maior tortura que a garota via todos os dias.
"Liena... você... onde você estava? Cof... Cof..." Sua mãe diz, ainda tossindo.
"Eu estava tentando arranjar algum dinheiro, infelizmente não consegui nada."
"Você não está... Cof... arrumando problemas para os outros, não é?"
"Não, eu estou tentando ganhar dinheiro de um jeito que não prejudique os outros."
Era mentira.
Liena acabava de voltar depois de um esporro de seu novo chefe. Aquele homem grandalhão era chefe de operações ilegais. Uma quadrilha que não era de Lálario, mas estavam lá para tentar estabelecer uma base mais ampla.
Operações ilegais estas que colocavam Liena em perigo a todo novo trabalho. A garota recebia ordens do tipo de roubar cargas de alimentos e suprimentos, armaduras e até armas brancas. Liena não tinha força o suficiente para levar os suprimentos, por isso sempre voltava com machucados nas mãos.
Por conta das caixas pesadas, ela não conseguia levar todos. Mas em dias como hoje, a dor foi tanta, que não conseguiu voltar com nenhuma. Liena teve que abandonar as caixas lá, já que pareciam que guardas estavam rondando o local.
"Por favor, não se machuque tanto... sua mãe já é bem velha, não tem problema se ela morrer... Cof... mas você é jovem filha. Não se esforce tanto assim."
"Não diga isso mãe, eu... eu vou conseguir comprar todos os remédios e vamos viver novamente como éramos. Lembra? Eu chegava em casa e você cozinhava sempre o mesmo pote de macarrão que eu adorava."
"Eu lembro... Cof... realmente são boas lembranças..."
"Está vendo? Eu vou me esforçar, assim como a senhora fez comigo. Não se preocupe, esses machucados não são nada. Na verdade, são marcas do quanto eu lutei! E tenho orgulhos dela."
A mãe de Liena deu um sorriso.
"Esta fala... seu pai me disse o mesmo..."
...
Como já muito mais a noite, não havia o que ela fazer, então decidiu se deitar.
Ela ainda sentia uma agonia em seu peito, por ver sua mãe daquele jeito. Os magos curandeiros disseram que não havia uma cura imediata para essa doença, teria que comprar remédios. Mas Liena e sua mãe eram muito pobres.
A mãe de Liena piorava a cada dia e sempre que chegava em casa, ela rezava para sua mãe estar viva. Na verdade, a garota sempre que entrava em seu quarto e via sua mãe viva, ela ficava aliviada e muito orgulhosa, já que sua mãe era uma guerreira por aguentar aquela dor.
Liena olhou para seus braços todos arranhados e com hematomas.
Não só ela não tinha força para carregar as caixas, ela também percebeu que não nasceu com a mesma força de vontade que sua mãe e isso fazia ela estar deprimida. O que ela poderia fazer? Chorar? Não, ela precisava seguir em frente.
"Eu ainda sou tão fraca..."
Liena não conseguiu dormir aquela noite, ela novamente não conseguiu receber um pagamento. Ela levantou da cama e saiu de casa mesmo sendo escuro da noite. A ideia dela era apenas andar por aí, sem muito seguir um rumo.
Ela via como Lálario poderia ser bonito a noite, mas ainda seus olhos não enxergavam aquilo como magnitude. Seus olhares foram para vários lugares, mas nada era tão bonito assim como ela achara antes.
Quando reparou onde estava, ela se assustou.
Depois de muito andar sem rumo, ela acabou caindo no distrito comercial. Ela via várias tendas desmontadas e muitos distritos com luzes apagadas, a única coisa que iluminava as ruas eram as pequenas lamparinas.
"~que merda, eu estou com fome."
Sim, fazia dias que ela não comia nada decente além de um pão velho e um copo de água. Não havia nada que pudesse fazer, ela não sabia muito bem cozinhar e sua mãe estava de cama muito doente.
Quando ela olhou para frente, viu que apenas um comercio estava com a luz acesa. Mas estava com a placa de madeira escrito: "Fechado". Isso foi desanimo, mas ela sabia que não tinha muito dinheiro para comprar nada, então não se importou tanto.
"Seith's Restaurant..."
Esse era o nome de um restaurante que muitos elogiavam. Diziam que a comida lá era uma delicia e quem atendia era uma linda garota dos cabelos brancos. Até mesmo Liena já ouvira bastante, mas ela não tinha dinheiro nem para se quer comprar uma bebida ali. E mesmo se tivesse, tudo estaria guardado para os remédios de sua mãe.
De repente, a porta do estabelecimento se abriu.
Saindo de lá, estava uma garota linda, dos cabelos brancos e ela usava uma roupa social. Essa garota olhos para as duas direções da rua e Liena pode ver que seus olhos eram carmesins, muito bonitos.
"Então essa era a garota..."
Liena nem pode perceber que estava praticamente babando.
Depois dela, saiu uma outra pessoa. Ela era muito baixa, logo percebeu que se tratava de uma criança. Essa criança tinha cabelos acinzentados e usava uma roupa totalmente bem feita, uma roupa de nobre. Mas havia algo a mais que surpreendia Liena.
"Demi-humana?"
O que Liena reparou, foi que a criança tinha orelhas e uma calda. Ela se surpreendeu muito por conta disso. Era raro ver demi-humanos em Lálario, já que Lálario era um reino totalmente humano.
Liena se escondeu em um beco próximo e começou a espiar o movimento das duas.. Alguma coisa nelas tinha cativado seu coração, algo que fazia ela ficar com o olhar fixado nas duas por bastante tempo.
"Elas parecem... mãe e filha."
Depois que a garota de cabelos brancos segurou a mão da criança demi-humana, ela pode notar que realmente era essa situação que ocorrera. Com certeza a garota era mãe dessa criança, mas Liena ainda não podia acreditar nisso. Apesar de elas serem bem parecidas.
Quando Liena estava com os olhos fixados nas duas, a criança demi-humana olhou para trás e avistou ela olhando para as duas. Liena percebeu e em um ato de desespero, se escondeu para dentro do beco. Seu coração disparou, ela estava com medo de ser acusada por perseguição. Então, decidiu sair dali o mais rápido o possível.
...
Já era o outro dia, e novamente encontrávamos Liena a noite.
A nova ordem de seu chefe era roubar as caixas de suprimentos que chegaria numa carroça. Aparentemente ela era suprimentos para os cavaleiros e guardas, então estava cheia de armaduras e espadas, escudos e etc. Tudo que Liena sabia que não conseguiria carregar, mas não recusou.
Ela estava agora perto do galpão que os guardas recebiam os suprimentos. Esperando um pouco entendidamente, ela olhava para todos os lados para ver de que lado viria essa tal carroça.
"Chegaram." Ela murmurou a si.
Ao lado direito do galpão, vinha uma carroça. O cocheiro parecia estar cansado, mas ainda estava atento. Liena sabia que aquele não era a melhor hora para agir. Ela era perspicaz e quase sempre conseguia fugir de guardas, infelizmente força não vinha de nascença.
O cocheiro desceu da carroça e bateu três vezes na porta do galpão. Assim que se afastou um pouco, um guarda abriu a porta e olhou em volta. Esse guarda estava armado, sua espada estava na bainha e seu escudo estava em sua mão.
"Esses são os suprimentos?"
"Sim, está tudo perfeitamente verificado."
"Certo, vou trazer mais gente para coloca-los dentro do galpão."
Eles conversavam, sem saber que Liena estava ali ouvindo tudo. Ela ainda esperou, aquele não era o melhor momento para pegar uma caixa e sair correndo. A garota podia sentir seu coração acelerando. Se esse carregamento chegasse nas mãos de seu chefe, com certeza teria uma recompensa grande.
Demorou um pouco, mas finalmente eles levaram tudo para o galpão. Por último, aquele guarda trancou com correntes o galpão e foi embora. Com certeza aquele era seu turno mais longo. Agora sim, Liena sabia que aquela era a hora de agir.
Ela saiu de trás da mureta que estava perto e se aproximou do galpão. Mesmo sabendo, ela olhou em volta da porta para ver se não tinha alguma brecha para ela entrar pela porta da frente mesmo. Mas não tinha nada. Então teve que partir para a opção que mais usava em situações como essa.
Liena já havia adentrado em vários galpões, essa não era a sua primeira missão nessa situação. Ela até deu um sorriso, por imaginar que seria fácil demais.
Andando para trás do galpão, com todo cuidado para ver se não tinha nenhum guarda fazendo ronda por aquela região, ela chegou no lugar que queria. Bem acima do galpão, havia uma janela que era obrigatória, caso ao contrário, os produtos enchiam de poeira e ficavam mofados. Aquele era o lugar que Liena sempre usava para entrar nos galpões.
O galpão ficava entre dois comércios abandonados. Por sorte, este galpão ficava entre dois comércios que tinham uma cobertura ou uma varanda. Isso era ótimo, Liena sabia que seria tão fácil entrar que nem teve tanta graça assim.
Liena foi em um dos comércios, subiu as escadas e parou na varanda. Naquela altura já dava para alcançar a janela. Ela estendeu os braços e abriu devagar para não fazer muito barulho. Inclinou seu corpo um pouco e se agarrou nas bordas da janela. Liena já podia ver dentro do galpão.
Ela subiu na janela e desceu.
Quando pisou no chão, ficou maravilhada no que viu. Estava bem escuro, mas a luz do luar estava iluminando perfeitamente todos os itens contidos ali naquele galpão. Pela bandeira que havia na porta, ela sabia que aquilo tudo pertencia a ordem de cavaleiros de Lálario.
"Olha só o que temos aqui."
Nesse momento, Liena se despreocupou e retirou o capuz de sua cabeça.
Havia muitas caixas. Muitas peças de armaduras também estavam espalhadas, com certeza fizeram reposição e deixaram os modelos antigos jogados por aí. Os olhos de Liena brilhavam, ela sabia que entregando aquilo para seu chefe, ela receberia todo o dinheiro que precisava para pagar os remédios de sua mãe e ainda sobraria um pouco.
Neste caso, ela não pode vacilar.
A nova mercadoria estava bem a frente dela. Ela decorou a cor das caixas e os números que marcavam ela em uma tinta verde. Liena se aproximou, abriu as caixas e depois de confirmar que estava tudo ali, sorriu. Com muito esforço, ela arrastou as caixas para perto da janela.
"A janela é muito alta para eu escapar, preciso fazer algumas coisas."
Como já tinha experiência nisso, ela resolveu em piscar de olhos. Ela organizou todas outras caixas que tinham no galpão e fez uma escada para ela até a janela superior. Uma vez ela tinha falhado, as caixas na qual pegou eram flexíveis demais e acabaram quebrando. Mas desta vez, as caixas eram firmes, da madeira de mais alto nível.
Ela então, com muita dificuldade por conta dos pesos das caixas, foi levando uma por uma até a janela superior. Depois que ela alcançava esse objetivo, ela jogava a caixa na varanda do comercio a frente. Certamente fazia um barulho alto, mas quando vigiou esse lugar, ela viu que pessoas não passavam muito por ali.
Por conta de seus braços fracos e também por uma melhor opção, ela pegou apenas três caixas das sete que eles trouxeram para o galpão. Seu antebraço e seu bíceps já estavam doendo a ponto de deixá-los dormentes.
"Ai-Ai-Ai..." Ela resmungava.
Antes de sair pela janela superior, Liena colocou seu capuz novamente e foi saindo de fininho. Ela chegou na varanda e viu que as caixas ainda estavam lá. Só por conta disso, Liena já estava marcando com uma vitória absoluta. Se levasse todas essas caixas até seu chefe que agora mesmo estava a esperando, tudo seria resolvido e ela também teria o dinheiro o suficiente.
"Vamos lá!"
Ela agarrou a primeira caixa sorridente, mas...
"Quem está aí!?"
Ela ouviu essa voz grave e assustadora. Seus olhos arregalaram, seu corpo começou a tremer e quando se virou para o lado avistou um guarda olhando para ela, com uma lamparina em suas mãos. Liena estava tão assustada que um frio imenso atingiu sua barriga.
"Estou falando com você! Desça aqui agora mesmo!"
"Droga."
Liena olhou para o guarda e olhou para as caixas, fez esse jogo de olhares por alguns segundos. Mas seu medo e choque a consumiram naquele exato momento. As mãos de Liena estava tremula, enquanto sua visão ficava turva.
"Se eu me render, eu vou ser presa... mas se eu fugir, de novo não vou ter nada e ficarei sem recompensa..." Ela disse a si mesma.
"Eu disse para descer daí!"
Liena que estava antes assustada, franziu sua testa e partiu para fazer algo que ela nem mesmo acreditava que daria certo. Em um ato de desespero, ela pegou uma das caixas e pulou da varanda, por cima do guarda. Quando aterrissou no chão, sentiu uma dor anormal em suas pernas e em seus braços, mas aquele momento não era bom.
Ela segurou a caixa mais firme do que podia e correu o máximo que aquelas magras pernas podiam aguentar. O guarda de primeira não conseguiu fazer nada, mas quando a viu fugindo sua fixa caiu e ele disparou em sua direção.
"Não fuja ladra! Se você se render será menos doloroso!"
"Droga, droga, droga."
Liena não aguentava as dores no braço que sentia e suas pernas que tiveram uma aterrisagem forçada, pareciam que iriam se romper. Mas ela não podia largar aquela mercadoria, aquilo era definitivamente sua vida. Seu rosto começava a cair pingos de suor, a dor fazia ela morder seus lábios. Sua respiração era toda irregular e ela sentia perder o ar.
Ela virou à direita e seguiu para o distrito comercial. Liena olhou para trás e viu que o guarda só se aproximava cada vez mais. Isso devia ser por conta que o peso que Liena carregava a deixava mais lenta.
De repente, mais uma coisa lhe afetou.
"ARHHHH!" Ela gritou.
Quando olhou para suas costas, estava uma flecha fincada. A dor aumentou e ela desabou no chão junto com a caixa. Depois da colisão no chão, a caixa se partiu e um dos pedaços de madeira atingiu acima de seu peito, cortando suas vestimentas e fazendo um corte bem profundo.
"Que merda."
Ela olhou para trás e o guarda estava distante, pois ele parou para atirar a flecha. Liena pensou que aquela era sua melhor chance de fugir. Quando ela se levantou novamente, o guarda parecia querer atirar outra flecha. Ela olhou para o chão e viu um escudo desmontado.
Liena pegou sem pensar duas vezes e começou a fugir novamente. Agora que estava com menos peso, certamente conseguiria fugir tranquilamente por toda a sua perspicaz que a ajudava. De longe, ela ouviu o som do arco e flecha e assim que se virou, a bloqueou com o escudo e começou a correr ainda mais.
Ela virava cada beco que via até, sendo perspicaz do jeito que é, ela sabia que fazendo isso, despistaria o guarda facilmente.
Liena cansou de correr e parou em um beco que reconhecia. Quando confirmou que aparentemente o guarda também tinha desistido de segui-la, ela andou poucos passos para frente. Mas com toda dor que estava sentindo, seu corpo desabou no chão, juntamente do escudo.
"ah... ah... ah..."
Finalmente tinha pegado tempo para respirar.
Ela olhou para o arredor do beco e viu como aquele era familiar. Havia algumas caixas de lixo nos cantos da parede, juntamente de restos de comida. Uma poça de água que estava lá por conta da chuva, estava exatamente no mesmo lugar. E por azar, Liena caiu de cara nessa poça suja.
Liena olhou para o escudo que caiu junto com ela e viu que estava totalmente destruído.
"Droga..."
Ela tentou se levantar, mas se lembrou que a flecha ainda estava fincada em suas costas. Liena se forçou completamente até conseguir ficar no mínimo sentada, quando conseguiu fez mais um esforço parar tirar a flecha de suas costas. Foi quando se lembrou que uma flecha saindo doía mais do que uma flecha entrando.
"Aí..."
Quando ela retirou a flecha, ela se encostou na parede do beco. Agora suas costas estavam sangrando, suas pernas estavam tão doloridas que mal conseguiam sustentar o peso dela. Seus braços estavam dormentes e acima de seu peito estava com um corte profundo.
"Ah... Ah..."
"Você parece estar mal."
Liena levou um susto quando ouviu uma voz naquele lugar. Ela olhou para direita e viu uma garota pequena. Ela vestia roupas nobres, era tão bonita que Liena certamente pensou que aquela roupa fora confeccionada apenas para ela. Mas algo a mais chamava muito mais atenção. Seus cabelos eram acinzentados e ela tinha orelhas e calda de raposa.
"Você..."
"Seus olhos parecem tão vazios moça... você até se parece comigo, no passado."
"Tsc, e o que você sabe sobre mim. Ao meu ver, você é uma nobre, não é? Para começar, você nem deveria estar aqui. E não tente entender os problemas das outras pessoas, sua vida nobre é muito fácil."
Liena sentiu muita raiva de ficar ali e ouvir uma comparação feita por uma criança. Então se levantou mesmo com dor, e foi andando para o outro lado do beco. Com muita dor, ela apoiava suas mãos nas paredes até chegar ao final do beco.
Foi quando ela ouviu.
"Me desculpe incomodar Asura-san, mas você viu uma garota fugindo por aqui? Ela usava uma túnica preta."
"Hm? Não vi, por que?"
"Ela estava roubando os suprimentos dos cavaleiros e quando eu a avistei ela fugiu. Agora não consigo encontrá-la."
"Me desculpe senhor, mas não a vi. Você a viu, Tess?"
Liena descobriu qual era o nome da criança que falava segundos atrás. Mas também começou a ficar desesperada. Certamente por ser rude, essa criança mostraria o caminho até Liena. Mesmo com dor, começou a andar mais apressadamente.
"Eu não vi nada... desculpe."
"Hã?" Exclamou Liena baixou.
Ela não me dedurou? Pensou Liena.
Mas ela não tinha tempo para pensar nisso. Agora, ela precisava lidar com situações muito piores do que sua dor.
...
"Novamente você falhou..."
"Me desculpe."
"Você acha que desculpas vai resolver nosso prejuízo? Sabe quanto dinheiro acabamos de perder só aqui? Essas mercadorias eram importantes, se tivéssemos em nossas mãos agora venderíamos como água."
O seu chefe parecia mais irritado do que tudo. Liena se perguntava internamente do porque ele não chamava outras pessoas, ou do porque seus outros homens não fazerem nada além de ficarem olhando para ela com desprezo.
"Garota, eu perdi minha paciência com você. Parecia tão determinada em ajudar nas mercadorias, mas é apenas um estorvo! Eu não quero ver sua cara novamente! Homens, façam o que quiser com ela."
O seu chefe se distanciou e os outros quatro homens se levantaram estalando os dedos e se aproximando da garota. Alguns pegaram pedaços de madeira que haviam por lá, outros retiraram os cintos de suas calças.
Liena estava com tanto medo que cambaleou para trás em desespero. Ela não esperava que eles a puniriam desse jeito caso não conseguisse as mercadorias. Seus olhos arregalados demonstrava o terror que sentia e parecia que os homens gostavam daquele rosto.
"Você incomodou muito nosso chefe, agora chegou nossa vez de fazer você pagar!"
"Ah... Ah... Ah..."
Mas de repente.
BOOOM!!
Atrás de Liena a parede juntamente da porta se explodiu. Uma cortina de fumaça se ergueu por conta dos estilhaços. Liena tampou os olhos com as mãos e tossia por conta da fumaça. Os homens que estavam prestes a atacar Liena, também se distanciaram e tampavam os olhos com os braços.
"Que merda está acontecendo?"
"É aqui Tess?"
"Sim."
Liena ouviu muitas vozes ao mesmo tempo, mas reconheceu duas vozes que eram icônicas para todo mundo do reino. Ela olhou novamente para frente e avistou algo inacreditável.
Uma capa azul, uma aura poderosa que faziam todos sentirem a pressão no ar e começarem a ofegar. As roupas nobres dele não tinha erro. Seus cabelos pretos também eram comuns, mas nesse conjunto de roupa, só poderia ser uma pessoa nesse reino inteiro.
"C-C-Caramba é... é Aros Silverstein!"
Os homens que estavam para atacar Liena, caíram no chão quando avistaram o tão temido e respeitado Aros Silverstein. O lorde de Lálario chegava na taverna de uma gangue de operações ilegais, sua presença colocava medo em todos.
"Pelas denuncias de operações ilegais, todos vocês estão presos!" Ele diz.
Uma garota se aproxima de Liena e ela reconhece imediatamente. Era a mesma garota demi-humana com quem conversou minutos atrás, Tess.
"Esse machucado é profundo." Diz ela.
"C-C-Como você me encontrou?" Pergunta Liena um pouco atordoada.
"Eu sou uma demi-humana, posso rastrear o cheiro de pessoas e coisas."
Tess apontou para seu nariz em uma pose vitoriosa. Liena achava que Tess tinha boas palavras mesmo sendo tão criança. Ela não sabia seu passado, a garota demi-humana chegou no beco e disse que ela se parecia com Tess no passado. Isso era intrigante e Liena queria saber mais.
Quem se aproxima delas agora, é Aros.
"Tess me contou tudo e pediu para que eu viesse investigar o que estava acontecendo. Ela te rastreou precisamente até aqui." Diz ele.
"Você é... Aros Silverstein de verdade."
"Sim, sou eu." Aros sorria.
"Mas como vocês se conhecem?"
"Ué, ela é minha filha." Aros disse.
Liena ficou com a cabeça girando e não soube o que dizer.
...
Depois de todo esse acontecimento, Aros e Tess levaram Liena para o castelo para ser curada por Cássiria que Aros considerava a melhor maga curandeira do reino. Ela se sentou toda tímida no sofá e quem estava lá também, era a moça do restaurante.
Liena contou toda sua história e como entrou naquela gangue, obviamente Aros ouviu com atenção e ficou bem comovido pela sua história.
Com toda a cura de Cássiria, Liena viu que o corte mais profundo acima de seu peito havia sido curado completamente. Mesmo com toda essa generosidade, Liena não sabia como encarar todos ali, já que ela também podia ser considerada uma ladra, por tudo que fez.
"Você disse que sua mãe está em mal estado e precisa de dinheiro, não é?"
"Sim, os magos curandeiros disseram que a cura não seria instantânea, mas com remédios ela se curaria e voltaria como era antes. Mas não temos dinheiro o suficiente para pagar esses remédios."
"Certo, e que tal você trabalhar aqui?"
"Hm?"
Liena ainda não sabia como aquela proposta havia acontecido do nada, mas ela não conseguia acreditar que era real.
"Eu gostaria que você trabalhasse aqui. Ultimamente estou vendo que minha secretária Cássiria está tendo dificuldades para lidar com os assuntos do reino e cuidar de Tess, então estava planejando encontrar uma pessoa para cuidá-la. Eu te fiz a proposta porque ela parece ter gostado muito de você."
Quando Liena olhou para o lado, Tess adormeceu no braço dela. Aparentemente havia passado do horário dela dormir, mas ela ficou lá até a conversa acabar. Infelizmente ela não pode ouvir a conversa pois estava dormindo profundamente.
"Você me aceita mesmo para esse cargo?"
"Claro! Sou eu que estou propondo."
Liena pensou e sorriu.
"Então eu aceito Aros-sama, vou cuidar de Tess."
"Que ótimo!"
"Que bom que conseguimos."
Essa quem diz agora, é a dona do restaurante na qual Liena havia observado. Ela ainda não tinha achado sentido para a dona do restaurante estar ali. A linda garota de cabelos esbranquiçados estava lá, também aliviada.
"Me desculpe, mas você não é a dona do restaurante: Seith's Restaurant?"
"Sim, sou eu."
"E porque você está aqui?"
"Bom, eu sou mãe de Tess."
"HÃ?"
Liena ainda não conseguia assimilar. Se Aros era pai de Tess, e a dona do restaurante era a mãe de Tess. Então quer dizer que...
"Vocês são casados?"
Aros e a dona do restaurante entram em choque e abaixam suas cabeças, levemente corados. Nenhum conseguia encarar o outro. Mas Aros respirou fundo e olhou novamente para Liena, desviando o olhar.
"É... ainda não."
"Entendi."
"Bom, fico feliz que tenha aceitado. Você pode começar amanhã mesmo! Cássiria e meu mordomo, Alfred vão te dar um treinamento para que possa se sair bem aqui. Eu conto com você. Seu nome é Liena, não é?"
"Sim."
Aros se levanta e retira do armário um saco marrom, aparentemente estava cheio.
"Isso aqui é o pagamento adiantado."
Aros entregou o saco para Liena, que ela receosamente abriu. Mas quando viu o conteúdo dentro, não acreditou nem um pouco. O saco estava lotado de moedas de ouro e aquilo parecia muito dinheiro. Seus olhos arregalaram e seu coração acelerou.
"Aros-sama isso aqui é muito! Isso aqui pode comprar os remédios da minha mãe e sobra dinheiro para comer tranquilamente por uns cinco meses!"
"Está tão surpresa assim? Esse vai ser seu salário."
Liena arregalou os olhos de surpresa. Ela ganharia toda aquela fortuna todo mês e sua única função era apenas cuidar de Tess, uma pequena garota que a salvou. Isso era tão surreal que ela hesitou em aceitar tudo aquilo
...
"Mãe, cheguei!"
O tom de voz de Liena parecia mais animado do que antes.
Ela entrou na casa muito feliz. Por habito, ela olhou suas mãos, mas lembrou-se que não havia nenhuma ferida graças aos tratamentos da secretária de Aros. Ela exibiu um sorriso sincero.
Ela abriu a porta do quarto da sua mãe e ela estava ali, com as cobertas até o topo de seu peito. Quando viu a chegada um pouco barulhenta, ela virou o rosto pálido. Assim que avistou sua própria filha, ela sorriu.
"Liena, chegou tão tarde... Cof..."
"Mãe, você não vai acreditar. Mas primeiro, preciso que você tome isso."
Liena mostrou o frasco em sua mão e a mãe dela ficou surpresa e atônita. Liena sabia de seu rosto e segurou para não soltar uma risada. Ela esperava alguns anos para esse acontecimento e ele finalmente aconteceu.
"Liena, onde você arranjou isso?"
"Eu comprei mãe! Eu comprei seus remédios."
"Cof... Mas como?"
"Eu vou te contar a história toda."
.
.
.
"... E aí eu fui para o castelo real e lá, Aros-sama me deu uma oportunidade para trabalhar lá no castelo, cuidando dessa sua filha, Tess."
"Aros Silverstein tem uma filha?"
"Ah! Mãe você não pode contar isso para ninguém, Aros-sama e Asura-sama querem manter isso em segredo tá?"
"Certo, certo... Então você conseguiu um emprego no castelo real. Impressionante. Mas devido as situações que me contou, você causou problemas, não é?"
"Sim... me desculpe..."
Liena abaixou a cabeça.
"Mas você se redimiu e agora tem um trabalho honesto, estou orgulhosa de você minha filha."
Era isso que Liena queria ouvir a sua vida toda.
Em alguns anos Liena queria ouvir sua mãe a elogiar, queria ver ela de pé e fazer novamente aquele macarrão de que tanto gosta. Tudo isso foi realizado naquele dia, mesmo com dificuldades no meio do caminho, ela alcançou o que sempre quis. Ela sentia que nunca conseguiria retribuir o grande favor que Aros fez por ela.