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Chapter 3 - Capítulo I (Encrencada)

Ele veio em minha direção atingindo-me com uma sequência de ataques. Desviei de todos. A luta estava intensa, e eu, descabelada, suada e com arranhões que iriam gerar comentários bem escandalosos de minha mãe. Olhei novamente para meu oponente que sorria descaradamente e sorrindo de volta vou em sua direção atacando-o com tudo o que tinha, ele achava que iria me vencer, mas estava profundamente enganado. Tudo que se escutava eram as respirações aceleradas e o barulho de metal se chocando um contra o outro. Ao tentar proferir outro golpe vi minha espada ser lançada longe, a lâmina de outra em meu pescoço, seguida de um riso de vitória.

_ Toche! Não tens escapatória minha Jovem, não podes me vencer, sua força não pode se comparar a de um homem adulto, admita sua derrota e terei misericórdia _ Eu estava cansada da luta e ele estava certo em um ponto, mesmo com tantos anos de treino meu físico não poderia se comparar a de um homem adulto, mas ele estava engano em outro ponto, ele não era mais capaz que eu. Eu Poderia sim vence-lo. Uma coisa que aprendi durante esses anos é que ser mais forte que seu oponente não é sinônimo de vitória.

_ O senhor pode estar certo, mas também está profundamente enganado _ Digo confiante girando rapidamente e me abaixando consegui me desviar da espada que me ameaçava. Derrubei meu adversário com uma rasteira e tentei correr em direção a minha arma que não estava muito longe, mas sinto algo segurando minha perna me fazendo cair com tudo no chão. Olhando para trás vejo meu oponente me segurando surpreso. Ele não estava mais focado, ponto para mim. Chutei sua mão fazendo o mesmo me soltar, conseguindo enfim pegar minha espada. Levantei rapidamente ficando em posição de ataque, mas logo fui atingida com outra sequência de ataques. Minha mente estava a mil, precisava achar uma brecha para dar o último golpe, até que desviei-me de um dos golpes me abaixando e girando rapidamente fiquei atrás de meu oponente conseguindo imobilizar sua espada e colocando a minha em seu pescoço, não consegui deixar de sorrir e dizer

_ Toche. O senhor quase me vence _ respiro cansada _ Pai...

_ Estás muito melhor Kathy, o aprendiz superou o mestre _ Rio de sua afirmativa tirando a espada de seu pescoço.

_ É o que parece _ falo me sentando no gramado, sabendo que ele admitiu a derrota só para me deixar feliz.

_ Tens a habilidade para derrotar o melhor guerreiro do nosso reino minha filha _ Diz meu pai todo orgulhoso.

_ Não exageres meu pai, não sou tão boa assim _ falei rindo e olhando para minha situação, completo _ E talvez eu nem viva para desafiar tal guerreiro.

_ O que queres dizer com isso Kathy? _ perguntou ele sem entender.

_ Não sei o senhor, mas tem uma pessoa que temo mais que qualquer guerreiro e ela não ficará feliz em ver minha situação _ Respondo apontando para mim mesma, estava toda descabelada, suja de lama, roupa rasgada e arranhada em muitos lugares. Ele percebendo o que digo balança a cabeça em negação e com um olhar triste diz.

_ Irei preparar um funeral digno de uma princesa meu anjo, não se preocupe _ E abaixando a cabeça finge chorar _ Não acredito que perderei minha filha tão jovem, que mundo injusto _ Continuo com seu drama.

_ Papai _ reprendo-o

_ Acho que a senhorita está com problemas. Com grandes problemas, sua mãe não vai gostar nada disso Kathy, se saíres viva prometo lhe dar um ótimo vestido de baile para próxima temporada _ parando para refletir um pouco completa _ Ou para seu casamento, que já é mais que certo _ Faço uma careta de desgosto em relação ao casamento, mas logo sorrio novamente pois não consiguia ficar séria perto de meu pai.

_ Nem me lembre disso papai, mas mudando de assunto temos a sorte de mamãe ter ido a cidade hoje, acho que tenho tempo de parecer apresentável antes dela chegar _ respiro aliviada _ E se ela me ver nessa situação não serei somente eu a estar com problemas senhor Williams _ Ele me olhou com preocupação me fazendo rir, minha mãe não é fácil de lidar, mas sei que se amam.

_ Kathy, sua mãe disse que chegaria que horas mesmo?

_ Acho que na hora do chá, por que? _ Olhei para ele sem entender.

_ E que horas são agora? _ Seu olhar demonstrava preocupação. Nesse momento entendendo o que meu pai queria dizer direciono meu olhar para o seu relógio de bolso. Meu coração quase para, na mesma hora me levantei rapidamente e sai correndo em direção ao meu quarto. De longe pude ouvir o meu querido pai cair na gargalhada como se ele mesmo não fosse ouvir um grande sermão de minha mãe se ela me encontrasse assim, mas no momento só conseguia pensar no fato de que estava encrencada, mais muito encrencada.

Entrei na minha casa pelas portas do fundo e correndo fui em direção as escadas na esperança de chegar ao meu destino antes de minha mãe me ver, mas para meu desespero ouço uma carruagem parar na porta da frente e meu coração com ela. Tentei correr mais rápido ainda na esperança de conseguir, as escadas estavam a pouco metros, só a sala do hall de entrada me separava da minha fuga, mas para o meu mais profundo desespero ao pôr o primeiro pé na escada ouvi a porta ser aberta com a saudação de boas vindas de Augusto nosso mordomo e um carinhoso comentário de minha mãe.

_ Bonito, senhorita Kathy, muito bonito.

Me virei lentamente e vi minha mãe com uma expressão para lá de sombria, estava definitivamente muito encrencada, mais muito encrencada mesmo.

_ Isso são modos de se encontrar uma dama, futura princesa e rainha de Collins do Norte mocinha? _ Continuou ela irritada.

_ Mãe é que...

_ Sem desculpas senhorita, aposto que seu pai está envolvido com isso. Mas aonde já se viu uma coisa dessas? Dias antes do baile, os arranhões não vão sair até lá _ Ela estava furiosa, o que me fez engolir em seco _ Vai se arrumar e depois conversamos _ Decretou ela por fim. Neste momento só consegui pensar que em vez de um noivado o Reino de Collins do Norte poderia ter um funeral da quase futura princesa e do pai dela.

_ Está bem mamãe _ Digo derrotada abaixando a cabeça e subindo as escadas desejando que por algum milagre ela esquece o que viu.

Após ficar apresentável segundo os padrões de minha mãe, respirei fundo me preparando mentalmente para encará-la, tinha certeza que o sermão seria longo. Dando uma ultima olhada no espelho, sai do quarto e fui em direção ao andar de baixo rezando para que o assunto já tivesse sido deixado de lado, mas minhas esperanças foram por água abaixo ao ouvir meus pais conversando.

_ Willian, sabes que não é correto ela ficar nessa situação, em especial agora que está faltando tão pouco tempo para o noivado dela, aqueles arranhões podem não sumir totalmente nesse tempo, o que vamos fazer se isso acontecer? _ Minha mãe e seus exageros 12 dias eram mais que suficientes para que eu estivesse totalmente nos conformes.

_ Eu entendo o que quer dizer, mas sabes que Kathy não é, e nunca será simplesmente uma dama delicada que fica feliz somente com comprar e festas da alta sociedade, ela gosta de aventura Elisabeth e espero profundamente dar a minha filha toda liberdade possível antes do casamento _ Meu pai diz decidido.

_ Willian, não complique as coisas, você sabe perfeitamente o por que estou dizendo isso. Assim fica difícil para ela se acostumar com a nova vida, no palácio as coisas serão diferentes e ela não terá você para encobrir suas aventuras, ela não poderá agir mais dessa maneira _ Respirando fundo e com uma expressão deprimida minha mãe continua _ Mesmo que o Príncipe goste tanto de Kethy e a trate da maneira mais carinhosa possível, temos que tomar cuidado, para o nosso bem e para o bem dela _ Revirei os olhos os olhos com o comentário sobre o Príncipe, ele era carinhoso? Aquele hipócrita conseguia enganar até mesmo meus pais _ Peço que colabore, não incentive-a mais do que já faz _ Concluiu minha mãe com um tom de repreensão.

Naquele momento senti meu coração se apertar, ela tinha razão, após o casamento não poderia mais ser a Kethy Willians, e nem poderia mais agir como venho agindo. Teria que seguir a etiqueta não só na alta sociedade, nas festa e eventos, mas na minha futura casa também, no palácio minha conduta seria vigiada de perto, seria julgada por cada atitude, cada ação, cada movimento. Eu seria Kathy Bryer Reis, Princesa Herdeira de Colins do Norte e futura rainha dessa nação. Se naquele momento eu já me sentia uma prisioneira das regras da sociedade, após o casamento estaria definitivamente condenada. Respirei frustrada e não querendo mais adiar o inevitável caminhei até meus pais e anunciei minha chegada.

_ Mãe, Pai _ Cumprimentei-os fazendo uma pequena reverência. Minha mãe me olhou com um olhar preocupado, mas logo mudou de atitude e me olhando severamente me perguntou.

_ Então senhorita Kathy, qual será sua explicação para o ocorrido mais cedo? _ É claro que ela já sabia, meu pai provavelmente já tinha contado tudo nos mínimos detalhes, então me limitei a dizer olhando para baixo.

_ É que eu estava aprendendo novos golpes de espada e acabei me empolgando. Peço desculpas pelo meu descuido, não voltará a acontecer.

_ Espero profundamente que cumpra o que disse Kethy, caso contrário não me deixará escolha e terei que confiscar todos os seu itens de treino _ Resumindo, não poderá treinar nunca mais, afinal não acreditava que meu noivo me daria novas armas.

_ Entendo mamãe _ Concordo derrotada.

_ Mas não é esse o assunto que queria conversar com você _ Disse agora eufórica.

_ Não? _ Fiquei apreensiva pois tinha a impressão de que a notícia que causava aquela animação toda, não era algo que me deixaria animada também.

Contínua...