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Chapter 19 - Capítulo 19 - Rumo aos nossos objetivos

Ficamos próximos da caverna por um tempo. Dungeons são locais com grande concentração de poder demoníaco, isso torna propenso o nascimento de monstros. Alícia jamais poderá chegar perto de algum lugar assim, pois assim como os monstros, ela tem poder de absorver esse poder. Senti que tem muito poder concentrado neste momento, então em breve nascerão mais monstros.

— Você possui magia de terra — falo puxando o assunto. — Não quer aprender outros elementos?

— Alícia fez o teste de aptidão — responde. — Não tem muito talento para os outros elementos.

Existem quatro elementos básicos da magia, água, terra, fogo e ar. Normalmente uma pessoa nasce com aptidão para um deles, mas podendo adquirir os outros com um pouco mais de dificuldade. Também existem casos de quem já tem aptidão para mais de um, raças demoníacas, como os vampiros, costumam ter para todas, menos água, já que possui elementos da magia de luz nela.

Ouço barulho de movimentos vindo de dentro da caverna, está na hora de voltarmos a lutar.

— Vamos limpar essa dungeon de vez — falo me levantando.

— Yep. — Alícia me segue.

Após essa próxima limpeza irá demorar para o poder acumular novamente, então não há sentido em ficar muito tempo por aqui. A batalha não durou muito tempo, a maior dificuldade foi com os orcs, tínhamos que voltar para o começo da caverna às vezes. No fim a maioria dos monstros dessa dungeon era de classe baixa, pode ser que ela já tenha sido explorada, mas abandonada depois, pelo fato de ser assim.

Alícia disse que preferia que eu matasse todos, já que meu nível era baixo. Apesar de sua boa intenção sentir uma leve dor recebendo essas palavras. Era como se alguém estivesse me chamando de noob. No fim os resultados foram que eu ganhei dois mil novecentos e vinte e cinto xp. Treze goblins níveis um, recebi setecentos e oitenta xp com eles. Seis goblins nível dois, recebi cento e vinte xp deles. três orcs nível dois, me deram mil trezentos e cinquenta xp. Por fim um orc nível três, recebi seiscentos e setenta e cinco.

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Nome: Ioan Ilie

Raça: Vampiro

Título: Caçador Mago

LV 5 (prox level 3325/10000)

HP: 900/900

MP: 600/600

Ataque mágico: 150

Ataque físico: 200

Agilidade: 300

Defesa mágica: 125

Defesa física: 140

Sorte: 25

Habilidades:

Controle mental (Pequeno)|

Pacto de sangue lv 2|

Modo Berserk|

Regeneração (Pequena)|

Fortalecimento Lunar|

Sede de sangue|

Foco do caçador lv 2|

Magia Fogo lv 1|

Magia vento lv 1|

Magia Terra lv 1|.

Resistências:

Resistência ao Sol MAX|

Resistência mágica (Pequena)|

Resistência à ataques mentais (Pequena)|

Bênção:

Amado pelos deuses|

Boost XP 50%|

Todos os títulos adquiridos:

Inimigo dos goblins|

Caçador|

Caçador Mago|

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Ainda falta mais de seis mil para conseguir passar de nível, isso é um pouco decepcionante.

— Então vamos indo? — pergunto após me recuperar da última batalha.

— Orc. — Alícia me puxa pela camisa.

Olho para trás, pensei que algum deles havia ficado vivo, mas não vejo nada de estranho.

— O que tem eles? — pergunto.

— Carne de alta qualidade. — Ela responde.

Isso só pode ser algum tipo de brincadeira daqueles deuses, não há como ser outra coisa. Nunca quis tanto xingar como quando ouvi isso, mas não poderia desperdiçar uma carne dessa, no fundo do coração eu queria realmente provar.

A primeira coisa que fizemos ao voltar a praia foi acender a fogueira. No momento minha alma estava chorando. Mesmo sem tempero algum aquela carne era realmente deliciosa. É uma piada. Uma piada de mau gosto e muito gostosa.

— Ioan, eu tenho uma pergunta. — Alícia pergunta enquanto comemos.

— Pode falar — mordo um pedaço de carne.

— Seus olhos, eles não são vermelhos.

Por um momento fico confuso, mas então entendo sua dúvida. Vampiros normalmente tem olhos vermelhos, entendo sua estranheza.

— Nós vampiros não temos os olhos vermelhos quando nascemos — explico. — Eles ficam dessa cor apenas após beberem sangue humano pela primeira vez.

Ela parece um pouco apreensiva de início, mas depois volta a falar.

— Ioan... — Alícia olha para o chão por um tempo. — Não quer beber sangue humano?

— Na verdade não sei dizer... — penso um pouco sobre o assunto. — Até hoje apenas bebi sangue de animais e monstros que caçava.

.Tento não falar muito sobre humanos, afinal, neste momento sou um vampiro, embora esteja mais próximos dos humanos também tenho ligação com os monstros. As raças demoníacas são quase monstro, mesmo tendo uma distinção entre elas. Não tenho problemas em matar um humano quase seja necessário, mas se alimentar de um ainda é estranho para mim.

— Deixando isso de lado... — Tento trocar de assunto. — Qual o próximo objetivo.

— Objetivo? — Alícia parece um pouco confusa.

— Bem, meu objetivo inicial é me registrar como aventureiro. — Começo a explicar. — E futuramente ir para a cidade de Tot, porém agora que estou com Alícia quero saber o que você quer fazer.

— O que Alícia quer? — Ela parecia estranhamente chocada com a pergunta.

Vejo uma pequena lágrima descer pelo seu rosto. Espera um pouco, eu fiz alguma coisa errada?

— E-eh? O que foi? Por que está chorando? — pergunto, acabo ficando um pouco desesperado.

— É só qu-que... — Não conseguindo conter suas lágrimas ela começa a chorar.

Eu acabei de fazê-la chorar? Nem mesmo sei o que fiz de errado. Tento falar algumas coisas, mas nada é efetivo. Depois pouco menos de dois minutos ela consegue controlar seu choro.

— Desculpa... — diz fungando. — É só que... Alícia nunca teve a oportunidade de pensar em algo assim. Depois da doença Alícia pensava apenas em sua cara... Quando Ioan pergunto o que Alícia queria as memórias começaram a voltar.

Ela falava entre uma fungada e outra. Tudo isso estava guardado dentro dela.

— Está tudo bem, agora comece a pensar um pouco mais sobre isso — falo. — Também devemos fazer o que Alícia quer.

Passamos o resto do dia nos preparando para o resto da viagem. De acordo com meus cálculos ainda passaremos pelo menos três dias no mar. Procuramos algumas árvores frutíferas, peixes só poderá ser consumido no primeiro dia, quem sabe no segundo com um pouco de esforço. Enquanto Alícia catava frutas comestíveis me foquei em pegar peixes para hoje e amanhã.

Dois tipos de frutas foram pegas por ela. A primeira era Moha, tinha uma estranha cor azulada, mas ao provar o gosto se parecia bastante com amora. A segunda foi a banana, o que acabou se mostrando um tanto quanto decepcionante quando comparada a anterior. A banana era igual a do meu antigo mundo, embora um pouco mais doce do que me lembrava.

— Ainda bem que Alícia está aqui — falo depois que ela me explica um pouco sobre as frutas. — Meus conhecimentos são limitados ainda.

— Alícia fica feliz em ser de ajuda. — Ela diz sorrindo.

Parecia completamente recuperada, é uma garota que não demonstra muitas expressões, então ela acaba parecendo mais madura do que realmente é, mas a vendo assim realmente parece apenas uma criança comum.

— Pensando bem... Quantos anos você tem? — pergunto.

— Doze — responde.

— Sério? — falo com bastante ênfase.

— Alícia não é criança — responde fazendo beicinho.

Ela parece ficar com um pouco de raiva com isso, sinto muito, mas acabo rindo.

No entanto, essa é uma notícia chocante, ela parecia ter algo em torno de oito ou nove anos, mas levando em consideração as coisas que passou, podem ter afetado seu crescimento, como quando jovens entram na academia antes de terminar a fase de crescimento. Alimentação também é uma parte de extrema importância, tenho que garantir que se alimente bem a partir de agora.

— Desculpe — falo.

Ela estufa seu peito enquanto faz um sinal de V com os dedos. Parece se orgulhar de sua idade.

— Ioan tem quantos anos? — pergunta.

Faz sentido ela me perguntar, afinal, eu perguntei primeiro. Parando para pensar em minha idade... O tempo em que passei em meu mundo original conta ou não? Tecnicamente minha mente deve ter algo como vinte e dois anos, havia morrido com vinte e um, provavelmente meu aniversário já passou. Mas meu nível não estaria de acordo, então é melhor ficar com a idade do corpo.

— Acho que mais ou menos três meses — respondo depois de pensar.

— Então Alícia é a mais velha — A garota parece até mesmo brilhar após descobrir. — Isso me torna sua senpai?

Até mesmo esse termo existe por aqui. Malditos deuses otakus.

Pela noite Alícia tentou me mandar dormir. Dizia algo como "A senpai cuidará de você", mas acabou dormindo meia hora após dizer isso. Hoje novamente segurou minha mão enquanto dormia. Tenho medo de que ela pegue algum mau hábito, mas acho que está tudo bem por enquanto.

~POV Chloe~

Fazem dois dias desde a partida de Ioan. Pensei que o treino seria mais solitário, porém os soldados, que começaram a treinar comigo na época em que Ioan estava aqui, continuaram mesmo após sua partida.

— Realmente odeio o exército — diz Moura.

— Depois de Lucio é o que eu mais odeio — completa Wallace.

— Então não deveriam ter voltado! — grita Chloe.

Os dois decidiram voltar ao exército. Quando os perguntei o porque me disseram "Temos que ficar forte para protegê-la", o que foi estranho, já que eles sempre falavam que eram fortes demais para o exército, talvez ver Ioan lutando, mesmo com o baixo nível, deve ter mostrado a eles que não eram tão fortes quanto pensavam.

— Vocês cinco, preciso falar com vocês. — Um capitão fala com eles.

Esse era o capitão responsável pelo treino de hoje. Foram chamados nós três e os dois soldados que treinavam com nós. Por algum motivos fomos levados para fora do Reino, quando chegamos à uma longa distância ele para.

— Aqui está bom — diz se virando e olhando para eles.

— Você realmente trouxe eles. — Uma voz masculina disse.

— Assim como havia ordenado senhor Vlad. — O capitão fala fazendo uma reverência para uma árvore a esquerda.

De trás desta árvore sai um vampiro. Sua pele, era branca como a dos originais, longos cabelos igualmente brancos, olhos vermelhos vibrantes. Sentia uma aura forte emanando de seu corpo, quando percebi estava paralisada.

— Peço perdão por isso. — Vlad diz se aproximando.

Nossos corpos voltam ao normal, porém meu corpo ainda lembrava daquela pressão, não conseguia parar de tremer. Aquele em minha frente é quem transformou Lucio em vampiro, cabeça da família Ilie, Vlad Ilie.

— Infelizmente acabei perdendo o novato, mas vocês me serão úteis. — Essas são as últimas palavras que escuto antes de perder minha consciência.

~POV Alícia~

Alícia está no barco com Ioan agora, depois de dois dias naquela ilha. Olhando para Ioan Alícia percebe o quão abençoada foi nesses dias. Quando o conheceu pensou que ele era igual aos outros, iria tentar enganá-la de alguma forma para machucá-la, mas ele não apenas cuidou dela, também a tornou sua parceira, embora ainda a trate como criança.

— O que foi? — Ele pergunta notando o olhar.

— Na-nada. — Alícia fala rápido.

Acabou se perdendo em seus pensamentos e olhando para ele fixamente. Alícia é muito agradecida, mas por algum motivo sente muita vergonha de falar francamente com ele.

— Alícia não tem jeito... — diz sozinha.

Voltando seu olhar para Ioan percebe algo. O sol estava nascendo atrás dele. Quanto tempo fazia que não via o sol? Quase uma semana, nascia assim como no amanhecer. Os raios de sol batem em sua pele, era confortável. Então ela se lembra de algo, raios de sol, vampiros. Ioan é um vampiro!

— Abaixe-se. — Alícia grita pulando em cima de Ioan.

Os dois caem de costas no barco, quase fazendo-o virar.

— O-O que foi? — Ioan pergunta assustado.

— Sol... — Ela tenta ficar em cima dele. — Ioan vai sumir.

Algum tempo se passa, mas nada acontece. Algo estava errado.

— É verdade, a resistência não aparece normalmente, erro meu. — Ioan fala rindo. — Autorizar mostra completa de status.

Quando alguém autoriza seus status pode querer esconder algo, tudo que não desejar mostrar irá sumir, mas com a mostra completa não há como esconder algo.

Alícia olha suas resistências, uma delas era chamada |Resistência ao Sol MAX|.

Rapidamente Alícia percebe seu erro.

— A- Alícia sente muito — diz saindo de cima dele rapidamente.

Ioan começa a gargalhar, o que deixa o rosto de Alícia ainda mais vermelho.

— Não se preocupe, fico feliz que tenha se preocupada comigo — diz passando a mão na cabeça de Alícia. — Realmente, obrigado.

O sol surge em suas costas, como se o próprio mundo estivesse iluminando Ioan. "Como se fosse um anjo", foi o que Alícia pensou, logo em seguida sente seu rosto esquentar.