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Chapter 21 - Capítulo 21 - Guilda

Embora estivesse cansado meu sono fora relativamente leve. Não consegui evitar ficar atento durante a noite. Desço e peço para que Rosa prepare o nosso café. Pouco depois Alícia despertou.

O café foi alguns pães com ovo e leite. Comemos e seguimos para a loja de roupas.

Os olhares dirigidos a nós eram desconfortáveis, sempre tentei me manter fora de foco, dessa forma evitava problemas desnecessários. Receber essa atenção repentina é desconfortável, fico triste em Alícia estar recebendo isso por minha causa, no entanto ela parece não ser afetada nem um pouco.

Depois de poucos minutos andando chegamos à loja. A diferença entre ela e as construções ao redor eram claras, uma grande vitrine dava a visão da loja pelo lado de fora, assim como as lojas em meu antigo mundo, porém nesse é diferente, vidro é um artigo de luxo. Entramos na loja, um pequeno sino é acionado, avisando a chegada de clientes.

Um homem vem nos atender. Ele aparentava ter algo entorno de quarenta anos, usava uma calça e um grande casaco de pele, não estava quente, mas também não estava frio. A qualidade de suas roupas e da loja em geral contrastava com a realidade da cidade.

— O que desejam? — Ele fala com uma voz simpática e um sorriso.

— Viemos comprar roupas novas para ela — respondo apontando para Alícia, que estava ao meu lado.

Seu olhar vai de mim para Alícia, sua expressão não muda, mas sinto que seu humor mudou completamente. Esse é um efeito de ser vampiro, consigo perceber como as outras pessoas estão se sentido, algo como um instinto animal. Às vezes parece que sou um cachorro ou coisa parecida.

— Temos várias roupas usadas caso deseje — fala andando para o canto esquerdo da loja.

Olhando para o outro lado vejo que as roupas novas estão daquele lado. Para um comerciante ele é bem desinformado, muito diferente de Rosa na pousada.

— Na verdade vamos comprar algumas roupas novas. — Vou para o outro lado, Alícia me segue.

O homem rapidamente vem ao nosso encontro e entra em minha frente.

— Essas roupas são um pouco mais caras, talvez seja melhor... — Começa a falar, mas o interrompo.

— Não se preocupe com isso, posso te garantir que temos o necessário. — Dou um grande sorriso, assim ele pôde ver minhas presas.

— Si-sim, entendo. — Ele começa a soar.

Ao todo compramos dois vestidos, uma calça, duas camisas, uma saia, um sapato, algumas meias e um lenço, para esconder as marcas negras em seu pescoço. Iria comprar mais, mas não sou muito a favor de dar dinheiro a esse cara, acabei ficando um pouco irritado. Quando estávamos vendo as roupas Alícia se interessou por uma mochila, era um pouco menor, para uma criança, decidi comprá-la.

✦ 2 Vestidos - 6 moedas de bronze médias (60¥)

✦ 1 Calça - 2 moedas de bronze médias (20¥)

✦ 2 Camisas - 2 moedas de bronze médias (20¥)

✦ 1 Saia - 1 moeda de bronze média (10¥)

✦ 3 Pares de meias - 6 moedas de bronze pequenas (6¥)

✦ 1 Sapato - 4 moedas de bronze médias (40¥)

✦ 1 Mochila - 5 moedas de bronze médias (50¥)

✦ Roupas íntimas - 2 moedas de bronze médias (20¥)

Ao todo foram duzentos e vinte e seis yons, uma quantia exorbitante para esse mundo, equivale à quase uma semana de trabalho de um camponês. Quanto tempo alguém que não é aventureiro levaria para juntar isso?

Apesar de tudo que gastamos ainda temos vinte e nove mil setecentos e noventa yons. Acho que Lucio exagerou um pouco.

— Agora vamos para a guilda? — pergunto.

— Alícia vai se tornar uma aventureira. — Alícia diz saindo da loja.

Ela estava usando um dos vestidos que compramos, era azul escuro, seu sapato era preto, pagamos um pouco a mais nele, os mais baratos pareciam muito desgastados. Um lenço, também escuro, cobria as marcas em seu pescoço. Também usava uma mochila, era de couro. Nesse momento ela parece apenas uma criança indo para a escola.

— Eu estava pensando... — Começo a falar. — Existem escolas?

— Escola? — pergunta um pouco confusa. — Sim, mas apenas nobres e filhos de comerciantes vão.

Entendo, então deve custar uma pequena fortuna. Agora não temos condições, mas quem sabe no futuro.

Rapidamente chegamos em frente a guilda. Era um prédio relativamente normal, porém diversas vezes maior que qualquer outra construção na cidade. Alícia segura minha mão antes de entrarmos, ouvíamos o som de várias pessoas falando alto, ela parecia um pouco ansiosa, talvez estivesse com medo de um local cheio como esse, até agora nenhum lugar em que fomos tinha muitas pessoas.

Ao entrarmos várias pessoas olham em nossa direção. Era incrível a variedade de pessoas reunidas em um só lugar. Lá estavam desde jovens, que aparentavam algo entorno de quinze anos à velhos que eu não podia dar uma idade exata, em sua maioria eram homens, mas também tinha uma grande quantidade de mulheres.

Olho ao redor procurando algum lugar para informações, mas não preciso procurar muito, em frente à entrada, na parede ao contrário, estava um balcão com duas recepcionistas. Fico impressionado como tudo aqui parece um jogo.

— Ioan... — Sinto Alícia apertar minha mão.

— Não se preocupe. — Começo a andar em direção às recepcionistas.

No entanto, quando estávamos no meio do caminho, um aventureiro entra em nossa frente, obstruindo nossa passagem. Ele era muito alto, seus músculos o deixavam ainda maior, em suas costas uma grande odachi, estava usando armadura de couro. Seu rosto.... Prefiro não comentar muito, digamos apenas que o orc era um galã perto dele.

— Poderia me dar licença? — falo em um tom amigável.

— Engraçado ver um morceguinho por aqui — responde em tom debochado.

Como é ruim chamar a atenção,

— Ioan não é um morcego. — Alícia diz.

— O que disse garotinha? — Ele olha para Alícia.

Ela está tremendo. Coloco a mão sobre minha adaga.

— Isso é óbvio, afinal morcegos têm asas. — Ela diz séria.

Acabo soltando uma pequena risada, outros aventureiros que estavam por perto acabam rindo também. No entanto, alguém não havia achado nada engraçado, veias saltam na testa do aventureiro.

— Muito engraçada você. — Ao falar ele tenta acertar um soco em Alícia.

Provavelmente não tenho força para segurar seu soco, nesse momento acerto o cotovelo de seu braço o desviando, além disso colo meu entrelaço meu pé em sua perna, fazendo-o tropeçar para o lado.

— Para tentar atacar uma garotinha — falo colocando Alícia para trás de mim.

Pelo seu poder mágico Alícia acabaria com esse cara com uma magia, mas em questões físicas é diferente, senti a potência de seu golpe quando desviei, se aquilo pegasse nela...

— Acaba com ele Sally. — Alguém grita.

Não havia percebido, uma roda se formava ao nosso redor. O aventureiro fica vermelho ao ouvir seu nome, vendo que isso o atingiria olho em sua direção e faço um sorriso de canto.

— Está rindo de que palhaço. — Ele tenta sacar sua espada.

Bem rápido para seu tamanho, mas sou mais rápido, seu nível não deve ser alto o suficiente. Saco a adaga, ele saca sua espada.

— Parem com isso seus idiotas — Alguém grita.

Quando ouço a voz fico paralisado, era como se algo estivesse segurando meus membros. Olhando para Sally vejo que ele também não pode se mover. Que tipo de habilidade é essa?

— Você de novo Sally? — É uma voz masculina, ela vai se aproximando. — Esteja pronto para sua punição.

Sinto a pressão aliviar um pouco, a habilidade se dissipa. Olhando para o lado posso ver o dono da voz. Um homem com cerca de quarenta anos, pele negra. Sally era enorme, mas esse cara era quase duas vezes o seu tamanho, seus cabelos grisalhos e a enorme cicatriz em sua sobrancelha direita lhe dar um ar de ex soldado.

— Líder da guilda? — Sally diz assustado.

— Desta vez eu mesmo te darei uma punição. — Ele diz arrastando Sally até uma sala.

Tudo que podemos ouvir foram os gritos de terror.

— Peço desculpas por isso.

Estávamos no escritório do líder, o homem em nossa frente fala abaixando a cabeça.

— Não se preocupe com isso. — Tento fazê-lo levantar a cabeça. — Já esperava por algo assim, nossas raças têm uma longa história.

— Isso não é desculpa, não estamos mais em guerra.

— Não se preocupe tanto. — Dou uma risada forçada.

Ele deixou um pote cheio de doces em nossa frente é disse "se sirvam", rejeitei, mas Alícia aceitou imediatamente.

— Apenas tenha cuidado para não ter dor de barriga depois — falo com ela.

— Okay — responde comendo mais um.

Fico feliz de ver ela agindo como uma criança normal.

— não pude deixar de perceber. — Ele diz. — Você é um vampiro novato, certo?

— Sou sim, como percebeu? — pergunto.

— Sua mão.

Olhando para minha mão vejo que ela estava sangrando um pouco, antes estava pior, mas minha cura já havia sido ativada.

— Um vampiro mais velho teria destroçado o braço de Sally.

— Vejo, então é por isso.

Para dizer a verdade eu já esperava algo parecido. Apesar de ter me surpreendido um pouco na hora, me falaram que um nível de um vampiro é o que equivale à dois ou três níveis de um humano. Um adulto tem em média nível 10. Provavelmente consigo derrotar um humano adulto fácil, porém aventureiros são mais fortes que pessoas normais, basicamente muitos nesse mundo tem força pra bater em um campeão de Ufc facilmente.

— Vou te dar um conselho — diz sério. — Nesta parte do continente específica ainda existe muito preconceito com vampiros, infelizmente travamos muitas guerras aqui.

— Não pretendo ficar muito tempo por aqui, apenas vamos nos abastecer e seguir viagem — respondo.

— Peço desculpas por isso também.

— Isso não é culpa sua.

Ele parece ser uma pessoa um pouco complicada, assumindo os erros dos outros, apesar de não entendê-lo o admiro. Depois disso nos levantamos para sair, o líder da guilda disse que fará minha inscrição de graça por causa do ocorrido.

— Obrigado por tudo — agradeço.

— Antes de sair, posso te dar um último conselho? — pergunta.

— Claro — respondo.

— Esta garota que anda com você, ela está emitindo uma aura mágica. Você deveria comprar algum amuleto mágico para esconder sua aura, além disso deve ficar mais forte rapidamente, não acredito que seja capaz de proteger ela assim, veja o que aconteceu dessa vez.

— Eu estava pensando o mesmo, obrigado.

Graças a Sally aprendi algumas coisas hoje. Primeiramente, acabei sentindo o poder mágico de Alícia por um breve momento, no momento em que ele tentou me cortar, a outra foi por causa do soco, normalmente eu teria desviado e o derrotado com técnica e não força, porém Alícia estava atrás de mim.

— Ioan.

Eu não estava prestando atenção, porém Alícia me puxa.

— Desculpe, pode falar — olho para ela.

Ela pega minha mão, a mesma que foi machucada.

— Alícia também quer ser mais forte �� diz com um olhar determinado.

— Você não precisa se forçar caso não queira.

— Alícia quer ficar forte, assim não irá atrapalhar, além disso Alícia quer proteger Ioan também.

Consigo ver fogo ao redor dela, em minha cabeça, claro. Essa era sua determinação?!

— Então vamos ficar fortes juntos, ok?

— Okay.