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Chapter 15 - Capítulo 15 - Doença demoníaca

Após nos sentarmos uma dúvida me surgiu, a conversa entre Lucio e Chloe naquele dia, embora acredite que tenha sido apenas sobre eu estar saindo do Reino. No entanto sinto algo desconfortável, afinal, ela é uma das que sabe sobre minha verdadeira identidade, um herói.

— O que Lucio te disse naquele dia? — pergunto.

Ela parece surpresa com a pergunta.

— Bem, ainda é um segredo. — Ela parecia bem desconfortável. — Te conto algum dia, se for possível.

— Decidiu onde irá ao chegar no outro continente? — Wallace pergunta.

Não cheguei a pensar tanto, Lucio me ensinou sobre várias cidades, todas tem suas vantagens, mas nenhuma era a perfeita para mim. Por enquanto o que desejo é tentar caçar alguns monstros e animais, então...

— Acho que no momento só penso em me registrar em uma guilda, começar a fazer algumas missões — respondo.

— essa é uma boa ideia. — Moura fala. — Graças a Ruby agora nós vampiros podemos ser aventureiros, mas você ainda irá sofrer muito preconceito, então tenha cuidado.

— Por causa da guerra?

Faz sentido, as duas raças tiveram várias décadas de batalha antes da recente paz. Talvez os humanos ainda tenham grande rancor.

— Em grande parte, mas também existe outro fator. Nessa época de paz a maior causa são outras raças parecidas com nós. — Ela explica. — Assim como os Kathakanos, como eu odeio aqueles idiotas.

Essa é uma raça que me deixa intrigado. Já ouvi falar deles por Chloe e Lucio, se não me engano a maior diferença é o ácido e a força.

— Eles são tão mal vistos assim?

— Eles cospem ácido e fedem! Parecem muito mais ghouls do qualquer outra coisa. — Moura esbraveja.

Ela parece ter histórias com e Kathakanos.

— Eles são parecidos com humanos, assim como nós. Poderiam se misturar facilmente, mas são bárbaros demais para isso. — Chloe diz.

— Entendo.

As duas garotas riam, parece ser algo comum entre os vampiros não gostar desta raça.

Conversamos por mais algum tempo, passar um tempo falando apenas bobagens com seus amigos. Não me lembro de algo bom assim no meu antigo mundo, talvez apenas...

Um vampiro vem da cabana depois de um tempo, ele avisa que a cabana estava pronta. Era minha hora de partir. Os três me seguem até o cais para nos despedir.

— Novamente. — Fico de frente para eles e começo a falar. — Me desculpem por sair desta forma.

— Lucio me disse sobre sua situação complicada. — Chloe fala. — Sabemos também o que está se aproximando, essa é a melhor escolha para você.

— Entendo, fico feliz em ouvir isso.

Me viro para os outros dois.

— Fiquei sabendo que vocês foram advertidos pela própria rainha — diz Wallace.

— Deve ter sido algo realmente sério, nós entendemos — completa Moura.

Normalmente eles agem como idiotas, mas a verdade é que são bem perceptíveis quando se trata de Chloe, pensei que era pela sua paixão, mas também estão demonstrando isso comigo. Isso me faz feliz, me sinto aceito com essas pessoas.

— Muito obrigado por tudo, nunca poderei agradecer o suficiente. — Em uma ação que não costumo fazer os abraço.

Eles se surpreendem no começo, mas logo retribuem o abraço.

Subo no barco. Havia dois remos e nada mais. Realmente consigo atravessar um mar com apenas isso? Levando em consideração que sou um vampiro provavelmente. Coloco minha mochila dentro.

— Vocês sabem o que está por vir certo? — pergunto.

— Sim, sabemos bem... — Chloe parece um pouco séria.

— O que pretendem fazer?

— Antes de você vir eu havia desistido do exército. — Chloe diz cabisbaixa. — Era tratada de forma diferente por ser da segunda geração. No entanto, eu mudei nesse tempo. Descobri que esse é o meu lugar, quero defendê-lo com meus companheiros.

Me lembro de quando nos conhecemos, ela me disse que era uma não combatente naquela época. Foi uma grande surpresa quando lutamos depois disso.

— Espero que fique segura — falo.

— Irei dar tudo de mim, não se preocupe com isso — responde.

Me viro para os outros dois. Diferente de Chloe eles não são soldados, mas ainda são fortes, afinal, são caçadores. Se os soldados são fortes graças ao treino eles compensam isso com níveis.

— Vocês dois... — Começo a falar, mas eles me interrompem.

— Iremos ficar ao lado de Choe, isso é óbvio não? — Os dois falam ao mesmo tempo, mas diferente de sempre não brigam em seguida, apenas sorriem juntos.

— É bem a cara de vocês, tomem cuidado — falo soltando uma corda que prende o barco ao cais.

Pego a capa da mochila, embora eu tenha a resistência completa ao sol os outros não sabem disso. A coloco. Então me lembro das aulas que tive com Lucio. De acordo com eles todos os vampiros poderiam adquirir uma dessas, é um item caro, porém depois que Ruby assumiu ela garantiu que todos pudessem ter uma. A dinheiro era retirado de seu próprio bolso, no começo pensei que dinheiro do Reino, porém ele me explicou que ela também havia juntado uma grande riqueza pessoal.

Ruby era alguém incrível. Graças as aulas de Lucio aprendi muitas coisas, isso me lembra...

— Se precisarem ir para o continente humano tentem ir para Tot — falo.

— Por que Tot? — Chloe fala alto.

Ela parecia bem exaltada quando eu disso "Tot", possivelmente tenha algo com esta cidade.

— Ela fica no centro do continente, quase na divisa com o Império. Lucio me disse que seria um bom lugar para ficar, menor preconceito dos humanos, poder trabalhar nas duas nações. Talvez seja uma boa ideia — respondo.

— Entendo, é por isso. — Ela parecia decepcionada de certa forma.

Espero ela dizer alguma coisa, talvez explicar sobre o porque ter ficado desse jeito, mas ela não diz nada. Não pretendo forçar a pergunta nem nada do tipo. Me sento e pego os remos.

— Espero que possamos nos ver algum dia.

— Não se preocupe, de alguma forma sinto que isso irá acontecer. — Chloe responde, ela parecia estar um pouco melhor.

Me lembro de que Chloe me disse, normalmente ela sente quando algo vai acontecer, pode ser apenas chutes, mas dizem que ela acerta na maioria das vezes, Levarei isso como prova que os encontrei.

— Use bem as técnicas que te ensinamos. — Wallace grita.

Embora eu tenha sido o professor nessa relação.

— Tente não morrer! — Moura grita dando tchau.

Que tipo de pessoa se despede da pessoa desta forma? É quase como levantar uma bandeira de morte.

— Vou sentir falta deles — falo com um suspiro.

Embora tenham esse jeito.

Depois de alguns minutos remando a costa já não era mais visível. Estou em alto mar, com um pequeno bote. Penso como é estranho o que estou fazendo agora, mas não estou em meu antigo mundo. Esse é um mundo de fantasia, existem demônios e dragões, eu mesmo sou um vampiro. Isso não é nada demais, me lembro de Lucio falando que dois em cada três vampiros que tentam esse trajeto chegam ao outro lado. Só preciso torcer para não ser esse terceiro.

O sol ainda não havia aparecido, ainda estou no continente demoníaco, mas isso não quer dizer muita coisa, não tenho como saber se já não está de noite. Provavelmente sentirei alguma coisa quando sair do continente que tenho forte ligação.

Pensando nisso noto algo, um pouco longe de mim consigo ver outro pequeno bote. Ele vinha em minha direção. Para os vampiros não é algo tão absurdo cruzar esse mar com um barco desse tamanho, mas para os humanos deve ser algo impossível, pelo menos para maioria. Talvez seja um vampiro voltando?

Foco em minha audição. Consigo escutar alguns gemidos de dor vindo do barco, o coração de quem estava lá batia muito rápido, é um humano e ele está ferido.

— Ei tem alguém aí? — grito.

Não há resposta. Pego os remos e começo a ir com todas minhas forças em sua direção, no caminho tento gritar mais algumas vezes, mas não tenho respostas.

Talvez pela apreensão não tenha focado no cheiro, mas quando chego mais perto é impossível. Um cheiro doce, como se fosse o cheiro de uma comida deliciosa, me dava um pouco de água na boca, mas sei qual é sua origem. É sangue.

— Q-quem? — Ouço a voz fraca de uma garota.

Pelo seu tom parecia ser bem jovem, o que uma criança está fazendo em um lugar como esse?

— Não sou inimigo! — falo alto para que me ouça. — Estou me aproximando.

Tento mostrar que não sou hostil a ela e me aproximo rapidamente. Quando chego perto de bote finalmente consigo vê-la. Uma garota deitada no bote, não parecia ter mais de nove anos de idade. Seu cabelo era castanho escuro, mas o que me chama atenção era o quão magra estava. Também tinha diversos cortes pelo seu corpo, embora não fossem recentes eu ainda sentia o cheiro do sangue.

Então finalmente noto algo, várias tatuagens negras estavam no lado direito de seu corpo. Desciam de seu pescoço até seus pés. Assim como Ruby.

— Ela tem um grande poder demoníaco — falo espantado.

Quando vi as tatuagens de Ruby perguntei para Lucio o que significavam. Aquilo era poder demoníaco. Quando mais alguém adquire poder mais destas tatuagens aparecem. São diferentes de pessoa para pessoa, porém estas claramente são. Consigo sentir o enorme poder emanando dela. Como não senti isso antes?

— E-Eu não sou um monstro. — Ela diz com uma voz chorosa.

Seus olhos estavam fechados, provavelmente não é comigo. Ela parece estar delirando. Finalmente entendi o que essas tatuagens significavam.

— Você está doente.

Como eu pude ser tão burro? Humanos não devem ter poder demoníaco.

— Acho que fui envolvido em algo problemático.