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Chapter 13 - A Princesa do Coração partido e a Corte

Xo Bou pode ter tido seu coração partido, mas ela sabia que seu coração a anos não batia mais como antes, então porque ela sentia como se seu coração tivesse sido atirado no chão e se quebrado em milhares de pedaços, os quais ela estava apenas olhando com um olhar triste pelo fato de que esse mesmo coração um dia chegou a amar esse homem que o quebrara.

Suspirando Xo Bou passou a pentear seus longos cabelos, como se ao penteá-los ela pudesse se livrar de todos os infortúnios que apareceram em sua vida e pudesse encontrar alguma saída para tudo que estava acontecendo. Mas Xo Bou sabia que as saídas que ela estava encontrando não eram as mais belas e certas, ela sabia que a única saída naquele momento era fazer daquele homem frio que ela nem conhecera um Rei.

Como seria esse homem? Alto e forte? Baixo com uma barriga saliente? Xo Bou não sabia, ela apenas imaginava como seria esse homem que ela teria que transformar em rei. Suspirando deixou o pente de osso em cima da penteadeira e fora em direção a cama, enquanto se vira e se atira na mesma.

— Vejo que você está pensando numa maneira de fazer com que o jovem Príncipe se torne Rei, Xo Bou! — A Imperatriz Cixi diz enquanto encosta seu quadril contra a porta e sorri para a neta.

— Imperatriz! — Xo Bou diz enquanto se ergue na cama e se senta de uma maneira polida para um encontro entre bisavó e bisneta.

— Xo Bou, eu já lhe disse que não precisa me chamar de Imperatriz, e além do mais, eu não vim aqui como uma Imperatriz, vim aqui como uma bisavó preocupada com a bisneta! — A Imperatriz Cixi diz enquanto se dirige até Xo Bou e se senta do seu lado.

— Mas... — Xo Bou começa a dizer mas a Imperatriz Cixi com seu olhar violeta faz com que a mesma se cale, e engula em seco pelo fato de que ela também tinha aquele olhar de fazer com que alguém se calasse.

— Já lhe disse que não precisa me chamar deImperatriz!

— Tudo bem, mas o que a Senhora está fazendo aqui? Já não conversamos sobre o assunto! — Xo Bou diz com seu olhar de Rainha, que faz com que a Imperatriz Cixi dê um sorriso de lado e se levante.

— Pelo que vejo a corte lhe fez bem... — A Imperatriz Cixi diz um sorriso de lado enquanto observa sua bisneta.

Xo Bou ao ver que a mesma passa a lhe avaliar, apenas ergue a cabeça e com os olhos de uma cor do ouro passa a avaliá-la também... Duas mulheres que se avaliavam estavam ali tentando descobrir qual será o próximo passo uma da outra. Xo Bou queria saber qual seria a arma que ela teria em mãos quando a Imperatriz Cixi abrisse a boca, mas ela não conseguia... A Imperatriz Cixi era um mistério que poucos desvendavam, e aqueles que desvendavam muitos perdiam a vida.

— Não tente descobrir o que estou planejando, Xo Bou... O que estou planejando você não gostará nem um pouco! — A Imperatriz Cixi diz enquanto ergue a mão para esconder uma risada sarcástica.

— E o que seria que a Senhora está escondendo, Imperatriz? — Xo Bou diz com um sorriso sarcástico como se o fato de que a Imperatriz Cixi estivesse com um plano na cabeça não a deixa com medo.

— Me diga você... O que estou planejando? — Cixi diz com um sorriso malicioso, seus olhos violetas brilham com um brilho de violência e morte.

— Vejo que a Senhora tem tudo planejando... Posso ver que a minha vinda para cá foi planejada pela senhora, assim como minha ida para a tal corte!

— Não é à toa que você é filha deles... Só tome cuidado, Xo Bou... Porque se você morrer, todos nós morremos!

— Então porque estou sendo enviada para a corte se eu vou morrer? — Xo Bou pergunta enquanto a Cixi cruza o quarto e para de frente a janela, e passa a observar o horizonte.

— Sabe, Xo Bou... Eu não queria que as coisas fossem assim, mas parece que o destino não se importa com a dor e as lágrimas de meros Imortais e Mortais... Ele apenas quer que seja cumprido o que é predestinado. — Cixi diz e logo depois se vira para Xo Bou, e com um sorriso diz: — Eu devia ter deixando que sua avó morresse quando ela estava preste a perder a sua mãe, mas o destino foi mais rápido do que eu e a salvou e olha onde estamos? Você vai para uma corte onde muitos tentarão lhe matar, enquanto sua mãe vai ter que saber que a morte pode estar a um passo de subir num trono.

— O que você quer dizer com isso? — Xo Bou pergunta enquanto engole em sedo.

— Que se você não impedir que o homem, que no momento é o Príncipe Herdeiro suba no Trono, a morte chegará mais cedo para sua mãe e para a sua irmã que ela está esperando! — Cixi diz com um sorriso no rosto, enquanto que Xo Bou arregala os olhos e ofega.

— Você é louca, isso sim! — Xo Bou diz enquanto que por dentro raiva e ódio deslizam pelas suas veias até seu coração.

— Não sou louca, minha querida bisneta! — Cixi diz enquanto toca a face de Xo Bou, que ao sentir o toque frio retira a mão dela de sua face e a olha com um olhar de puro ódio. — Estou apenas dizendo a verdade, o destino de sua mãe era ser Rainha e o que vêm agora está em suas mãos. Qual destino você escolhe, Xo Bou? Que sua mãe, a Rainha morra ou que ela viva?

Xo Bou engole em seco, e com as mãos ao lado do corpo apenas crava as unhas nas palmas das mãos e pensa em como driblar o destino, que parecia que queria de todas as maneiras a levar para a Corte onde ela poderia ser morta ou poderia fazer de um homem um Rei.

— Claro que sei que você quer que sua mãe viva, então espero que você faça dele um Rei, e se possível se torne a Rainha! — Cixi diz para Xo Bou, que apenas a olha com um olhar vazio, como se tudo que ela era antes não existia mais.

— Porque eu deveria me tornar a Rainha? Será que é porque assim a senhora poderá me manipular, ou porque precisa de mais poder para enfrentar a Rainha Xing? — Xo Bou diz com um sorriso cruel, que faz com que a Imperatriz Cixi a olhe com um olhar frio e mortal.

— Porque assim que você se tornar Rainha terei mais poder para enfrentar Xing e que... — Cixi então se inclina em direção a sua bisneta, e com os lábios carmesim sussurra no ouvido da mesma. — Poderá mostrar para aquele homem que lhe partira o coração que você pode conseguir coisa melhor.

— Eu não quero mostrar para ninguém que posso ter coisa melhor se conseguir o posto de Rainha apenas pelo fato de ter feito aquele homem Rei! — Xo Bou diz com a voz carregada de ódio, e em seus olhos dourados podem se ver um brilho de chamas flamejantes, que fazem Cixi sorrir.

— Você merece coisa melhor... Um homem como aquele não seria capaz de lidar com uma mulher poderosa como você, Xo Bou...

— E por acaso esse tão comentado Príncipe será capaz de lidar comigo...

— Ah, se vai... Ele será aquele que decidira seu destino, assim como você vai ser aquela que vai decidir o destino dele, não a como fugir disso!

— Porque ele vai decidir meu futuro? A senhora não sabe, mas eu faço o meu próprio futuro! — Xo Bou diz com os olhos dourados brilhando enquanto que a Imperatriz Cixi apenas a olha e sorri.

— Porque ele é o seu destino e Xo Bou... O destino de muita gente está nas mãos daquele homem!

— Porque ele seria meu destino? Por acaso eu devo me sacrificar por pessoas que sei que iriam amar se eu morresse? — Xo Bou diz enquanto se vira.

Seus olhos dourados se encontravam com as neblinas das lembranças que ela queria esquecer, tentativas de assassinatos, intrigas e mortes... Essas lembranças sempre ficariam na mente dela.

Enquanto ela se lembrasse disso, ela nunca deixaria que alguém a usasse ou a manipulasse... Xo Bou sabia que sua bisavó só estava tentando manipulá-la para enviá-la a corte.

— Porque se você não for seus pais morrem... Essa é a lei natural de um sacrifício!

— A senhora está tentando usar da manipulação comigo para me fazer ir para a corte? — Xo Bou diz enquanto começa a se virar para a sua bisavó e com um sorriso diz: — Se não conseguir, tentará me fazer ir me ameaçando, não é? Ou vai usar o meu destino contra mim? Por favor, Imperatriz Cixi, eu sei quais são seus planos e sei que ao completá-lo eu morrerei!

— Você é esperta, Xo Bou... Não é à toa que você é minha descendente... Sim você morrerá assim que cumprir seu destino! — A Imperatriz Cixi, enquanto em sua mente completa: Devia culpar sua mãe que não morreu quando tinha que morrer!

— E o que eu tenho que fazer para não morrer? — Xo Bou diz enquanto a Imperatriz Cixi arregala os olhos e engole em seco. — A senhora acha mesmo que eu não saberia que existe uma forma de eu viver? Todos temos dois destinos que os nossos passos decidirão!

Cixi apenas olha para Xo Bou sem acreditar que ela possa saber disso, como que uma simples imortal poderia saber de algo que somente seu marido saberia? E porque ela se encontrava com um sorriso perverso de quem esconde segredos, os quais Cixi não tinha permissão para descobrir.

Ela apenas olha para Xo Bou e pensa se um dia ela for uma Rainha por inteiro, não somente reinante, mas sim uma que tem voz, corpo e alma de Rainha ela com certeza seria a única lembrada na história.

— Posso ver que você andou estudando enquanto estava na corte de seu Pai Humano! — Cixi diz com um sorriso enquanto que Xo Bou cruza os braços embaixo dos seios.

— Eu tinha que ter armas nas mangas dos meus vestidos e sábias palavras nos meus lábios de carmesim se eu quisesse saber como lidar com uma corte onde as cobras rastejam enquanto nós, meros espectadores dançamos entre elas! — Xo Bou fala enquanto seus olhos cruzam com os olhos violetas da Imperatriz Cixi, que ao se dar conta de que Xo Bou lembrava muito dela mesma, ela vira a face com medo de ver o próprio reflexo no rosto da bisneta.

— Então você tinha que saber se virar... Tão nova e tão mortal como uma cobra! — A Imperatriz Cixi diz para Xo Bou, que apenas sorri para ela e tomba a cabeça para o lado.

— Mas eu tinha que ser como a senhora, Imperatriz Cixi... Me tornar uma cobra se eu quisesse viver, não foi isso que a senhora se tornou? — Xo Bou diz com seus cabelos negros jogados de lado e sua cabeça inclinada, seus olhos dourados pareciam zombar de Cixi.

— Temos duas cobras na família, então! Espero que sua mãe não fique triste por saber que sua preciosa Fire se tornou uma cobra! — Cixi diz sorrindo enquanto com seus longos dedos com um anel de brilhante no dedo anelar joga seus cabelos negros com mechas vermelhas e roxas para trás.

— Eu não ficaria triste por ter uma cobra na família... — Mira diz surgindo entre as pesadas portas de gelo do quatro de sua filha acompanhada de Yin Chang, que olhava para a Imperatriz Cixi com um olhar neutro. — Porque se ela tiver que viver numa corte, ela tem que ser uma cobra, não foi isso que a senhora ensinou a minha mãe, vovó?

Cixi olha para Mira, que se encontrava com os olhos vermelhos parecendo brasas, ela sabia que Mira poderia muito bem deixar rastros de destruição se fosse provocada, assim como era Yuri.

— Ora, essa... Duas contra uma? — Imperatriz Cixi diz enquanto sorri e se vira para Xo Bou, que a olhava com um sorriso neutro, como se escondesse algum segredo por detrás daqueles dentes brancos. — Se você quer viver... — A Imperatriz Cixi se aproxima de Xo Bou, e com seus cabelos negros fazendo uma cortina entre elas e Mira, e sussurra no seu ouvido: — Se torne a Rainha, não importa os meios... Use as armas que estiverem em cima da mesa, até mesmo um amigo! — Cixi ao terminar de dizer ergue a mão e afasta o cabelo com os dedos, os colocando atrás da orelha enquanto beija a bochecha de Xo Bou e se vira.

Ao se virar dá de cara com Mira, que se encontrava com os braços cruzados embaixo dos seios, e em seus olhos se encontrava em um vermelho tão vivo que poderia ser visto de longe, mas Cixi conseguia ver uma fagulha violeta brilhar lá no fundo daquela imensidão vermelha.

— Tão parecida com a mãe! — Cixi diz enquanto toca a face de Mira, que ao sentir seu toque na face, repele aquele toque com um pequeno tapa na mão da sua avó.

— A senhora sabe muito bem disso, não é, vovó? — Mira diz enquanto Xo Bou as observa.

Os olhos dourados de Xo Bou vagam entre as duas. Num momento está na Imperatriz Cixi, a Usurpadora, aquela que tomou o trono do marido e fez desse Reino o mais próspero... E o que mais tinha segredos também. No outro momento seus olhos dourados pousavam na sua mãe, a Destemida, a mulher que, assim como sua avó, se sacrificou por um amor que poderia não dar certo, só que diferente da avó, sua mãe se encontrava casada com seu pai.

— Não tente me culpar, nós duas sabemos de quem é a culpa! — Cixi diz com um sorriso no rosto enquanto se dirige para a porta e sai do quarto, deixando para trás apenas dois pais e uma filha.

Mira ainda se encontrava com os olhos vermelhos de raiva e sentia como se fosse explodir. Ela sabia desde do início que Cixi era assim, mesmo depois de anos... Ela sabia que Cixi podia ser uma ótima manipuladora e estava tentando manipular sua filha, como ela tentou um dia com Mira. Suspirando para tentar impedir que sua raiva contida à tempos viesse à tona, Mira se vira para a sua filha e, ao olhar em seus olhos dourados sorri com o sorriso que Xo Bou sentia tanta falta.

— Xo Bou, minha pequena Fire, como você está grande! — Mira diz enquanto Yin Chang sorri para a filha, que sorri para o mesmo.

— Mãe, pelo amor dos Deuses, a senhora não pode parar com essa "Pequena Fire"? — Xo Bou diz enquanto abraça a mãe, que apenas sorri, mesmo sabendo que Xo Bou não era mais a mesma, em seu coração sua filha seria para sempre uma pequena criança.

— Ora essa... Eu sou a mãe e chamo meus filhos do que quiser! — Mira diz enquanto Yin Chang apenas sorri.

Yin Chang a muito tinha aprendido que Mira poderia ser: tanto uma guerreira, que no momento em que fosse preciso colocaria sua armadura e iria para a guerra, como também poderia ser uma mãe amorosa, que tentaria de tudo pela felicidade dos filhos.

— Mira, acho melhor você soltar a Xo Bou porque a está abraçado à tempos! —Yin Chang diz enquanto Mira deixa de abraçar a filha e toca na face da mesma.

— Você está tão linda... Como a sua beleza se tornou tão magnifica assim, minha pequena Fire? — Mira diz enquanto sorri com um sorriso triste.

— Mãe, por favor não fique com medo. — Xo Bou diz com seus olhos dourados brilhando de coragem. — Eu só irei a corte e farei daquele homem Rei...

Mira a olha e suspira, ela sabe que Xo Bou a partir daquele momento deixaria as suas asas outra vez e iria para uma Corte que era mais cruel do que a que eles se encontravam, e a que Xo Bou viveu por 13 anos.

— Ah, minha filha, eu não estou com medo, estou apenas com receio de que sua bisavó a use para conseguir o que quer. — Mira diz enquanto abaixa a cabeça e suspira, a tempos ela tem observado sua avó, os sorrisos que escondiam segredos, os olhos que escondiam as verdades. — Xo Bou, a sua bisavó apenas quer acabar com a Xing, há anos elas vivem com rancor uma dá outra, e elas não se importam com quais meios elas usarão para conseguir derrubar uma a outra.

— Mãe, eu sei disso!

— Não, Xo Bou... Você não sabe, do que sua bisavó é capaz de fazer, há anos eu tento evitar bater de frente com ela, mas de alguns anos para cá não tem como, ela usa as armas que encontra para atingir seus objetivos, e nesse momento ela está usando você.

— Eu sei disso, mãe... A Imperatriz Cixi está apenas me usando para acabar com uma guerra que nem começou! — Xo Bou diz, mas na verdade ela apenas queria dizer: Ela está me usando para conseguir poder e se para o tê-lo ela precise lhe ameaçar, ela vai, mas Xo Bou não consegue.

— Não, ela sabe que no final da jornada há sempre um precipício, e porque não mandar a bisneta para ele?

— Mãe, eu estou cansada, podemos conversar sobre isso uma outra hora? — Xo Bou diz enquanto Yin Chang apenas as observam, seus olhos vão de mãe para a filha.

— Tudo bem, acho melhor mesmo você descansar, daqui a pouco seu pai vem lhe chamar para a reunião que vai ter! — Mira diz enquanto Yin Chang pega na sua mão, e com os dedos longos faz um carinho na palma estendida, fazendo Mira sorrir.

Ao ver que seus pais saíram, Xo Bou se joga na cama e começa a pensar em como se livrar da sua bisavó, mas ela sabe que não poderia se livrar dela... Se Xo Bou quisesse continuar viva ela precisaria em algum momento dos conselhos da sua bisavó, e assim como sua bisavó, Xo Bou tinha que ter algum plano em baixo das mangas de seus vestidos. Como ela iria para uma corte sem um plano? Suspirando, Xo Bou se vira e se põe a pensar numa maneira de transformar um homem em Rei.

— Reis são moldados desde crianças e não fabricados de uma hora para a outra! — Xo Bou sussurra enquanto se senta.

— Mas às vezes um Rei é fabricado por um povo que espera que ele possa guiá-los! — Xo Bou diz enquanto sorri e pula da cama.

E ao se virar dá de cara com Xing, com seus cabelos brancos jogados sobre seu ombro direito, e em seus lábios a cor do pecado e seus olhos cor da lua.

— O que a senhora, minha Rainha, está fazendo aqui? — Xo Bou pergunta enquanto a observa, ela aprendeu a muito tempo sempre observar as mulheres que passavam na sua frente, e as que se encontravam atrás de si também, já que entre elas poderia ter alguma com planos para tirá-la do trono, ou até mesmo envenená-la.

— Vim apenas lhe dar um conselho, pequena Princesa! — Xing diz enquanto sorri para Xo Bou.

— E que conselho seria esse? — Xo Bou pergunta franzindo a testa e tentando descobrir o jogo de Xing.

— Presumo que sua bisavó lhe disse para se tornar Rainha não importa os meios que você use para isso, não é Xo Bou? Bem, eu só tenho um conselho para você... Tome cuidado com as outras mulheres, enquanto você usa um homem, você consegue prever os passos dele e agir antes, mas usar uma mulher para alcançar seus objetivos não é muito fácil, além do mais, elas também querem a mesma coisa que você... O Trono! — Xing diz para Xo Bou com uma voz baixa, como se aquele conselho fosse um segredo, e depois sorri e diz: — Espero que você consiga o Trono, porque será muito mais divertido assim.

— Mas por que você está me dando um conselho? — Xo Bou pergunta tentando descobrir qual é o propósito de Xing.

Se Xing fosse mais nova, ela com certeza tentaria tomar o lugar de Xo Bou e ir para a Corte, mas Xing não queria mais saber dessas coisas, há anos a Corte e o Trono se tornaram um fardo para aquela mulher, que de tanto ser gananciosa assassinara os próprios filhos apenas para que o Trono não lhe fosse tomando, mas ao ter o Trono manchando de Sangue, Xing apenas sorrira e mostrara para Cixi que ela também poderia ter um trono só para ela.

— Você pode ter os olhos de seu pai, mas você me lembrar e muito sua avó! — Xing diz.

As lembranças de uma jovem mulher de longos cabelos negros com mechas vermelhas e roxas lhe vêm à mente, assim como o dia em que Yuri, em meio a sua tristeza por ter seu amado morto gritara aos céus fazendo com que seu pai, o Rei, tomasse a dor dela.

— Minha avó? — Xo Bou pergunta enquanto em seus olhos dourados se encontram presos aos olhos de prata de Xing.

— Sua doce e linda avó, que pena que ela não pode ter o seu próprio destino, a Yuri nunca pode tomar suas próprias escolhas, mas ao se casar com Volkan ela pode por um tempo se livrar as algemas que a prendiam a mãe. — Xing diz enquanto se vira e vai caminhando em direção a porta do quarto de Xo Bou. — Ah, esqueci de dizer, os Reis estão nos esperando para decidirem seu destino... Espero que siga o meu conselho e tome cuidado com as mulheres, somos mais perigosas do que aqueles tolos pensam, assim como você é perigosa e mortal, Xo Bou.

Suas mãos estavam pegajosas, fazendo com que Xo Bou as limpasse na saia do vestido negro que usava.

Seu coração batia forte como se fosse um tambor de guerra avisando a chegada de um inimigo.

Suspirando Xo Bou apenas sorriu para os guardas que se encontravam de prontidão na pesada porta do Grande Salão do Trono, e espera que eles abrissem aquelas pesadas portas para que ela pudesse entrar. Ao entrar ela encontra homens sentados confortáveis em tronos de gelos, enquanto as mulheres que estavam ao redor lhes serviam vinhos em grandes taças de gelo.

Xo Bou então caminha em direção ao Trono de seu tio. Mesmo sabendo que seu coração estava batendo forte, ela tinha que passar a imagem de uma mulher sem sentimentos, e em seus olhos tinham que ter a frieza de seu pai, e em sua mente a mente estrategista de sua mãe.

— Que bom que pode vir, Xo Bou! — O Rei de Kon diz com um sorriso de tio, enquanto Xo Bou para na sua frente e sorri.

— Meu Rei, vim ao receber o chamado! — Xo Bou diz enquanto se coloca de joelhos com a mão em punho em cima do coração em frente ao Rei do Reino de Kon.

— O Chamado foi apenas um pretexto para que você pudesse vir a Corte de Kon antes de ir para a Corte no Reino Mortal! — Abhya diz enquanto se inclina e sussurra para Xo Bou.

Xo Bou então abaixa a cabeça em sinal de respeito e depois se ergue enquanto Abhya apenas bate as palmas das mãos uma contra a outra e as vozes que antes enchiam os salões se calam, e os olhos que antes estavam em Xo Bou são direcionados para o Rei de Kon, que se ergue.

— Estamos aqui hoje reunidos para que todos possam saber que minha sobrinha aceita a missão de ir para a Corte e tentar fazer do Príncipe em Rei, para que assim se possa evitar uma guerra! — Abhya diz com a voz de um Rei e a postura de um soberano, que se encontrava a tempos no trono, mas Abhya apenas queria que as coisas em relação ao Corte no Reino Mortal se resolvessem para que ele pudesse voltar seus olhos e seus ouvidos para o caso do seu pai... E Volkan.

— Xo Bou, sei que você quer se despedir de seus pais, então pode ir até eles por agora, e depois vir até aqui que abriremos o portal para que você possa ir para o Reino Mortal! — Abhya diz ao abraçar sua sobrinha, que lhe sorrir... Mas o sorriso é um sorriso falso e sem cores.

— Obrigada, minha Alteza! — Xo Bou diz enquanto faz uma reverência e vai até seus pais, que estavam sentados em seus tronos num canto do Grande Salão conversando baixinho entre eles.

— Mãe, Pai! — Xo Bou diz enquanto se coloca na frente deles.

Xo Bou sabia desde do início que seus pais eram lindos e dignos do posto de Rei e Rainha... Não tinha uma hora que fosse que ela não sentisse saudades deles enquanto vivia entre tantas cobras, que às vezes se via como uma.

— Xo Bou! — Uma vozinha de criança diz enquanto uma pequena menina de olhos violetas, herdados da avó sai do esconderijo, que era a parte de trás do trono do pai que apenas sorriu ao ver as suas duas Princesas juntas outra vez.

— Lótus? Como você cresceu! — Xo Bou diz enquanto abraça a pequena Lótus que dá uma risada enquanto com suas mãos pequeninas abraçam o pescoço de sua irmã. — Espero que você não tenha aprontado nada!

Xo Bou sabia que sua irmã aprontava pelas cartas que sua mãe lhe enviava através da pequena Raposa das Neves que ela tinha... Ela sabia que sua irmãzinha já tinha tentando colocar fogo no irmão mais velho, e sem querer colocara fogo foi é na capa de um dos generais de Kon, que teve que ser socorrido as presas pela sua mãe.

— Eu não apronto nada, quem disse que eu apronto! — Lótus diz enquanto cruza os braços e faz cara de inocente, o que faz com que sua irmã e seus pais rissem.

— Lótus...

— Xo Bou... — Uma voz aveludada diz atrás de Xo Bou, e ao olhar para seus pais ela pode ver os olhos deles atravessando a pessoa como se fossem espadas, mas ela via nos olhos de sua mãe uma dor que a tempos ela não via, era a dor da culpa e a dor das palavras que ela não poderia dizer nem sobre tortura.

— Rainha Xing! —Yin Chang diz com a voz neutra, enquanto que em pensamentos ele tenta encontrar motivos que fariam com que a Rainha Xing escolhesse aquele momento para falar com sua filha.

Yin Chang, enquanto olha disfarçadamente ao redor e vê todos os olhos voltados para eles esperando que uma guerra comece ali mesmo... Mas Yin Chang era frio e calculista, e sabendo que aqueles Reis esperavam uma oportunidade para tomar o poder de um Ser Supremo, Yin Chang apenas sorriu para a Rainha Xing e depois voltou seus olhos para a sua filha, deixando transparecer através dos olhos dourados, assim como da filha a mensagem: Recebe-a, a inimigos por perto!

Xo Bou ao ver a mensagem nos olhos do pai apenas coloca o sorriso sem cor que ela aprendera ao ser uma Rainha Reinante e se vira para Xing, que se encontrava com um vestido dourado bordado com fios negros que desenhavam pequenas rosas negras em torno da saia.

— Rainha Xing, é uma honra ter meu nome dito pelos seus lábios! — Xo Bou diz enquanto faz uma reverência para a Rainha, que apenas faz pouco caso. — Mas o que senhora deseja, Rainha?

Xing apenas a olha e depois sorri, seu sorriso poderia esconder segredos de milhares de anos e planos para se conseguir um torno... Algo que Xo Bou no momento tinha que lutar para ter.

— Bem, antes um abraço! — Xing diz enquanto dá um passo à frente e abraça a Xo Bou sobre os olhos arregalados de todos, menos de Mira, que tinha seus olhos grudados nos olhos de Xing, que sorria.

Xo Bou não conseguia acreditar que a eterna inimiga de sua bisavó à estava abraçando. O que era aquilo? Um plano para à desmoralizara na frente de sua bisavó? Ou algo mais cruel?

— Lembre-se sempre... Lute como um homem, mas pense como uma mulher, e uma dica: Descubra a verdade em relação a Wu Yan— Xing sussurra no ouvido de Xo Bou.

— Xo Bou, é hora de ir! — Yin Chang diz enquanto tenta não parecer preocupado em relação a Xing... O que ela estava planejando? — E Lótus, você está pronta?

— Sim, papai! — Lótus diz enquanto Xing desfaz o abraço e apenas sorri para Xo Bou, e depois se vira como se nada tivesse acontecido.

Sem entender nada do que tinha acontecido Xo Bou vai até seu tio e para na frente do mesmo, que se encontrava ao lado de uma fenda no tempo, Xo Bou apenas suspira e dá um passo à frente, se colocando embaixo da fenda, mas antes ela ergue o capuz de sua manta e cobre seu rosto e depois sente como se uma força a puxasse para cima.

Mira ao ver a fenda do tempo se fechando apenas suspira, ela não consegue acreditar que sua filha tenha ido para uma corte que era ainda mais cruel... Ela esperava que Xo Bou não tivesse que usar as mesmas armas que uma pessoa usou uma vez.

— Não se preocupe Mira, ela é capaz! — Xing diz enquanto se coloca ao seu lado e ergue a taça de vinho a levando aos lábios carmesim.

— Eu sei que ela é capaz... Mas como da última vez, talvez ela não saia viva de lá! — Mira diz enquanto se lembra de sua mãe.

— Não se preocupe, sua mãe sabia que nunca teria Volkan, mesmo se ela lutasse com as armas que ela tinha, mas Xo Bou, ah, a doce Princesa, essa sim tem grandes chances de não se desfazer em pétalas assim como você não se desfez! — Xing diz enquanto sorri.

— Mesmo assim, eu tenho medo do que Xo Bou é capaz de fazer para conseguir sobreviver naquela corte! — Mira diz.

— Ela apenas irá querer o trono, e mais... Eu tenho pena dela, já que ela terá que se apaixonar por ele... Se ela tivesse sido esperta não teria nascido. — Xing diz enquanto desliza para ficar atrás de Mira e sussurrar em seus ouvidos: — Assim como você, Rainha Mira, mas não se preocupe, um coração partido não mata!

Não muito longe dali, num castelo feito de pedras e decorado com imagens pintadas num papiro pendurado na parede, ocorria uma reunião com as portas fechadas de uma grande sala decorada com uma mesa pequena, onde se podia ver um vaso de porcelana todo decorado com desenhos de grandes dragões azuis, enquanto os grandes capitães e generais discutiam sobre um próximo ataque, uma fenda no tempo era aberta bem diante dos olhos deles e deixando para trás apenas uma mulher alta, com uma manta e com capuz cobrindo seu rosto, assim como a da pequena menina que se encontrava do seu lado.

— Quem é você? — Um dos homens que estava sentado se ergue e puxa a espada, que se encontrava presa na sua cintura e coloca embaixo do pescoço da jovem com capuz, que apenas ergue a mão e a fecha entorno da lâmina, a fazendo ficar quente e o homem a soltá-la.

— Estávamos lhe esperando! — Diz uma mulher que se encontrava sentada no centro da grande sala.

Seus cabelos eram negros como a noite sem estrelas, e seus olhos negros pareciam esconder a crueldade do mundo. Seu vestido dourado todo cheio de ornamentos, e seu cabelo parecendo uma montanha diziam para Xo Bou que ela era a Rainha, aquela que assumira o trono assim que o marido morrera e governava como se soubesse ditar as leis e as regras.

— Rainha! — Xo Bou diz enquanto faz uma reverência, assim como a pequena Lótus faz.

— Ora essa, Pequena Princesa da Reino de Umlilo, não precisa ser assim... Estamos no mesmo patamar! — A Rainha diz enquanto Xo Bou apenas pensa em como tomar o lugar dela, e ao ver o sorriso sem cor da Rainha sabe que será difícil.

— Mesmo assim, as etiquetas são importantes e eu as sigo! — Xo Bou diz enquanto Lótus apenas sorri por debaixo do capuz.

— Tudo bem, vamos lhe apresentar aos homens mais importantes desse Reinado! — A Rainha diz, mas para Xo Bou aquelas palavras lhe pareciam que estavam sendo ditas com sarcasmo e não com seriedade.

— Sim, Rainha!

— Tire o capuz! — A Rainha diz enquanto ergue a taça de ouro, fazendo com que uma das moças que se encontravam no recinto enchesse sua taça.

Xo Bou apenas suspira e ergue as mãos, assim como sua irmã, que assim como Xo Bou ao retirar o capuz da cabeça tem seus olhos violetas revelados, assustando a todos que estavam no recinto.

— Os olhos delas... São Dourados e Violetas? — Um dos homens diz enquanto Xo Bou apenas suspira por causa daquilo.

Ela já tinha recebido esse tipo de olhar uma vez... Seus olhos dourados eram sua herança, mas para os humanos era uma maldição.

— Sim, meus olhos são dourados e de minha irmã são violetas... Assim como seus cabelos são negros herdados de seus pais. — Xo Bou diz com veneno nos lábios.

— Não falaremos sobre os olhos delas, eu preciso explicar o porquê da Princesa... Qual é mesmo seu nome? — A Rainha pergunta com um sorriso de sarcasmo, que é acompanhado pelos homens que naquela sala se encontram.

— Meu nome é Lótus e da minha irmã é Xo Bou, somos filhos do Príncipe do Reino de Kon e atual Rei do Reino de Asūla e da Princesa de Umlilo e atual Rainha do Reino de Asūla... King Hong Yin Chang e Mira! — Lótus diz enquanto fixa seus olhos violetas nos olhos negros da Rainha, que acha graça de uma pequena e insolente garota está a desafiando tão abertamente.

— Já ouvi falar de seus pais... — A Rainha diz enquanto Lótus abre a boca para falar.

— Se já ouvi falar deles, deve saber que meu pai é o Rei do Mundo Imortal e minha mãe, além de Rainha é guerreira, diferente de muitas Rainhas que somente ficam sentadas nos tronos em meio a uma guerra! — Lótus diz fazendo com que Xo Bou tampe sua boca com a mão.

— Sinto muito, Rainha! Minha irmã é ainda uma criança que não sabe as regras! — Xo Bou diz enquanto sente que Lótus crava os dentes na sua mão.

— Tudo bem, sei como são os jovens nessa idade! — A Rainha diz enquanto por dentro se encontrava tentada a querer cravar uma adaga bem fundo no peito da pequena Princesa de olhos exóticos. — Bem, vamos deixar isso de lado e nos centrar no que interessa... Meus generais e capitães, as Princesas vieram com a missão de conhecer mais sobre a nossa nação e nosso Reino, já que os Imortais estão pensando em estabelecer laços conosco.

— Mas isso é um ultraje... eles mataram nosso Rei! — Um dos homens diz fazendo com que Lótus morda mais forte a palma da mão de Xo Bou.

— Isso não foi provado... Se não se tem provas não se tem culpados, antes de vocês irem culpando meu povo, procure entre os seus, que tem mais motivos a querer assassinar um Rei! — Xo Bou diz entre os dentes e em seus olhos dourados se podia ver a fúria de um vulcão preste a explodir.

— O que ela disse pode ser verdade! — Um homem diz e todos que se encontram dentro daquela grande sala voltam seus olhos para a porta, que se encontrava atrás de Xo Bou.

— Prínci... Prínci... — Um dos homens começa a falar mas sua voz não sai, e Xo Bou pode perceber que todos pareciam com medo, quem quer que fosse que estivesse atrás dela deveria ser um homem temido, e se for como ela estava imaginando, era um homem feio.

— O que foi General, o que ela disse pode ser verdade, o que o povo Imortal iria querer com a morte do meu pai?

Xo Bou não queria se virar, mas a curiosidade era maior e então ela se vira e... Tudo parecia em câmera lenta naquele momento, enquanto Xo Bou se virava, a única coisa que ela pensava era na maneira de tornar o Príncipe... Um Rei, ela deveria passar a imagem de uma mulher doce ou uma mulher corajosa? Xo Bou não sabia mas ela apenas decidiu agir do seu jeito.

E ao se virar ela encontrou um homem alto, de longos cabeços negros como a noite e olhos mais frios que as geleiras polares, que eram os olhos de seu pai, sua face lhe passava a falsa impressão de que ele poderia ser um homem justo.

— Mas eles também podem querer o trono! — Uma voz feminina diz e uma jovem sai de trás do Príncipe e para ao seu lado.

Seus cabelos negros são longos e seus olhos também eram... Deviam ser irmãos, pensa Xo Bou enquanto observa o rosto angelical da jovem, mas que não enganava Xo Bou... Aquele era o rosto de uma jovem que tinha tudo e ao mesmo tempo não tinha nada.

— Aí, Lótus porque você mordeu a minha mão? — Xo Bou pergunta enquanto retira a mão de cima da boca da pequena Lótus.

— Porque eu queria... Xo Bou, você tampou o meu nariz, como você acha que eu ia respirar? — Lótus pergunta.

E foi naquele momento em que Xo Bou conheceu o futuro Rei e sua futura cunhada... Claro, se tudo desse certo, logo Xo Bou estaria sentada no Trono, que nesse momento a Rainha estava sentada, mas ela sabia que antes de mesmo conseguir o Trono, ela precisaria do Rei, e para isso ela precisaria derrubar o Cavalo, que no caso era sua irmã, que se encontrava parada ao lado do mesmo com os olhos voltados para Xo Bou.

Será que é um iníciode uma guerra dentro da própria corte, ou será o início de algo a mais? Xo Bou não sabia, ela apenas sabia que ao derrubar o cavalo ela teria o caminho livre,mas porque não trazer o cavalo para seu time e usá-lo a seu favor?