Minha infância não seria diferente. Bem, era isso que pensava. Aos meus dois anos de idade, presenciei uma gama de experiências e percepções, e a maioria delas estava voltada para aspectos de situações complexas. Digamos assim: eu, com meus 2 anos, tinha uma capacidade de explorar o mundo de uma forma inédita, no sentido de que, como uma criança de 2 anos, consegui armazenar, de uma forma tão fresca e nítida, as coisas que presenciei. Será um trauma? Ou um subconsciente de ferro? Pois lembro-me muito bem de minha mãe estar sempre corrida, onde ela dependia de mim e de minha avó. Mas, precisamente nesse curto período com minha avó, tive quase nenhuma lembrança dela; ela basicamente me segurou até eu ter 1 ano de idade. A partir daí, a situação se complicou: ela desenvolveu câncer, e isso abalou muito minha mãe. Por incrível que pareça, esse foi o primeiro passo de distanciamento entre mim e minha mãe. Meu pai, como um "bom pai", teve uma discussão com minha mãe, e tudo que lembro dele é vê-lo discutindo com ela sobre algo que eu não sabia como distinguir. Lembro-me de ver minha mãe extremamente aborrecida e triste com ele. Ao término daquela cena, que parecia mais uma novela cheia de drama, ele me pegou em seus braços, sorriu e me deu uma moeda de 1 real, que logo em seguida caiu no vão do sofá. Comecei a chorar porque havia perdido a moeda, e logo em seguida ele voltou e empurrou o sofá para pegar a moeda e me devolver. E daquele dia em diante, desde que ele cruzou a porta até os dias de hoje, nunca mais nos veríamos novamente, e o meu destino assim iria se iniciar.